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Capítulo III. O PEC Formação Universitária Municípios

3.2. Estrutura e Funcionamento do Programa

A primeira edição do PEC Municípios estruturou-se, principalmente, a partir da proposta básica28 de curso elaborada para a edição estadual, em 2001, acrescida dos conteúdos e carga horária necessários à especialização em Educação Infantil, que não estava prevista na edição estadual. Denominado legalmente de Programa Especial de Formação Pedagógica

Superior, regulamentado pela LDBEN (artigos 62, 81 e 87) e pelas deliberações 12 e 13/2001 do Conselho Estadual de Educação (CEE), o Programa direcionou-se à formação de professores efetivos (concursados) dos sistemas municipais de ensino e que estivessem no exercício de suas funções.

Com o apoio no argumento de que era preciso melhorar também o nível de formação dos professores das redes municipais que possuíam habilitação em nível médio (magistério) e de que, para isso, poder-se-ia contar com a infra-estrutura que já havia sido montada para o PEC Estadual, propôs-se a segunda edição do curso sem muitas modificações com relação ao projeto inicial, tanto no que diz respeito à metodologia, estrutura curricular básica, ou à sua organização e funcionamento. Estava prevista, assim, a realização de um curso presencial com o forte apoio nas mídias interativas, organizado sob a forma de Módulos, com carga horária total de 3.300 horas.

26 Parecer relativo ao documento PEC FOR PROF, versão de 30/03/01, prof. José Sérgio Carvalho, 03/04/01. 27 A constatação da grande aceitação do Programa não supõe seus motivos, nem identifica as motivações

Os Módulos do curso se desenvolviam, basicamente, em torno de cinco modalidades de atividades: Videoconferências (VC) e Teleconferências (TC) – que desencadeavam os conteúdos teórico-práticos básicos a serem trabalhados – e Trabalhos Monitorados (TM) On- line, Off-line e de suporte – que davam continuidade aos conteúdos, aplicando-os, ampliando- os ou aprofundando-os. De forma complementar, desenvolviam-se outras atividades tais como: Vivências Educadoras, Oficinas Culturais, Escrita de Memórias e desenvolvimento de pesquisa e escrita de monografia – o TCC.

As VC ocorriam duas vezes por semana, com duração de quatro horas cada. Eram ministradas por docentes da universidade (ou por ela indicados) com o objetivo de abordar todo o conteúdo previsto para cada momento e fornecer suporte teórico-conceitual ao desenvolvimento do Programa. As vídeo-aulas eram transmitidas pelos estúdios de geração, simultaneamente, para diferentes grupos. O conjunto desses grupos, que podiam ou não compartilhar de um mesmo ambiente de aprendizagem, compunham um circuito. O circuito era composto por, no máximo, cinco grupos de 40 alunos, totalizando até 200 participantes que, na VC, podiam interagir entre si e com o professor-videoconferencista (PVC), em tempo real.

As TC ocorriam quinzenalmente, com duração de duas a quatro horas cada. Contavam com a participação de professores especialistas convidados pelas Universidades ou pela SEE- SP, constituindo aulas magnas sobre temas centrais do Programa. As tele-aulas eram transmitidas de um estúdio da Rede Cultura (rede pública de televisão do estado de São Paulo), via satélite, para todos os grupos do PEC Municípios, simultaneamente. Nesse caso, a interação entre alunos e professores-teleconferencistas (PTC) só era possível por meio de perguntas enviadas por fax ou e-mail.

Para as sessões de Trabalho Monitorado (TM) estavam reservadas de 12 a 16 horas de trabalho semanal, com o objetivo de desdobrar os temas trabalhados nas VC e TC e eram sempre orientados para o trabalho prático do professor, em sala de aula. Essas sessões eram subdivididas entre as atividades do TM On-line (atividades que possibilitavam a interação de grupos de 80 a 100 alunos com os PA, via intra ou Internet, a partir de protocolos de trabalho previamente estabelecidos), TM Off-line (atividades orientadas pelos professores-tutores com turmas de 40 alunos, realizadas presencialmente e, principalmente, com apoio nos conteúdos do material impresso do Programa) e TM de Suporte (atividades que ficavam a cargo do próprio aluno, para realizar trabalhos individuais ou em grupo, dentro ou fora de sala de aula,

podendo utilizar esse tempo para as produções solicitadas nos diversos Módulos ou para o desenvolvimento de tarefas pertinentes ao trabalho de pesquisa).

