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Não me dizem porque me prenderam em 1955, apenas dizem que eu fazia política, contudo nunca fui julgado. Somos muitos presos aqui e muitos são velhos que nem sabem o que significa política. Infelizmente muitos de nós já morreram. Um dos regedores de Milange, outro de Kionga, Porto Amélia, os dois morreram aqui na prisão. Foram deitados como cães e os seus não tem conhecimento sobre esta morte.

Regedor Marcos Dama Rinze Zimtambira Chikuse

A Missão de Cristo Rei - Mpenha foi fundada a 17 de Junho de 1965 para aliviar a Missão da Fonte Boa. A primeira missa foi celebrada pelo Bispo D. Sebastião Soares de Resende, debaixo de uma árvore. Politicamente, os acontecimentos de Macanga, de 1961, estiveram na oriegem da sua fundação. A partir de 1965, o padre Teodoro Gomes Rebelo deslocava-se a partir da Fonte Boa.

A Congregação Mariana do Internato fazia catecismos regulares nas aldeias. Em 2009 havia 45000 habitantes, sendo 19400 católicos, isto é, 43%. Apesar de estar mais perto de Lifidzi, pertence à Fonte Boa. A sua superfície é reduzida face ao número de habitantes, 850km2 e colaboram nela, além dos Jesuítas e 230 catequistas, as Irmãs Doroteias. Possui um Centro de promoção da mulher e Apostolado Bíblico.

Mpenha situava-se na terra do grande régulo Rinze, temido pelos portugueses e que tinha denunciado as actividades destes. Desde 1955 o território era dificilmente gerido pelos portugueses porque, o regedor Marcos Dama Rinze Zintambira, fora preso e desterrado, para a Cadeia de Lourenço Marques, numa conspiração que envolveu os mais influentes de toda a Angónia, os administradores, António Augusto Veloso (Vila Coutinho), Alfredo Baptista Ferreira (Domwe) e Luís Fernandes Gil de Ntengo wa mbalame. A sua inimizade e posterior conspiração resultou da denúncia que aquele regedor tinha feito sobre como as autoridades coloniais maltratavam as pessoas e do envolvimento daqueles em esquemas de exploração da mão-de-obra e roubos. Não parou por aí. Mesmo na cadeia continuou a fazer denúncias dos maltratos a que os prisioneiros eram sujeitos. Uma carta escrita a 12 de Setembro de 1960 dizia o seguinte:

Quis escrever esta carta na língua portuguesa para que todo o mundo saiba as mazelas dos portugueses contra os negros. Não me dizem porque me prenderam em 1955, apenas dizem que eu fazia política, contudo nunca fui julgado. Somos muitos presos aqui e muitos são velhos que nem sabem o que significa política. Infelizmente muitos de nós já morreram. Um dos regedores de Milange, outro de Kionga, Porto Amélia, os dois morreram aqui na prisão. Foram deitados como cães e os seus não tem conhecimento sobre esta morte. Ao preso não se permite a recepção de qualquer visita, salvo a esposa que não deve levar nem lápis nem papel. Enviei duas cartas aos portugueses de Lisboa, a sua terra de proveniência. Não tenho a certeza se as referidas cartas chegaram ao destino. Os portugueses dizem que não têm pena de morte, mas é mentira. Matam e oprimem nas prisões. Aqui na prisão há presos portugueses que estão a sofrer porque não concordam com a forma como seus conterrâneos têm conduzido os destinos políticos. Por favor reescrevam esta carta para que todo o mundo saiba a verdade223».

As cartas que saíam da Cadeia criavam situações embaraçosas ao regime e tinha impacto directo na evangelização daquela terra uma vez que a população estabelecia um paralelismo entre o silêncio dos missionários e as barbaridades do regime. Não está claro o papel desempenhado pelos missionários neste caso. Informações locais apontam ter havido uma

tentativa negociada de trazer de volta o regedor, mas estas tentativas não surtiram efeito. Abel Jassi diz ter presenciado um encontro entre o administrador e o padre Rebelo no qual tratavam da pertinência de trazer o regedor. Naquele encontro, diz o intérprete, o padre saiu fraco porque lhe foi-lhe comunicado que o regedor Zimtambira havia morrido224. «Entretanto», continua, «soube-se que era uma mentira, forma de fazer com que os padres não se envolvessem na libertação do regedor».

