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1 O VALOR DO MEIO AMBIENTE NA ECOLOGIA E NA ECONOMIA

1.2 ECONOMIA E ECOLOGIA: DUAS CIÊNCIAS AFINS COM VALORAÇÕES

1.2.2 O efeito estufa (aquecimento global) para a economia e para a ecologia

1.2.2.1 O efeito estufa (aquecimento global): conceituação e problemática

A radiação solar compreende radiações luminosas (luz) e radiações caloríficas (calor). Nestas sobressaem as radiações infravermelhas. As radiações luminosas são de pequeno comprimento de onda e atravessam facilmente a atmosfera. Ao contrário, as radiações infravermelhas (radiações caloríficas) são de grande comprimento de onda e têm mais dificuldades em atravessar a atmosfera.

O efeito estufa constitui-se em termo aplicável ao papel que desempenham certos gases como o vapor da água, o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso, os clorofluorcarbonatos e o ozônio, presentes na atmosfera, no aquecimento da superfície terrestre. Esses gases formam camada que impede a dispersão no espaço das radiações solares refletidas pela Terra, em efeito semelhante ao que produz o vidro das estufas destinadas ao cultivo de plantas, razão pela qual o fenômeno, na língua inglesa, é denominado de “greenhouse effect”.

A atmosfera, tal como o vidro da estufa, sendo pouco permeável a esssas radiações, constitui barreira, dificultando a propagação para grandes altitudes. Parte das radiações

solares é por ela absorvida e outra é reenviada, por reflexão (contra-radiação), para as camadas mais baixas, onde se acumula e faz elevar a temperatura.

O vapor da água, o dióxido de carbono, os óxidos de azoto, o metano e o as partículas sólidas e líquidas constituem os elementos fundamentais dessa barreira, já que são eles os principais responsáveis pela absorção e reflexão da radiação terrestre.

Conforme afirma Paterson (1996, p. 9), o efeito estufa é um fenômeno natural, no qual certos gases na atmosfera mantêm a temperatura da Terra significativamente mais alta do que seria sem eles. Os principais gases envolvidos em tal processo são o vapor da água, o dióxido de carbono (CO2), os clorofluorcarbonatos (CFCs), o metano (CH4) e o óxido de

nitrogêncio (N2O). Esses gases permitem que a radiação solar ultrapasse a atmosfera, mas eles

absorvem os raios de baixa freqüência e longo comprimento de onda oriundos da superfície da Terra.

A chamada “Era de Ouro” da economia do século XX do historiador Hobsbawm (1995, p. 257) foi uma época de energia fóssil barata, causadora do efeito estufa devido à liberação do gás carbônico:

[...] O fato de o consumo total de energia ter disparado – na verdade triplicou nos EUA entre 1950 e 1973 [...] está longe de surpreender. Um dos motivos pelos quais a Era de Ouro foi de ouro é que o preço do barril de petróleo saudita custava em média menos de dois dólares durante todo o período de 1950 a 1973, com isso tornando a energia ridiculamente barata, e barateando-a cada vez mais [...] Contudo, as emissões de dióxido de carbono que aqueciam a atmosfera quase triplicaram entre 1950 e 1973, quer dizer, a concentração desse gás na atmosfera aumentou quase 1% ao ano [...] A produção de clorofluorcarbonos, produtos químicos que afetam a camada de ozônio, subiu quase verticalmente. No fim da guerra, mal eram usados, mas em 1974 mais de 300 mil toneladas de um composto e mais de 400 mil de outro eram liberadas na atmosfera todo ano [...] Os países ricos do Ocidente naturalmente eram responsáveis pela parte do leão nessa poluição, embora a industrialização extraordinariamente suja da URSS produzisse quase a mesma quantidade de dióxido de carbono que os EUA.

O aumento do percentual desses gases acarretou mudança no clima do planeta. Assim, tem havido aumento da temperatura média anual, o que afeta todo o planeta e todos os seres componentes da biosfera.

Nesse aspecto, Dahl (1999, p. 62) afirma:

A civilização ocidental depende enormemente de combustíveis fósseis como fonte energética primária para a indústria, transporte e vida urbana [...] A libertação de dióxido de carbono proveniente do consumo dos combustíveis fósseis está a ameaçar mudar o clima nos decênios vindouros com conseqüências imprevisíveis e desastrosas para muitas áreas desabitadas.

