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Note-se que o sentido inicial de tais termos e expressões na língua italiana raramente se conservou no que diz

No documento MASSIN 1997 Historia Da Musica Ocidental (páginas 43-45)

O SOLFEJO E A HARMONIA

NOTAS OU GRAUS IMPORTANTES DA TONALIDADE CADÊNCIAS

1 Note-se que o sentido inicial de tais termos e expressões na língua italiana raramente se conservou no que diz

respeito ao andamento musical: allegro comumente significa "jovial, divertido" (como alegre em português). Mas quem iria pensar em alegria ao ver a palavra Allegro marcada no alto do primeiro movimento da Quinta

Sinfonia de Beethoven?

O soifejo e a harmonia 59

lento; adagio ma non troppo, de certo modo, o de acelerar; allegro ma non troppo, por sua vez, torna mais lento, ao passo que allegro molto acelera.

Há outras indicações que, a rigor, não impõem um andamento, mas —• por exemplo, Maestoso ("majestoso") ou Grave ("grave") — sugerem um andamento lento. Já Con brio ("com brio" ou "com ímpeto") ou Confuoco ("com fogo") forço- samente acentuarão a vivacidade do tempo. Indicações como Moderato (isolada- mente) ou Tempo giusto servem como uma chamada para o equilíbrio entre o lento e o rápido, algo como um andamento que está entre o Andantino e o Allegretto.

Para comodidade de leitura, os ritmos propriamente ditos distribuem-se em

compassos de dois, três, quatro, cinco ou seis tempos, etc, compassos esses sempre

limitados por barras verticais na pauta musical.

No interior do compasso, os tempos não são acentuados igualmente. O primei- ro tempo é sempre forte, o segundo e o terceiro fracos, salvo no compasso de quatro tempos, em que o terceiro tempo é forte. A síncope é um deslocamento do acento, que passa a incidir sobre um tempo fraco, prolongado pelo tempo ou por parte do tempo forte que a ele se segue, tornando forte o tempo que seria normalmente fraco. O contratempo é a acentuação de um tempo fraco, mas sem o prolongamen- to para além desse tempo.

Na chamada "música erudita", os ritmos inscritos nos compassos podem ser

binarios ou ternarios. São ditos binarios os compassos quando cada tempo é divi-

sível por dois, quatro, oito, etc., e ternarios quando cada tempo é divisível por três, seis, nove, etc. Pode-se, no entanto, excepcionalmente, inserir um ritmo ternario num compasso binário. Este ritmo é chamado tresquiáltera, ou tercina. O inverso é igualmente possível: no caso, diríamos duasquiálteras ou bisina.1

Exemplo 20 Compasso binário 2/4

barra de compasso ou travessão

I I* compasso ;¡ 2* compas» ¡] 3* compuso y 4* compasso ;

Neste exemplo, o primeiro compasso tem uma nota para cada tempo, isto é, uma seminima para cada tempo. No segundo compasso, cada tempo comporta duas notas: duas cólchelas que são tocadas duas vezes mais rapidamente que as seminimas. No terceiro compasso, o primeiro tempo apresenta quatro semicol-

cheias (duas vezes mais rápidas que as colcheias). Por fim, o primeiro tempo do

quarto compasso está preenchido por um ritmo ternário: é uma tercina.

Exemplo 21

Compasso b i n á r i o 6/8

r - f - s ]

v

r r 1 CLfLXT

1

Este é também um compasso de dois tempos, em que cada tempo é divisível por três (segundo compasso do exemplo 21). No terceiro compasso, lê-se um rit- mo binário formado por duas quiálteras.

Existem possibilidades de variações rítmicas, tanto quanto de variações meló- dicas ou harmônicas. Alguns exemplos:

• a diminuição rítmica: uma mesma fórmula é repetida em execução mais rápida; • o aumento rítmico: uma mesma fórmula é repetida mais lentamente;

• a polirritmia: várias frases de ritmos muito diversificados são executadas simul- taneamente; é freqüente, por exemplo, ouvirmos um ritmo binário sobrepondo- se a um ritmo ternario;

• o perpetuum mobile é um movimento perpétuo que faz desfilar durante certo tempo sempre os mesmos valores rítmicos, como semicolcheias, por exemplo; • o ostinato rítmico é a adoção de uma fórmula rítmica que se repete incansa-

velmente;

• o cânone rítmico envolve procedimento similar ao do cânone melódico. O ritmo seguiu a mesma evolução que os outros elementos da linguagem mu- sical. Como a harmonia ou o contraponto, o ritmo tornou-se, gradativamente, cada vez mais complexo. Aos poucos, terminou prevalecendo o encanto pelos compassos desiguais (como em Bartók), sem falar do enriquecimento proporcio- nado pelo conhecimento da música produzida fora do mundo europeu. Na músi- ca atual, a noção de compasso tende a desaparecer para dar lugar, na maior parte das vezes, a uma notação proporcional às durações. Nas obras contemporâneas, é freqüente "contar" segundos e não "batidas".

É um erro acreditar que uma música ritmada seja uma música escandida. Nada mais pobre, do ponto de vista do ritmo, do que uma marcha militar! O ritmo musical é uma pulsação, uma respiração que corresponde a estruturas humanas. E por isso que o compasso não passa de uma prática de notação. Na verdade, o ritmo está ligado a toda uma frase, um período, e até mesmo à obra inteira. Um dos compositores que mais ativamente participou da evolução do ritmo na música moderna foi Claude Debussy: basta ouvir a música de Debussy e sentir como ela se desloca livremente no espaço-tempo, dando ao ouvinte uma percepção muito elástica da duração, sem jamais imprimir divisões arbitrárias a esta.

A DINÂMICA

Fonte de vida indispensável à obra musical, a dinâmica designa as flutuações de intensidade. Não se pode executar um obra sem fazer variações de dinâmica. Seria insuportável, tanto para o músico como para quem ouve, ter de agüentar uma peça musical executada uniformemente forte ou uniformemente piano. A exemplo do que aconteceu com os outros parâmetros musicais, a concepção da dinâmica se aperfeiçoou ao longo dos séculos. Até a época de Mozart, as notações de nuances na partitura eram em geral negligenciadas, deixando-se ao intérprete a liberdade de escolher, de acordo com a percepção que ele mesmo tinha da obra. Entretanto, quanto mais a música escrita tornava-se complexa, menos o compositor confiava a dinâmica ao instrumentista. Cada vez mais exigentes e precisos, os compositores passaram a multiplicar, na partitura, indicações relativas à interpretação. Na mú- sica contemporânea, é comum ver indicada na partitura uma nuance para cada nota (como, por exemplo, nas composições de Boulez).

As variações de dinâmica mais comuns são:

• pianissimo: muito suave (notação pp); • piano: doce, suave (notação p);

• mezzo-forte: mais ou menos forte, é a nuança mediana (notação mf); • forte: forte (notação / ) ;

• fortissimo: muito forte (notação ff);

• sforzando: reforço brusco da intensidade (notação szf);

' crescendo: aumento progressivo da intensidade; pode também ser notado com o

sinal

• diminuendo: diminuindo; também notado com o sinal • mezzo voce: à meia voz;

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AS FORMAS

No documento MASSIN 1997 Historia Da Musica Ocidental (páginas 43-45)