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e um pesquisador da língua portuguesa tomar também como sua a tarefa de escrever uma história do português no Brasil, certamente contará com a generosidade dos nossos arquivos, sobretudo se se concentrar do século XVIII em diante. Mas esses mundos de papéis são seletivos e freqüentemente se fecham aos que intentam desvelar o português utilizado por aqueles que integravam as camadas populares do Brasil colonial e pós-colonial: os brancos pobres e os africanos e seus descendentes, fossem esses livres, libertos ou escravos. Quanto aos indivíduos mantidos sob o cativeiro, fizeram-nos até perder as esperanças de encontrar algum indício, por menor que fosse, que testemunhasse ‘tons’ do português por eles utilizados: os historiadores, com freqüência, afirmam que, entre os escravos, o analfabetismo abriu caminhos a passos lar- gos. “O escravo que freqüenta uma escola, que aprende a ler, que fica com a consciência de seus direitos, não pode ser mais escravo...”, disse Tomás Alves Júnior no século XIX (apud Silva, 2000: 142), sintetizando o uso perigoso que o letramento poderia ter numa sociedade escravista. Não parece ter sido à-toa, portanto, a proibição oficial do ingresso de escravos às escolas até o ano de 1888. Talvez nem precisasse constar em papel essa determinação; as duras penas sob as quais viveram se encarregariam de impedir aos cativos o manejo de alguma pena.

Constantemente trabalhando, às vezes ‘de sol a sol’, para sustentar os pilares da sociedade de então; constantemente locomovendo-se para atender às demandas econômicas que careciam de seus braços, sobretudo depois de 1850, com a abolição oficial do tráfico; constantemente presos, quando se insurgiam contra a ordem estabelecida e também não estabelecida, os escra- vos se viam, de uma hora para outra, nas mãos de novos donos, em lugares que lhes eram desconhecidos, em prisões. Afastados dos seus, com quem formaram família, amigos, apadrinhamentos, restava aos escravos, quando muito, capitalizarem para si um pouco do seu trabalho para a tão sonhada alforria, que lhes possibilitaria o passaporte para o mundo de homens livres e, assim, ‘tornarem à casa’ e reestabelecerem as relações, os afetos, a vida pregressa, desfeitos pelas circunstâncias. Entre um – as situações citadas – e outro – a alforria –, o esforço de homens e mulheres que não hesitaram em mobilizar quantos foram precisos, entre os seus e entre os outros, para ter notícias dos seus pares, para deles ficarem próximos, para a eles manda- rem notícias suas.

A vida dos escravos, por si só, já justificaria o seu impedimento ao grupo seletíssimo de indivíduos que sabiam ler e escrever. Mas sempre contamos, ainda bem, com as contradições da história. Se as circunstâncias em que sobreviveram obstaram, via de regra, o acesso de escravos

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à leitura e à escrita, por outro lado, vetando-lhes possibilidades de comunicação oral, fizeram com que recorressem a códigos alternativos para atingirem os seus objetivos de indivíduos sociais e que, por conseguinte, sentem necessidade de interagir. A escrita foi um deles. Certa- mente porque, assim como ocorreu para os textos escritos por mãos inábeis portuguesas no século XVII (Marquilhas, 2000: 33), também no Brasil do passado alguma circunstância exter- na promoveu o seu valor documental à época em que foram escritos, o que fez com que fossem conservados alguns textos de escravos que manusearam a tinta e o papel ou que pediram a outros que o fizessem.

Será através de 14 documentos escritos por escravos ou como expressão da sua vontade que tentarei esboçar algumas questões referentes à leitura e à escrita entre esses indivíduos no Brasil, sobretudo no que diz respeito às circunstâncias históricas que os motivaram2. Desde já,

ressalta-se o trabalho de tipo arqueológico que se destacará nas linhas seguintes, dado o reduzido número de testemunhos de que me valho. Entretanto, se visto de outro ângulo, esse trabalho indiciário se beneficia por ter como ponto-de-partida, sobretudo, a pena de indivíduos que, ao contrário do que se poderia pensar, registraram, quando foi preciso, na escrita as suas vozes.

