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O MOVIMENTO DOS GRÃOS DE AREIA NA FORMAÇÃO DA ROCHA

3.6 INTERAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DOS GRÃOS

Para alcançar os objetivos da pesquisa foram organizados encontros vivenciais presenciais e virtuais. Algumas interações foram feitas via correio eletrônico. Inicialmente vivências virtuais e presenciais e, posteriormente, outras vivências virtuais aconteceram, no sentido de colher depoimentos e impressões dos participantes. As vivências seguem descritas abaixo.

Primeira vivência: “Um olhar sobre si: revelações das imagens”

Pelo correio eletrônico os participantes da pesquisa foram convidados a enviar uma imagem que o representasse naquele momento de suas vidas. As fotografias deveriam ser encaminhadas com um texto que justificasse o motivo da escolha da imagem. As fotografias foram reveladoras e contextualizaram o espaço vivencial dos

participantes e sua relação consigo, com o outro e com a natureza, dando indicativos de seu processo de autoformação.

Segunda vivência: “Pedras, areia e espaços: o lugar do cuidado e das emoções” Depois da preparação e acolhimento dos alunos, ficamos sentados em círculo e iniciamos falando sobre o cuidado e sua importância para a autoformação humana. O quanto é importante o cuidado para o despertar da humanescência, que é o centro da teia da corporeidade. Fizemos a leitura da fábula-mito do cuidado de Boff (2004), (Anexo D). Após a leitura fizemos uma reflexão sobre a importância do nosso corpo e corporeidade e dos sentimentos para nos tornarmos melhores e capazes de irradiar nossa energia.

Posteriormente, trabalhamos o texto do Pequeno Príncipe (Anexo E), de Antoine de Saint-Exupéry (1993), que nos fez refletir sobre a importância do cuidado a partir do ato de cativar. Ao se cativar um ser, estamos ganhando seu bem querer. O cativar é uma construção diária que desenvolve ao redor daquele que cuida um halo energético que alcança o que é cuidado, fortalecendo assim o campo energético entre quem cuida e quem é cuidado.

Em seguida, lemos o texto de um filósofo anônimo que fala das prioridades de nossa vida e como devemos organizar o nosso espaço para que caibam a pedras, pedregulhos e a areia (Anexo F).

No meio da roda foi colocado um recipiente de vidro e, ao lado, areia, água e seixos de quartzo com diferentes tamanhos. Fomos colocando dentro do vidro as pedras maiores, que deixaram o vidro cheio. Posteriormente colocamos os pedregulhos, que aparentemente encheu o vidro. Depois derramamos a areia, que preencheu os poros deixados pelas pedras e pedregulhos e, finalmente, adicionamos a água simbolizando nossas emoções. No segundo momento realizamos uma discussão sobre o cuidado, com as seguintes questões: O cuidado faz parte de sua vida? Como você tem se cuidado? Como você cuida do outro?

Terceira vivência: “O jogo de areia com as mãos encobertas: a tatilidade sendo revelada”

Foram disponibilizadas bandejas com areias de texturas e cores diferentes, conferidas pela granulometria e composição diferente, sendo solicitado que cada um dos participantes da pesquisa colocasse uma luva de látex e entrasse em contato com a areia.

Eles deveriam fechar os olhos e se entregassem ao fluxo emocional e às sensações táteis proporcionadas pela tatilidade. Posteriormente, foi solicitado que eles retirassem as luvas e de novo entrassem em contato com a areia para experienciar o contato direto da areia com a pele nua. E, para finalizar o encontro, cada um deveria falar sobre suas sensações ao contato com a areia.

Quarta vivência: “A percepção tátil mediada pela falta de visão”

Depois da preparação e acolhimento dos alunos, todos ficaram sentados em círculo com uma venda nos olhos, as luzes apagadas, uma música calma e, depois que estavam relaxados, foram disponibilizadas caixas com diferentes tipos de materiais para que eles pudessem experienciar as diferentes texturas de areias e outros substratos. As caixas continham areia de diferentes granulometrias, farelo de milho, grãos de feijão e arroz.

Quinta vivência: “As criações simbólicas de si, do outro e do universo vivencial” Nesse encontro investigamos as criações simbólicas de cada participante relativo a seu ser e estar no mundo, e também a forma como eles lidavam com os espaços diferenciados de montagem dos cenários. Eles deveriam montar seus cenários em saboneteiras com 15 cm de comprimento, 5 cm de largura e 3 cm de altura.

Assim, com as miniaturas no centro do círculo, foi solicitado que cada um escolhesse uma miniatura que representasse: um meio de locomoção, sua representação pessoal, um animal de estimação, uma representação de si mesmo na educação, e uma representação de seu colega da direita ou da esquerda.

Depois da escolha, foi solicitado que eles montassem um cenário na saboneteira, com as miniaturas escolhidas por eles. Antes de socializar os cenários construídos, foi solicitado que eles falassem uma palavra que representasse um

sentimento sobre a vivência com o jogo de areia. E, depois, uma palavra que expressasse o sentimento de usar uma saboneteira como base para a montagem do cenário. As miniaturas escolhidas deveriam ficar separadas para serem usadas no encontro seguinte.

Sexta vivência: “Simbolismo no jogo de areia: o ver, o fazer e o sentir”

A partir das miniaturas escolhidas no encontro anterior, cada um deveria montar um cenário que representasse uma situação que seria escolhida naquele momento. Selecionamos uma revista com notícias semanal e escolhida aleatoriamente uma página. A matéria tratava sobre uma briga judicial entre o pai biológico americano e o padrasto brasileiro que lutam na justiça pela guarda da criança, uma vez que a mãe biológica tinha morrido. A ideia foi mostrar o uso do Jogo de Areia como estratégia pedagógica e como possibilidade de construções simbólicas sobre qualquer temática.

A limitação das miniaturas está relacionada às possibilidades simbólicas de representações. Mais uma vez os participantes foram convidados a montarem seus cenários usando luvas para vivenciar a percepção tátil com a areia e as miniaturas. Além dessa limitação, foi imposto aos participantes que montassem o cenário no tempo máximo de quinze minutos.

Depois de socializarem suas construções foi solicitado que cada um registrasse em uma folha de papel as três questões que se seguem: O que vi? O que fiz? O que senti?

Sétima vivência: “A liberdade no jogo de areia: o fluir da criatividade”

Em contrapartida ao encontro anterior, foi solicitado que os participantes usassem a caixa de areia e as miniaturas de forma livre, sem limitação de tempo, de assunto, de organização do espaço. Foi disponibilizada uma caixa de areia para cada um deles. Todas as miniaturas ficaram disponíveis no centro da mesa e foi permitido que eles representassem o que quisessem, pois o importante era fluir. Posteriormente houve a socialização oral da experiência e dos cenários construídos.