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Também aqui, a ordem seguida é alfabética.

No documento MASSIN 1997 Historia Da Musica Ocidental (páginas 57-62)

E OS GÊNEROS MUSICAIS

OS GÊNEROS MUSICAIS (MÚSICA INSTRUMENTAL) Suíte

1 Também aqui, a ordem seguida é alfabética.

Czarda ou csarda. Dança húngara em compasso de 2/4, que tem a primeira parte

lenta (denominada lassu) e a segunda incisivamente ritmada (chamada frisca).

Escocesa. Dança nacional de caráter sério com efeitos de museta, em compas-

so ternário (mais raramente binário). Também tipo de dança derivada da polca (valsa escocesa).

Fox-trot. Dança de salão com ritmo de marcha, bastante rápida e originária do ragtime.

Habanera. Dança íbero-cubana, de preferência lenta, em compasso de 2/4 ou 4/8,

antecessora do tango.

Laendler. Dança de roda, em compasso ternário, de caráter popular, originária da

alta Áustria. É uma das ancestrais da valsa.

Mazurca. Dança nacional polonesa em compasso ternário, com uma primeira se-

minima pontuada.

Paso-doble. Dança latino-americana, muito rápida, de origem africana.

Passamezzo. Dança de ritmo binário, bailada com passos curtos e regulares, muito

apreciada na Itália do século XVI.

Poica. Segundo Maurice Tassart, "na origem, dança camponesa tcheca (e não po-

lonesa), em dois tempos, caracterizada pelo meio passo que lhe inspirou o nome

(pulka = metade)." Acolhida por volta de 1837 pela alta sociedade de Praga, entrou

na moda de maneira avassaladora e teve seu apogeu com as composições de Johann Strauss filho.

Polonaise. Nome francês de uma antiga dança solene polonesa em três tempos,

cujo ritmo se parece com o do bolero.

Ragtime. Literalmente, "tempo rasgado": estilo pianístico da época que precede o jazz (Scott Joplin), exclui o improviso e tem a acentuação mcidindo sobre o pri-

meiro e o terceiro tempos, no baixo, e sobre o segundo e quarto na parte da me- lodia (off-beat). Exemplos de ragtime podem ser encontrados inclusive em Debus- sy, que o emprega em algumas de suas peças para piano, bem como em Stravinski.

Rigodão. Antiga dança provençal, o rigodão (em francês rigaudon) tem ritmo bi-

nário e caráter arrebatador.

Saltarelo. Dança saltitada, de origem italiana (em italiano saltarello, em francês saltarelle), de andamento rápido, em compasso de 6/8, cujas colcheias (primeira e

quarta) são pontuadas.

Tango. Dança originária da Argentina, importada pela Europa depois da Primeira

Guerra Mundial; é aparentada com a habanera por seu ritmo binário e sua pulsa- ção lenta.

Tarantela. Dança saltitada, de andamento muito rápido em compasso de 3/8 ou

6/8, cujo nome está ligado à cidade italiana de Tarento (em italiano, tarantella).

Tordion ou tourãion. Dança francesa do século XVI, rápida e em três tempos. Valsa. Dança de origem alemã e austríaca (em alemão Walzer, em francês valse, em

inglês waltz), em três tempos, que data do início no século XIX. Os pares volteiam de duas maneiras simultâneas: em torno de si mesmos e ao redor da sala.

Concerto

Composição instrumental em que um instrumento solista ou um grupo de instru- mentos opõem-se a uma formação orquestral. (A indicação tutti, palavra italiana que significa todos, refere-se ao conjunto dos instrumentos que estão em jogo.) O concerto (do italiano concerto) apareceu na Itália no século XVII. Em sua forma antiga, apresenta-se sob dois tipos:

• o concerto grosso, no qual um grupo de instrumentos (concertino) opõe-se indi- vidualmente à orquestra (ripieno);

• o concerto para um ou mais solistas.

Os Concertos de Brandenburgo, de Bach, constituem um gênero misto, pois es- tão a meio caminho entre os dois tipos: o quinto deles encaminha-se na direção do concerto para instrumento sofista. O Concerto para dois oboés, de Vivaldi, está mais próximo do concerto grosso, enquanto seu Concerto para violino, violoncelo e cordas é nitidamente um concerto para vários solistas individualizados. O Concerto para

oboé e cordas, também de Vivaldi, é um típico exemplo do concerto para instru-

mento solista, tal como este apareceu no começo do século XVIII. Coube a Mozart dar ao concerto sua forma clássica, que pode ser analisada do seguinte modo: • Primeiro movimento: allegro, na forma sonata.

