• Nenhum resultado encontrado

RESUMO ESQUEMÁTICO Regras básicas da sucessão

No documento Flávio Tartuce - Vol. 06.pdf (páginas 83-85)

– Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (droit de saisine). Trata-se de uma das mais importantes regras do Direito das Sucessões, verdadeiro princípio sucessório. Herdeiro legítimo é aquele apontado pela lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado por testamento, legado ou codicilo (art. 1.796 do CC).

– Art. 1.785 do CC. A sucessão deve ser aberta no lugar do último domicílio do falecido, o que é importante para o processamento do inventário. A norma é completada pelo art. 48 do CPC/2015, correspondente ao art. 96 do CPC/1973, segundo o qual, “O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I – o foro de situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio”.

– Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do tempo da abertura da sucessão, o que é fundamental para resolver problemas de Direito Intertemporal, surgidos principalmente com a entrada em vigor do Código Civil de 2002.

– Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida aos herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de caducidade ou nulidade absoluta do ato de disposição. A lei não menciona, mas também devem ser consideradas as hipóteses de rompimento do testamento e de sua nulidade relativa ou anulabilidade.

– Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa proteção da legítima, que é a quota dos herdeiros necessários. Clóvis Beviláqua sempre foi um dos grandes defensores da sua manutenção no sistema sucessório brasileiro.

Da herança e de sua administração

– A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A herança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível e universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é administrada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo administrador provisório (art. 1.797 do CC). A herança forma o espólio, que também é um ente despersonalizado. Todavia, o espólio tem legitimidade ativa e passiva no campo processual (art. 75, VII, do CPC/2015, correspondente ao art. 12, V, do CPC/1973), o que gera grandes repercussões práticas.

– O herdeiro não pode responder além das forças da herança (art. 1.792 do CC) – responde intra vires hereditatis. Herança jacente e vacante

– Ocorrendo a morte de alguém, sem deixar herdeiros, ou se todos renunciarem à herança, os bens da sucessão devem ser arrecadados e ficam sob a guarda e a administração de um curador até a sua entrega ao sucessor ou a declaração de vacância (art. 1.819 do CC). Esse é o fenômeno da jacência da herança. A jacência é provisória, pois terminará com a entrega da herança aos herdeiros ou com a declaração de vacância. Nesse ponto, a jacência difere da vacância.

– Segundo Sebastião Amorim, “considera-se vacante a herança, quando, realizadas todas as diligências, inclusive com a publicação de editais, e passado um ano, não surgirem pessoas sucessíveis, deferindo-se os bens arrecadados ao ente público designado na lei” (Heranças..., In: ALVES, Jones Figueirêdo; DELGADO, Mário Luiz. Questões..., 2005. v. 2, p. 361).

– Sobre a natureza jurídica da herança jacente e da herança vacante, não se pode dizer que se trata de pessoas jurídicas, pois não há uma personalidade jurídica, havendo apenas um conjunto de bens arrecadados. Por isso é que se afirma que ambas as heranças são entes despersonalizados. Quanto aos procedimentos, há um detalhamento tanto no Código Civil quanto no Código de Processo Civil, expostos neste Capítulo.

a) b)

c)

a)

b)

– A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um ato jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia, uma vez que não há a necessidade de qualquer comunicação para produzir os efeitos previstos em lei. Atenção para o conceito de delação ou devolução sucessória, que é o momento existente entre a abertura sucessória – que se dá pela morte – e a aceitação da herança. Pelo que consta dos arts. 1.805 e 1.807 da codificação privada, três são as formas de aceitação da herança, a saber:

Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular.

Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem e começa a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu. Nos termos da lei, não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória de bens (art. 1.805, § 1.º, do CC). Ademais, não importa igualmente em aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros (art. 1.805, § 2.º, do CC).

Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita. Nota-se que a parte final do dispositivo consagra exceção à regra da teoria geral do Direito Civil pela qual quem cala não consente, retirada do art. 111 da própria Lei Geral Privada.

– Quanto à renúncia, segundo as clássicas lições de Carlos Maximiliano, trata-se do “repúdio formal da herança ou legado” (Direito..., 1952, v. I, p. 64). Para Sílvio Rodrigues, “é o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não aceita” (Direito..., 2007, v. 7, p. 58). Como bem pondera Paulo Lôbo, a renúncia é um ato jurídico unilateral, que representa o exercício de um direito potestativo, estando cercado de formalidades impostas pela lei (Direito..., 2013, p. 59). A renúncia é sempre expressa, devendo ser efetuada por escritura pública ou termo judicial (art. 1.806 do CC). Não se admite a renúncia tácita ou presumida. Com a renúncia, o herdeiro excluído é tratado como se nunca tivesse existido, o que atinge o direito de representação. Conforme se extrai da melhor doutrina, duas são as modalidades de renúncia à herança:

Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura. Em casos tais, não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante, mas apenas do Imposto de Transmissão Causa Mortis pelos beneficiados pela renúncia.

Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de determinada pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão, verdadeira doação, incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante, segundo o entendimento jurisprudencial.

Indignidade e deserdação. Quadro comparativo. Diferenças fundamentais

Indignidade sucessória Deserdação

Matéria de sucessão legítima e testamentária. Matéria de sucessão testamentária.

Alcança qualquer classe de herdeiro, seja ele necessário ou facultativo.

Somente atinge os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge, na literalidade da norma). Todavia, com o fim do julgamento do STF no Recurso Extraordinário 878.694/MG, a tendência parece ser a equiparação sucessória total da união estável ao casamento, o que incluiria o convivente no art. 1.845 do CC, como herdeiro necessário.

As hipóteses de indignidade servem para a deserdação. Existem hipóteses de deserdação que não alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).

Há pedido de terceiros interessados ou do MP, com confirmação em sentença transitada em julgado.

Realizada por testamento, com declaração de causa e posterior confirmação por sentença.

1.17

01. (A) (B) (C) (D) (E) 02. (A) (B) (C) (D) (E) 03. (A) (B) (C) (D) 04. (A) (B) (C) (D)

Atenção: Apesar das diferenças pontuais, doutrina e jurisprudência entendem pela aplicação de muitas regras da indignidade para a deserdação, caso dos efeitos pessoais e da reabilitação do indigno.

Petição de herança

– Inovação do Código Civil atual, prevê o seu art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. O exemplo típico de aplicação do instituto envolve os casos de investigação de paternidade de filho que foi preterido da herança. Para esses casos, prevê a Súmula 149 do STF que é imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança. O entendimento majoritário manda aplicar para esses casos o prazo prescricional geral de dez anos, previsto no art. 205 do CC/2002 para os casos ocorridos após a entrada em vigor da atual codificação. Para os fatos anteriores, o prazo é de 20 anos, previsto no art. 177 do CC/1916.

No documento Flávio Tartuce - Vol. 06.pdf (páginas 83-85)

Outline

Documentos relacionados