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REALIZAÇÃO DE METAS

3.6 Tecnologia da informação e seu direcionamento a grupos

3.6.4 Sistemas colaborativos

Nunamaker Jr., Briggs e Romano Jr. (2014) anunciaram que os sistemas colaborativos já existiam sob muitas formas não computadorizadas desde o ano de 1940. Eles asseguram, no entanto, que esse tipo de sistema, desde sempre, empodera seus usuários a interagirem simultaneamente e à distância por meio de computadores eletrônicos e redes de dados.

Numa tentativa de definição, Zigurs e Munkvold (2006) partem da perspectiva das tecnologias colaborativas e destacam termos comuns e componentes dessa forma de TI, como: teleconferência, trabalho distribuído, comunicação mediada por computador, groupware, trabalho cooperativo apoiado por computador, computação colaborativa, apoio à decisão em grupo, sistema de reuniões eletrônicas, times virtuais, colaboração digital e colaboração eletrônica. Todos esses são termos genéricos que convergem para um modo específico de apoio aos arranjos humanos que necessitam operar em colaboração, mas que se encontram dispersos.

Por isso, uma série de aplicações da TI foram desenvolvidas para suportar essa demanda das organizações e dos grupos, entre as quais e-mail, conferências por computador, vídeo conferência, boletins de discussão, fóruns virtuais, quadro de avisos on-line, sistemas de gerenciamento do fluxo de trabalho (workflow), repositórios de conhecimento, votação eletrônica, brainstorming eletrônico. Todas essas aplicações comportam funcionalidades que proveem uma série de perspectivas para diferentes tarefas desempenhadas por grupos (ZIGURS; MUNKVOLD, 2006).

3.6.4.1 Desenvolvimento de sistemas colaborativos

Desenvolver sistemas colaborativos não é uma tarefa elementar, pois envolve alta complexidade técnica e requer conhecimento multidisciplinar das áreas de sociologia, psicologia, antropologia, administração e computação (GEROSA;

STEINMACHER, 2011). Houve quem insinuasse que os especialistas (técnicos) não sabiam desenvolver, em computador, esse tipo de sistema, que oferece suporte a essa perspectiva mais social da atividade humana (ACKERMANN, 2000).

A razão para tal estigma é que as questões técnicas são complexas, afirmam Gerosa e Steinmacher (2011, p. 365). Concretamente, um sistema colaborativo é multiusuário e, geralmente, distribuído, requerendo “conhecimento sobre conexões, protocolos, compartilhamento de recursos, concorrência de acesso, distribuição, gerenciamento de seções, multiplicidade de plataformas etc”. Já as questões sociais envolvem grupos que precisam colaborar em contextos diversos e mutantes (DAVISON, 2008).

De fato, conforme já previsto por DeSanctis e Poole (1994; 1997), há de se considerar os aspectos técnicos e sociais desse tipo mais sofisticado de tecnologia. O desafio é latente, pois envolve buscar solução para contemplar numa mesma solução tecnológica, elementos técnicos e sociais que sejam flexíveis, contextualizados e repletos de nuances (BLECKER; LIBHART, 2008).

Parece que o esforço contínuo de pesquisa nos arredores dos SC viabilizou certa estruturação do processo de desenvolvimento desse tipo de sistema, a partir dos elementos componentizados que foram sendo descobertos no transcorrer desse caminho.

Fuks, Raposo e Gerosa (2002) apresentaram um ciclo de desenvolvimento de sistema colaborativo que toma emprestado a estrutura tradicional de desenvolvimento de software mas destaca elementos específicos da tarefa para sistemas colaborativos, tais como:

 A análise de domínio deve resvalar pelo uso de um modelo de colaboração;

 A análise de requisitos mantém a finalidade de elencar os requisitos demandados pelo sistema, a fim de expressá-los por meio de funcionalidades;

 No projeto do SC, embora ainda se tenha foco na arquitetura do sistema e nos componentes que a integram, Gerosa e Steinmacher (2011) adicionaram a possibilidade de encapsular complexidades técnicas e multidisciplinares, facilitando a montagem do sistema;

 As fases seguintes - implementação, testes e manutenção - seguem conforme protocolos tradicionais de desenvolvimento e implementação de sistemas.

Ademais, a complexidade técnica do processo de desenvolvimento, usualmente, torna-se o foco da equipe de desenvolvimento das soluções em SC.

Uma saída para melhorar a performance desses profissionais é utilizar a tecnologia de componentes, os quais carregam as funcionalidades requeridas e permitem flexibilidade na montagem dos SC, podendo ser plugados ou desplugados do sistema de acordo com a demanda (FUKS et al., 2005). Outra ação é adotar também ciclos constantes de feedback que alimentam as fases de informações relevantes durante todo o processo.

A figura 43 ilustra esse ciclo de desenvolvimento do SC.

Figura 43 – Ciclo de desenvolvimento de sistema colaborativo.

