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Debate sobre o objeto litigioso do processo

Capítulo III – Mérito e Tríplice Identidade

3.2. Debate sobre o objeto litigioso do processo

Como visto, o conceito de lide, mesmo na reestruturação de LIEBMAN, é incapaz de definir o mérito do processo. Essa incapacidade torna imprescindível a análise do debate em torno do objeto litigioso. Pretende-se verificar se o mérito está vinculado ao direito material e se, além do pedido, outros elementos, como a causa de pedir e a defesa, desempenham papel na sua delimitação. Para evitar confusões conceituais, esclareça-se que objeto litigioso não se confunde com objeto do processo, termo por meio do qual se designa todo o material levado à apreciação do juiz222.

Inicia-se a análise com o posicionamento de Friedrich LENT, para quem a afirmação do direito corresponde ao objeto litigioso do processo. De acordo com o jurista, o objeto da decisão, em uma ação condenatória, corresponde a uma pretensão no mesmo sentido em que o termo vem empregado no §194 do BGB, mas isso não ocorre nas declaratórias e constitutivas223. Ao autor cabe indicar o efeito jurídico dedutível dos fatos narrados, não sendo admissível, nos termos do §253 da ZPO, que a indicação dos fatos não seja seguida pela afirmação de direito.

Segundo LENT, somente o efeito jurídico afirmado pelo autor constitui o objeto do processo e da decisão, não podendo o juiz verificar se dele decorrem outras consequências jurídicas224.

222 SANCHES, Sydney. Objeto do processo e objeto litigioso do processo (1979), p. 101. No mesmo sentido, Daniel MITIDIERO Colaboração... Op. cit., p. 108.

223 LENT, Friedrich. Diritto processuale civile tedesco (1947), p. 88/89. Ver, ainda, Friedrich LENT, Contributto alla dottrina dell’oggetto del processo (1953), p. 432: “Il punto di vista per la determinazione di ciò che concettualmente è l’oggetto del processo è fornito dal rilievo che codesto oggetto del processo è determinato dall’attore”.

224 Idem, p. 90/91. Em passagem posterior (p. 92), LENT enfatiza que ao autor incumbe, já na inicial, indicar com precisão os pontos sobre os quais requer uma decisão, cabendo somente às partes ampliar o objeto do processo ou modificar a demanda, alterações que não poderiam ocorrer por iniciativa do juiz: “Quando si dice che l’oggetto del procedimento non è costituito da un concreto effetto giuridico qualunque, ma da quello affermatto dall’attore, si afferma nello stesso tempo che le asserzioni di diritto di quest’ultimo hanno importanza decisiva per determinarlo. Già la domanda deve precisare nel più chiaro dei modi il punto sul quale è chiesta una decisione; e successivi cambiamenti possono avvenire soltanto per volontà delle parti (ampliamento o modificazione della domanda, domanda riconvenzionale), non su iniziativa d’ufficio”.

De acordo com o autor, o objeto litigioso do processo é um direito meramente afirmado225. Eventual modificação concernente apenas à classificação jurídica não o altera226. Contudo, a decisão requerida pode fazê-lo, de modo que o pedido de declaração caracteriza mudança de objeto em relação ao de condenação227.

Para LENT, os fatos em torno dos “episódios de vida” (Lebensvorgang) se alteram em conformidade com o enfoque pelo qual os acontecimentos são levados em consideração. Os fatos ocorrem continuamente, razão pela qual seu enfeixamento em determinada fattispecie decorre sempre de um determinado ponto de vista. Desse modo, não é possível definir com segurança a integração de um fato a determinado “episódio de vida”228.

