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A VISÃO DE HERMES (1)

No documento OS GRANDES INICIADOS (páginas 117-127)

“Um dia, Hermes adormeceu, após ter refletido sobre a origem das coisas. Um pesado torpor apoderou-se-lhe do corpo; mas, à medida que o corpo se entorpecia, seu espírito se elevava nos espaços. Então, teve a impressão de que um ser imenso, sem forma determinada, o chamava pelo nome. Atemorizado, Hermes pergunta:

- Quem és tu?

- Eu sou Osíris, a Inteligência soberana, e posso revelar todas as coisas. O que desejas?

- Contemplar a origem dos seres, oh! divino Osíris, e conhecer Deus.

- Serás satisfeito.

Logo Hermes sentiu-se inundado por uma luz deliciosa. Naquelas ondas diáfanas passavam as formas encantadoras de todos os seres. Porém, repentinamente, trevas assustadoras e de forma sinuosa desceram sobre ele. Hermes mergulhou num caos úmido, cheio de fumaça e de um lúgubre rugido. Então, uma voz se elevou do abismo. Era o grito da luz. Logo, um fogo sutil lançou-se das profundezas úmidas e ganhou as alturas etéreas. Hermes subiu com ele e se reviu nos espaços. O caos clareava no abismo; coros de astros ressoavam sobre sua cabeça; e a voz da luz enchia o infinito.

E Osíris perguntou a Hermes, acorrentado em seu sonho e supenso entre a terra e o céu:

- Compreendeste o que viste? - Não, respondeu Hermes.

- Pois bem, vais compreender. Acabas de ver toda a eternidade. A luz, que viste primeiro, é a inteligência divina que contém todas as coisas em potência e encerra os modelos de todos os seres. As trevas, em que mergulhaste a seguir, é o mundo material onde vivem os homens da terra. Mas o fogo, que viste brotar das profundezas, é o Verbo divino. Deus é o Pai, o Verbo é o Filho, sua união é a Vida.

Comentou Hermes:

- Que sentido maravilhoso abriu-se para mim! Não vejo mais com os olhos do corpo, mas com os do espírito. Como é possível isto?

Osíris respondeu:

- Filho do pó! Isto é porque o Verbo está em ti. O que em ti ouve, vê, age, é o próprio Verbo, o fogo sagrado, a palavra criadora!

Então disse Hermes:

- Já que é assim, deixa-me ver a vida dos mundos, o caminho das almas, de onde o homem vem e para onde vai.

- Que seja feito segundo teu desejo.

Hermes tornou-se mais pesado do que uma pedra e rolou pelos espaços como uma aerólito. Finalmente, viu-se no cume de uma montanha. Era noite; a terra sombria e nua; seus membros pareciam-lhe pesados como ferro. E ouviu a voz de Osíris:

- Ergue os olhos e olha!

Então, Hermes viu um espetáculo maravilhoso. O espaço infinito, o céu estrelado o envolvia com as sete esferas luminosas. Com um só olhar Hermes percebeu os sete céus dispostos sobre sua cabeça como sete globos transparentes e concêntricos, cujo centro sideral ele ocupava. O último tinha como circuito a Via Láctea. Em cada esfera girava um planeta acompanhado de um gênio de forma, signo e luz diferentes. Enquanto Hermes, deslumbrado, contemplava sua florescência esparsa e seus majestosos movimentos, a voz lhe disse:

- Olha, escuta e compreende. Estás vendo as sete esferas de toda vida. Através delas se efetua a queda das almas e sua ascensão. Os sete Gênios são os sete raios do Verbo-Luz. Cada um deles comanda uma esfera do Espírito, uma fase da vida das almas. O mais próximo de ti é o Gênio da Lua, com seu sorriso inquietante e coroado de uma foice de prata. Ele preside aos nascimentos e às mortes. Separa as almas dos corpos e as atrai para seu raio de luz. Acima dele, o pálido Mercúrio mostra o caminho às almas, que descem e sobem com seu caduceu que contém a Ciência. Mais alto, a brilhante Vênus segura o espelho do Amor, em que as almas alternadamente se esquecem e se reconhecem. Abaixo dela, o Gênio do Sol ergue a tocha triunfal da eterna Beleza.

