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MODELO – PERCEPÇÃO DOS MATERIAIS PELOS USUÁRIOS (PERMATUS)

Etapa 6: DIRETRIZES PARA PROJETO

3.6 MODALIDADES DE APLICAÇÃO DO MODELO

De acordo com os requisitos apresentados no início deste capítulo, o modelo proposto deve se a- daptar a diferentes tipos de projetos e ser aplicável em diferentes fases do desenvolvimento de produtos. Após a descrição do modelo Permatus, fica claro que a modalidade de aplicação mais usual do modelo é no desenvolvimento de um novo produto. Entretanto, o modelo pode ser aplicado em outros casos, conforme mostra a Figura 72.

Figura 72 – Modalidades de aplicação do Modelo Permatus. Proposto pela autora, com base nas fases do PDP de Rosenfeld et al (2006)

De acordo com a figura, as demais modalidades de aplicação do modelo são:

A. A seleção de materiais acontece em diferentes situações nas empresas: há casos em que a infra- estrutura de processos de fabricação já é estabelecida e predetermina uma família de materiais; e há casos em que é possível desenvolver um novo produto sem que haja uma limitação quanto ao mate- rial. No primeiro caso, é comum que as empresas selecionem os materiais baseadas em experiên- cias e práticas anteriores, o que nem sempre representa uma solução ótima. No segundo caso, é possível explorar os materiais e processos como fator estratégico na definição do produto, como a utilização de materiais inovadores, a diferenciação do produto pelo material e processo não usuais, a melhoria de desempenho e custos em relação à concorrência. A aplicação do modelo neste caso pode auxiliar na busca de melhores estratégias com relação aos consumidores e usuários ainda na fase de planejamento do projeto.

B. Um processo sistemático para avaliar os melhores processos, produtos, procedimentos e idéias de similares e concorrentes é o benchmarking. Análise de similares (B1) pode ser aplicado para ana- lisar comparativamente a percepção dos usuários com relação aos produtos, materiais e processos. O estudo experimental apresentado no próximo capítulo é um exemplo da modalidade B1.

C. O design de superfícies dos materiais é uma modalidade aplicada de maneira similar ao design de novos produtos:

‚ (C2) numa etapa posterior os conceitos das superfícies são testados em amostras e modelos; e ‚ (C3) a superfície é testada no protótipo. Para essa modalidade, o modelo Permatus pode ser a-

plicado de duas maneiras: para o design de superfícies em um único membro de material (co- mo, por exemplo, texturas superficiais e brilho do aço inox selecionado para a fabricação do bule da cafeteira elétrica); ou para o design de superfície de diferentes membros de materiais de uma mesma classe (como, por exemplo, texturas para diversas formulações de polímeros termofixos para a fabricação da alça do bule da cafeteira elétrica).

D. O modelo pode também ser aplicado para testar a aceitação de um produto no mercado antes do seu lançamento, como, por exemplo, testar dois materiais diferentes. Nesses casos, a alteração do material não deve comprometer significativamente a preparação da produção.

E. A comercialização de um produto exige, em muitos casos, o desenvolvimento de peças de apoio como: embalagem, expositores e ambientes especiais para pontos de venda. Para esses casos, é pos- sível aplicar o modelo Permatus para avaliar a percepção dos consumidores durante o primeiro contato (como no ciclo de interações da Etapa 2) considerando o produto no contexto de sua co- mercialização, no seu primeiro contato e experimentação.

F. Após o lançamento, o produto deve ser acompanhado e monitorado sob vários aspectos. As reações dos usuários na etapa pós-venda podem ser conhecidas por meio da assistência técnica; dos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon; e dos serviços de atendimento ao consumidor (SAC) das empresas. Quanto mais cedo se resolverem problemas, seja no material ou na produção, menores serão os prejuízos para a empresa. O modelo Permatus pode também ser aplicado nessa modalida- de, como uma forma a avaliar os problemas junto aos usuários.