1 “Se faço esta declaração é para”

dizer-lhes também que o gênero epistolar se destaca nos documentos reunidos. Entre os 14, apenas 1 não poderia ser classificado como carta3. Trata-se de uma procuração de bens

passada por um escravo, quando preso, a um seu amigo. Aliás, o gênero textual em que se manifestavam, por vezes, encontra referência nos próprios textos. Claro Antônio dos Santos, o autor da procuração acima citada, escreveu, em 21 de fevereiro de 1867, no final do seu docu- mento: “paço eta pecura caõ para Semhor Framcisco Beme di to de a Sil pela or dem minha”. Teodora, também escrava, cujas cartas foram em grande parte escritas por Claro, pediu que escrevesse, em outubro de 1866: “...noto bem para Vossa Senhoria mi faca o favor de mi mamdar eta crata para cidade da limmera para meu marido Luiz da cunha”. Em uma, a referência dada pelo autor identificava-se com o objetivo de seu texto. Refiro-me à carta de Timóteo, escravo suicida, que, na Salvador de 1861, escreveu texto em que pretendia fazer esclarecimentos sobre por que atentava contra a própria vida: “Se faço esta declaração é para livrar que vão ao Inferno, estas almas que despestarão suas conciencias!”. De maneira geral, os indivíduos em questão identificam as suas cartas com as expressões esta, estas linhas: “Muto heide estimar que esta va achar você”, “Será satisfação para sêo escravo se estas linhas o encontrar com perfeita saude”. Essas expressões poderiam vir acompanhadas de adjetivo que, desde já, poderia indicar o con- teúdo das missivas. Em 1879, Vitorino, escravo de Antônio de Aragão Bulcão, preso por matar outro escravo na cidade de Cachoeira, encontrava-se na cadeia de Salvador. De lá, fez escrever ao seu dono: “Meu Senhor Muito estimo se estas enfeliz Linhas Vai achar Vossa Excellencia gozando uma perfeita saude e todos quantos lhe pertencem”. O já referido Claro, em março de 1867, equivaleu carta a eta dua linha, revelando uma característica que me parece geral a esses textos: a objetividade, que se refletia no curto número de linhas, resultante de visão pragmática que se tinha da escrita. No relatório do subdelegado em exercício, que acompanhou o documen- to do escravo suicida, a carta de Timóteo foi identificada como um bilhete, talvez em função da limitada quantidade de linhas. Em dois casos, as cartas ultrapassam uma página, menos pela variedade de assuntos, mais pela repetição de um deles.

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2 Brasil: em São Paulo, Bahia, Rio e Piauí

Escreve-se sempre em um lugar, em um tempo, para alguém e por algum motivo. Nem sempre os escravos fizeram registrar essas circunstâncias nas suas missivas. Se as razões pelas quais escreveram podem, em alguma medida, ser recuperadas através dos textos, outras infor- mações, que poderiam ajudar num desenho mais nítido da escrita entre escravos, parecem estar à mercê da importância que lhes atribuíam ou, ainda, dependeriam de conhecimentos compar- tilhados com o destinatário. Nem todas as cartas são como a do escravo Arnaldo Rigão, escrita no Rio de Janeiro em 1862 e completa nos aspectos mencionados. A escrava Teodora, apartada de seu marido e procurando-lhe informar sobre o seu paradeiro, dá destaque, em uma de suas cartas, ao local em que se encontrava cativa, já mencionado no início da sua missiva: “eu tou na ci da de de São Paulo na casa do Senhor conigo terra”. Aliás, 5 das cartas da escrava contêm, iniciando-as, o registro de que se localizava em São Paulo e, conseqüentemente, informaram- nos o lugar onde foram escritas. Não sem motivo, essa preocupação encontra-se justamente naquelas missivas em que procurava estabelecer contato com o marido e o filho, mesmo que os documentos não os tivessem como destinatários primeiros. Também a cidade de São Paulo é o cenário para as cartas e a procuração escritas pelo escravo Claro. Vaga, se não a acompanhasse um estudo do antropólogo Luiz Mott (1985), seria a informação sobre o lugar onde escreveu a sua carta a escrava Esperança Garcia, em 1770. Através do referido autor, sabemos que a Fazenda dos Algodões ficava no Piauí:

Eu Sou hua escrava de V. S. dadministração do Capam Anto Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam

pa Lá foi adeministrar, q. me tirou da Fazda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser

cozinheira da sua caza, onde nella passo mto mal.

Em Salvador, escreveram Timóteo, o já referido escravo suicida, e Vitorino, o já referido escravo preso.

São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí e Bahia. Esses lugares, distantes entre si, se levarmos em consideração o Brasil do passado, podem indicar que, mesmo tendo contra si as circunstâncias sociais, os escravos, em diversos pontos do Brasil pretérito, não se fizeram alheios ao uso da escrita. A julgar por Claro, que escreveu as suas e as cartas de Teodora, por Timóteo, por Arnaldo Rigão e por Vitorino, 13 desses textos nascem de indivíduos acostumados com a expe- riência da escravidão em contextos urbanos ou deles próximos e para os quais ter o domínio das letras poderia significar, dentre outros aspectos arrolados por Silva (2001: 111-112), a obtenção de um ganho melhor, o acesso e a ascensão aos cargos das irmandades religiosas, a falsificação de carta de alforrias e a prestação de serviços para outros cativos iletrados.

Ilustra bem esse último o caso de Claro. Preso por ter sido acusado de roubar a casa do dono de Teodora, que também foi encarcerada, essa escrava declara, sobre o seu primeiro encontro com Claro, que

uma vez vindo de um armazém, na Rua de São Gonçalo, em uma casa dos fundos dos Remédios, a qual estava sendo assoalhada por Claro, viu que ele escrevia e por isso dando seis vinténs, a respondente pediu-lhe que escrevesse uma carta... (apud Wissenbach, 1998: 185)

Claro, dessa maneira, foi o autor de inúmeras cartas escritas como expressão da vontade de Teodora e complementava o seu ofício de carpinteiro com alguns vinténs advindos da sua

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habilidade com a escrita. É possível que o escravo assim também agisse com os outros seus pares analfabetos. É possível ainda que Claro tenha aprendido a escrever em função da sua profissão, a de carpinteiro. Assoalhar uma casa e escrever parecem conjugados no ofício de Claro e nos dá uma pista segura de que exercer uma profissão especializada no século XIX – carpinteiro o era – poderia significar uma alfabetização, mesmo que mínima, para o escravo. Silva (2001) mostra que se especializar no contexto urbano do século XIX interessava tanto aos escravos como aos seus senhores; aos primeiros, porque viam a possibilidade de verem aumentar as suas economi- as para a alforria, aos segundos, “na medida em que, por seu intermédio, os senhores poderiam auferir maiores rendas do trabalho escravo e mantenedor das hierarquias sociais existentes” (p. 110-111). Desse modo, postula a autora referida que “no contexto urbano, o ler, escrever e contar era algo não apenas considerado possível aos escravos, mas também desejável pelos senhores” (p. 105-106). Karasch (2000: 297) é da mesma opinião. Segundo ela, alguns senhores precisavam de cativos alfabetizados em seus empregos e os que esperavam lucrar com seus escravos alfabetizados anunciavam as suas habilidades nos jornais. Informa-nos sobre o caso de um cativo barbeiro-cirurgião, com experiência no tráfico de escravos, que lia e escrevia, e de um escravo alfaiate, que falava bem o português, além de lê-lo e escrevê-lo.