• Segundo movimento: lento (andante ou adagio), geralmente na forma tema e

variações, ou na forma Lied.

• Terceiro movimento: vivo (allegro), sempre na forma rondó.

No final do primeiro movimento (às vezes do último e raramente do segundo), a orquestra dá livre curso ao instrumento solista para que este execute a cadência, uma seção de grande virtuosismo, construída a partir de um tema musical da obra. Em princípio, a cadência teria de ser tocada de improviso pelo exécutante. O compositor não a escrevia, deixando-a a cargo da fantasia do intérprete. Mas se fosse ele o próprio intérprete, podia fazer um esboço de suas cadências e, ciumen- tamente, guardá-las consigo. Algumas delas chegaram até nós, vindas das mãos de Mozart. A surdez progressiva de Beethoven fez com que se processasse uma mu- dança na situação: já que ele teria de renunciar a esta prática e aos aplausos de- vidos ao virtuosismo, passou a escrever inteiramente suas cadências e inclusive

88 Léxico musical explicativo

Czarda ou csarda. Dança húngara em compasso de 2/4, que tem a primeira parte

lenta (denominada lassu) e a segunda incisivamente ritmada (chamada frisca).

Escocesa. Dança nacional de caráter sério com efeitos de museta, em compas-

so ternário (mais raramente binário). Também tipo de dança derivada da polca (valsa escocesa).

Fox-trot. Dança de salão com ritmo de marcha, bastante rápida e originária do ragtime.

Habanera. Dança íbero-cubana, de preferência lenta, em compasso de 2/4 ou 4/8,

antecessora do tango.

Laendler. Dança de roda, em compasso ternário, de caráter popular, originária da

alta Áustria. É uma das ancestrais da valsa.

Mazurca. Dança nacional polonesa em compasso ternário, com uma primeira se-

minima pontuada.

Paso-doble. Dança latino-americana, muito rápida, de origem africana.

Passamezzo. Dança de ritmo binário, bailada com passos curtos e regulares, muito

apreciada na Itália do século XVI.

Polca. Segundo Maurice Tassart, "na origem, dança camponesa tcheca (e não po-

lonesa), em dois tempos, caracterizada pelo meio passo que lhe inspirou o nome

(pulka = metade)." Acolhida por volta de 1837 pela alta sociedade de Praga, entrou

na moda de maneira avassaladora e teve seu apogeu com as composições de Johann Strauss filho.

Polonaise. Nome francês de uma antiga dança solene polonesa em três tempos,

cujo ritmo se parece com o do bolero.

Ragtime. Literalmente, "tempo rasgado": estilo pianístico da época que precede o jazz (Scott Joplin), exclui o improviso e tem a acentuação mcidindo sobre o pri-

meiro e o terceiro tempos, no baixo, e sobre o segundo e quarto na parte da me- lodia (off-beat). Exemplos de ragtime podem ser encontrados inclusive em Debus- sy, que o emprega em algumas de suas peças para piano, bem como em Stravinski.

Rigodão. Antiga dança provençal, o rigodão (em francês rigaudon) tem ritmo bi-

nário e caráter arrebatador.

Saltarelo. Dança saltitada, de origem italiana (em italiano saltarello, em francês saltarelle), de andamento rápido, em compasso de 6/8, cujas colcheias (primeira e

quarta) são pontuadas.

Tango. Dança originária da Argentina, importada pela Europa depois da Primeira

Guerra Mundial; é aparentada com a habanera por seu ritmo binário e sua pulsa- ção lenta.

As formas e os gêneros musicais 89

Tarantela. Dança saltitada, de andamento muito rápido em compasso de 3/8 ou

6/8, cujo nome está ligado à cidade italiana de Tarento (em italiano, tarantella).

Tordion ou tourdion. Dança francesa do século XVI, rápida e em três tempos. Valsa. Dança de origem alemã e austríaca (em alemão Walzer, em francês valse, em

inglês waltz), em três tempos, que data do início no século XIX. Os pares volteiam de duas maneiras simultâneas: em torno de si mesmos e ao redor da sala.

Concerto

Composição instrumental em que um instrumento solista ou um grupo de instru- mentos opõem-se a uma formação orquestral. (A indicação tutti, palavra italiana que significa todos, refere-se ao conjunto dos instrumentos que estão em jogo.) O concerto (do italiano concerto) apareceu na Itália no século XVII. Em sua forma antiga, apresenta-se sob dois tipos:

• o concerto grosso, no qual um grupo de instrumentos (concertino) opõe-se indi- vidualmente à orquestra (ripieno);

• o concerto para um ou mais solistas.