Dentre as atividades complementares que funcionavam sob supervisão dos professores-tutores (PT) e/ou de professores-orientadores (PO) estavam as Vivências Educadoras (um tipo de estágio supervisionado, desenvolvido no contexto de trabalho dos alunos-professores e que se relacionava aos Módulos, temas ou conteúdos trabalhados durante o curso, a fim de articular a prática e as referências teóricas), as Oficinas Culturais (atividades desenvolvidas paralelamente aos Módulos, com o objetivo de ampliar o universo cultural dos cursistas, dando ênfase ao uso da linguagem – leitura e escrita – e às diferentes manifestações artísticas) e a Escrita de Memórias (um tipo de escrita auto-biográfica, prevista para se desenvolver em 11 momentos, com o intuito de levar o aluno a relacionar os novos conhecimentos adquiridos às duas experiências anteriores enquanto aluno, ou enquanto professor)29. O desenvolvimento de pesquisa e a escrita do TCC ficavam sob a

responsabilidade dos PO e eram produções acadêmico-científicas desenvolvidas de forma individual que, ao final do curso, deveriam ser disponibilizadas para todos os participantes do Programa. Cada PO supervisionava um grupo de aproximadamente 40 alunos-professores.

A variedade de atividades propostas no PEC exigia, portanto, a existência de diferentes figuras docentes, com funções e formações diversas: professores- videoconferencistas ou PVC (professor da Universidade ou seu convidado, mestre ou doutor, que pode escrever ou supervisionar a produção do material impresso e digitalizado do curso), professores-teleconferencistas ou PTC (professores e especialistas convidados), professores- tutores ou PT (professor graduado, contratado e supervisionado pela Universidade), professores-assistentes ou PA (mestrando, mestre ou doutor indicado e supervisionado por docente da Universidade) e professores-orientadores ou PO (mestre ou doutor vinculado à Universidade).

29 “Memórias” estão definidas no Manual do aluno como sendo “um tipo de relato autobiográfico, no qual o

aluno-professor faz o registro daquilo que aprende; de sua opinião sobre o que aprende; de suas emoções e descobertas; dos sucessos que obtém e das dificuldades que enfrenta; de suas inquietações; das adaptações e das modificações que introduz no seu trabalho; de seus novos projetos; de seus vários momentos no curso e sobre o que mais quiser escrever. Tem um caráter investigativo, uma vez que os seus registros permitem ao aluno- professor retomar e analisar o seu percurso docente anterior e atual, estudar as configurações e a evolução dos seus dilemas/situações problema, desenvolver a consciência de sua própria experiência, contribuindo, assim, para a ressignificação da sua identidade profissional” (SEE-SP; USP, 2003, p.12)

Figura 1. Diagrama de funcionamento do PEC Municípios.

Para a operacionalização do Programa foi utilizada a infra-estrutura que havia sido especialmente montada para o PEC Estadual nas Universidades conveniadas (os chamados ambientes de ensino ou estúdios de geração) e em escolas ou nos CEFAM30 (os denominados

ambientes de aprendizagem ou pólos). Além disso, contou-se com a Central de Operações do PEC (ou Rede do Saber, localizada na capital paulista), com estúdios da própria Secretaria de Educação e com parte da infra-estrutura da Rede Cultura (onde as teleconferências eram produzidas e de onde eram transmitidas para todos os ambientes de aprendizagem).

Os ambientes de ensino dispostos nas Universidades eram equipados com salas de geração de VC, constituindo-se de pequenos estúdios com: televisor, câmera documental, videocassete, computador multimídia e podium integrador de mídia e sistema de som. A capacidade de transmissão dos estúdios atingia até quatro salas de recepção em diferentes locais. Oito estúdios de geração, com a mesma infra-estrutura, também estavam disponíveis na SEE-SP e um na Rede do Saber, onde se concentravam, ainda, a equipe de apoio às Universidades, a equipe de implementação do Programa, e a de produção de materiais, além de uma central de treinamento.

Os ambientes de aprendizagem (ou pólos) eram compostos por: sala de recepção de vídeo e teleconferências, com os devidos equipamentos (dois televisores, câmera documental, videocassete e computador) e capacidade para até 40 alunos; ambiente de aprendizagem on- line, um laboratório com 15 computadores conectados à Intranet e Internet; e o ambiente de trabalho off-line, uma sala ambiente de estudos, equipada com cinco computadores

Módulos Interativos Oficinas Culturais VC TC TM off line on line Sessões suporte TM off line on line Sessões suporte V ivê nc ia s educ ador as E sc ri ta d e M em ór ia s D es envo lvi m ent o de tr ab alhos d e p es qui sa T ra ba lh o de C on clus ão de C ur so

interconectados e conectados à Internet e uma minibiblioteca. Com capacidade para 20 alunos essas salas estavam destinadas às dinâmicas presenciais, com o auxílio do PT.

A organização sob a forma modular, enfim, previa o cumprimento da carga horária em torno de três Módulos principais (a saber: Módulo I – O PEC - Formação Universitária Municípios e as dimensões experiencial, reflexiva e ética do trabalho do professor; Módulo II – Formação para a docência escolar: cenário político-educacional atual, conteúdos e didáticas das áreas curriculares; e Módulo III – Currículo: espaço e tempo de decisão coletiva) e um Módulo Introdutório de cinqüenta (50) horas, direcionado para a Capacitação em Informática. O destaque para a aprendizagem dos recursos computacionais, dedicando-lhes um Módulo completo, deveu-se ao pressuposto de que os alunos-professores precisavam se preparar para a utilização desses equipamentos e programas, já que o curso atribuía um papel central a sua utilização.