Para a Salvador oitocentista, Andrade (1988: 146-149) nos apresenta outros indícios de que ofício especializado, alfabetização e conseqüente valorização do trabalho escravo estão conjugados e, quanto a isso, as suas fontes não se calaram completamente. “Cândido, pardo, moço, que tem habilidade de caixeiro do trapiche e que saber ler e escrever e contar, sem moléstia, avaliado em 900$000” é o conteúdo de um documento de avaliação de escravo. Como nota a historiadora, o ofício do escravo em questão mais a habilidade na leitura, na escrita e nas contas fizeram com que fosse ele mais valorizado, em 900$000, uma vez que existiam outros, que também trabalhavam no trapiche, estimados em, no máximo, 600$000. Um caso, também citado por Andrade, que depõe a favor do que estou dizendo é aquele constante do inventário do Capitão-mor Luís Pereira Sodré, deputado de Mesa de Inspeção durante 26 anos. Declara o capitão possuir os seguintes escravos: “dois carregadores de cadeiras, dois escravos do serviço de casa, três bordadeiras, três crianças filhas das mesmas, um aprendiz de alfaiate, moço que já sabe ler e escrever, sem moléstia”. Parece que apenas o aprendiz de alfaiate sabia ler e escrever, porque só para ele foram ressaltadas essas habilidades. Analisando os dois exemplos, quanto às profissões dos escravos, os que sabiam ler e escrever eram caixeiro de um trapiche e aprendiz de alfaiate; os outros, carregadores de cadeiras, bordadeiras e escravos de serviço de casa. Assim, os dois letrados estavam ocupados em ofícios que exigiam uma certa especialização; os demais, não. Parece confirmar-se, então, que o exercício de algumas profissões mais especializadas poderia assegurar ao escravo um conhecimento mínimo de leitura, escrita e contagem. Se assim o for, não surpreende o baixo índice de escravos alfabetizados entre os pesquisados por Andrade, haja vista que, em sua grande maioria, estavam eles ocupados em tarefas cotidianas que não careciam de especialização alguma.

O fazer-se alfabetizado poderia ainda encontrar lugar nas expectativas que construíam os escravos com relação aos seus senhores, configurando-se, segundo Oliveira (1992: 256), uma espécie de pacto velado em que ambos tiravam proveito. Ao senhor, a obediência e os bons serviços dos seus subordinados; aos escravos, a alforria, a qualificação profissional ou, ainda, o reconhecimento no ‘mundo dos brancos’. Entretanto, ainda segundo a historiadora, algumas

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expectativas experimentadas pelos escravos, inclusive aquela em torno da alfabetização, acrescento eu, não foram correspondidas e, quando puderam, externaram eles os seus ressentimentos. A análise de Oliveira encontra eco no caso do pardo José Teixeira que, em 1807, quando foi inventariante de sua filha Maria José, declarou que não poderia assinar o inventário porque seu ex- proprietário não tinha por ele nenhuma estima e nem lhe deu “criação de pardo, de forma que nem o mandou ensinar a ler e escrever, como sabiam ainda outros escravos negros crioulos criados com estimação”4. Resta saber se, de fato, o ex-senhor de José Teixeira mandava os seus escravos pardos

aprenderem a ler apenas por afeição. Mas esse sentimento não deve ser descartado para alguns casos de escravos que se alfabetizaram. A escritora Anna Ribeiro Bittencourt, que na Bahia viveu no século XIX, deixa nas suas memórias passagem que exemplifica isso:

Como eu apresentasse sensível melhora na vista, escreveu minha mãe um alfabeto com letras grandes e bem vivas para ensinar. Uma mulatinha de minha idade, destinada a ser minha ama de quarto, foi minha companheira de estudo por julgarem que assim eu não me aborreceria. Lembro-me dela com saudades; chamava-se Felicidade e morreu aos dez anos. Muito afeiçoada a mim, era, apesar da raça africana, que tinha já muito longe, mais branca do que eu e até loura. Um dos luxos das moças ricas daquele tempo era ter uma criada de quarto de cor branca. (1992: 69-70, v. 2)