Precisamente em razão da dificuldade em delimitar os “episódios da vida”, para LENT é mais correto correlacionar o objeto litigioso do processo não à unidade do acontecimento externo, mas à unidade ou pluralidade dos direitos violados em que se baseia a pretensão. Desse modo, cada violação caracteriza uma fattispecie e, portanto, um objeto processual229. A dedução do autor baseada no direito material constitui o objeto litigioso do processo, de modo que as circunstâncias fáticas não o integram, sendo apenas o fundamento para a formulação do autor230. Logo, é o direito material individualizado pelo demandante, não o episódio de vida – causa de pedir – que constitui objeto da declaração jurisdicional e da coisa julgada. Havendo pretensões concorrentes, somente aquela deduzida pelo autor é apreciada, razão pela qual a exceção de coisa julgada não inviabiliza a apresentação de outras pretensões com fundamento na mesma causa de pedir apresentada no processo anterior231.

Vê-se, assim, que de acordo com LENT a pretensão processual tem seu conteúdo determinado pelo direito material, conquanto seja um conceito do processo civil. A causa de pedir não integra o objeto litigioso e mesmo quando dela possam decorrer várias pretensões materiais, há um só objeto se somente um pedido tiver sido apresentado232.

225 LENT, Friedrich. Contributto alla dottrina... Op. cit., p. 437: “Se il nucleo dell’oggetto della causa è reso palese dalla deduzione del diritto, ne consegue che oggetto del processo non è un diritto in quanto effetivamente existente, ma un diritto in quanto soltanto affermato”.

226 Idem, p. 439.

227 Idem, p. 446.

228 Idem, p. 466.

229 Idem, p. 467.

230 Idem, p. 471/472.

231 Idem, p. 473. José Rogério Cruz e TUCCI, A causa petendi no processo civil (1993), p. 98/99, sustenta que LENT concebe o objeto litigioso como a afirmação do direito material, sendo desnecessária a especificação do fato constitutivo nas ações em que se litiga com fundamento em direitos reais. Por outro lado, nas ações constitutivas e obrigacionais seria necessário apontar os fatos constitutivos.

232 SCHWAB, Karl Heinz. El objeto litigioso en el processo civil (1954), p. 18/19, afirma que a opinião de LENT se modificou sobre o tema, pois primeiramente o autor sustentara que a multiplicidade de pretensões materiais levaria à cumulação de ações, ainda quando somente um pedido fosse apresentado pelo autor. Conforme SCHWAB, a passagem em que LENT sustenta que a pluralidade de pretensões materiais não caracteriza

O jurista concebeu o objeto litigioso como a afirmação de um direito subjetivo material (Rechtsbehauptung), ao qual o juiz está atrelado, embora desfrute de liberdade para aplicar os dispositivos jurídicos. LENT nega que os “episódios de vida” (Lebensvorgang) sejam relevantes para a delimitação do objeto litigioso, ao argumento de que no transcurso ininterrupto dos fatos, um acontecimento só será relevante quando corresponder a determinada fattispecie233.

É certo que fatos incapazes de respaldar o direito do autor são irrelevantes para a definição do objeto litigioso do processo. Também é correto afirmar que a delimitação do fato constitutivo apresenta dificuldades em razão do fluxo incessante de acontecimentos. Isso, contudo, não suprime a imprescindibilidade da afirmação de um fato em juízo que seja capaz, ao menos em tese, de propiciar a tutela jurisdicional postulada pelo autor. A abordagem substancialista, esposada por LENT, comete um equívoco fundamental ao conceber o objeto litigioso como o direito substancial afirmado pelo autor. Ocorre que a pretensão processual, exercida contra o Estado, não se confunde com o direito material invocado pelo demandante.

Ademais, o autor não postula apenas o direito substancial, mas igualmente a técnica processual capaz de permitir a tutela jurisdicional. Essa constatação é suficiente para que se perceba que o objeto litigioso do processo é constituído por elementos processuais.

Contrapondo-se à concepção substancial de LENT, Leo ROSENBERG sustenta que o objeto litigioso é puramente processual. Cada pretensão, sob o ponto de vista do processo, tem um objeto que não equivale ao direito material que a fundamenta e não há correspondência entre a pretensão processual e a pretensão apontada no §194 do BGB234. Nem mesmo nas ações condenatórias seria possível estabelecer essa equivalência. A pretensão material fundamenta a processual, sendo exercida contra o devedor. Dela se pode afirmar que existe ou não. A pretensão processual, por sua vez, é exercida contra o Estado e sua existência é afirmada no processo235. ROSENBERG conceitua a pretensão processual como a demanda por meio da qual

cumulação de ações fora escrita levando em consideração as ações condenatórias, mas suas consequências modificam a teoria do autor sobre o objeto litigioso também no que diz respeito às ações declaratórias e constitutivas.