Em 9 de Agosto de 1961, saiu uma nota a desmentir a notícia de que o chefe Zintambira fora assassinado pelos portugueses na cadeia de Lourenço Marques. Manuel Gomes de Araújo, chefe de estado maior das forças armadas, avisa que «em reuniões secretas efectuadas em vários pontos de Moçambique e na Angónia, africanos juraram vingar a referida morte e estão a preparar medidas secretas para iniciar guerra de guerrilha semelhante a Angola.

Tudo leva a crer que havia o plano de assassinar o regedor Marcos Dama, mas o caso saiu antes para a imprensa. O major João Mário Bento, em 25 de Setembro de 1961 tranquiliza Manuel Gomes de Araújo dizendo que o régulo Marcos Dama Zintambira está vivo225. De facto, o Goan Tribune de 9 de Julho de 1961 escrevera: Zimtambira killed in Prison.

Chief Zimtambira, who was arrested in 1955 at Vila Coutinho (Northern Part of Mozambique) was killed in the Lourenço Marques Prison recently for influencing other prisoners. He was arrested for refusing to offer his people for forced labour. After serving a prison sentence of six months the chief was released. Prevented from going back to his village, he was employed by the Negocios Indígenas (Native Affairs Department). While working here Chief Zimtambira wrote many letters to the Minister for the overseas Province demanding that his case be taken to Court. His letter to the Governor General of Mozambique last year had earned him another prison sentence. The letter started: you bar may going back to my home village, to rule a small number of people, but bear in mind, Your Excellency, that my son tomorrow is not going to rule Vila Coutinho Alone, but the

whole of Mozambique226».

O Jornal Malawi News de 4 de Maio de 1961 publica a carta de Dama, aliás é publicada na primeira página a 27 de Abril de 1961. Os motivos da demora da execução do regedor prendiam-se ao facto de os missionários não terem dado garantia se cuidariam os filhos daquele. Os filhos deviam ser entregues aos missionários e arquitectava-se a morte da mulher porque, segundo Afonso I. Ferraz de Freitas,

A situação quanto a mulher, filhos e sobrinho pode tornar-se embaraçosa, não me restando dúvidas de que se os partidários do ex-régulo ou se os elementos subversivos residentes no estrangeiro lhes pudessem deitar a mão, saberiam, com mestria, explorar profundamente a situação e, certamente, os entregariam a quem os soubesse educar no ódio contra nós. O destino a dar à mulher, filhos e sobrinho do ex-régulo deve ser cuidadosamente estudado, não nos devemos esquecer da história da cobra enregelada. Não sei se a mulher vive sem controle e se os filhos e sobrinho estão sendo educados da forma mais própria e aconselhável. Duvido que os missionários a quem estão entregues estejam bem conscientes das necessidades impostas pela situação227.

A 7 de Novembro de 1962 numa carta, Afonso Ivens Ferraz de Freitas, sugere fazer se uma pesquisa na Angónia de modo a tornar esta região no ponto de entrada para o Malawi, incluindo o papel da Igreja. Através da Igreja era mais fácil penetrar no Malawi porque os Malawianos infiltravam-se para Moçambique mediante a compra de cadernetas portuguesas.

224 Abel Jassi, entrevista com o autor, Lizulo, 7 de Fevereiro de 2013/ Transcrito 225

Rfr 5.644/B/1/3. De 28 de Dezembro de 1962, Torre do Tombo, Folha 132

226 Rfr 5.644/B/1/3. De 28 de Dezembro de 1962, Torre do Tombo, Folha 136

227 Rfr 5.644/B/1/3. De 28 de Dezembro de 1962, assinado a 9 de Março de 1963, por António Augusto

Os jesuítas consideram que Dama seria um bom colaborador para mobilizar as pessoas a ficarem «do lado de cá». Mas, António Carlos Craveiro Lopes adverte:

No dia em que o Marcos regressar à Angónia ou fugir para Niassalândia será um leader perigoso e implacável para Portugal e para os Europeus e o Governo, com toda a certeza, terá grandes apreensões e, possivelmente, de fazer face a distúrbios. Por isso, o Marcos precisa ser vigiado cuidadosamente e bem assim a sua correspondência, o que só se torna possível nas estações de Lourenço Marques, onde reside228.

