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REALIZAÇÃO DE METAS

3.6 Tecnologia da informação e seu direcionamento a grupos

3.6.3 Sistemas computadorizados para apoio a grupos

As pesquisas no campo de sistemas de suporte ao trabalho em grupo datam dos anos 1960, com o desenvolvimento do sistema denominado on-line system (NLS), em hipertexto, que oferecia um ambiente integrado para processamento de ideias dispondo de funcionalidades3 demandadas pelo trabalho em grupo, tais como: e-mail, videoconferência, ajuda on-line, janelas de interação, processador de texto e uso de

hiperlinks (ENGLEBART, 1962; TAPSCOTT; CASTON, 1995). A partir de então,

um eixo de pesquisas e desenvolvimento das funcionalidades de TI focou no apoio ao trabalho em grupo.

Greif (1988) e Grudin (1994) citam que, na década de 1980, criou-se o termo

computer supported cooperative work (CSCW) para rotular o trabalho de amparar a

execução de atividades coordenadas assistidas por computador, como comunicação e solução de problemas, levada a cabo por um grupo colaborativo de indivíduos.

CSCW, no entanto, também pode ser definido como um termo geral que combina entendimento do modo como as pessoas trabalham em grupo com tecnologias de redes de computadores, associadas a hardware, software, serviços e técnicas (WILSON, 1991).

A seu turno, a literatura também brinda as hostes de mercado com a sugestiva nomenclatura de sistemas de apoio à decisão em grupo (SAD-G), direcionados para as necessidades de decisão dos grupos, com funcionalidades como: salas de decisão, votação, ponderação e fundamentação estatística para simulações e construção de cenários (TURBAN; ARONSON; LIANG, 2006; MATHIYALAKAN, 2008).

No aspecto tecnológico, os sistemas que apoiam o trabalho em grupo são tratados como um conjunto de tecnologias e ferramentas denominadas groupware. Ellis, Gibbs e Rein (1991) definem groupware como sistemas baseados em computador que apoiam grupos de pessoas engajadas em tarefas comuns (ou

3 Uma funcionalidade, no contexto de desenvolvimento de sistemas, refere-se aquilo que um software

pode fazer. Ela decorre do levantamento de requisitos e se materializa em tarefas que usuário poderá executar por meio do sistema (SOMMERVILLE, 2013).

objetivos), provendo interface para um ambiente compartilhado. Esse software contribui, segundo Koch (2008), para a redução do isolamento dos usuários, provendo a percepção dos co-trabalhadores e de suas atividades, fazendo com que os usuários se considerem parte do grupo.

Também é nessa trilha, que surgiram os já mencionados group support systems que são sistemas de computação e de comunicação designados para apoiar o trabalho em grupo (TURBAN; ARONSON; LIANG, 2006). Esses sistemas facilitam a comunicação, coordenação e tomada de decisão, estruturando os processos do trabalho em grupo.

Liou e Chen (1993) já noticiavam que os GSS foram desenvolvidos com o intuito de mitigar as perdas dos processos que não seguiam uma estrutura organizada, permitindo também que os membros de um grupo participassem de forma equilibrada e constante, ao evitar ocorrências de dominância de um membro, pressão social, inibição da expressão e outras dificuldades comuns encontradas em grupos, as quais, como se verá, foram recriadas no experimento efetuado. Além disso, e, ao mesmo tempo, viabilizava-se o aumento da eficiência e da qualidade dos resultados finais.

Em síntese, conforme destacou Mathiyalakan (2008), o uso de sistemas de suporte ao trabalho em grupo traz benefícios às organizações que aderem a essa tecnologia, tais quais: reuniões, treinamentos e aprendizado em qualquer horário e em qualquer lugar; redução de perdas que ocorrem em processos de comunicação face-a- face; suporte avançado para a comunicação, informação e decisão; redução de custos; melhoria na produtividade; integração dos processos e das pessoas; amplitude de coordenação das tarefas; redução do tempo na realização das atividades; apoio aos parceiros e clientes do negócio, conforme exibido no quadro 8.

Quadro 8 – Efeitos do uso de group support systems em organizações. Benefícios às organizações aderentes à tecnologia Redução de perdas que ocorrem

em processos de comunicação face-a-face

Suporte avançado para a comunicação, informação e decisão

Reuniões, treinamentos e aprendizado em qualquer horário e em qualquer lugar

Redução de custos Apoio aos parceiros e clientes do negócio

Integração dos processos e das pessoas

Redução do tempo na realização das atividades

Amplitude de coordenação das tarefas

Melhoria na produtividade

Desta maneira, as promessas de benefícios mostram-se tentadoras, mas a tecnologia per si não é suficiente para tal feito, como dizia Venkatraman (1994). Por isso, há de se pensar numa conjugação das dimensões que compõem o universo da TI a fim de estruturar o sistema de suporte a grupos, dando-lhe as funcionalidades necessárias para que a promessa seja cumprida.

Com base em pesquisas precedentes no campo de GSS e mirando a orientação de pesquisas futuras frente às mudanças no campo de TI, Mathiyalakan (2008) destacou aspectos dominantes no processo de desenvolvimento e estruturação de um GSS com enfoque na colaboração eletrônica, relacionando TI, grupo e processo.

Os aspectos de TI referem-se ao projeto do sistema, ao kit de ferramentas de tecnologia apropriado e relevante para compor o sistema e à aderência da tarefa à tecnologia. Já sobre os aspectos de grupo, o autor citado no parágrafo anterior aborda questões referentes ao tamanho do grupo, à estrutura de status e poder, às normas e à história do grupo. Por último, os aspectos de processo que se referiam à formação, desenvolvimento e mudanças no padrão de comportamento do grupo, sugerem a importância de se ter um embasamento na performance longitudinal de grupos organizacionais, para que se tenha uma referência mais próxima da realidade. A figura 42 ilustra sinteticamente os aspectos tratados.

Figura 42 – Aspectos básicos para o desenvolvimento e estruturação de um GSS.

Fonte: baseada em Mathiyalakan (2008).

Esse percurso, trilhado por pesquisadores e desenvolvedores de sistemas no campo de apoio da TI ao trabalho em grupo, ainda evolui sistematicamente. O advento da web 2.0 trouxe novas possibilidades e funcionalidades que ampliaram a

abrangência desses sistemas com diferentes denominações. Todavia parece que há certa tendência a se canalizarem para uma abordagem mais social, com a denominação de software social (KOCH, 2008).

Pimentel e Fuks (2011) chamam esses novos sistemas sociais de sistemas colaborativos (SC) e declaram que essa denominação representa uma fusão das correntes de groupware e CSCW, e inclui o apelo tecnológico e social em um conjunto de funcionalidades que prometem apoiar à colaboração.