233 TARZIA, Giuseppe. Problemi del processo civile di cognizione (1989), p. 109/111.

234 ROSENBERG, Leo. Tratado de derecho procesal civil, t. II (1954), p. 28/29. O autor enfatiza que somente as demandas condenatórias poderiam realizar as pretensões de direito civil tal como o conceito é descrito no §194 do BGB. Esse entendimento é seguido por Mariacarla GIORGETTI, Il principio di variabilità nell’oggetto del giudizio (2008), p. 29, para quem as demandas declaratórias ou constitutivas não têm como objeto a “pretensão”

abrigada no dispositivo do Código Civil alemão, o que é suficiente para inviabilizar a identificação da pretensão processual com a pretensão (Anspruch) a que faz referência o Código Civil alemão.

235 ROSENBERG, Leo. Op. cit. p. 29.

se busca a declaração de determinada consequência jurídica com autoridade de coisa julgada, sendo constituída pelo pedido e pelas circunstâncias fáticas que lhe dão fundamento236.

O pedido não é suficiente para a definição do objeto litigioso do processo. Apesar disso, ROSENBERG sustenta que há apenas um objeto litigioso, inexistindo cumulação de demandas, quando da pluralidade de causas de pedir se originar somente uma pretensão. Assim, se um passageiro lesionado pleitear indenização, existirá somente uma pretensão processual, mesmo que seu pedido se fundamente no contrato, no ato ilícito ou na responsabilidade legal.

Por outro lado, para o jurista há cumulação de ações quando mais de um pedido for articulado sobre as mesmas circunstâncias de fato, tal como ocorre quando o vendedor postula o pagamento do preço e a devolução da mercadoria na hipótese de decretação de inexistência ou nulidade da relação contratual237.

De acordo com ROSENBERG, há modificação de demanda quando o autor substitui o pedido formulado ou altera as circunstâncias de fato sobre as quais o pleito se fundamenta238. Nota-se contradição entre o posicionamento do autor sobre a cumulação de demandas e sua compreensão a respeito da modificação. Se as circunstâncias de fato – causa de pedir, conforme a terminologia usual na processualística brasileira – não são relevantes para caracterizar a cumulação de ações, também não poderiam sê-lo no que diz respeito à modificação.

Quanto à coisa julgada, após enfatizar que as sentenças somente se pronunciarão sobre as pretensões exercidas nas demandas, ROSENBERG assinala que o autor poderá formular em outro processo determinada pretensão, baseada em diferente circunstância fática, desde que não tenha sido julgada no anterior. Se houver várias pretensões e a decisão se pronunciar apenas sobre uma delas, as demais não poderão ser formuladas em outro processo239. Disso se pode concluir que na abordagem do autor a causa petendi é relevante para a definição dos limites objetivos da coisa julgada, pois pedidos não apreciados em um processo, poderão sê-lo em outro desde que haja modificação da causa de pedir.

A relevância da causa petendi para a fixação dos limites objetivos da res judicata torna ainda mais inusitada a desimportância que ROSENBERG a ela atribui no tocante à cumulação de demandas. Sendo as circunstâncias fáticas pertinentes para a delimitação objetiva da coisa julgada, não se vê como possam ser negligenciadas no que se refere à cumulação. Só não têm relevância os fatos incapazes de sustentar por si mesmos a pretensão esposada pelo autor. Mas

236 ROSENBERG, Leo. Op. cit., p. 35/36.

237 Idem, p. 38/39.

238 Idem, p. 40.

239 Idem, p. 41/42.

esses também não têm importância na alteração da demanda, na caracterização da litispendência e na definição dos limites objetivos da coisa julgada.

