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REALIZAÇÃO DE METAS

5 Resultados do estudo

5.2 Visão geral das reuniões com o grupo de controle

As reuniões para geração de ideias com o grupo de controle ficaram restritas a um encontro que durava 1 hora numa sala de reuniões, devido a restrição de deslocamento dos propagandistas para o local escolhido, bem como para minimizar a ausência daqueles do trabalho, a fim de não lhes prejudicar a produtividade laboral real.

Tal situação espelha-se naquela que foi explicitada por Paulus, Korde e Dickson (2015), que mencionaram que a pesquisa no ambiente natural de trabalho suscita resistência dos gestores e empregados por prejudicar a produtividade.

Na pesquisa, isso foi mais percebido pelo gestor, participante do grupo de controle, que demonstrou preocupação em retirar membros da sua equipe do ambiente de trabalho para participarem da reunião presencial com fins de ideação.

No entanto, durante a seção de geração de ideias, o grupo demonstrou motivação e disposição para cumprir as tarefas propostas.

Sempre no início de cada desafio, foi compartilhado com o grupo um script impresso, exibido na figura 80, que informava a estrutura do encontro.

Figura 80 – Script da seção presencial de geração de ideias no grupo de controle.

O script foi lido e os tópicos explicados antes do início da fase individual de geração de ideias que durou, em média, 20 minutos.

Na fase individual, cada participante foi direcionado para gerar ideias, sem limite de quantidade, e anotá-las em uma folha de post-it, com algumas similaridades do método brainwritting (PAULUS; YANG, 2000; BROWN; PAULUS, 2002). Percebeu-se, por observação in loco, uma preocupação intensa em gerar uma grande quantidade de ideias. Alguns até comentavam satisfeitos que estavam inspirados, enquanto outros resmungavam que estavam sem criatividade. Nitidamente, os participantes eram afetados pelo que conseguiam observar dos colegas, fato não desejado para esta fase específica do processo de ideação que deveria concentrar-se apenas no indivíduo, conforme já preconizavam Paulus e Yang (2000) e fora implementado no B2i.

Outra evidência foram os momentos de dispersão que aconteciam. O participante que acabava antes dos outros tecia comentários, perguntava se alguém queria café, dentre outras interferências. Novamente, ações assim, prejudicavam aquele momento que estava designado para ser uma orientação mais individual.

O ambiente não favoreceu a uma imersão mais subjetiva dos participantes, também o tempo disponível para a tarefa demonstrou não ser suficiente, pois os sujeitos do grupo de controle foram instados a gerar ideias em horário pré-

estabelecido, sem outras possibilidades de execução, fato que não favorece tarefas deste tipo.

Tais constatações podem justificar a topificação das ideias geradas por esse grupo, ou seja, a produção das ideias que se restringiam a frases curtas sem o aprofundamento desejável.

Na fase em grupo, cada um leu as suas ideias e fixou na parede que serviria de mural, conforme registra a figura 81. Neste momento, notou-se que o grupo já começava a refletir sobre as ideias e a tentar agrupá-las. Houve momentos de discussão e defesa de posição, principalmente por dois indivíduos que se destacaram em termos quantitativos de produção, conforme será visto mais adiante.

Figura 81 – Postagem e compartilhamento de ideias geradas na fase individual no grupo de controle.

Fonte: documentação do experimento.

Os bloqueios de produção não foram mensurados objetivamente, mas foi possível perceber que houve foco nas informações fundamentadas em experiências que os participantes compartilhavam, ao invés do desenvolvimento de novas perspectivas, em função de se concentrarem nas ideias já produzidas. Essa constatação alinha-se às constatações de McGrath (1984), que mencionara que os grupos de trabalho tendem a enfatizar a uniformidade de pensamentos, sentimentos e comportamento dos outros, concentrando-se em informações que têm em comum.

Também se percebeu que dois integrantes demonstraram leve inibição em se posicionarem, considerando a posição mais ativa dos outros dois membros, o que pode se configurar como um indício de bloqueio à produtividade, disfunção que permeia o trabalho grupal e prejudica a produtividade.

Interessante foi a forma que o grupo apreendeu a ideia de mesclar ideias. O movimento percebido era de que eles tentavam agrupar ideias por temas e, em seguida, rotulá-las, mas não as relacionar e gerar uma ideia nova. Eles buscavam ideias que apresentavam mesmo significado e juntavam sob um rótulo, conforme destacado na figura 82 sob o nome de ideias mescladas, ou seja, o grupo criou o seu próprio processo alternativo de geração de ideias.

Figura 82 – Painel formado com as ideias geradas após momento compartilhado com o grupo.

Nesse caso, as ideias eram agrupadas e sobre elas era fixada uma folha de

post-it rosa claro que registrava o título do agrupamento. A figura 83 mostra um

agrupamento de 4 ideias sob a chancela de um título arbitrado pelo grupo, muitas vezes sob influência mais forte de participantes mais imponentes.

Acrescenta-se também que, a medida que os desafios aconteceram, percebeu- se uma integração maior do grupo, um maior domínio e conhecimento do processo a que se submeteriam e, consequentemente, maior dispersão, processo natural de desenvolvimento do grupo em função do tempo desempenhando uma tarefa. A incidência de conversas paralelas a respeito de assuntos típicos de trabalho foram se tornando mais insistentes, denotando que a falta de uma estruturação maior do

processo, como aquela embutida em um SC, favorece a uma maior liberdade aos participantes e desvio da rota a seguir.

Figura 83 – Ênfase no agrupamento de ideias.

Fonte: documentação do experimento.

Em adição, a falta de tempo para uma dedicação mais distribuída e processual para cada fase do desafio, aliada à necessidade imposta, gerar ideias numa estrutura pré-definida e naquele período determinado, foram elementos determinantes à formação da percepção da pesquisadora sobre o resultado final de cada desafio nos grupos de controle.