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MODELO – PERCEPÇÃO DOS MATERIAIS PELOS USUÁRIOS (PERMATUS)

Etapa 6: DIRETRIZES PARA PROJETO

3.7 TÉCNICAS DE PESQUISA COM USUÁRIOS

3.7.2 TÉCNICAS DE REGISTRO

Vídeo – a utilização do vídeo é particularmente útil para registrar expressões não-verbais dos parti- cipantes, como gestos, expressões faciais e corporais. Além disso, é rico em detalhes descritivos, sendo pos- sível recuperar os dados após o teste com os usuários.

Observação – possui métodos particulares, que variam de acordo com as circunstâncias e se ca- racterizam segundo: (a) os meios utilizados – a observação estruturada, por exemplo, objetiva responder propósitos pré-estabelecidos. É preciso que um plano de observação seja elaborado antecipadamente, esta- belecendo as categorias necessárias à análise da situação e à realização de estudos exploratórios; (b) a par- ticipação do observador – o pesquisador pode adotar um papel ativo. As vantagens da participação são o rápido acesso aos dados sobre situações habituais e aos dados particulares e individuais, captando esclare- cimentos que acompanham o comportamento dos observados; (c) o número de observadores – a observa- ção é individual, ou seja, é realizada por um único pesquisador. Em conseqüência, a pesquisa pode vir a ser distorcida, pela limitação em controlar uma situação. Na pesquisa de tese, essa é uma limitação imposta da situação. Porém, a vantagem da observação individual é a intensificação da objetividade de suas informações, e a desvantagem, como mencionado, é que a personalidade do pesquisador se projeta sobre o observado,

levando a algumas inferências ou distorções; e (d) o local onde se realiza – é desejável observar o usuário em situações bem próximas ou similares aos locais de uso dos produtos ou em laboratório, caso necessário, em razão dos recursos.

Salas de espelho – as salas onde acontecem as discussões em grupos de foco podem ser salas comuns ou salas especialmente preparadas para este tipo de pesquisa, dotadas de espelho (ou de vidro espe- lhado), permitindo que os usuários e moderador sejam observados sem a presença direta do pesquisador no ambiente onde ocorre a pesquisa.

Vídeo-observação – refere-se à utilização de ambas as ferramentas apresentadas anteriormente. No método vídeo-observação, a percepção dos participantes é considerada por Jordan (2000) como sendo a mais adequada no contexto em que ocorre a interação.

”Pensando em voz alta" – o participante é solicitado a dar declarações espontâneas, dar opini- ões, expor suas idéias, abertamente, mas de certa forma, orientado pelo pesquisador (BONAPACE, 2002). 3.7.3 PARTICIPANTES

De acordo com Schütte (2005), ao realizar um estudo dessa natureza, deve-se dar atenção especial à seleção de participantes experientes. Eles devem participar da avaliação, caso contrário, o impacto dos va- lores afetivos pode não ser medido adequadamente. A autora enumera três características importantes para os usuários:

‚ Experiência prévia dos produtos ‚ Grau de interação

‚ Interesse nos produtos

As pesquisas realizadas e relatadas por Schütte (2005) apontam que uma maior carga experimental com um tipo de produto revela maior grau de interação – produzindo, geralmente, melhores resultados – do que quando realizadas com produtos desconhecidos, criando, assim, diferentes percepções. De modo geral, quanto mais abrangente for a interação física com os produtos, maior será o grau de respostas afetivas e comportamentais com relação a esses produtos.

Em geral, é preferível permitir aos clientes potenciais interagir – de forma intensa – com o produto, antes da decisão de compra. Essa interação permite que os clientes conheçam melhor o produto, especial- mente sobre as propriedades que normalmente estão ocultas, permitindo que eles descubram certas propri- edades. Muitas qualidades somente podem ser percebidas após algum tempo de interação.

O nível de interesse pelo produto pode, também, motivar, favoravelmente ou não, a avaliação de um usuário. Em outras palavras, a amostragem dos participantes deve ser representativa, em todos os sentidos.

Bonapace (2002) menciona algumas observações e ressalvas na seleção dos usuários para testes, destacando que:

‚ Os usuários devem ser agrupados por idade e gênero, de acordo com as características potenciais da população-alvo;

‚ Eles devem possuir certo senso crítico e capacidade de imaginar situações reais a partir de simula- ções;

‚ Os usuários devem ser imparciais, com relação ao produto em estudo, bem como não devem ter vínculos pessoais com a empresa, pois podem estar condicionados à familiaridade com os objetos ou possuir algum interesse particular no estudo;

‚ Contudo, possuir certa experiência com o objeto estudado é recomendável.

No caso dos grupos de foco, também é importante selecionar participantes que tenham certa homo- genia em relação ao assunto a discutir. De modo geral, as pessoas sentem-se mais seguras em ambientes mais relaxados e sem julgamento. O mesmo ocorre com pessoas que tenham certas características em co- mum, como a idade, profissão, estilos de vida e gostos em geral. Esses elos facilitam o trabalho do modera- dor dos grupos focais.

3.7.4 AMOSTRA

Cada experimento deve ser planejado caso a caso, e o mesmo acontece com a amostra da popula- ção necessária para obter resultados satisfatórios. O modelo Permatus não pretende definir a amostra ideal, mas dar diretrizes para que a equipe de projeto possa dimensionar seus próprios estudos. Na avaliação das ferramentas e métodos do Capítulo 2 – Parte III, pode-se, por exemplo, verificar as amostras de população consideradas pelos autores (ver Quadro 12, p. 120). O Quadro 16 demonstra a média de amostra de alguns dos métodos e ferramentas avaliados, sendo de 27,2 usuários por estudo.

Quadro 16 – Amostras da população adotadas em métodos de avaliação subjetiva similares

Para a realização de grupos de foco, geralmente são necessários de 5 a 12 participantes. Edmunds (1999) ressalta que um grupo ideal deve ser formado por 8 a 10 indivíduos. A equipe pode realizar uma ou mais sessões de discussão, dependendo de cada estudo em especial, mas com grupos formados por pessoas diferentes.

Na pesquisa em grupos é necessária a presença de todos os participantes numa mesma sessão. Ou seja, deve ser planejada e agendada entre moderador e participantes com antecedência. Já na pesquisa indi- vidual, é possível trabalhar de forma mais flexível com os usuários, em dias e horários diversos, mas com uma quantidade de participantes superior.