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FESTA DIONISÍACA NO VALE DE TEMPE (1)

No documento OS GRANDES INICIADOS (páginas 192-200)

Era na Tessália, no fresco vale de Tempe. A noite santa, consagrada por Orfeu aos mistérios de Dionísio, tinha chegado. Conduzido por um dos servidores do templo, o discípulo de Delfos caminhava por uma estreita e profunda garganta, rodeada de rochedos a pique. Só se ouvia na noite sombria o murmúrio do rio que corria entre suas margens cobertas de relva.

Afinal, por trás de uma montanha, mostrou-se a lua cheia. Seu disco amarelo saiu da cabeleira negra dos rochedos. Sua luz sutil e magnética deslizou para as profundezas. E, de repente, o vale encantador apareceu através de uma claridade elísia. Num instante, ele se descobriu inteiro com seus fundos relvados, seus bosques de freixos e de choupos, suas fontes cristalinas, suas grutas ocultas por heras pendentes, e seu rio sinuoso enlaçando ilhas arborizadas ou rolando sob lençóis entrelaçados. Um louro vapor, um sono voluptuoso envolviam as plantas. Suspiros de ninfas pareciam fazer palpitar o espelho das fontes, e tênues sons de flauta escapavam dos caniços imóveis. Sobre todas as coisas pairava o silencioso sortilégio de Diana.

O discípulo de Delfos caminhava como em um sonho. Detinha-se, às vezes, para respirar um delicioso odor de madressilva e de loureiro amargo. Mas a claridade mágica durou um instante. A Lua foi coberta por uma nuvem. Tudo se tornou negro; os rochedos retomaram suas formas ameaçadoras; e luzes errantes brilharam de todos os lados sob a espessura das árvores, à margem do rio e nas profundezas do vale.

Disse o velho guia do templo:

– São os místicos que se põem a caminhar. Cada cortejo tem seu guia carregando um facho. Vamos segui-los.

Os viajantes encontravam coros saindo dos bosques e que se punham a caminho. Viram passar primeiro os místicos do jovem Baco, adolescentes vestidos de longas túnicas de linho fino e coroados de hera. Carregavam taças de madeira cinzelada, símbolos da taça da vida.

Depois vieram os jovens altivos e vigorosos. Chamavam-se os místicos

de Hércules lutador; túnicas curtas, pernas nuas, uma pele de leão

atravessando as espáduas e os rins, coroas de oliveira sobre a cabeça. Depois vieram os inspirados, os místicos de Baco dilacerado, a pele listrada da pantera em torno do corpo, pequenas faixas cor púrpura nos cabelos e o tirso na mão.

Ao passarem junto de uma caverna, viram prostrados em terra os místicos de Aidoneu e de Eros subterrâneo. Eram homens chorando parentes e amigos mortos, que cantavam em voz baixa: “Aidoneu! Aidoneu! devolve-nos aqueles que nos tomaste ou deixa-nos descer até teu reino”.

O vento engolfava-se na caverna e parecia se prolongar sob a terra com os risos e os soluços fúnebres. De repente, um místico voltou-se para o discípulo de Delfos e lhe disse:

– Tu atravessaste o limiar de Aidoneu e não verás mais a luz dos vivos.

Um outro roçou por ele ao passar e segredou-lhe no ouvido estas palavras:

– Sombra, tu serás a presa da sombra! Tu que vens da Noite, retorna ao Erebo!

E fugiu, correndo.

O discípulo de Delfos ficou gelado de pavor e cochichou para seu guia: “O que quer isto dizer?”

O servidor do templo pareceu não ter ouvido nada e disse somente:

– É preciso passar a ponte. Ninguém evita o fim.

Atravessaram uma ponte de madeira sobre o Peneu e o neófito perguntou:

– De onde vêm estas vozes soluçantes e esta melopéia triste? Quem são estas sombras brancas que caminham em longas filas sob os choupos?

– São mulheres que vão se iniciar nos mistérios de Dionísio. – Sabes os seus nomes?

– Aqui ninguém sabe o nome de ninguém e cada um esquece o seu, pois, assim como na entrada do recinto sagrado os místicos deixam suas vestes sujas para se banharem no rio e depois vestirem roupas de puro linho, assim também cada um deixa seu nome para tomar outro. Durante sete dias e sete noites, passam por uma transformação e para outra vida. Olha toda essa procissão de mulheres. Elas não estão agrupadas segundo suas famílias e suas pátrias, mas de acordo com os Deuses que as inspiram.