Mais alto ainda, Marte brande o gládio da Justiça. Reinando sobre a esfera azulada, Júpiter sustenta o cetro do poder supremo, que é a Inteligência divina. Nos limites do mundo, sob os signos do zodíaco, Saturno carrega o globo da sabedoria universal (2).

Hermes falou:

- Vejo as sete regiões que compreendem o mundo visível e invisível; vejo os sete raios do Verbo-Luz, do Deus único que as atravessa e governa. Mas, meu mestre, como se realiza a viagem dos homens através de todos esses mundos?

Respondeu Osíris:

- Vês uma semente luminosa cair das regiões da via Láctea na sétima esfera? São germes de almas. Elas vivem como vapores leves na região de Saturno, felizes, sem preocupação, e desconhecem sua felicidade. Porém, ao cair de esfera em esfera, elas revestem-se de invólucros sempre mais pesados. Em cada encarnação, adquirem um novo sentido corporal, conforme o meio em que habitam. Sua energia vital aumenta; e, à medida que penetram em corpos mais densos, elas perdem a lembrança de sua origem celeste. Assim se completa a queda das almas que vêm do divino Éter. Cada vez mais cativas da matéria, cada vez mais inebriadas com a vida, elas se precipitam como uma chuva de fogo, com estremecimentos de volúpia, através das regiões da Dor, do Amor e da Morte, até sua prisão terrestre; onde tu mesmo gemes retido pelo centro ígneo da terra e onde a vida divina te parece um sonho vão.

Hermes perguntou:

- As almas podem morrer? Respondeu a voz de Osíris:

- Sim, muitas perecem na descida fatal. A alma é filha do céu e sua viagem é uma prova. Se, em seu amor desenfreado pela matéria, ela perde a lembrança de sua origem, a centelha divina que nela estava, e que teria podido tornar-se mais brilhante do que uma estrela, volta à região etérea como átomo sem vida – e a alma se desagrega no turbilhão dos elementos grosseiros.

A estas palavras, Hermes estremeceu. E uma tempestade rugidora o envolveu com uma nuvem negra. As sete esferas desapareceram sob densos vapores. Ele então viu espectros humanos soltando gritos estranhos, arrancados e dilacerados por fantasmas de monstros e animais, em meio a gemidos e blasfêmias inomináveis.

E Osíris, então, falou:

- Tal é o destino das almas irremediavelmente baixas e más. Sua tortura só termina com sua destruição, que é a perda de toda a consciência. Mas veja, os vapores se dissipam e as sete esferas reaparecem sob o firmamento. Olha deste lado. Vês este enxame de almas que procura subir para a região lunar? Umas são rebaixadas para a terra como turbilhões de pássaros sob os golpes da tempestade. Outras atingem, em grandes vôos, a esfera superior, que as arrasta em sua rotação. Uma vez lá chegando, elas recuperam a visão das coisas divinas. Mas desta vez elas não se contentam apenas em refleti-las no sonho de uma felicidade impotente. Elas se deixam impregnar com a lucidez da consciência clareada pela dor, com a energia da vontade adquirida na luta. Tornam-se luminosas, porque possuem o divino em si mesmas e o manifestam em seus atos. Fortalece, pois, tua alma, oh! Hermes, e tranqüiliza teu espírito obscurecido, contemplando esses vôos longínquos de almas que tornam a subir as sete esferas e lá se espalham como feixes faiscantes. Pois tu também podes segui-las; basta querer, para elevar-se. Vê como elas enxameiam e descrevem coros divinos. Cada uma se junta ao seu gênio preferido. As mais belas vivem na região solar, as mais poderosas se elevam até Saturno. Algumas sobem novamente até ao Pai, entre as potências, sendo elas mesmas outras potências. Porque lá, onde tudo termina, tudo começa eternamente; e as sete esferas dizem juntas: “Sabedoria! Amor! Justiça! Beleza! Esplendor! Ciência! Imortalidade!”