O problema do “efeito estufa” ou do “aquecimento global” tem tantas implicações sociopolíticas que se tornou tema frequente em nível da imprensa mundial, bem como assunto de negociação política à escala planetária.165

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“Global warming emerged as a significant global political issue in 1988. NASA scientist James Hansen’s statement to the US Congress that ‘it is time to stop waffling so much. We should say that the evidence is

Cientificamente, não há dúvida nenhuma de que o crescimento exponencial das atividades do homem, com início na época imediatamente anterior à revolução industrial, é o principal fator do acréscimo de gases com efeito de estufa como o dióxido de carbono, o metano, o óxido de nitrogênio e os clorofluorcarbonetos.

O Barão Jean Baptiste Joseph Fourier foi reconhecido como a primeira pessoa a argumentar sobre o efeito estufa e a sugerir que a atmosfera era de fundamental importância na determinação da temperatura da Terra. Conforme assinala Paterson (1996, p. 17), tal assertiva foi feita em 1827 no estudo de termodinâmica desenvolvido por ele.

A própria ciência da meteorologia, estudo científico da atmosfera da Terra, originou- se da preocupação humana com o clima e com a atmosfera. Assim, os meteorologistas começaram a cooperar internacionalmente, reconhecendo que suas medições seriam muitas vezes mais eficientes se fossem conectadas entre si. Nesse sentido, como assinala Paterson (1996, p. 18), em 1872 foi proposta a criação da Organização Internacional de Meteorologia (International Metereology Organization – IMO).

Nos anos imediatamente anteriores à segunda guerra mundial, dois avanços tecnológicos contribuiram enormemente para o aumento da cooperação metereológica a nível internacional: a aviação civil e o desenvolvimento de satélites (PATERSON, 1996, p. 21).

Em 1975, cento e trinta dos cento e trinta e cinco países membros das Nações Unidas participavam de um sistema mundial de medição meteorológica. Esses desenvolvimentos culminaram com a organização da primeira conferência mundial sobre o clima em Genebra. Essa Conferência elaborou uma Declaração da qual consta que: “Todas as nações deveriam preocupar-se com as possíveis conseqüências da ação humana sobre o clima” (PATERSON, 1996, p. 28).

A discussão política sobre o aquecimento global e a ação antropogênica causadora deste desenvolveram-se, gradualmente, a partir dos anos oitenta, especialmente em 1988, com a inundação ocorrida nos EUA.

Em Novembro de 1988, no Congresso Mundial sobre o Clima e o Desenvolvimento ocorreu em Hamburgo na Alemanha, foi determinada a necessária redução, em trinta por cento das emissões de dióxido de carbono em 2000 e de cinqüenta por cento em 2015 (PATERSON, 1996, p. 35).

De acordo com Denis–Lempereur (1995, p. 125), a ação antropogênica causadora do efeito estufa bem se caracteriza na atividade industrial, verbis:

A indústria é responsável, nomeadamente, pelos 3,5 mil milhões de toneladas de gás carbônico que todos os anos são lançados na atmosfera, contribuindo assim para acentuar o efeito de estufa. Ela lança igualmente 89 milhões de toneladas de óxido de enxofre por ano, 84 milhões de toneladas de metano, 30 milhões de tonelada de óxido de azoto, 26 milhões de toneladas de hidrocarbonetos, 23 milhões de toneladas de partículas, 7 milhões de toneladas de amoníaco, 1,2 toneladas de clorofluorcarbonetos (CFC). Embora a pretty strong that the greenhouse effect is here” (PATERSON, 1996, p. 1). “Sobre a resposta a essa crise ecológica que se aproxima, só três coisas podem ser ditas com razoável certeza. Primeiro, que deve ser mais global que local, embora claramente se ganhasse mais tempo se se cobrasse à maior fonte de poluição global, os 4% da população do mundo que habitam os EUA, um preço realista pelo petróleo que consomem” (HOBSBAWM, 1995, p. 548).

maior parte das emissões venha do hemisfério Norte, a sua acção estende-se a todo o Planeta.

Portanto, a indústria e o seu largo desenvolvimento, ao longo da segunda metade do século XX, é o principal fator relacionado ao efeito estufa, o que permite a correlação entre o crescimento econômico (economia) e o efeito deletério do efeito estufa dela decorrente para os ecossistemas terrestres.

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