• Nenhum resultado encontrado

7 O PROJETO DE LEI Nº 252/2003

7.12 Dos recursos (Capítulo II – Seção XIV)

O Projeto de Lei nº 252/2003, ao regulamentar alguns prazos recursais, estabelece que todas as provas do concurso público podem ser recorríveis administrativamente, desconsiderando-se previsão editalícia em sentido contrário, não podendo o prazo para tal faculdade ser inferior a 10 (dez) dias úteis. No entanto, antes de ser aberto o referido prazo recursal, deverá a Administração conceder o prazo mínimo de 5 (cinco) dias para a disponibilização das provas e resultados de correção das provas aos candidatos.

Ao se confrontar os atuais regramentos sobre o assunto no âmbito das Universidades Federais das capitais do Nordeste chega-se aos seguintes resultados:

Quadro 15 – Universidades Federais das Capitais do Nordeste – Prazos Recursais (Continua)

IFE PERMITE RECURSO EM TODAS AS FASES?

PRAZOS RECURSAIS NORMATIVO ANALISADO

UFRN SIM

- Para cada fase: 24h, contados da divulgação do resultado; - Da homologação em DOU: 5 dias úteis. Resolução nº 108/2013-CONSEPE UFAL SIM

- Para cada fase: 1 dia útil, contados da divulgação do resultado;

- Da homologação em DOU:

5 dias úteis.

Edital de Condições Gerais nº 11/2016

UFBA SIM - Para cada fase: 10 dias, contados da divulgação do

resultado;

Resolução nº 03/2013-CONSUNI

UFC NÃO (*) - Recurso por arguição de

Quadro 15 – Universidades Federais das Capitais do Nordeste – Prazos Recursais (Conclusão)

IFE PERMITE RECURSO EM TODAS AS FASES?

PRAZOS RECURSAIS NORMATIVO ANALISADO

UFMA NÃO - resultado Da homologação provisório em do

DOU: 3 dias úteis

Resolução nº 120/2009-CONSUN

UFPB NÃO - Da homologação em DOU:

10 dias Resolução nº 74/2013-CONSEPE

UFPE SIM

- Para cada fase: 2 dias

úteis, contados da divulgação do resultado; - Da homologação em DOU: 2 dias úteis Resolução nº 22/2013-CCEPE UFPI SIM

- Para cada fase: 10 dias, contados da divulgação do resultado;

- Da homologação em DOU:

10 dias úteis, apenas por

arguição de nulidade.

Resolução nº 039/2008-CONSUN

UFS NÃO - Da homologação: 5 dias

úteis Resolução nº 23/2007-CONSU

(*) De acordo com a Resolução nº 02/2016-CEPE (art. 30) somente será admitido recurso por arguição de

nulidade, assim entendida quando da prática de ato ou procedimento em desacordo com as normas prescritas no Regimento Geral da UFC, na Resolução ou no Edital do concurso. Assim, infere-se que a revisão de nota por inconformismo do candidato não está contemplada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Vislumbra-se pelo exposto que nenhuma das IFE contempla integralmente os requisitos impostos na proposta legislativa, o que, via de regra, implicará no prolongamento do calendário do certame. Contudo, é forçoso reconhecer que a ampliação dos prazos recursais e a possibilidade de sua interposição em todas as fases conferem ao certame maior grau de lisura, coadunando-se com os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Outro ponto controverso no PL nº 252/2003 para os certames do Magistério Federal diz respeito à impossibilidade de exame em sede recursal, ainda que acessoriamente, pelo mesmo profissional que elaborou as questões ou gabarito oficial, conforme artigo abaixo transcrito:

Art. 94. O profissional responsável pela elaboração da questão ou do gabarito oficial fica impedido de examinar, ainda que acessoriamente, os respectivos recursos interpostos e as suas razões.

Parágrafo Único. No caso de vista de prova discursiva, é obrigatório o fornecimento de cópia dos textos e das respectivas planilhas de correção.

Nos concursos púbicos para o Magistério Federal a elaboração das provas e respectivos gabaritos são de competência das Comissões Examinadoras. Pela redação proposta ficará inviabilizada a interposição de pedido de reconsideração das notas atribuídas pela Comissão Examinadora, admitindo-se tão somente recurso em sentido estrito, isto é, para autoridade diversa daquela que proferiu o ato. Assim, será necessário que as Instituições Federais de Ensino constituam duas comissões, uma para a elaboração das questões e outra para a sua aplicação e correção.

A proposta legislativa tenta também normatizar as hipótese de anulação de questões e alterações de gabarito de prova, conforme arts. 102 e 103, a seguir reproduzidos:

Art. 102. A anulação de questão aproveita a todos os candidatos que se submeteram regularmente ao certame.

§ 1º Serão anuladas e reaplicadas as provas objetivas em que houver mais de vinte

por cento de anulação de questões ou itens.

§ 2º No caso de anulação de uma questão ou de um item, os cálculos da nota

desconsiderarão a média anulada, como se inexistente, passando os percentuais a incidirem sobre o número de itens ou questões remanescentes, com base nos

quais será reajustado o valor de cada questão, para efeito de cálculo da nota total. Art. 103. A alteração de gabarito aproveita a todos os candidatos e impõe a

revisão geral de notas e resultados, devendo ser obrigatoriamente desconsiderado

o cômputo da resposta alterada. (grifos nossos)

A UFRN já possui em seu normativo interno disposição que se coaduna em parte com o Projeto de Lei nº 252/2003, conforme a seguir:

Art. 37. [...]

§ 3º. Ocorrendo a anulação de questão, alteração de gabarito ou do padrão de

resposta, o seu valor em pontos será distribuído nas demais questões para todos os

candidatos. (grifos nossos).

Desse modo, tem-se que a UFRN adota o mesmo critério de distribuição dos pontos para as questões anuladas e para aquelas que sofreram alteração de gabarito, diferindo neste ponto do Projeto de Lei, visto que o reajuste dos valores das questões remanescentes somente se aplicará no caso de anulação, enquanto a alteração de gabarito beneficiará apenas os candidatos que de fato marcaram a alternativa correta. Assim, caso seja aprovada a lei geral de concursos, haverá a necessidade de desmembramento das situações, visto possuírem efeitos diversos no cômputo da avaliação.

Com relação ao art. 104 do PL, no qual ―Aplicam-se aos recursos às provas orais o disposto nesta Seção‖, entende-se como redundante e desnecessária a redação, uma vez que o caput do art. 95 já estabelece que todas as provas do concurso público são passíveis de recurso administrativo, o que, consequentemente, contemplam as provas orais.