E o hierofante, então, explicava:

-“Eis o que viu o antigo Hermes e o que seus sucessores nos transmitiram. As palavras do sábio são como as sete notas da lira, que encerram toda a música com os números e as leis do universo. A visão de Hermes se assemelha ao céu estrelado, cujas profundezas

insondáveis estão semeadas de constelações. Para o menino, não passa de uma abóbada com cravos de ouro; para o sábio é o espaço ilimitado onde giram os mundos com seus ritmos e suas cadências maravilhosas. Esta visão encerra os números eternos, os signos evocadores e as chaves mágicas. Quanto mais aprenderes a contemplá-la e a compreendê-la, mais verás se estenderem seus limites. Porque a mesma lei orgânica governa todos os mundos”.

E o profeta do templo comentava o texto sagrado. Explicava que a doutrina do Verbo-Luz representa a divindade no estado estático em seu equilíbrio perfeito. Demonstrava sua tríplice natureza, que é ao mesmo tempo inteligência, força e matéria; espírito, alma e corpo; luz, verbo e vida. A essência, a manifestação e a substância são três termos que se superpõem reciprocamente. Sua união constitui o princípio divino e intelectual por excelência, a lei da unidade ternária, que de alto a baixo domina a criação.

Tendo assim conduzido seu discípulo ao centro ideal do universo, ao princípio gerador do Ser, o mestre desabrochava-o no tempo e no espaço, sacudia-o em florações múltiplas. Pois a segunda parte da visão representa a divindade no estado dinâmico, isto é, em evolução ativa ou, em outros termos, o universo visível e invisível, o céu vivo. As sete esferas ligadas a sete planetas simbolizavam sete princípios, sete estados diferentes da matéria e do espírito, sete mundos diversos que cada homem e cada humanidade são forçados a transpor em sua evolução através do Sistema solar. Os sete Gênios, os sete Deuses, cosmogônicos significavam os espíritos superiores e dirigentes de todas as esferas, oriundos, eles mesmos, a inelutável evolução. Cada grande Deus era, portanto, para o iniciado antigo, o símbolo e o modelo de legiões de espíritos que reproduziam seu tipo sob mil variantes e que de sua esfera podiam exercer uma ação sobre o homem e sobre as coisas terrestres. Os sete Gênios da visão de Hermes são os sete Devas da Índia, os sete amachapandas da Pérsia, os sete grandes Anjos da Caldéia, os sete Sefirotes (3) da Cabala, os sete Arcanjos do Apocalipse cristão. E o grande setenário que envolve o universo não vibra somente nas sete cores do arco-íris, nas sete notas da escala musical: ele se

manifesta ainda na constituição do homem, que é tríplice por essência, mas sétuplo por sua evolução (4).

Dizia o hierofante, para terminar:

- Assim penetraste no limiar do grande arcano. A vida divina apareceu-te sob as quimeras da realidade. Hermes te fez conhecer o céu invisível, a luz de Osíris, o Deus oculto do universo, que respira por dez milhões de almas, anima os globos errantes, e os corpos em ação. Cabe a ti, agora, dirigir-te a ti mesmo e escolher teu caminho para subir até o Espírito puro. Pois, de hoje em diante, pertences aos ressuscitados

vivos. Não te esqueças de que há duas chaves principais da ciência. Eis

a primeira: “O exterior é como o interior das coisas; o pequeno é como o grande; só há uma única lei e aquele que trabalha é Um. Nada é pequeno, nada é grande na economia divina”. Eis a segunda: “Os homens são deuses mortais e os deuses são homens imortais”. Feliz daquele que compreende essas palavras, porque possui a chave de todas as coisas. Lembra-te que a lei do mistério dissimula a grande verdade. O total conhecimento só pode ser revelado aos nossos irmãos que passaram pelas mesmas provas que nós. É preciso regular a verdade segundo as inteligências – disfarçá-la com um véu para os fracos, porque ela torná-los-ia loucos; ocultá-las dos maus, que dela só podem apreender fragmentos, dos quais fariam armas de destruição. Encerra-a em teu coração e que ela fale por tuas obras. A ciência será tua força, a fé tua espada e o silêncio tua armadura infrangível.