Se considerarmos que a população brasileira, em sua grande maioria, estava, naquela altura dos acontecimentos narrados pela escritora – 1853, uma vez que nascera em 1843 e a passagem em questão acontecera quando contava com 10 anos – mergulhada no analfabetismo, sem dúvida, ser alfabetizada é que foi um luxo para Felicidade. Afeição e distanciamento da raça africana, elementos ratificados pelo depoimento de José Teixeira, parecem ter sido ingre- dientes que em muito contribuíram para que a ama de quarto, junto com a escritora, aprendesse a ler e escrever.

Um outro exemplo que parece demonstrar que o fator afeição poderia render ao escravo algum ingresso no mundo das letras é inferido de um trecho do relatório que acompanha a carta do nosso já conhecido Timóteo, o escravo suicida:

Passando a correr se lhe a roupa com que viera da rua, achou-se o bilhete, que remetto, e que prova que o suicídio estava premeditado a muito tempo por que tendo elle sido criado em casa dos Senhores com alguma liberdade, tendo até aprendido a ler, e devendo em praça publica tendo hoje a ultima, entendeo não dever passar á outro senhores5

Liberdade, no contexto em que está sendo usada a palavra, poderia significar, talvez, algum afrouxamento da condição escrava que facultou a Timóteo a habilidade da escrita. O subdelegado parece querer enfatizar que não se trata de um cativo como outros quaisquer, uma vez que ressalta ter sido ele criado na intimidade dos seus senhores.

Também Amélia Rodrigues (1988), escritora que alcançou a segunda metade do século XIX, manipulou a sua pena no sentido de testemunhar que a tríade bons serviços-afeição- alfabetização em torno de escravos vigorava na Bahia de oitocentos. Na peça Fausta, drama em 4 atos, encenada no ano de 1886, a escritora revela-nos a história do escravo Lúcio6. Ao referir-

se a si próprio, o personagem diz que foi criado como um filho, o seu senhor tivera o capricho de mandá-lo alfabetizar-se e instruir-se. Eis o motivo por que Lúcio nunca sentiu em sua casa os rigores do cativeiro, nunca experimentou o peso da palavra escravo (p. 27). Em outro diálogo, mais adiante, acrescenta:

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Nasci nesta casa, quase ao mesmo tempo em que nasceu o finado meu senhor, pai de D. Fausta. Minha mãe amamentou-o nos seios, repartiu com ele o leite que me devia caber. Crescemos juntos, brincamos como irmãos; o mestre que o ensinou a ele ensinou-me a mim, porque meu senhor, vendo que eu tinha algum talento, quis ter a fantasia de aproveitá-lo (p. 46)

Como o texto literário não se desvincula da realidade, o ex-senhor de Lúcio não mandou alfabetizá-lo apenas porque vira no escravo algum talento. Certamente contou também o fato de que era “um amigo, um irmão prestimoso, dedicado até o sacrifício, fiel até o heroísmo” (p. 38). Os bons serviços do escravo parecem ter-lhe rendido uma contrapartida: o domínio da leitura e de escrita. Não há senhor mau para o escravo bom, ensina-nos a também escritora Anna Ribeiro Bittencourt, contemporânea de Amélia Rodrigues, nas suas memórias. Ou seja, desde que se “guiassem pelo caminho do dever”, os castigos poderiam não existir, o peso da palavra escravo poderia não pesar, pelo menos na visão de Lúcio, e, para aqueles mais dedicados, alfabetizar-se poderia vir incluído no pacote. Mas parece que nem todos os escravos estavam dispostos a ser tão bons assim.

No documento Do português arcaico ao português brasileiro (páginas 143-148)