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Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social de Figueroa e Kincaid (2001) O Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social (MICMS) descreve um

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SECTOR

Passo 4: Implementação e Monitorização A Produzir e disseminar

3.3.3. Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social de Figueroa e Kincaid (2001) O Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social (MICMS) descreve um

processo interativo onde o “diálogo da comunidade” e a “ação coletiva” trabalham juntos para produzir mudanças sociais na comunidade que promovam a saúde e o bem-estar de todos os seus membros” (Figueroa et al., 2002: 5).

A filosofia de base do Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social de Figueroa e Kincaid (2001) tem a sua origem na noção de comunicação como diálogo e participação, com o objetivo de criar uma identidade cultural, confiança, compromisso, sentido de pertença e empoderamento apresentada pelo educador e filósofo brasileiro Paulo Freire (Freire, 1970).

A comunicação como diálogo, em oposição a uma perspetiva monológica, unidirecional, serve de guia a todo o ciclo da comunicação para a mudança social que termina num conjunto de mudanças a ocorrer quer a nível individual, quer a nível coletivo. Este diálogo tem como principal objetivo chegar a um mútuo entendimento, compreensão e acordo que levem a uma ação coletiva. A resolução de conflitos que possam eventualmente surgir, assim como todo o processo de negociações e tomada de decisões assentam, assim, na noção de comunicação como diálogo e envolvimento de todas as partes interessadas.

O modelo integrado de comunicação para a mudança social de Figueroa e Kincaid defende, em primeiro lugar, que a mudança social pode ocorrer através de um processo baseado no diálogo que leva à ação coletiva, sendo por isso um modelo em que a participação e o empoderamento são, uma vez mais, elementos essenciais (Figueroa et al., 2002).

O início do processo está num de seis catalisadores que irão estimular a comunidade para o diálogo e discussão sobre o assunto:

 Estímulo interno, como o reconhecimento do problema por parte de um elemento da comunidade;

 Um agente de mudança externo, como uma instituição do Terceiro Sector que inicia a discussão;

49  Uma inovação, como um novo produto, solução, serviço;

Políticas que levem os indivíduos a agir, porque a lei assim os obriga; Novas tecnologias, como um novo método contracetivo injetável;

 Meios de Comunicação Social, incluindo mensagens que levem os indivíduos a mudar os seus comportamentos.

Por sua vez, o diálogo e a ação coletiva constituem uma sequência de um conjunto de passos que podem ter lugar simultaneamente e que levarão às mudanças individuais e coletivas que são o fim último da Comunicação no Interesse Público.

O diálogo comunitário começa então pelo reconhecimento do problema, seguindo-se a identificação e envolvimento dos líderes e de todos os stakeholders, a discussão e clarificação de todas as ideias e perceções, a expressão e partilha dos pontos de vista e necessidades de cada um, numa perspetiva comunitária que resulta numa visão do futuro correspondente ao propósito de longo prazo que se pretende alcançar. Aqui, chega-se a um aspeto importante a ressaltar, que se prende com o facto de os objetivos serem definidos a nível comunitário, com o verdadeiro envolvimento dos públicos e não apenas com a sua consulta.

Definida a visão do futuro que se pretende alcançar, o processo de diálogo prossegue com a definição do estado atual do problema, dos objetivos específicos e do plano de ação que, por sua vez pode implicar o estabelecimento de diferentes cenários e opções a discutir até alcançar o consenso.

A ação coletiva corresponde à parte do modelo que diz respeito à efetiva execução do plano de ação e avaliação dos seus resultados e impacto. Para tal, é necessário que sejam definidas e distribuídas em primeiro lugar as responsabilidades e tarefas, seguindo-se o esforço de mobilização da comunidade para participação. Após a implementação, a avaliação do impacto do programa passa, também, uma vez mais, pelo diálogo e uma avaliação participativa.

Tanto o processo de diálogo, como o processo de ação podem, por sua vez, sofrer o impacto de constrangimentos externos de uma forma negativa ou positiva, estando também estes elementos representados no modelo gráfico (figura 1.6).

As mudanças constituem o fim último do processo de comunicação para a mudança social, dividindo-se entre mudanças individuais e coletivas. A nível individual, as mudanças identificadas seguem de certa forma as fases do Processo P para a Mudança de Comportamentos, começando com a aquisição de conhecimentos e passando para mudança de atitudes, a intenção de mudança de comportamento e, por fim, a efetiva mudança de comportamentos. A nível social, por sua vez, as mudanças incluem o sentido de eficácia coletiva, o sentido de pertença, a coesão social, assim como as mudanças nas normas e serviços sociais, para além da capacitação social que pretende que os indivíduos estejam aptos para prosseguir com o processo de mudança.

Este modelo afigura-se, portanto, como o mais adequado para ser aplicado no caso específico da comunicação para a mudança social junto de familiares de pessoas com demência. Tanto as mudanças

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ao nível individual como ao nível social são de extrema importância para o bem-estar e qualidade de vida, quer de doentes, quer de cuidadores. Tal como será discutido mais adiante neste trabalho, a capacitação dos cuidadores, assim como a sua integração social e bem-estar psicológico assumem um papel determinante para a prestação de cuidados. Cuidadores com elevado nível de sobrecarga e desgaste físico ou emocional não serão capazes de prestar bons cuidados, assumindo estes fatores um papel tao importante quanto os seus conhecimentos e empoderamento. Ao nível social, uma sociedade que reconheça, por um lado, as dificuldades do papel do cuidador e, por outro, os direitos e dignidade das pessoas com doença de Alzheimer ou outra forma de demência, será uma sociedade em que todo o ciclo foi completo e onde o diálogo comunitário e ação coletiva resultaram efetivamente em mudanças, tal como preconizado pelos autores.

Figura 1.6 - Modelo Integrado de Comunicação para a Mudança Social de Figueroa e Kincaid (2001)

51 4. Terceiro Sector

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