As revelações do profeta de Âmon-Rá, que abriam ao novo iniciado tão vastos horizontes, sobre si mesmo e sobre o universo, sem dúvida alguma produziam profunda impressão, quando feitas no observatório de um templo de Tebas, na calma lúcida de uma noite egípcia. Os pilares, os tetos e os terraços brancos dos templos dormiam a seus pés, entre os maciços negros dos nopais e dos tamarineiros. À distância, grandes monolitos, estátuas colossais dos Deuses, estavam assentados como juizes incorruptíveis sobre seu lago silencioso. Três pirâmides, figuras geométricas do tetragrama e do setenário sagrado, perdiam-se no horizonte, espaçando seus triângulos no cinzento leve do ar. O insondável firmamento pululava de estrelas. Com que surpresa ele

olhava esses astros, que lhe pintavam como futuras moradas! Quando, finalmente, o esquife dourado da lua emergia do espelho sombrio do Nilo, que se perdia no horizonte como uma longa serpente azulada, o neófito acreditava ver a barca de Ísis navegando no rio das almas e transportando-as para o sol de Osíris. Recordava-se, então, do Livro dos

Mortos e o sentido de todos esses símbolos se revelava agora a seu

espírito. Depois do que havia visto e aprendido, podia acreditar-se no reino crepuscular de Amenti, misterioso interregno entre a vida terrestre e a vida celestial, onde os defuntos, a princípio sem olhos e sem palavra, recuperam pouco a pouco a visão e a voz. Ele também iria empreender a grande viagem, a viagem do infinito, através dos mundos e das existências. Hermes já o absolvera e o julgara digno, tendo já lhe dito a palavra do grande enigma: “Uma única alma, a grande alma do Todo, gerou, dividindo-se, todas as almas que se movem no Universo”.

Armado do grande segredo, o neófito subia na barca de Ísis. Ela partia. Soerguida nos espaços etéreos, ela flutuava nas regiões intersiderais. Ora amplos raios de uma imensa aurora varavam os véus azulados dos horizontes celestes, ora o coro dos, espíritos gloriosos, dos Auimu-Secu, que alcançaram o eterno repouso, cantava: “Levanta-te, Rá-Hermacuti! Sol dos espíritos! Aqueles que vão em tua barca estão em exaltação! Soltam exclamações na barca de milhões de anos. O grande ciclo divino transborda de alegria glorificando a grande barca sagrada. Celebram-se festas na capela misteriosa. Levanta-te, Âmon-Rá Hermacuti! Sol que a si mesmo se criou!” E o iniciado respondia com estas palavras orgulhosas: “Eu alcancei o país da verdade e da justificação. Ressuscito como um Deus vivo e brilho no coro dos Deuses que habitam o céu, porque sou de sua raça”.

Tanto os pensamentos altivos como as esperanças audaciosas perseguiam o espírito do adepto, na noite que sucedia à cerimônia mística da ressurreição. No dia seguinte, nas avenidas do templo, sob a luz deslumbrante, não lhe parecia mais do que um sonho. Mas que sonho inolvidável fora essa primeira viagem no impalpável e no invisível... De novo ele lia a inscrição na estátua de Ísis: Nenhum mortal levantou meu véu.

Uma ponta do véu soerguera-se, todavia, mas para tornar a cair em seguida, e ele despertara na terra dos túmulos. Ah! como estava longe do fim sonhado! Quão longa é a viagem na barca dos milhões de

anos! Pelo menos ele entrevira o alvo final. Mesmo que sua visão do

outro mundo fosse apenas um sonho, um esboço infantil de sua imaginação ainda repleta das vaidades da terra, poderia ele duvidar dessa outra consciência que ele sentira eclodir dentro de si, desse duplo misterioso, desse eu celestial que lhe aparecera em sua beleza astral como uma forma viva e que falara durante o sono? Seria uma alma gêmea, seria seu gênio ou apenas um reflexo do íntimo de seu espírito, um pressentimento de seu ser futuro? Maravilha e mistério. Com certeza seria uma realidade, e se essa alma não fosse a sua, seria a verdadeira. O que não faria ele para reencontrá-la! Vivesse ele milhões de anos e não esqueceria esta hora divina em que vira seu outro eu, puro e radiante! (5).