Os Concertos de Brandenburgo, de Bach, constituem um gênero misto, pois es- tão a meio caminho entre os dois tipos: o quinto deles encaminha-se na direção do concerto para instrumento solista. O Concerto para dois oboés, de Vivaldi, está mais próximo do concerto grosso, enquanto seu Concerto para violino, violoncelo e cordas é nitidamente um concerto para vários solistas individualizados. O Concerto para

oboé e cordas, também de Vivaldi, é um típico exemplo do concerto para instru-

mento solista, tal como este apareceu no começo do século XVIII. Coube a Mozart dar ao concerto sua forma clássica, que pode ser analisada do seguinte modo: • Primeiro movimento: allegro, na forma sonata.

• Segundo movimento: lento (andante ou adagio), geralmente na forma tema e

variações, ou na forma Lied.

• Terceiro movimento: vivo (allegro), sempre na forma rondó.

No final do primeiro movimento (às vezes do último e raramente do segundo), a orquestra dá livre curso ao instrumento solista para que este execute a cadência, uma seção de grande virtuosismo, construída a partir de um tema musical da obra. Em princípio, a cadência teria de ser tocada de improviso pelo exécutante. O compositor não a escrevia, deixando-a a cargo da fantasia do intérprete. Mas se fosse ele o próprio intérprete, podia fazer um esboço de suas cadências e, ciumen- tamente, guardá-las consigo. Algumas delas chegaram até nós, vindas das mãos de Mozart. A surdez progressiva de Beethoven fez com que se processasse uma mu- dança na situação: já que ele teria de renunciar a esta prática e aos aplausos de- vidos ao virtuosismo, passou a escrever inteiramente suas cadências e inclusive

futuros intérpretes, como um elemento indissociável da arquitetura dos seus con- certos para piano. Seu exemplo foi seguido, às vezes de modo discutível, por com- positores menos geniais na arte de associar improvisação e arquitetura.

Mozart e Beethoven marcaram não somente a forma, mas o espírito do gênero concertante. Nos seus concertos, todos obras-primas, o indivíduo (solista) dialoga com a comunidade (tutti) de maneira tão antagônica quanto fraterna, havendo mesmo um tipo de diálogo no qual se tece uma sucessão de perguntas e respostas que vão, por exemplo, da angústia à exultação (Andante con moto do Concerto para

piano e orquestra n" 4, em sol maior, opus 58, de Beethoven).

Mas, tais culminâncias só podem ser atingidas mediante duas condições: quan- do se consegue apreender as relações singular-plural, ou individual-universal, e quando se verifica uma situação sócio-histórica propícia. No caso de uma dessas duas condições faltar, o concerto estará correndo risco de rebaixar-se ao nível de uma proeza fútil, escrita para um solista vedete. Foi por isso que Schubert — nu- ma sociedade fechada, sufocado por sua solidão e de gênio profundamente avesso ao virtuosismo — permitiu-se, no gênero concertante, apenas quatro obras não muito extensas, mais condescendentes que convictas.

Divertimento

Típico da época clássica (Haydn, Mozart), o divertimento (do italiano divertimen-

to) é um gênero de composição que dá uma impressão mais leve do que as sinfo-

nias ou quartetos, seja pela sucessão menos rígida de seus numerosos movimentos (vestígio da antiga suíte), seja pelo uso de instrumentos solistas, seja como resul- tado de sua destinação social, etc.

Serenata

Música do anoitecer, por oposição à "alvorada", "alborada" ou "aubade", que é a música do amanhecer, matinatta, em italiano. Em sentido estrito, a serenata — do italiano serenata, em francês sérénade, em inglês serenade, em alemão Serenade ou

Stãndchen — é um concerto de vozes e instrumentos, dado à noite, ao ar livre, sob

as janelas de alguém (normalmente alguém do sexo feminino!) para render-lhe homenagem. No caso da serenata da ópera Don Giovanni, de Mozart, há um can- tor e um bandolim. Em Schubert, com o nome alemão Stãndchen, encontramos este mesmo tipo de serenata: para voz e piano, com letra de Rellstab, como a cé- lebre Serenata D 957 n° 4, ou para voz feminina e quarteto vocal, como é a D 920, com letra de Grillparzer.