Desde 1958 havia tentativas de pedidos para a libertação do regedor. O Padre José João Gonçalves formulara um pedido no sentido de se libertar Dama porque «a nossa Missão em vastas áreas desta Angónia carece de apoio mobilizador o que o Sr. Onésimo, o substituto, não consegue».

A 16 de Janeiro de 1959, Afonso Calçada Bastos escreve desfavoravelmente o regresso de Marco porque «o regedor Marcos Dama Rinze é um indígena astuto e muito orgulhoso conhecendo bem as qualidades e defeitos dos europeus e sabendo tirar o melhor partido disso para alcançar os seus objectivos. Conheço o Marcos Dama Rinze desde 1948. Em minha opinião, Marcos Dama Rinze nunca mais deve ser autorizado a voltar a Angónia porque a sua presença, nesta terra, pode representar, em menos de meio ano, graves perturbações ao nosso território e grandes apreensões a Niassalândia, onde a raça indígena é angoni – parte da tribo angoni esta na Niassalândia e outra parte nesta circunscrição».

Numa carta extensa, Dama descreve o comportamento dos administradores de Angónia. «O sr. administrador Mário Ferreira, quando estava neste tempo na Angónia acusou-me que sou um dos negros contra brancos, que eu frequentava reuniões com os indígenas de Niassalândia. Mas tudo isto é pura mentira acusou-me estas coisas porque o Sr. Administrador fazia grandes negócios, vendia os indígenas aos recrutadores, obrigava os régulos a apanhar os indígenas para vender aos recrutadores, obrigava os indígenas a vender gado bovino, pagava o que não agradava aos donos. Eu próprio fiz tijolos para ele fazer a nova administração nem o meu salario de 1955 tudo isto não foi pago229.

Não é claro sobre quando e como morreu Marcos Dama. A PIDE, incapaz de desmistificar o ponto de saída das cartas da prisão, tratou de forjar provas para incriminar um Seminarista que tinha recebido formação nas missões jesuíticas, António Disse Zengazenga. Localizei-o na Alemanha de onde escreveu-me:

7 de Fevereiro de 2013, Caro Amigo Eusébio.

Que esteja bem. Continuemos a decifrar juntos o seu trabalho: "Nas notas da PIDE de 5 de Junho de 1961, nr, 265A/4» e de 17 de Maio de 1961 (Tete) indicam haver correspondência entre Marcos Dama e um tal António." A correspondência que existiu naquele ano era com o tio dele António Nzeru Rinzi Zintambila Chikuse, pois eu estava na Namaacha de 1960/62. Visitava-o 5 vezes por ano e não havia necessidade de correspondermos. Conheci esse António. Era um dos tios de Marcos e tinha uma filha no Internato das Meninas na Missão de Lifidzi no meu tempo de 1947/50. A prisão de Marcos de 1955 não é a de 1958. A de 1955 era porque recusava fornecer trabalhadores para os campos de cana-de-açúcar em Inhaminga e Sena, serrações de Dondo e desflorestação de Chimoio para a fundação desta cidade, enquanto a de 1958 foi política como esclareço no meu livro, a sair em breve. Na primeira ficou seis meses e no exílio, enquanto a de 1958 durou até à vinda de Spínola em

228

António Carlos Craveiro Lopes, Nota de 5 de Junho de 1961, nr. 265/A/4, de 17 de Maio de 1961 (Tete)

229 Nota oficio confidencial 764/C, de 7-12-1960 Assina o António Carlos Craveiro Lopes, o Governador

Interino, entrada em 18 de 1 de 1961 e assinado a 10 de Janeiro de 1961, cfr. também a carta presente no Jornal Malawi News de 4 de Maio de 1961