G. A alteração do material de um produto pode ocorrer por diversas razões: substituições de materiais inadequados, melhoria do desempenho, aumento da durabilidade e ampliação do ciclo de vida, a- tendimento a novas exigências legais, redução de custos, melhoria da competitividade com relação à concorrência, atendimento a questões ambientais, mudanças de comportamento dos consumidores, dentre outras. O modelo pode ser aplicado para testar novas opções de materiais e suas implicações com os usuários do produto.

H. É importante lembrar a relação de tempo que ocorre durante o PDP: o período pré-desenvolvimento pode durar alguns dias, o período de desenvolvimento pode durar alguns meses e o período pós- desenvolvimento pode durar anos, de acordo com Rosenfeld et al (2006). Assim, o contato direto com o mercado é importante para detectar as alterações necessárias, caso seja possível realizá-las. Mas, se a estratégia for de redesign, é aconselhável iniciar todos os procedimentos similares ao de- senvolvimento de um novo produto. Apesar de um produto ter uma vida pré-definida, ele pode “morrer” antes do programado, por inúmeros motivos, tais como mudanças de comportamento dos consumidores e a obsolescência tecnológica. Nesse caso, deve-se descontinuar a sua produção e partir para o desenvolvimento de um novo produto substituto.

Exemplificando algumas modalidades Exemplo 1 (modalidades A e B)

Retomando o exemplo da cafeteira elétrica, a equipe de projeto busca especificar o material mais adequado – dos pontos de vista técnico, estético e de uso – para a fabricação da alça do bule. Podem ser testados, por exemplo, tipos de famílias de materiais ou tipos de polímeros de diferentes especificações, para avaliar questões estéticas como textura, brilho, sensações térmicas e táteis relacionadas a proporcionar mai- or conforto de uso, mais segurança e melhor desempenho na limpeza do produto.

Pode-se supor que a empresa de fabricantes das cafeteiras queira testar diversos tipos de materiais e que a partir da opinião e preferências de seu público-alvo definirá aquele mais adequado.

O exemplo 1, apresentado na Figura 73 ilustra o processo de preparação de testes exploratórios jun- to aos usuários. A equipe pode apresentar opções de diferentes materiais, seja na forma de produtos reais similares, amostras de materiais ou simulações de modelos simples, para que os usuários possam interagir com os materiais.

De início é importante investigar as seguintes questões:

a) Que tipo de material é possível utilizar? Quais os materiais comumente empregados? É possível utili- zar outro material diferente? Qual o material ideal para fabricar esse elemento?

b) Os materiais atendem aos requisitos do projeto? A equipe de projeto deve verificar quais os materi- ais que atentem os requisitos já especificados do projeto e expressos no perfil.

c) Quais as vantagens e desvantagens dos materiais? Novamente, a equipe deve estudar e ponderar os pontos favoráveis e desfavoráveis de cada material para atender o perfil objetivo.

d) Os materiais atendem as necessidades dos usuários? Com base no perfil subjetivo do material (Etapa 4), deve-se proceder a pesquisa com os usuários para obter suas percepções dos materiais em es- tudo, as reações emocionais e preferências.

Exemplo 2 (modalidade C)

Na cafeteira também podem ser avaliados diversos tipos de texturas superficiais para um determina- do material que será utilizado para a fabricação da alça, ou mesmo do bule, e estudar a reação afetiva dos usuários ao interagir com o material.

Suponha que em testes anteriores o resultado apontou que o vidro temperado utilizado para a fabri- cação do bule deveria ser substituído por um material mais durável, mas também higiênico, de fácil limpeza, e que pudesse manter o calor do café. A preferência dos usuários foi pelo aço inoxidável, mas para alterar o material foi necessário explorar junto aos usuários as texturas do aço que fossem mais adequadas para o bule. A Figura 74 ilustra o processo de preparação de testes exploratórios junto aos usuários para esse e- xemplo de aplicação.