Viram desfilar jovens coroadas de narcisos, com túnicas azuladas, as quais; o guia chamava as ninfas companheiras de Perséfone. Elas traziam, castamente enlaçados em seus braços, cofres, urnas, vasos votivos. Depois vinham, em túnicas vermelhas, as amantes místicas, as

esposas ardentes, as adoradoras de Afrodite. Penetraram num bosque

escuro, de onde vinha o som de apelos violentos misturados a lânguidos soluços, que se acalmaram pouco a pouco. Depois, um coro apaixonado elevou-se do sombrio bosque de mirtas, e subiu aos céus em lentas palpitações: “Eros, tu nos feriste! Afrodite, tu quebraste os nossos membros! Cobrimos nosso seio com a pele do filhote de cervo, mas trazemos no peito a púrpura sangrenta de nossas feridas. Nosso coração é um braseiro devorador. Outras morrem de pobreza; mas é o amor que nos consome. Devora-nos, Eros! Eros! Ou liberta-nos, Dionísio! Dionísio!”

Outra procissão avançou. Estas mulheres estavam completamente vestidas de lã negra, com longos véus arrastando no chão, e todas estavam desoladas por algum grande luto. O guia as chamou de as

desoladas de Perséfone. Neste local existia um grande mausoléu de

mármore recoberto de hera.

Elas se ajoelharam em volta, desataram seus cabelos e soltaram altos gritos. À estrofe do desejo elas responderam com a estrofe da dor, clamando: “Perséfone, tu estás morta, arrebatada por Aidoneu; desceste ao império dos mortos. Mas, nós, que choramos o bem-amado, nós somos como que mortas-vivas. Que o dia não renasça. Que a terra que te cobre, oh! grande deusa, nos dê o sono eterno, e que nossa sombra erre enlaçada à sombra querida! Atende-nos, Perséfone! Perséfone!”

Diante dessas cenas estranhas, sob o delírio contagioso dessas dores profundas, o discípulo de Delfos sentiu-se invadido por mil sensações contraditórias e torturantes. Não era mais ele mesmo; os desejos, os pensamentos, as agonias de todos aqueles seres tinham-se tornado seus desejos e suas agonias. Sua alma se fragmentava para passar por mil corpos. Uma angústia mortal o penetrava, Não sabia mais se era homem ou sombra.

Então, um iniciado de elevada estatura, que passava por lá, deteve-se e disse: “Paz às sombras atormentadas! Mulheres sofredoras, aspirai à luz de Dionísio. Orfeu vos espera!” Todas o cercaram em silêncio, desfolhando diante dele suas coroas de asfódelos. E, com o seu tirso, ele mostrou-lhes o caminho. As mulheres foram beber numa fonte, em taças de madeira. As procissões se reorganizaram e o cortejo prosseguiu. As jovens iam à frente entoando um canto fúnebre com este refrão: “Agitai as papoulas! Bebei a água do Lete! Dai-nos a flor desejada; e que para nossas irmãs o narciso refloresça! Perséfone! Perséfone!”

O discípulo caminhou muito tempo ainda com o guia. Atravessou campinas onde crescia o asfódelo; andou sob a sombra dos choupos que murmuravam tristemente. Ouviu cantos lúgubres que deslizavam no ar e que ele não sabia de onde vinham. Viu, suspensas nas árvores, máscaras horríveis e figuras de cera como se fossem crianças enfaixadas. Aqui e lá, barcas atravessavam o rio, com pessoas silenciosas como se estivessem mortas. Afinal, alargou-se o vale, o céu tornou-se claro no alto das montanhas e a aurora surgiu. Ao longe, percebiam-se as gargantas sombrias do Ossa, sulcadas por abismos, onde se amontoam rochas desmoronadas. Mais perto, no meio de um círculo de montanhas, brilhava numa colina arborizada o templo de Dionísio.

Já o sol dourava os altos cumes. À medida que se aproximavam do templo, eles viram chegar de todas as partes cortejos de místicos, procissões de mulheres, grupos de iniciados. Esta multidão, grave na aparência, mas interiormente agitada por uma expectativa tumultuosa, se encontrou ao pé da colina e iniciou o acesso ao santuário. Todos se saudavam como amigos, agitando os ramos e os tirsos. O guia

desaparecera. E o discípulo de Delfos se viu, não soube como, em um grupo de iniciados de cabelos brilhantes, entrelaçados de coroas e de faixas de diversas cores. Ele jamais os vira e, no entanto, sentia reconhecê-los por uma lembrança cheia de felicidade. Eles também pareciam esperá-lo, pois saudavam-no como a um irmão e o felicitavam por sua feliz chegada. Arrastado por seu grupo e como que transportado por asas, ele subiu até os mais altos degraus do templo, quando um raio de luz ofuscou-o. Era o sol levante que lançava sua primeira claridade no vale e inundava com seus raios brilhantes aquele povo de místicos e iniciados reunidos na escadaria do templo e em toda a colina.