Portugal. A carta de 12 de Setembro de 1960 foi escrita antes de eu começar a visitá-lo. Na verdade, foi nas minhas férias de Julho/Agosto que, separadamente, ouvi dizer da minha mãe e do Sr. Pe. José João Gonçalves, que Marcos Dama estava preso em Lourenço Marques. Ambos perguntaram-me, se eu estava em contacto com ele. Respondi-lhes que não. Perguntei-lhes porquê? Disseram que foi preso porque queria que Moçambique fosse independente. O padre disse: "Esta terra é nossa, os nossos pais a descobriram e deixaram-nos como património, E não a entregaremos a ninguém,". Duas semanas depois vieram os seus irmãos, Rafael e Bonifácio Dama, com os quais estive na Missão de Lifidzi de 1947/50 entregar-me a direcção de Marcos no Bairro Indígena, em Lourenço Marques. Marcos contou-me que tinha escrito para Salazar, Caetano e Alves, Ministro do Ultramar. Mas que, infelizmente, não lhe tinham respondido. Disse também que correspondia com os seus amigos, membros da UNAMI em Blantyre. A linguagem descrita na sua carta é dele. O homem não tinha papas na língua nem complexos de inferioridade. Como as cartas saíam da prisão? Certamente as duas filhas memorizavam o que o pai lhes ditava. Uma vez decorado, recitavam diante dele para o controlo. Assinava a página vazia e uma das filhas levava para casa e aí escrevia. Como a porta estava aberta sem guarda e não se vistoriava a massa, era possível introduzir um lápis para assinar na prisão. A direcção era certamente dum simpatizante na cidade e todas as cartas eram postadas em Moçambique. Por hoje ê tudo, aguardando a seguinte surpresa. Com os meus melhores cumprimentos

com um forte abraço,António Disse Zengazenga230

Por vias indirectas quis-se usar professores da Missão para se infiltrarem no Malawi a fim de descobrirem o que era tratado, porque os missionários mostravam-se cada vez mais distantes em colaborar politicamente. Em 1963, há um professor de Lifidzi nas reuniões do MCP, de nome Luís Gonzaga quando Henry Masauko Chipembere organizou uma reunião em Dedza na qual faz parte o enfermeiro português José Baltazar da Costa, o Changonga. A reunião debruçara-se sobre a inclusão da região de Angónia ao Malawi e Chipembere disse que estava contente por ver indianos naquela reunião231.

Nota-se que a criação desta Missão teve em vista a responder as pretenções do Hastangs Kamuzu Banda, o futuro líder da Niassalândia, para quem Angónia devia estar incorporada ao Malawi. Com a independência temia-se o pior, porque a população de Lizulo já tinha sinais de inclinação ao futuro jovem país. O administrador do posto administrativo Boa alertava que «devido aos tumultos que possam surgir no dia da independência da Niassalândia, suponho que seria bom guarnecer, discretamente, aquela povoação» Lizulo «com alguma pequena força militar ou policial, naquela data «8 de Julho232».

Acontecimentos de índole político sobrepuseram-se a que a administração local visse na Igreja um aliado. O novo governo de Banda tinha ministros hostis aos portugueses, como foi o caso de Mwalo e Chakwamba, este último acusado de ter espalhado ideia de que os portugueses eram maus e quando alguém tentou desmenti-lo, viu a sua casa incendiada. Chakwamba era hostil aos portugueses devido ao facto de ter sogros naturais de Charre, área fronteiriça, que a queria malawiana. Promoveu tumultos nas zonas fronteiriças como Chiromo e Sandama em Milange o que leva ao administrador local afirmar que

Sandama, até agora, é a única área onde a autoridade administrativa foi ferida. Os elementos do Governo do Malawi e os dirigentes do MCP que estão, encobertamente, contra o Dr. Banda, não concordam com as relações que mantém com os portugueses. O régulo angoni do Malawi, Gomani, está a modificar a sua conhecida hostilidade aos portugueses mas sofre forte pressão do Presidente do MCP de Ntcheu, de nome Watford Makwangwala que é hostil aos portugueses. O Gomani mostra um certo receio quanto às possibilidades políticas de Watford. Até os comerciantes portugueses como Maciel e seu genro, Vasconcelos, são hostilizados no Malawi233.