Nos tempos do estilo galante, outro tipo de obra completamente diferente che- gou ao seu auge com este mesmo nome graças à "serenata" barroca, que evoluiu gradualmente para o instrumental puro e para uma composição destinada a cele- brações solenes (Serenata BWV173 A, de Bach, comemorativa do aniversário do

príncipe Ccethen). As serenatas escritas por Mozart em Salzburgo para o príncipe- arcebispo e outras, como a dedicada ao burgomestre Haffher, são grandes compo- sições orquestrais (mais extensas que qualquer uma das suas sinfonias!), de espí- rito semelhante ao divertimento, embora mais mundano e afetado, numa sucessão de diversas peças (oito na Serenata K250 e sete na Serenata K320), que têm inter- calados em meió a elas todo um concerto para violino (Serenata Haffher K250) ou uma sinfonia concertante para sopros (Posthornserenade K 320) em três breves movimentos.

Assim, por volta de 1773-1779, pôde a serenata aparecer como a majestosa rainha das composições orquestrais. Mas a sinfonia viria barrar o caminho deste gênero, estruturalmente vago e socialmente elitista. Com o Mozart dos anos vie- nenses — Eine Kleine Nachtmusik [Pequena música noturna], para quinteto de cordas —, bem como com o jovem Beethoven (Opus 8, para trio de cordas, Opus

25, para flauta, violino e viola) e os sucessores de ambos, a serenata instrumental

estava destinada a tornar-se uma obra de música de câmara suave e intimista.

Sonata

Composição que compreende vários movimentos, destinada a um reduzido nú- mero de instrumentos, geralmente dois ou três e, mais tarde, a apenas um ou dois. 1. A sonata pré-clássica. A sonata teve origem no século XVII, na Itália. Do ponto de vista da sua construção, distinguem-se, por volta de 1700, dois tipos de sonata cultivados na Itália, ou, sob influência italiana, em outros países:

• a sonata da chiesa (de igreja), em quatro movimentos: grave ou adagio - allegro

- adagio - allegro;

• a sonata da camera (de câmara) em três movimentos: allegro - adagio - allegro.

A primeira dessas duas modalidades foi mais difundida na Alemanha, Inglater-

ra e França, onde era grande a influência dos músicos italianos. Do ponto de vista do efetivo instrumental, distinguem-se igualmente dois tipos:

• a sonata a tre (sonata a três), em que as duas vozes superiores estavam em con- dições de igualdade, isto é, tinham o mesmo desenho e tocavam na mesma altu- ra, e a terceira voz fazia o papel de baixo contínuo, sendo executada, de fato, por dois instrumentos, um baixo e um teclado (em geral de cordas) ou um alaúde; é a sonata-trio ou trio-sonata, o gênero mais importante da música de câmara barroca.

• a sonata para solo, que era composta para um instrumento e baixo contínuo, ou simplesmente para cravo.

As 550 sonatas de Domenico Scarlatti devem ser postas à parte, pois não têm as mesmas características das sonatas que lhes são contemporâneas, nem das que são posteriores a elas. São pequenas peças, de um só movimento, que o autor chamava

92 Léxico musical explicativo

2. A sonata clássica firma-se como gênero por volta de 1760 e tem seus movimen-

tos planejados em allegro (movimento lento) — minueto —finale, sendo adotada, para o primeiro desses movimentos, a chamada forma sonata, à qual já nos re- ferimos.

Por agum tempo, a palavra sonata (do italiano sonata, música para ser tocada, "soada", por oposição a cantata, música cantada) continuou a ser utilizada para designar obras escritas para um, dois ou três instrumentos. Na terminologia mo- derna, entretanto, designa exclusivamente as obras compostas para um instru- mento (sonata para piano) ou para dois instrumentos (sonata para piano e violino ou para piano e violoncelo). As obras para três instrumentos são chamadas trios (piano, violino e violoncelo, por exemplo); para quatro, quarteto; para cinco,

quinteto, e assim por diante.1

Antes de Beethoven, e contrariamente à sinfonia, a sonata clássica só raramen- te tinha quatro movimentos. As sonatas de Mozart têm quase todas três, e as de Haydn, dois ou três. Em Mozart, a sonata é geralmente constituída por dois mo- vimentos bem vivos que enquadram um movimento lento (mais raramente, um minueto). Nas sonatas de Haydn, a natureza e a ordem dos movimentos diferem mais; o minueto, contudo, nunca vem em primeiro lugar, como acontecerá com a

Sonata para piano n°22, emfá maior, opus 54, de Beethoven. As sonatas de Beetho-

ven são escritas em dois, três ou quatro movimentos, diversidade que, no caso de Beethoven, mais do que no de seus predecessores, visa a fins expressivos os mais variados. Como em suas outras obras, Beethoven substituiu, em muitas de suas sonatas, o minueto pelo scherzo.

