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REALIZAÇÃO DE METAS

5 Resultados do estudo

5.3 Discutindo a quantidade de ideias geradas

5.3.1 Uso do B2i nos grupos experimentais: prós e contras

Parece que a novidade do Laboratório de Ideias, adornada pelo B2i, motivou os participantes, fato que foi observado pelas 52 ideias geradas pelos grupos experimentais logo nos primeiros instantes do desafio 1. No entanto, a posteriori, percebeu-se uma certa normalização na produção de ideias durante os desafios

seguintes do desenho experimental (34, 32 e 34 ideias geradas), conforme exibido no gráfico 1.

Gráfico 1 - Total de ideias geradas em cada desafio pelos grupos experimentais.

Acredita-se que, a tarefa do Laboratório de Ideias foi se acomodando à rotina real dos participantes. A novidade deu lugar à normalidade com suas intempéries. A longa (e intensa) jornada diária de trabalho, as metas arrojadas de visita médica, o tempo de deslocamento de um consultório para outro, os telefonemas, e-mails, as viagens, os problemas com a ausência de rede e com o tablet, que não funcionava, ecoaram seus tons por meio da voz dos participantes do experimento, que até tinham vontade de participar (alguns), mas se limitavam pelas restrições encontradas no percurso.

A análise dos registros coletados nos grupos do WhatsApp® e do questionário

final permitiram mapear tanto fatores limitadores à participação e produção, quanto identificar o que movia os participantes a aderirem à proposta do Laboratório de Ideias.

Algumas colocações dos participantes agruparam-se em torno de problemas relativos à adequação da tarefa à rotina normal de trabalho. A falta de tempo para se dedicar mais à tarefa foi a principal queixa, conforme relatos coletados no WhatsApp®. Por outro lado, buscava-se solucionar a restrição de tempo utilizando horários alternativos, como no início da manhã, antes de iniciar a jornada de trabalho,

como exibido na fala de um sujeito experimental: “este programa está disponível 24h??? Pq teríamos a possibilidade de fazer as atividades cedinho, antes de sair p o trabalho!!!” (RelatWA7).

A figura 84 exibe o resultado da análise dos principais registros relacionados à adequação da tarefa à rotina normal de trabalho.

Figura 84 – Dificuldades de adequação da tarefa experimental à rotina de trabalho.

Fonte: extraído da análise do Atlas.ti® em 21/07/2015.

Em adição, alguns registros de dificuldades em realizar a tarefa foram agrupados sob o tema limitações da TI, como a ausência de rede, principalmente em setores de viagem, e com o tablet, que não funcionava. A figura 85 ilustra a análise nesse contexto.

7 RelatWA refere-se ao relatório gerado a partir das conversas mantidas pelo WhatsApp® com os

Por outro lado, a estabilidade dos números representativos de geração de ideias nos três últimos desafios demonstrou que algo impulsionava os participantes e os movia para alcançarem o objetivo proposto.

Figura 85 – Dificuldades com recursos de TI para a realização das tarefas experimentais.

Fonte: extraído da análise do Atlas.ti® em 21/07/2015.

Decidiu-se, então, ainda apurar o que é que movia esses sujeitos a participarem do Laboratório de Ideias. Um respondente, durante uma conversa no WhatsApp®, mencionou que estava “amando tudo isso” (RelatWA). Interessante ressaltar que a pesquisadora tentou montar, junto com a empresa que sediou o quase-experimento, um esquema de premiação, mas que não foi concretizado. Mesmo assim, os participantes que aderiram com mais engajamento, o fizeram mediante a fixação de objetivos pessoais que expressaram significados próprios, conforme visto nos excertos do questionário pós-experimento. Os diversos motivos da atividade dão à ação um sentido pessoal diferente para cada ator no contexto da atividade a ser realizada (KAPTELININ, 2014). E foi isso que se constatou ao observar os dados elencados na figura 86.

O tom das falas registradas nessa figura apresenta diferentes nuances, que foram categorizadas em: plataforma colaborativa, oportunidade, desafio, cooperação e

responsabilidade. A cada categoria, relacionam-se trechos codificados extraídos da análise do questionário pós-experimento.

Tais registros evidenciam a ligação intrínseca entre a necessidade do indivíduo e o motivo que incita a interação com o mundo (KAPTELININ; NARDI, 2006), neste caso, a estrutura constituída no Laboratório de Ideias.

Cada participante apreendeu, de fato, os desafios mediante as necessidades individuais, promovendo um movimento em relação à realização das tarefas estabelecidas.

Figura 86 – Motivação individual durante o Laboratório de Ideias.

Fonte: extraído da análise do Atlas.ti® em 21/07/2015.

Diante das restrições que dificultavam o empenho às tarefas experimentais e dos motivos que instigavam os participantes a perseverarem, constatou-se que, de fato, conseguiu-se constituir um ambiente quase-experimental tão próximo da realidade natural dos participantes, que o desenho experimental foi inserido e se confundia com a rotina natural dos sujeitos experimentais.

Por outro lado, o desenho do experimento pareceu também afetar a produtividade dos grupos, destacando-se o tempo designado para a execução da tarefa e a repetição da tarefa.

A percepção dos grupos é que houve pouco tempo para executarem a tarefa de cada desafio, prejudicando o processo criativo e deixando alguns preocupados, conforme exibido na figura 87.

Figura 87 – Menções dos sujeitos sobre o tempo para execução das tarefas experimentais.

Fonte: extraído da análise do Atlas ti® em 21/07/2015.

A repetição das tarefas também apareceu na fala de alguns sujeitos do questionário pós-experimento que perceberam esse fato como algo não contributivo para a produtividade do grupo, conforme previsto nas ameaças previstas à execução de projetos experimentais (COOPER; SCHINDLER, 2011), conforme já elucidado nos cuidados metodológicos. Isso também pode ter ocasionado certo aprendizado do grupo em relação às tarefas, provocando acomodação em cada desafio subsequente.

Ademais, a pesquisa evidenciou a atuação dos participantes que agiram com autonomia, capacidade de regulação e coordenação, conforme previsto por Bannon (1991). De acordo com o objetivo proposto para o Laboratório de Ideias, que fora apropriado de modo pessoal por cada participante, observou-se que cada um buscou remodelar a rotina estabelecida, à sua maneira, buscando se apropriar da estruturação embutida no B2i, artefato mediador das ações dos indivíduos.