230

Correspondência com António Disse Zengazenga.

231 Nota 16/63 de Abril

232 Jorge Gomes Martins, administrador do Posto de Ntengo wa Mbalame a 31 de Maio de 1964

Como que confirmar o continuar dos tumultos, a 19 de Junho de 1964, António Carlos Craveiro Lopes, escreve que «na passada segunda-feira entraram 50 africanos Malawianos na loja de Amaro Lopes em Lizulo e o seu empregado Carlos Marcelo Moreira ficou sem reagir o que desmotivou-os de criar o pior e se foram. Em Lizulo, a UDENAMO monta um escritório, dirigido por um africano de nome Milton Chacudza Bobo, funcionando na casa do régulo Gomane234». Daqui resulta que estando na Fonte, os missionários tinham que ter olhos postos nas zonas fronteiriças.

Um relatório de 1964 diz-nos o seguinte: «Depois da cerimónia de Ramos aqui na Missão, fomos à Mpenha, futura Missão, para as mesmas cerimónias. É uma terra próspera de cristãos, já esta quase concluída a terceira sala de aula de alvenaria, pois as duas que lá existem não chegam para tantos rapazes e raparigas235». Para os Jesuítas, a ocupação de

Mpenha representava uma necessidade missionária para fazer face a influência dos protestantes encabeçados pelo missionário Michael Scott a quem as autoridades oficiais diziam ser o propalador das mentiras contra Portugal na imprensa internacional. É preciso afastar o verme protestante naquelas partes porque Scott tem-nos guerreado por toda a imprensa estrangeira236».

Um dos aspectos com os quais os missionários não estavam de acordo era o afastamento de pessoas formadas que pudessem levar avante projectos de desenvolvimento. Como escreve o Governador José Franco Rodrigues «em referência aos indígenas Gefete e Dogala a que mencionada terceira comunicação faz alusão, dei instruções ao Sr. administrador da Angónia, para que este e outros em idênticas circunstancias, fossem incluídos num dos próximos contingentes de mão de obra a fornecer aos Serviços dos Portos e Caminhos de Ferro da Beira, com o fim de os afastar, pelo menos durante o ano dos respectivos contratos, daquela referida Circunscrição.

Outros indivíduos são Dom Carlosde Lizulo, Andressone Kadzakomanja ou Cangnaga de Njolomole, Mlangueni enquanto Gafete ou Efete é natural de Thomo e Dogala é de Ntengo wa mbalame. Para os missionários, evacuar pessoas assim era fornecer via fácil de os inserir em meio onde pudessem lançar suas ideias subversivas e afasta-los de suas zonas de convívio habitual seria interpretado como castigo. Era preciso criarem-se condições de trabalho no local onde as pessoas residiam. Ao longo do seu desenvolvimento chegou a possuir um internato construido com ajuda do apoio da irmã Manuela Ferreira de Brito, uma escola, Sala de promoção, Moinho e a Machamba. Quando a Missão foi nacionalizada, o padre Rebelo foi construir uma igreja, distante dali.

A nacionalização não teve efeitos desejados, de fechar as missões e obrigar o povo a abandonar a religião e forçar o ateísmo. Pelo contrário, «esforços envidaram a entrega desta Missão aos leigos, como o exemplo, João Sandramos, Francisco Maudene. A popuação de Mpenha sempre mostrou-se fiél ao lado português numa área que era pretendida pelos Malawianos. Com a perseguição de 1977, optaram por diminuir as comunidades, dando responsabilidade aos leigos, por meio de comuniddes, como foram os casos de Maonekera, Zamadula, Bachone, Majawa, Mlangeni, Mphulo e Kachere». Um dos afectados confirma que «não foi possivel parar a palavra de Deus com discursos políticos e intimidações, por vezes, até com perseguições. Tínhamos homens corajosos como o catequista Senzani237».

234

António Carlos Craveiro Lopes, o governador de Tete, 17.06.1964 rf 26/1964

235 Relatório da Fonte Boa, Junho de 1964, Ecos da Província de Portugal, Junho de 1964:71

236 José Franco Rodrigues, Nota de 18 de Junho de 1960

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