O ponto a reter é a relevância que ROSENBERG atribui à causa de pedir na constituição do objeto litigioso. A pretensão é integrada não apenas pelo pedido, mas também pelas circunstâncias fáticas que lhe dão embasamento. Em outras palavras, o objeto litigioso é composto pela causa de pedir e pelo pedido. A exposição de mais de uma causa de pedir caracteriza cumulação objetiva240. Do mesmo modo, a substituição da causa petendi acarreta a alteração da demanda e inviabiliza a exceção de litispendência e de coisa julgada.

Por sua vez, Karl Heinz SCHWAB sustenta que o objeto litigioso é definido somente pelo pedido, e o autor deve apresentar no mesmo processo tudo quanto possa fundamentar sua pretensão241. O requerimento ocupa o lugar central do litígio, que ocorre à luz de determinado fundamento. É decisivo, portanto, que o pedido seja interpretado em conformidade com o

“estado de coisas”, definido na processualística brasileira como causa de pedir242.

Sendo o objeto litigioso delimitado pelo pedido, a pluralidade de fundamentos não o influencia. Há apenas um objeto se o autor tiver formulado pedido singular, sendo irrelevante a pluralidade de pretensões materiais243. A demanda será alterada se o autor postular condenação a prestação diversa, o reconhecimento de distinta relação jurídica ou diferente consequência de uma determinada constituição244.

Quanto à litispendência, para SCHWAB sua caracterização exige a formulação do mesmo pedido245. A coisa julgada não atinge o “estado de coisas”, nem a relação jurídica prejudicial ou o direito material246. O autor não poderá, em outro processo, apresentar fatos discrepantes do “estado de coisas” descrito no processo anterior247. Ser-lhe-á permitido,

240 SCHWAB, Karl Heinz. Op. cit., p. 187. O autor enfatiza que a formulação de diferentes causas de pedir –

“estados de coisa” ou “Sachverhalt” no original alemão – leva à existência de diversos objetos litigiosos.

241 Idem, p. 185.

242Idem, p. 243/244: “La solicitud ocupa pues el lugar clave en el litigio. Las partes litigan sobre el fundamento de esa solicitude. Se las solicitudes son varias, habrá pluralidad de objetos litigiosos. [...] Tenemos pues que lo decisivo es siempre la solicitud interpretada. Para interpretarla debe recurrirse al estado de cosas. Por consiguiente, sería muy natural definir el objeto litigioso como la solicitud del actor de que se dicte una sentencia descrita en esa solicitud”. No original alemão, Der streitgegenstand im zivilprozess, p. 184/185: “Der Antrag steht daher im Mittelpunkt des rechtsstreits. Um die Begründetheit dieses Antrags streiten die Parteien. Stellt der Kläger mehrere Anträge, so liegen mehrere Streitgegenstände vor. [...] Immer kommt es also auf den ausgelegten Antrag an. Zur Auslegung aber muss der Sachverhaltherangezogen werden. Es liegt nun sehr nahe, den Streitgegenstand als den Antrag des Klägers auf Erlass eines in ihm näher bezeichneten Urteils zu definieren”.

243 Idem, p. 241. O autor aponta crédito fundamentado em contrato de compra e venda e em letra de câmbio para indicar hipótese na qual há somente um objeto litigioso, embora haja duas diferentes pretensões materiais.

244 Idem, p. 242.

245 Idem-ibidem.

246 Idem, p. 195. No direito brasileiro vigente os limites objetivos da coisa julgada podem atingir relação jurídica prejudicial, conforme resulta do art. 503, §1º, incs. I a III, e §2º, do CPC.

247 Idem, p. 196.

contudo, submeter ao juízo diferentes causas de pedir, mesmo que já pudessem ter sido alegadas no processo anterior, quando delas decorrer novo pedido248. A coisa julgada recai sobre a subsunção realizada pelo juízo como um todo, com a aplicação do direito material à luz de determinado “estado de coisas”249.

