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4.3 A opção pela abordagem qualitativa: a definição dos sujeitos e

4.3.1 Sujeitos da pesquisa: quem são eles e como foram selecionados?

Inicialmente havia uma projeção para focalizar apenas um segmento de sujeitos, mas após iniciar a análise da coleta de dados houve necessidade de ampliação que permitisse trazer referentes sobre o envolvimento da instituição na caminhada formativa do docente. Dessa forma, os sujeitos foram: docentes iniciantes na educação e gestores vinculados às ações de formação docente: Diretora de Ensino (DRENS/PROEG); Chefe da Divisão de Formação Docente e Apoio ao Discente (DIFDAD); Coordenadora de Apoio ao Docente e Discente (CADD); Pedagoga (CADD); e Chefe da Divisão de Capacitação e Acompanhamento de Desempenho de Carreira (DICADC/PROGEP). Para selecioná-los, segui como critério:

A) Docentes iniciantes na educação

A partir dos estudos e publicações acerca do professor iniciante, encontrei diferentes denominações: novato, novel, principiante, inexperiente, jovem, novo, aprendiz. Concordo com Feldkercher (2015, p. 66), ao considerar como professor universitário iniciante “[...] o docente da educação superior que inicia seu trabalho de ensino nesse nível e, portanto, tem pouco tempo de trabalho nessa profissão”. A autora ressalta, ainda, a partir das definições de professor iniciante, apresentadas por Bozu (2010, p. 66), que “a graduação do professor iniciante não o preparou para a docência superior; formou-o para a atuação em uma área profissional específica, ou para a atuação no magistério em escola básica”.

Apesar de alguns autores, como Marcelo Garcia (2008) e Bozu(2010), considerarem como iniciante o docente que possui até cinco ou sete anos de experiência, optei por seguir a delimitação de Feldkercher (2015) que define, alinhada com Feixas (2002, p. 67), o professor universitário iniciante como “aquele que possui, no máximo, três anos de experiência docente”. E, ainda, que “pode ocorrer de esse professor universitário iniciante não possuir nenhuma experiência profissional, sequer em sua área de formação” (p. 67).

Quando me predispus a olhar, apenas, para os professores iniciantes na profissão, foi por entender que, sem experiências profissionais anteriores e com poucos conhecimentos sobre a prática docente, esse professor pode sentir-se

desprotegido, solitário e sem competência para desenvolver a prática docente. Entende-se que

É na iniciação à docência que o professor universitário se dará conta de que saber é diferente de saber ensinar e de que para ser professor não lhe basta dominar o conteúdo. Durante os primeiros anos de docência, os professores terão de compreender melhor o conhecimento específico que dominam, terão de estudar novamente o conteúdo, reconstruí-lo para torná- lo ensinável, torná-lo compreensível ao aluno (FELDKERCHER, 2015, p. 69).

É na iniciação à docência que ocorre a afirmação ou a negação profissional docente. Aqueles que continuam na carreira, que se preocupam, comprometem-se e envolvem-se no seu desenvolvimento profissional. Vão aos poucos criando um estilo próprio para a docência e conseguem ir distanciando-se da insegurança, da incerteza e do despreparo, pois passam a assumir a docência como sua profissão, mesmo sendo oriundos de diferentes áreas de formação.

Assim, para efeito desta pesquisa, priorizei os docentes com os seguintes perfis:

a) Serem oriundos dos cursos de graduação, graus29 licenciatura ou bacharelado, por considerar que nos cursos de grau licenciatura o docente tem

contato com disciplinas de cunho pedagógico e é possível verificar que influência tem, ou não, esses conhecimentos para o início da docência. Já nos cursos de grau bacharelado, os docentes não têm contato com essas disciplinas, sendo o momento do desenvolvimento das ações de formação a oportunidadede aprendizagens nesse sentido.

b) Professores do Ensino Superior, de diferentes áreas do conhecimento, que ingressaram na Unifesspa, no período de julho de 2014 a julho de 2017, e que tenham, no máximo, três anos de experiência como docentes, no momento da coleta de dados, por considerá-los iniciantes na profissão.

c) Professores que tenham, no mínimo, um semestre letivo de experiência como docente na educação superior, por considerar que, após esse período, os docentes já tiveram contato inicial com as atividades de sala de aula e poderão ter maior clareza do que buscar/encontrar nas ações de formação continuada. Esse é o

29 De acordo com o instrumento de avaliação dos cursos de graduação presencial e a distância

publicados pelo INEP/MEC, os cursos possuem “graus de tecnólogo, de licenciatura e de bacharelado para a modalidade presencial e a distância” (BRASIL, 2015, p. 2).

período que, para os professores iniciantes, de acordo com a literatura30 que versa

sobre o assunto, surgem dúvidas, angústias, desafios, expectativas que podem ser trazidas para as discussões do grupo e contribuírem para as reflexões futuras.

Visando obter informações iniciais que pudessem balizar e indicar a viabilidade dessa pesquisa, realizei algumas buscas iniciais na PROGEP, PROEG e DIFDAD.

Delimitando o período de julho de 2014 a julho de 2017, busquei dados na PROGEP/Unifesspa e constatei que ingressaram na instituição, nesse período, 204 docentes. Desse total, foi possível verificar que o Instituto de Geociências e Engenharia (IGE) obteve o maior número de professores ingressantes, totalizando 40 docentes. A justificativa está no fato de que, neste instituto, foi criado o maior número de cursos novos, após o desmembramento da UFPA.

Considerando as características para compor o perfil dos sujeitos para esta pesquisa, os dados obtidos ainda não me permitiam delimitar os possíveis sujeitos para ela, pois não era possível obter informação de quantos e quais docentes poderiam ser caracterizados como iniciantes, baseado nos referentes teóricos que tomei. Então, realizei nova busca na DIFDAD e constatei que, dos 204 docentes que ingressaram no período delimitado, 15 disseram não ter tempo de experiência docente antes de ingressar nessa instituição, considerando a Educação Superior e os demais níveis, etapas e/ou modalidades da educação. Isso pode significar que nem todo docente ingressante31, no ensino superior público, pode ser considerando

docente iniciante na profissão.

De posse dessa nova relação de docentes, busquei o Currículo Lattes32 de

cada professor. Nessa análise, selecionei aqueles que atendiam ao perfil que tracei para esta pesquisa, totalizando 10 professores. Do total de 15 docentes que diziam não ter experiência docente na pesquisa realizada pela PROEG, 05 já haviam sido professores substitutos por, no mínimo, um semestre.

30 Feixas (2002), Marcelo Garcia (2009), Bozu (2010), Cunha (2010), Zanchet (2012), Stivanin (2013),

Feldkercher (2015) dentre outros.

31 Entendo por professor ingressante aquele que está iniciando a docência no ensino superior ou na

Unifesspa, porém pode possuir experiência como docente em outro nível/etapa/modalidade da educação e em outra instituição. Já o professor iniciante é aquele que está começando as atividades na profissão, sem antes ter tido qualquer experiência como docente em outro nível/etapa/modalidade da educação, em qualquer outra instituição.

32 Cadastrados na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Obtive com a PROEG os contatos de e-mail e telefone dos 10 professores selecionados e fiz o primeiro contato via WhatsApp33, quando confirmei os dados do

perfil de cada um deles, expliquei a pesquisa e fiz o convite como colaboradores. Todos os 10 professores aceitaram participar da pesquisa prontamente34, conforme

tabela a seguir:

Quadro 1 – Caracterização dos docentes iniciantes colaboradores com a pesquisa.

33 WhatsApp Messenger é um aplicativo gratuito para a troca de mensagens, disponível para Android

e outras plataformas. Disponível

em:<https://play.google.com/store/apps/details?id=com.whatsapp&hl=pt_BR>.Acesso em: 05 fev. 2018.

34 Importante ressaltar que à medida que se colocavam a disposição para colaborar com essa

pesquisa, cada professor sublinhava que a sua prontidão e disponibilidade se ancorava, principalmente, pelo entendimento do momento que eu estava vivendo como pesquisadora, pois estiveram nessa situação, enquanto estudantes da pós-graduação stricto senso. Fato que considero justificar o aceite dos dez professores convidados.

35 O tempo de docência foi computado de acordo com o período em que a entrevista foi realizada,

incluindo o pré-teste: março/2017 (Flávia e Lúcia); abril/2017 (Jorge, Frederico, Felipe, Paulo, André e Denise); e setembro/2017 (Cássia e Marcos).

NOME IDADE FORMAÇÃO INGRESSO

NA IES

TEMPO DE35 DOCÊNCIA

FACULDADE

Bacharelado 1) Flávia 38 anos Graduação:

Bacharelado em Física (2005). Mestrado Física/UNESP (2008). Doutorado: Física/UNESP (2013). Pós-Doutorado: 2015

03/2016 01 ano Faculdade de Engenharia da Computação e Energia

Elétrica (FACEEL)/ Instituto de Geociências e Engenharias

(IGE)

2) Jorge 36 anos Graduação: Engenharia de Materiais (2004-2014 a 2015 – revalidado no Brasil) Mestrado: Engenharia Metalúrgica/USP (2009) Doutorado: Engenharia Metalúrgica/USP (2015)

04/2016 01 ano Faculdade de Engenharia de Materiais

(FEMAT)/ Instituto de Geociências e Engenharias

(IGE)

3) Frederico 28 anos Graduação: Engenharia Elétrica (2010/2011) Mestrado: Engenharia Elétrica/UFRJ (2015) 01/2016 01 ano e 03 meses Faculdade de Engenharia da Computação e Energia Elétrica (FACEEL)/ Instituto de Geociências e Engenharias (IGE) 4) Felipe 36 anos Graduação: Engenharia

Química (2007) Mestrado: Eng. Mecânica (Materiais e Processos de Fabricação)/UFPA (2010) Doutorado: Eng. Mecânica (Materiais e Processos de Fabricação)/UFU (2014) 07/2015 01 ano e 08 meses Faculdade de Engenharia de Materiais (FEMAT)/ Instituto de Geociências e Engenharias (IGE)

5) Paulo 30 anos Graduação: Engenharia Elétrica (2010) Mestrado: Engenharia Elétrica: Sistemas de Energia/UFPA (2014) 07/2014 02 anos e 08 meses Faculdade de Engenharia da Computação e Energia Elétrica (FACEEL)/ Instituto de Geociências e Engenharias (IGE)

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados no Currículo Lattes e confirmados na entrevista com os colaboradores.

Respeitando o gênero, identifiquei-os com nomes fictícios, para preservar suas identidades.

Assim, foi possível estabelecer algumas características da amostra:

 O tempo de experiência no magistério variou entre 06 meses a 02 anos e 08 meses.

 04 sujeitos do sexo feminino e 06 sujeitos do sexo masculino.

 03 professores são oriundos do estado do Pará e 07 são oriundos de outros estados/regiões.

 03 professores possuem pós-doutorado, 05 têm doutorado e 02 têm mestrado;

 05 professores atuam na área de engenharia e os outros 05 atuam na área de ciências exatas e da terra.

6) Cássia 30 anos Graduação: Bacharel em Matemática (2011) Mestrado:

Matemática/UFF (2013) Doutorado: Matemática Aplicada/UNICAMP (2017)

03/2017 06 meses Faculdade de Matemática (FAMAT)/

IEA – Campus de Santana do Araguaia

7) Marcos 37 anos Graduação: Bacharel em Matemática (2010) Mestrado:

Matemática/UFF (2013) Doutorado: Matemática Aplicada/UNICAMP (2017)

03/2017 06 meses Faculdade de Matemática (FAMAT)/ IEA - Campus de

Santana do Araguaia

Licenciatura 8) André 29 anos Graduação: licenciatura

Plenaem Química (2009). Mestrado: Química Analítica/UFPR (2012) Doutorado: Química Analítica/UFPR (2015) Pós-Doutorado: 2016

4/2016 01 ano Faculdade de Química (FAQUIM)/ Instituto de

Ciências Exatas (ICE)

10) Lúcia 33 anos Graduação: Física – Licenciatura (2008). Mestrado: Física/UFRN (2010). Doutorado: Física/UFRN (2014). Pós-doutorado: Física (2016)

05/2016 10 meses Faculdade de Física/ Instituto de Ciências Exatas

(ICE)

Bacharelado/Licenciatura 9) Denise 37 anos Graduação: Bacharel

em Engenharia Química Industrial (2005) Graduação: Licenciatura Plenaem Química (2014) Mestrado: Engenharia de Materiais/UFCG (2009) Doutorado: Engenharia de Materiais/UFCG (2013)

4/2016 01 ano Faculdade de Engenharia Química/ Instituto de Geociências e Engenharias

 A idade dos sujeitos variou entre 28 e 38 anos.

 O período como acadêmico variou entre 2004 e 2017, revelando que a maioria dos docentes realizou em uma sequência graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Para essa pesquisa, ainda considerei importante saber se o professor exercia atividade profissional anterior à docência e obtive como retorno:

Quadro 2 – Participação dos colaboradores em monitoria na graduação, estágio de

docência na pós-graduação e experiência profissional anterior a docência.

PROFESSOR MONITORIA NA

GRADUAÇÃO

ESTÁGIO DE DOCÊNCIA EXPERIENCIA

PROFISSIONAL

Flávia Sim, por 02 anos. Sim, por 06 meses Não

Jorge Sim, por 06 meses. Sim, 01 disciplina. Sim.

Empresas (04 anos) e Instituto de Pesquisa (06 anos)

Frederico Não Não Não

Felipe Não Sim, no mestrado e

doutorado.

Não

Paulo Não Não Não

Cássia Sim. 5 semestres Sim (mestrado: 02 semestres

e doutorado: 03 semestres)

Não

Marcos Sim. 6 semestres Sim (mestrado: 02 semestres

e doutorado: 03 semestres)

Não

André Não Não Não

Lúcia Não Sim, 01 disciplina Não

Denise Sim Sim, 02 disciplinas Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados na entrevista com os docentes

 Sobre a realização de monitoria na graduação, 05 professores disseram ter tido essa experiência.

 Quanto ao estágio de docência, apenas 03 professores não o desenvolveram no período do mestrado e/ou doutorado; 03 professores afirmaram ter realizado essa atividade por 05 semestres, sendo 02 no mestrado e 03 no doutorado.

 Todos os professores confirmaram não ter tido nenhuma experiência docente antes do ingresso na Unifesspa, enfatizando a opção pela docência após concluir o percurso acadêmico e atender ao pré-requisito necessário para o ingresso na profissão.

 Apenas 01 professor confirmou ter experiência profissional por 04 anos (paralelo a graduação e após a graduação) e 06 anos em sua área de formação e pesquisa (após o mestrado e paralelamente ao doutorado).

B) Gestores

Foram convidados para participar deste estudo os gestores que estavam no cargo na época da coleta de dados e que estavam vinculados às ações de formação docente, a saber:

 Diretora de Ensino (DRENS/PROEG)

 Chefe da Divisão de Formação Docente e Apoio ao Discente (DIFDAD).

 Coordenadora de Apoio ao Docente e discente (CADD).

 Pedagoga (CADD).

 Chefe da Divisão de Capacitação e Acompanhamento de Desempenho de carreira (DICADC/PROGEP).