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A observação não participante e gravação áudio das reuniões dos avaliadores de topo incluiu as realizadas pela CCAD, pelo Diretor com os avaliadores/relatores para operacionalização do modelo de avaliação e as reuniões finais em que a Comissão de Avaliação adquire a designação de Júri de Avaliação.

Reuniões da Comissão de Avaliação

A observação não participante das reuniões realizadas pelos avaliadores de topo: Diretor e coordenadores dos departamentos curriculares na qualidade de membros da CCAD, permitiu um corpus de dados relativamente extenso e representativo de sentimentos, dilemas e decisões tomadas pela Comissão de Avaliação no planeamento e operacionalização do modelo de avaliação desde dezembro de 2010 a julho de 2011. As horas de reuniões em torno dum tema polémico como a avaliação de professores (Quadro 5) permitiram à investigadora compreender as “dinâmicas de confronto e de negociação” (Bogdan & Biklen, 1994, p.130), assim como perspetivas diferenciadas dos avaliadores de topo ao longo do ciclo avaliativo.

A primeira reunião observada da CCAD ocorreu, deliberadamente, após a conclusão dos instrumentos de avaliação produzidos em conjunto por relatores e membros da CCAD, num total de trinta participantes. A natureza do trabalho proposto pelo Diretor aos avaliadores visou aprofundar o conhecimento sobre a temática da avaliação docente e promover a reflexão conjunta em torno da construção dos instrumentos de registo a aplicar pelos próprios avaliadores no ano letivo 2010-2011. Neste sentido, as reuniões da CCAD, realizadas a sete, quinze e vinte e dois de dezembro de 2010, incidiram na apreciação, reflexão e reformulação dos instrumentos de avaliação construídos por membros da CCAD e relatores. A reunião efetuada no dia três de janeiro de 2011 visou a produção dum instrumento de registo destinado à avaliação por ponderação curricular. As reuniões de dez e vinte e quatro de janeiro tiveram por objetivo a reformulação das fichas de avaliação dos coordenadores dos departamentos curriculares, a serem avaliados pelo Diretor e a análise do trabalho desenvolvido na primeira reunião realizada pelo Diretor com os relatores.

179 Quadro 5. Dimensão Político-Organizacional-Avaliativa – Processos Metodológicos e Fases de

Recolha de Dados na Escola da Luz.

Dimensão político-organizacional-avaliativa – processos metodológicos e fases de recolha de dados

Data Nº/duração por entrevista/reunião

Assunto

Julho, outubro,

nov. 2010 3/60m

Investigadora e Diretor: informação sobre a calendarização do processo de avaliação e decisão relativa à formação dos relatores – tomada de notas; contactos presenciais e por correio eletrónico sempre que necessário.

Observação não participante e gravação áudio de 9 reuniões da Comissão de Avaliação 7-12-2010 15-12 20-12 3-1-2011 10-1-2011 24-1-2011 25-5-2011 6-6-2011 3 -7- 2011 9 / 60- 90m

Análise dos instrumentos de avaliação de professores produzidos em conjunto por avaliadores de topo e relatores

Reformulação dos instrumentos de registo do desempenho docente aplicados no ano letivo anterior: ficha de observação de aulas (alterações); guião de procedimentos da avaliação do desempenho. Construção do instrumento de avaliação por ponderação curricular. Reformulação do instrumento de avaliação ao abrigo do artº 28,DR nº 2/2010 (avaliação dos coordenadores dos departamentos curriculares) Análise do trabalho desenvolvido na primeira reunião realizada pelo Diretor com relatores.

Ficha da vertente profissional, social e ética; ficha de desenvolvimento e formação ao longo da vida; critérios de desempate na avaliação docente. Preparação da segunda reunião a realizar pelo Diretor com relatores. Calendarização do processo de avaliação final dos professores contratados.

Observação não participante e gravação áudio das 2 reuniões entre Diretor e relatores 19-1-2011

6-6- 2011

2 / 60m Procedimentos no processo de avaliação docente

Calendarização da avaliação dos professores contratados, critérios de desempate e aplicação de quotas.

