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5.3 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO CNIG

5.3.4 O SNIG na WWW

A 3 de Maio de 1995, o SNIG entra na World Wide Web, tornando-se a nível mundial o primeiro sistema de metadados de informação geográfica a estar disponível na rede. Disponibiliza acesso indirecto e metadados de cerca de 40 bases de dados de outros tantos organismos da administração, tornando-se caso de estudo (sobretudo a nível europeu) pela capacidade de inovação demostrada no aproveitamento destes novos meios de comunicação.

A nível europeu, o SNIG foi em dada altura considerado como um modelo a seguir para a implementação de infra-estruturas nacionais de informação geográfica, tendo sido, durante vários anos, considerado como um case study. A abordagem conceptual foi muito desenvolvida e muito bem aceite na Europa (Geirinhas, 2004). Este sistema foi mesmo encarado como um grande passo na modernização administrativa do país pela inovação que supunha na forma de abordar a divulgação da informação, tornando Portugal o primeiro país europeu a dispor de uma infra-estrutura de dados geográficos inteiramente distribuída (Masser, 1999) e fazendo uso das mais recentes tecnologias de informação (Figura 12).

Para além da inovação, outros aspectos são referidos para justificar o interesse europeu e o sucesso deste modelo nos meios científicos europeus: um enquadramento institucional e financeiro adequado, e uma forte ligação da entidade que geria a infra-estrutura ao meio académico, que permitiu ao sistema evoluir de acordo com as mais recentes novidades tecnológicas. O facto de ter sido correctamente financiado, com verbas nacionais e comunitárias, permitiu ao CNIG financiar não só os nós da rede do SNIG, como também desenvolver aplicações no sentido de melhorar o acesso aos dados, cativando assim o interesse de utilizadores e produtores de dados (Frank, Raubal e Vlugt, 2000).

Figura 12 - Portal actual do SNIG na WWW (Fonte: SNIG, 2005e, www.snig.igeo.pt)

Por outro lado, o facto de o CNIG não ter sido um produtor de cartografia, terá facilitado o envolvimento dos outros organismos produtores de cartografia, permitindo ao CNIG concentrar os seus esforços no que era realmente essencial: o desenvolvimento da rede de dados (Frank, Raubal e Vlugt, 2000). Este aspecto do modelo português é referenciado como uma boa prática e um modelo a seguir nos restantes países da Europa, o que veio a ser abandonado depois, como sabemos, em Portugal.

O reverso da medalha prende-se com a pouca informação disponibilizada neste sistema. Uma boa parte da informação que constitui o repositório do SNIG é ainda o Atlas do Ambiente, juntamente

com alguma cartografia do Instituto de Meteorologia e do Instituto de Conservação da Natureza. O interesse destes dados geográficos é muito relativo. Se é verdade que o Atlas continua a ter um elevado número de utilizadores mensais, também é verdade que os objectivos e as escalas a que foi elaborado estão mais orientados para o cidadão comum (curioso sobre o território) do que para uma utilização verdadeiramente científica ou empresarial dos dados. O mesmo se pode dizer de boa parte dos restantes metadados apresentados. Os dados que efectivamente têm relevância para implementação de SIG continuam a ser detidos pela entidades produtoras, que os vendem por preços elevados na maioria dos casos (altimetria, rede viária, modelo digital de terreno e outros). Noutros casos, os dados nem sequer existem, como o cadastro, ou então são recolhidos e tratados por entidades privadas (algumas multinacionais) que os usam ou vendem conforme as estratégias de mercado.

O objectivo de criar um modelo de rede hierárquica com três níveis de entidades, com a participação activa dos municípios enquanto produtores de grande quantidade de dados geográficos ou georeferenciados esteve sempre (ainda hoje) muito longe da realidade.

5.3.5 Rede de Observação da Terra

Em Março de 1997, foi criada a Rede de Observação da Terra (ROT), lançada pelo Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG), como um serviço de informação destinado à Comunidade Nacional de Observação da Terra. Integrou-se no Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG), contribuindo a nível nacional para o programa europeu “Centre for Earth Observation” (IGP, 2005a). O seu desenvolvimento foi realizado com o objectivo de divulgar informação relativa à detecção remota, desde informação bibliográfica a projectos realizados nesta área (Cadete, 1998).

A ROT tem sido remodelada ao longo do tempo de forma sistemática, de modo a adaptar-se aos standards de meta-informação propostos pelo CEO e à própria evolução da sua base de dados, apresentando actualmente um novo aspecto gráfico, diferente do original (Seabra, 1999).

“A ROT é constituída por entidades ou pessoas que desenvolvem projectos ou estudos com imagens de satélite, empresas distribuidoras de imagens de satélite e instituições que prestam serviços de valor acrescentado no domínio da OT. A pesquisa na base de dados permite aos utilizadores encontrar um conjunto de informação relevante sobre imagens de satélite e o seu processamento. Por outro lado, permite às empresas distribuidoras de imagens de satélite e prestadoras de serviços de valor acrescentado, divulgar e publicitar informação sobre as suas actividades” (Seabra, 1999).

5.3.6 Cobertura do país em fotografias aéreas e ortofotomapas

Em Agosto de 1995, e em colaboração com a CELPA e a própria DGF, o CNIG promoveu a cobertura total do território do continente em fotografia aérea (falsa cor), fornecendo pela primeira vez uma cobertura exaustiva do país. Esta cobertura viria a ser usada para os mais variados fins, e foi um produto de referência durante muito tempo, usado para suprir as carências de informação de ocupação de uso do solo, nomeadamente nos processos de planeamento municipal ou de apoio à realização de planos.

visualização desde Junho de 1999 através da WWW, no endereço do SNIG (http://ortos.igeo.pt/ortofotos ), podendo igualmente ser encomendadas para utilizações profissionais a partir desse mesmo local.

Esta cobertura foi efectuada em filme colorido infravermelho (falsa cor), num total de 4930 ortofotos. A escala média de voo foi de 1/40000, para uma dimensão do pixel no terreno de 1 metro. A aquisição da imagem foi efectuada com um pixel de 22 microns e o Modelo Digital de Terreno gerado a partir da informação altimétrica da série cartográfica M888, com um espaçamento de 8 metros. De referir que as imagens eram fornecidas em três formatos possíveis, encontrando-se ainda hoje disponíveis para visualização de forma gratuita, acessível a partir da Internet (IGP, 2005c).