Terminara a iniciação. O adepto estava consagrado sacerdote de Osíris. Como egípcio, ele ficaria ligado ao templo; como estrangeiro, era-lhe permitido às vezes retornar a seu país, para lá fundar um culto ou cumprir sua missão. Mas, antes de partir, ele prometia solenemente, mediante um juramento terrível, guardar silêncio absoluto sobre os segredos do templo. Jamais deveria contar a alguém o que vira ou escutara, nem revelar a doutrina de Osíris, a não ser sob o tríplice véu dos símbolos mitológicos ou dos mistérios. Se ele violasse esse juramento, uma morte fatal o atingiria cedo ou tarde, tão longe quanto estivesse. O silêncio tornara-se o escudo de sua força.

Regressando às plagas da Jônia, à sua turbulenta cidade, sob o choque das paixões furiosas, naquela multidão de homens que vivem como insensatos, ignorando-se a si mesmos – muitas vezes relembrava o Egito, as pirâmides, o templo de Âmon-Rá. Então o sonho da cripta lhe voltava. E como lá o lótus balança sobre as ondas do Nilo, essa visão branca sempre flutuaria sobre o rio lodoso e confuso desta vida.

Em horas escolhidas, ele ouvia sua voz, e era a voz da luz. Despertando em seu ser uma música íntima, ela lhe dizia: “A alma é uma luz velada. Quando a negligenciamos, ela escurece e se extingue.

Mas, quando nela derramamos o óleo santo do amor, ela reluz como uma lâmpada imortal!”

(1). A visão de Hermes se encontra no frontispício dos livros de Hermes

Trimegisto sob o nome de Poimandrés. A antiga tradição egípcia só chegou

até nós sob uma forma alexandrina ligeiramente alterada. Tentei reconstituir esse fragmento capital da doutrina hermética no sentido da alta iniciação e da síntese esotérica que ele representa.

(2). Decerto, esses Deuses traziam outros nomes na linguagem egípcia. Mas os sete Deuses cosmogônicos se correspondem em todas as mitologias, por seu sentido e suas atribuições. Têm sua raiz comum na antiga tradição esotérica. A tradição ocidental adotou os nomes latinos e nós os conservamos para maior clareza.

(3). Há dez Sefirotes na Cabala. Os três primeiros representam o temário divino, os sete outros, a evolução do Universo.

(4). Daremos aqui os termos egípcios dessa constituição setenária do homem, que se encontra na Cabala: Chat, corpo material; Anch, força vital;

Ka, duplo etéreo ou corpo astral; Hati, alma animal; Baí, alma racional; Cheybi, alma espiritual; Ku, espírito divino. O desenvolvimento dessas idéias

fundamentais da doutrina esotérica será encontrado no livro de Orfeu e sobretudo no de Pitágoras.

(5). Na doutrina egípcia, considerava-se que o homem só tinha consciência da alma animal e da alma racional, chamadas Hati e Baí. A parte superior de seu ser, a alma espiritual e o espírito divino, cheybi e ku, existem nele em estado de germe inconsciente e se desenvolvem depois desta vida, quando ele próprio se toma um Osíris.

LIVRO IV

MOISÉS

A Missão de Israel

Nada havia que fosse velado para ele, que cobria com um véu a essência de tudo o que vira.

(Palavras inscritas sob a estátua de Ftamar, grande sacerdote de Mênfis. Museu do Louvre)

O mais difícil e o mais obscuro dos livros sagrados, o

Gênese, contém tantos segredos quantas palavras, e

cada palavra oculta vários daqueles.

SÃO JERÔNIMO

Filho do passado e cheio do futuro, este livro (os dez primeiros capítulos do Gênese), herdeiro de toda a ciência dos egípcios, contém ainda os germes das ciências futuras. O que a natureza tem de mais profundo e de mais misterioso, o que o espírito pode conceber de maravilhas, o que a inteligência tem de mais sublime, ele possui.

FABRE d'OLIVET, A Língua Hebraica Reconstituída. (Discurso preliminar)

MOISÉS

A Missão de Israel I

A TRADIÇÃO MONOTEÍSTA E

No documento OS GRANDES INICIADOS (páginas 117-127)