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5 – JULGAMENTO DE RECURSOS MÚLTIPLOS – ARTIGO 543-B DO CPC

5.7. Medidas de urgência

No procedimento de julgamento por amostragem, é possível apontar a seguinte classificação de recursos: (i) recursos extraordinários selecionados para o julgamento como amostras; (ii) recursos extraordinários sobrestados por decisão do Presidente ou Ministro relator do Supremo e, em seguida, devolvidos às instâncias de origem, para aguardar decisão da Corte; (iii) recursos extraordinários sobrestados por decisão do Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem; (iv) agravos sobrestados por decisão do Presidente ou Ministro relator do Supremo;e (v) agravos sobrestados por decisão do Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem.

Com relação à tutela de urgência recursal, está garantida pelo artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição, quando determina a inafastabilidade do Poder Judiciário para afastar também a ameaça a direitos, e no artigo 800, parágrafo único, do CPC. De modo que entendemos desnecessários maiores comentários sobre a sua admissibilidade no direito brasileiro.

No entanto, no que tange aos recursos dirigidos às Cortes Superiores, há muita divergência quanto à competência para apreciação de medidas urgentes, no interesse do recorrente. Basicamente, trata-se de pedidos de atribuição de efeito suspensivo a tais recursos, visto que, em regra, são recebidos apenas no efeito devolutivo, permitindo-se a execução (provisória) da decisão recorrida. Ou, então, de antecipação de efeitos da futura decisão reformadora a ser proferida pelos Tribunais ad quem (por alguns autores denominado de efeito ativo).

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“Interposição para o Supremo Tribunal Federal de recurso contra aplicação da sistemática da repercussão geral. Inadmissibilidade. Agravo Regimental improvido. Não se conhece de agravo de instrumento, perante o Supremo Tribunal Federal, contra decisão que aplica sistemática da repercussão geral” (STF, AgR no AI 775144 / RS, Rel. Ministro Cezar Peluso, DJe-163 DIVULG 24-08-2011).

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A título exemplificativo: AgR no RE 540257 / SP, Rel. Ministro Marco Aurélio, DJe 20.06.2013; ED no RE 566819 / RS, Rel. Ministro Marco Aurélio, DJe 15.10.2013; AgR no RE 729157 / RS, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 10.09.2013.

De acordo com a redação do parágrafo único do artigo 800 do CPC, “interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao tribunal”.

Assim, pela sua redação literal, a conclusão seria de que a competência para decidir a respeito de medidas de urgência nos recursos extraordinários e agravos já interpostos sempre pertenceria ao Supremo Tribunal Federal.

Porém, defensivamente, e sob fundamento de que a eventual concessão de medidas de urgência poderia interferir no futuro juízo de admissibilidade pelo órgão a quo, o STF firmou jurisprudência (enunciados 634 e 635394) no sentido de que somente adquire competência para tanto após a admissibilidade positiva do recurso extraordinário pelo Tribunal local ou o provimento do agravo contra decisão que não o admitiu na origem395.

Neste contexto, parece correto afirmar que, no tocante aos recursos selecionados para amostragem, a competência será do STF logo após a decisão que determinar a seleção e sobrestamento dos demais.

As dificuldades surgem realmente quanto aos recursos sobrestados, notadamente quando a decisão determinando a sua suspensão advém do próprio Supremo.

Para Eduardo Talamini, nestes casos, “a competência para a tutela recursal urgente deve ser do órgão a quo onde os recursos encontram-se sobrestados”396. Para tanto, considera que o mecanismo visa justamente dispensar o Supremo do exame direto e formal de uma multiplicidade de recursos, de forma que não haveria coerência se então tivesse de examinar essa mesma multiplicidade sob forma de pedidos cautelares incidentais.

Por outro lado, se o entendimento firmado pelo próprio Supremo é no sentido de que, após o juízo de admissibilidade positivo do recurso extraordinário ou provimento do agravo, a competência para exame de questões urgentes deixa de ser do órgão a quo, parece difícil justificar tecnicamente que recursos nestas circunstâncias, mas tão-somente

394 Súmula 634. “Não compete ao supremo tribunal federal conceder medida cautelar para dar efeito

suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem”.

Súmula 635. “Cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade”.

395 “RECURSO. Extraordinário. Pretensão de atribuição de efeito suspensivo. Inadmissibilidade. Recurso

ainda pendente de juízo local de admissibilidade. Súmulas 634 e 635. Ação cautelar não conhecida. Agravo improvido. Precedentes. O Supremo adquire competência para apreciar pedido de tutela cautelar tendente a atribuir efeito suspensivo a recurso extraordinário, apenas desde quando seja este admitido pelo tribunal local ou por provimento a agravo contra decisão que o não admitiu na origem” (STF, 2ª Turma, AC 1682 MC-AgR / SP, Rel. Ministro Cezar Peluso, Dje 9.9.2010).

sobrestados e aguardando julgamento, voltem a ficar sujeitos à competência do órgão a

quo.

Ora, se antes o argumento se justificava pela necessidade de não se interferir no juízo de admissibilidade, agora o problema pode ser justamente inverso: em razão do juízo de admissibilidade negativo, caso tenha ocorrido provimento do agravo pelo Supremo, é razoável se entender que eventuais medidas cautelares teriam menos chances de sucesso se decididas pela mesma autoridade que entendeu que o recurso interposto sequer deveria ter sido admitido.

Assim, em que pese a ausência de regulamentação legal específica sobre o tema, entendemos que a competência para a tutela cautelar não deve ser alterada apenas em razão do sobrestamento dos recursos. Aliás, como se verá, o andamento posterior dos recursos sobrestados não será necessariamente influenciado pela decisão que vier a ser proferida pelo STF, pois nem sempre haverá vinculatividade. Isto é, pode ser que o recurso seja novamente remetido do tribunal de origem, onde se encontra sobrestado, para o Supremo Tribunal Federal, para que haja regular prosseguimento.

5.8. Participação do amicus curiae no julgamento de mérito dos recursos por

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