Análise de domínio Análise de requisitos Projeto Manutenção Testes Implementação Modelo de colaboração Requisitos de SC Arquitetura Componentes de SC

Fonte: adaptado de Fuks, Raposo e Gerosa (2002).

Diante desse contexto, Fuks et al. (2005) propõem uma arquitetura de serviços de colaboração, composta por frameworks que definem invariantes globais e protocolos para ligar componentes, conforme exibido na figura 44.

Ora, se as funcionalidades dos SC estão embarcadas nos componentes e se elas servem a necessidades específicas e demandadas pelos usuários, destacando-se o uso

pelas organizações, cabe, então, dedicar atenção ao desenho daquelas com o apelo mais colaborativo.

Figura 44 – Arquitetura de serviços de colaboração considerando o modelo 3C.

Framework de colaboração Framework do componente de cooperação Framework do componente de coordenação Framework do componente de comunicação

Espaço compartilhado Controle de acesso Canal de comunicação

assíncrona

Outros componentes Controle de fluxo Canal de comunicação

síncrona

+ + +

Outros componentes Outros componentes Outros componentes

+ + + C o m p o n e n te s

Fonte: adaptado de Fuks et al. (2005).

3.6.4.2 Funcionalidades de sistemas colaborativos

Vários autores ressaltam que a colaboração mediada por computador e os sistemas colaborativos fazem com que as equipes dispersas geograficamente estejam juntas virtualmente, por meio das funcionalidades embarcadas nesses sistemas (DeSANCTIS; GALLUPE, 1987; NUNAMAKER et al., 1991; BAFOUTSOU; MENTZAS, 2002; ZIGURS; MUNKVOLD, 2006). Esse é um cenário já quase real para a tese que se projeta.

Os sistemas colaborativos baseados na plataforma da web 2.0 ampliam as possibilidades originais dos sistemas de suporte ao trabalho em grupo e atendem necessidades que emergem a partir de diferentes tipos de interação, quais sejam: face a face - quando os membros estão situados presencialmente no mesmo espaço físico; ou virtuais - quando os membros estão dispersos. As interações variam em relação ao tempo, sendo síncronas, quando os membros do grupo interagem ao mesmo tempo, ou assíncronas quando os membros do grupo interagem em momentos diferentes.

Desta forma, a colaboração, agora eletrônica, graças ao SC, pode acontecer de duas maneiras: on-line e off-line (VULHERME, 2014). A colaboração on-line, ou

síncrona, ocorre quando as ferramentas colaborativas permitem interação em tempo real entre os participantes, as quais potencialmente serão usadas neste estudo.

A colaboração off-line aplica-se naquelas situações onde o grupo interage sem hora marcada, mas apresenta necessidades de compartilhar informações durante um determinado período de tempo. No caso de uma tarefa de geração de ideias em grupo, pode-se habilitar um fórum com votação e recursos para postagem de comentários. Neste espaço, os participantes atuariam assincronamente durante o período pré- determinado.

Em síntese, as funcionalidades disponíveis ao trabalho em grupo nos SC que se relacionam com as dimensões do modelo 3C ofertando suporte a cada uma delas, estão listadas e relacionadas aos parâmetros de tempo e espaço na figura 45.

Figura 45 – Principais funcionalidades embarcadas nos sistemas colaborativos.

Interações face a face salas de decisão, groupware de

exibição única, mesa compartilhada, murais,

compartilhamento de documentos

Tarefas contínuas salas de equipe, grandes painéis

públicos, quadro virtual de avisos, groupware em turnos de

trabalho, gestão de projetos, ambiente de produção

colaborativa

Interações remotas conferência por vídeo, mensagens instantâneas, sala de bate papo, telas compartilhadas, mensagens instantâneas, editores

multiusuários, e-learning

Comunicação e coordenação e-mail, boletins, blogs, conferências assíncronas, calendários de grupo, fluxo de trabalho, salas virtuais, controle

de versões, conferência virtual com memória, wik is mesmo tempo síncrono Tempo diferente assíncrono m e s m o l u g a r c o lo c a li za d o L u g a r d if e r e n te re m o to

Fonte: baseado em Bafoutsou e Mentzas (2002); Zigurs e Munkvold (2006) e Laudon e Laudon (2014).

Tais funcionalidades servem a propósitos específicos e são operacionalizadas mediante as necessidades emergentes dos grupos e das tarefas a eles atribuídas pela organização. Trata-se aqui não apenas de um aparato tecnológico, mas de como os grupos e as organizações trabalham e de como os sistemas colaborativos serão introduzidos para apoiar esse trabalho (KOCH, 2008).

Enfim, parece que os sistemas colaborativos vêm compor um mosaico de várias peças que foram sendo desenvolvidas ao longo de toda história dos sistemas de apoio ao trabalho em grupo. O cerne dessa composição tecnológica é fomentar a

produtividade do trabalho em grupo, e isso geralmente é um forte incentivo à geração de ideias em grupo, habilitando as organizações a atuarem com aproveitamento satisfatório de toda a capacidade provida pela colaboração apoiada pela TI.