3. Na época romântica, as sonatas de Schubert, Schumann, Brahms, Chopin e Liszt retomam, por motivos diversos, a herança clássica, refletindo-se nelas as novas preocupações da época. A sonata de Liszt, por sua estrutura feita de um só movi- mento que sintetiza os diversos movimentos tradicionais, abriu uma via que so- mente no século XX seria novamente palmilhada (Sinfonia de câmara opus 9, de Arnold Schõnberg, Sinfonia n° 7 opus 105, de Jean Sibelius).

4. No século XX, as três sonatas de Debussy — para piano e violino; para piano e violoncelo e para flauta, viola e harpa — ou as três sonatas para piano de Pierre Boulez rompem com a forma sonata, embora conservando o espírito do gênero, ao passo que as sonatas de outros compositores, como Serguei Prokofiev, perma- necem mais fiéis aos ideais clássico-românticos.

Constitui exceção, entre algumas obras de qualidade extraordinária, a Sonata para dois pianos e percussão, de Bartók.

As formas e os gêneros musicais 93

Sinfonia

Vasta composição instrumental de vários movimentos, que exige o concurso de orquestras sinfônicas ou, mais raramente, de formações orquestrais menores (sin- fonia para cordas, sinfonia para orquestra de câmara etc). Após uma evolução gradual, a estrutura da sinfonia fixou-se por volta de 1770.1

1. A sinfonia primitiva é uma peça de forma mal definida, composta para um gru- po de instrumentos. Executada antes do início das óperas italianas, confunde-se com a abertura e tem uma estrutura tripartida: vivo-lento-vivo. Na obra de Mo- zart, certas sinfonias de sua juventude não se distinguem de aberturas de óperas. 2. Na época clássica, a sinfonia separou-se da abertura de ópera e tornou-se um gênero musical independente. Os pioneiros desta tendência foram Carl Philipp Emanuel Bach (sinfonias em três movimentos), alguns compositores italianos co- mo Sammartini, Johann Stamitz e os músicos da Escola de Mannheim. Por volta de 1770, o quadro da sinfonia já estava fixado até certo ponto, graças sobretudo a Haydn. O gênero adotava então, de hábito, uma estrutura de quatro movimentos: • primeiro movimento: rápido (algumas vezes, precedido por uma introdução

lenta);

• segundo movimento: lento; • minueto;

• quarto movimento: rápido.

Em cada um dos movimentos, como maneira de pensar, reina a forma sonata; aliás, esta forma, em sentido estrito, não estava excluída a priori de qualquer deles. A forma "variações" e a forma Lied estão presentes com freqüência nos movimen- tos lentos, ao passo que a forma rondó — de espírito menos tenso e relativamente mais fácil de ser seguida por causa de seu refrão — prevalece nos últimos movi- mentos. Note-se que Mozart — nisso seguindo uma tradição de Salzburgo — escreveu em 1786 uma sinfonia em três movimentos, sem o minueto (Sinfonia n°

38, denominada Praga).

Com Beethoven, a ordem e a natureza dos movimentos não mudam: a subver- são tem lugar no interior deles. Na sua Sinfonia n° 9, contudo, o scherzo vem em segundo lugar e o movimento lento em terceiro; já a execução do quarto movi- mento exige um grande coro.

No final do século XVIII, desenvolveu-se também a sinfonia concertante, um gênero então muito apreciado, que aliava a estrutura sinfônica ao concerto (geralmente para vários solistas). Estão neste caso as duas sinfonias concertantes de Mozart, uma para sopros e outra para violino e viola, que são verdadeiras obras-primas. O gênero, logo em seguida, veio a desaparecer, embora não se tenha deixado de buscar inserir a forma concer- tante numa sinfonia, como é o caso do solo de viola em Harold en Italie [Haroldo na Itália], de Berlioz, do solo de piano na Symphonie sur un chant montagnard français [Sinfonia sobre um canto francês das montanhas], de Vincent d'Indy, e principalmente da obra de Bartok, Concerto para orquestra.

3. Depois de Beethoven, compositores como Schubert, Mendelssohn, Schumann, Bruckner ou Brahms modificaram bem pouco o aspecto externo da sinfonia. Mas a orquestra foi aumentada, os desenvolvimentos adquiriram outra amplitude (Bruckner) e as intenções descritivas ou filosóficas fazem-se perceber mais clara- mente (Berlioz, Liszt).

Com Mahler, uma etapa essencial foi vencida: Mahler não apenas alterou o número de movimentos (em sua Sinfonia n° 3 há seis movimentos, na Sinfonia

n° 8, apenas dois), como também subverteu a natureza e a ordem de sucessão deles

No documento MASSIN 1997 Historia Da Musica Ocidental (páginas 57-62)