Observação não participante de 6 reuniões do Júri de Avaliação

14-7 -2011 6 / 180m Seriação dos candidatos às classificações de Muito Bom e Excelente e

aplicação das quotas à classificação final dos professores contratados.

A reunião de dia vinte e cinco de maio incidiu na análise da ficha da vertente profissional, social e ética; da ficha de desenvolvimento e formação ao longo da vida e na definição de critérios de desempate das classificações dos professores, de acordo com as quotas atribuídas à escola na avaliação externa. A reunião do dia seis de junho teve por objetivo a preparação da segunda reunião do Diretor com os relatores. Na

180 reunião de dia três de julho, procedeu-se à calendarização do processo de avaliação dos docentes contratados (Quadro 5). De salientar, que apesar do Diretor ter autorizado a gravação áudio das reuniões, este facto condicionou, algumas vezes, a natureza do discurso de alguns membros da CCAD. Sempre que solicitada pelo Diretor, face à confidencialidade dos assuntos a abordar, a investigadora ausentava-se das reuniões da Comissão de Avaliação, que tiveram a duração de duas a três horas, consoante a ordem de trabalhos.

Reuniões entre Diretor e relatores

Ao longo do ciclo avaliativo o Diretor reuniu duas vezes com todos os relatores. Na primeira reunião efetuada no dia dezanove de janeiro de 2011 (Quadro 5), o Diretor apresentou uma síntese do modelo de avaliação e procedimentos a desenvolver no processo de implementação. Na sua exposição destacou os seguintes aspetos: a) domínios em que os professores são avaliados; b) requisito temporal para a avaliação; c) elementos de referência, segundo a legislação; d) procedimentos administrativos a efetuar no processo de supervisão avaliativa; e e) calendarização. No decurso da reunião, o Diretor respondeu a questões pontuais colocadas por dois relatores relacionadas, sobretudo, com a aplicação do sistema de quotas na avaliação por mérito. A segunda e última reunião, realizada no dia seis de junho, incidiu sobre os seguintes aspetos: a) calendarização da avaliação final dos professores contratados; b) distribuição dos docentes pelas quotas face à avaliação externa da escola; e c) critérios de desempate dos candidatos a Muito bom e Excelente. No decorrer do discurso proferido pelo Diretor, somente uma relatora, em fase de pré-aposentação, questionou e criticou a forma de aplicar o sistema de quotas às classificações dos professores. A primeira reunião de caráter mais explicativo teve a duração aproximada de uma hora e a segunda de trinta minutos.

Reuniões do Júri de Avaliação

A observação não participante e a tomada de notas, sob a forma de discurso direto, das reuniões do Júri de Avaliação ocorreram em julho de 2011, para os professores contratados participantes no estudo. As seis reuniões totalizaram três horas e revelaram os procedimentos finais no processo de seriação das classificações propostas pelos relatores (Quadro 5). Nesta fase final do ciclo, a instabilidade sentida foi visível em termos da ausência de orientações/respostas tardias provenientes da Direção Regional

181 de Educação (DRE), o que condicionou as decisões tomadas e implicou remarcação de novas reuniões do Júri de Avaliação, para reajustamentos nos critérios de avaliação dos docentes contratados. Como por exemplo, a reformulação de todas as propostas de classificação no seguimento da alteração imposta pela DRE à avaliação da formação contínua creditada.

No decorrer das reuniões do Júri de Avaliação, os relatores apresentaram as suas propostas de classificação, expressaram algumas dificuldades e dúvidas decorrentes da aplicação dos instrumentos de avaliação, responderam a questões colocadas pelos restantes membros do Júri e fundamentaram algumas propostas de classificação atribuídas aos professores em função dos dados recolhidos. Nesta fase do processo, as sucessivas reuniões adquiriram, sobretudo, um cariz burocrático-administrativo, focalizadas na recolha e verificação de todos os documentos exigidos para a avaliação docente. O Júri de Avaliação alterou as classificações propostas pelos relatores, embora na lei estes sejam os responsáveis pelas classificações finais dos professores, uma contradição legal que provocou elevada contestação na escola. A conclusão do processo avaliativo ocorreu com o preenchimento obrigatório pelos relatores das fichas de avaliação disponíveis na plataforma informática da DRE.