A concepção de SCHWAB foi criticada por Walter HABSCHEID, para quem a causa de pedir é elemento imprescindível da demanda, não somente para que ela seja individualizada, mas também para que o réu saiba contra quais alegações deve se defender. Embora ao autor incumba descrever a causa de pedir, a qualificação jurídica dos fatos constitutivos é tarefa do juiz250. O objeto litigioso é constituído pela pretensão à prolação de decisão que tenha por objeto certa causa de pedir251. Em decorrência da regra iura novit curia, a rejeição da demanda impede que o autor a reproponha baseando-se nos mesmos fatos, ainda que lhe atribuindo diversa qualificação jurídica. Com base no mesmo fato constitutivo, não pode ser formulada idêntica pretensão, resultando da coisa julgada a impossibilidade de discussão a respeito de fatos pertencentes ao mesmo “estado de fato” sobre o qual se pronunciara a decisão252.

HABSCHEID se contrapõe diretamente a SCHWAB ao afirmar que a causa petendi é exigência legal, impondo-se sua indicação pelo autor, de modo que seu papel não seria apenas o de permitir a individualização da relação jurídica, mas igualmente o de propiciar que o réu possa se defender, impugnando os fatos constitutivos253. Ademais, como assinala Giuseppe TARZIA, ao limitar o objeto litigioso ao pedido, SCHWAB teria de reconhecer que quaisquer fatos que não tivessem sido alegados na primeira demanda estariam excluídos de outro processo. Contudo, SCHWAB limita a exclusão aos fatos que eram conhecidos pelo autor no momento de propositura da demanda254.

Com efeito, SCHWAB admite a formulação do mesmo pedido com base em outros fundamentos, desde que não fossem conhecidos pelo autor à época em que propusera a primeira ação. Disso se depreende que a causa de pedir influencia os limites objetivos da coisa julgada, repercutindo no objeto do processo. A propósito, já na ideia segundo a qual o pedido deve ser interpretado com base na causa de pedir se percebe que esta é elemento integrante do objeto

248 SCHWAB, Karl Heinz. Op, cit., p. 213 e 221. O autor se refere a “estado de coisas” ou, no original alemão,

“Sachverhalt”.

249 Idem, p. 195, 198.

250 HABSCHEID, Walter Jakob. L’Oggetto del processo nel diritto processuale civile tedesco (1980), p. 460/461.

251 Idem, p. 462: “Possiamo dunque definir la nozione di oggetto del processo nel diritto processuale tedesco nel modo seguinte: l’oggetto del processo è costituito dalla pretesa (le conclusioni) dell’attore di ottenere una sentenza pronunciata in un procedimento che abbia ad oggetto un determinato stato di fato (oggetto della domanda)”.

252 Idem, p. 463.

253 Idem, p. 461.

254 TARZIA, Giuseppe. Op. cit. p. 119.

litigioso. Se bastasse o pedido, a causa petendi seria desnecessária inclusive para interpretá-lo, já que ele seria elemento suficiente para a prestação da tutela jurisdicional.

No tocante aos limites objetivos da coisa julgada, Adolf SCHÖNKE destacara que só haveria identidade entre demandas se fosse invocado, no segundo processo, o mesmo fato constitutivo com base no qual o autor formulara sua pretensão255. Decorre dessa concepção, conforme notou SCHWAB, a importância exclusiva do “estado de coisas” – Sachverhalt – para a definição da identidade do objeto litigioso256. A coisa julgada impede que a parte invoque, em outro processo, fatos contemporâneos à primeira demanda, capazes de levar a decisão oposta, além de vincular o juízo em outros processos, caracterizando-se como efeito positivo, não como exceção257.

Segundo Renato BENEDUZZI, prevalece na Alemanha a ideia de que o objeto litigioso do processo corresponde ao pedido e ao episódio da vida, não qualificado juridicamente, a lastrear o requerimento. O pedido não se restringe à técnica jurídica, mas se refere também ao bem da vida, consistindo, portanto, na postulação concreta deduzida perante o juízo258.

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