Logo um coro entoou o peã, hino em honra de Apolo. As portas do templo se abriram sozinhas e, seguido por Hermes e pelo portador da tocha, apareceu o profeta, o hierofante, Orfeu. O discípulo de Delfos reconheceu-o com um estremecimento de alegria. Vestido de púrpura, sua lira de marfim e ouro à mão, Orfeu irradiava uma juventude eterna. Ele disse:

- Saúdo a vós todos que viestes para renascer depois dos sofrimentos da terra, e que renasceis neste momento. Vinde beber a luz do templo, vós que saís da noite, místicos, mulheres, iniciados. Vinde regozijar-vos, vós que sofrestes; vinde repousar, vós que haveis lutado. O sol que eu evoco sobre vossas cabeças, e que vai brilhar em vossas almas, não é o sol dos mortais; é a pura luz de Dionísio, o grande sol dos iniciados. Por vossos sofrimentos passados, pelo esforço que vos conduz, vós vencereis, e se acreditais nas palavras divinas já sois vencedores. Depois do longo circuito das existências tenebrosas, saireis, enfim, do círculo doloroso das gerações, e todos vós vos vereis como um só corpo, como uma só alma na luz de Dionísio.

“A centelha divina que nos guia na Terra está em nós! Torna-se chama do templo, estrela do céu. Assim cresce a luz da verdade! Escutai vibrar a Lira de sete cordas, a Lira do Deus... Ela move os mundos. Escutai bem! Que esse som vos atravesse... e as profundezas dos céus se abrirão!

“Socorro dos fracos, consolo dos sofredores, esperança de todos! Mas desgraça dos maus, dos profanos! Eles serão confundidos. Porque

no êxtase dos Mistérios, cada um vê até o fundo da alma do outro. Ali os maus são feridos pelo terror, os profanos pela morte.

“E agora que Dionísio luziu sobre vós, eu invoco o Eros celeste e todo-poderoso. Que ele esteja convosco nos amores, nas aflições e nas alegrias. Amai, porque tudo ama, os Demônios do abismo e os Deuses do Éter. Amai, porém, a luz e não as trevas. Lembrai-vos do fim durante a viagem. Quando as almas voltam para a luz, elas trazem, como manchas horrendas sobre o seu corpo sideral, todas as faltas de sua vida... E, para apagá-las, é preciso que elas expiem e que retornem à terra. . . Mas os puros, os fortes vão para o sol de Dionísio.

“E, agora, entoai o Evoé!”

– Evoé! – gritaram os arautos aos quatro cantos do templo. Evoé! – os címbalos retiniram. Evoé! – respondeu a assembléia entusiasmada, agrupada nos degraus do santuário. E o grito de Dionísio, o apelo sagrado ao renascimento, à vida, reboou no vale, repetido por mil peitos, enviado ao longe por todos os ecos das montanhas. E os pastores das gargantas selvagens do Ossa, com seus rebanhos pelas florestas, sentiram-se suspensos às nuvens e responderam: Evoé (2)

(1). Pausânias conta que, todos os anos, uma teoria seguia de Delfos para o vale de Tempe, para ali colher o loureiro sagrado. Este costume significativo lembrava aos discípulos de Apolo que eles estavam ligados à iniciação órfica e que a primeira inspiração de Orfeu era o tronco antigo e vigoroso, do qual o templo de Delfos sempre colhia os ramos amarelos e vivos.

Esta fusão entre a tradição apolínea e a tradição órfica indica-se ainda de outra maneira, na história dos templos. Efetivamente, a célebre disputa entre Apolo e Baco pelo tripé do templo não tem outro sentido. Baco, diz a lenda, cedeu o tripé ao irmão e se retirou para o Parnaso. Isto quer dizer que Dionísio e a iniciação órfica ficaram sendo o privilégio dos iniciados, enquanto que Apolo fazia seus oráculos para o mundo exterior.

(2). O grito Evoé, que se pronuncia na realidade: Hê, Vo, Hé, era o grito sagrado de todos os iniciados do Egito, da Judéia, da Fenícia, da Ásia Menor e

da Grécia. As quatro sílabas sagradas, pronunciadas como a seguir: Iod-Hê,

Vo, Hé, representavam Deus na sua fusão eterna com a Natureza. Elas

abrangiam a totalidade do Ser, o Universo vivo. Iod (Osíris) significava a divindade propriamente dita, o intelecto criador, o Eterno-Masculino que está em tudo, por toda parte e acima de tudo. