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A SELEÇÃO DOS GRÃOS – OS PARTICIPANTES DO PROCESSO

O MOVIMENTO DOS GRÃOS DE AREIA NA FORMAÇÃO DA ROCHA

3.4 A SELEÇÃO DOS GRÃOS – OS PARTICIPANTES DO PROCESSO

Adotando as novas tecnologias de informática em minha prática pedagógica, optei por enviar um convite de participação voluntária, via correio eletrônico (e-mail) a todos os alunos que já haviam vivenciado o Jogo de Areia no ambiente da sala de aula, em alguns casos, em sua prática pedagógica como educadores, ou seja, alunos do 3º; 4º, 5º e 6º períodos do Curso de Geografia, do 5º e 6º períodos do Curso de Física e do 6º período do Curso de Espanhol, todos matriculados no IFRN.

Para muitas pessoas as interações virtuais são destituídas de afetividade e os contatos pelo correio eletrônico podem significar distanciamento do sujeito. Porém, tenho observado que essa forma de interação pode criar um campo energético de aproximação e de preparação para os contatos com mais proximidade corporal, como defende Moraes (2004, p. 259) sobre as tecnologias de informação e comunicação, elas possibilitam o “aumento do fluxo de informações, da interatividade, a ampliação e o rompimento de barreiras do tempo e do espaço escolar”.

Os participantes reagiram positivamente a essas interações e se sentiram confortáveis e abertos para o fluxo de informações e também para dar continuidade ao canal comunicacional aberto.

Em minha prática pedagógica, como educadora de uma instituição técnica, as novas tecnologias permeiam o processo pedagógico, sendo que o computador figura entre os artefatos tecnológicos mais utilizados na instituição. O diferencial está em usar o computador e suas múltiplas possibilidades, de forma a não distanciar o ensinar do aprender, valorizando as relações humanas.

Neste sentido, concordamos com Moraes (2005, p. 219) quando ela fala a respeito destes novos instrumentos na educação “que colaborem para fazer o ritual de passagem de uma era para a outra, como facilitadores das relações, das interações, para que os mais diferentes diálogos possam ser estabelecidos”.

Após o envio dos correios eletrônicos, experimentei uma sensação de angústia devido às minhas expectativas à receptividade das pessoas e várias possibilidades se desenharam em minha mente. Questões como: Haveria interessados? Quantos responderiam ao convite? Essas pessoas se sentiriam a vontade em serem investigadas? E se ninguém aceitasse ao convite? E se respondessem somente aqueles que eram meus alunos e, portanto, se sentissem na “obrigação” de participar da pesquisa?

Esta sensação me acompanhou desde o momento em que foi pensada esta estratégia de abordagem até o momento em que recebi os primeiros correios eletrônicos (e-mails) de confirmação de aceitação do convite. E foi com alegria e entusiasmo que abri os e-mails e os li com curiosidade e já com o olhar investigativo de pesquisadora, atenta ao perfil de cada participante.

Assim, para a execução dessa pesquisa foram enviados correios eletrônicos para 40 alunos. O texto que foi enviado falava sobre a temática da pesquisa, a metodologia a ser adotada nas vivências e o tempo de duração da pesquisa.

Desses, vinte e dois alunos responderam ao correio eletrônico confirmando o interesse em participar da pesquisa. As características dos participantes que responderam ao correio eram bem parecidas em um contexto mais global, pois todos eram alunos da licenciatura de Geografia do 3º, 5º e 6º períodos. Oito alunos do sexto período; cinco alunos do quinto período e dez alunos do terceiro período. Após as primeiras vivências o grupo ficou delimitado com dezessete alunos da Licenciatura de Geografia dos 3º e 6º períodos além do professor de Geologia e a estudante de letras, externa ao IFRN, totalizando 19 participantes.

Para participar do grupo foi convidado um professor do Curso Técnico de Mineração, formado em Geologia, que estava próximo da aposentadoria, mas que usa em sua prática educativa estratégias de ensino vivenciais e que havia passado ao longo de sua vida por várias reformas e mudanças na formação de técnicos. Outra participante foi uma recém-formada em Letras, na disciplina de Francês, formada em uma universidade de outro estado do Brasil, que se interessou em conhecer e vivenciar o Jogo de Areia.

A partir da definição do grupo, foi marcado o primeiro encontro para negociação dos horários, local e período em que aconteceriam os encontros vivenciais. Ficou definido que as vivências seriam semanais, nas segundas-feiras, com duração média de três horas. Todos os participantes foram solicitados a ler e, se de acordo assinar o termo de consentimento de participação na pesquisa (Anexo A).

Cada um dos participantes foi considerado como um grão formando o arenito. Cada um com sua especificidade e forma de ser e estar no mundo. Com base nas características de cada mineral e as dos participantes, reveladas ao longo da pesquisa, eles receberam um codinome (Anexo B).

Conhecer cada um dos participantes da pesquisa foi possível por meio do Jogo de Areia, que tem a característica de fazer o outro se abrir para o mundo e se colocar diante da vida como sujeito que sente, se emociona, cria e convive.

As vivências tiveram início no mês de abril 2009 e encerram-se em março de 2010. Aconteceram algumas interrupções das vivências presenciais ao longo do tempo e ocorreram interações virtuais através do correio eletrônico. Durante a escrita do texto da tese, outras vivências aconteceram, via correio eletrônico. As vivências presenciais aconteceram no laboratório de Recursos Naturais do IFRN, em dois ambientes preparados especialmente para que os participantes pudessem ficar a vontade e se sentirem próximos uns dos outros, acolhidos, aceitos, livres para devanear e experienciar a ludicidade, a criatividade, e deixar aflorar a sensibilidade nas vivências com o Jogo de Areia.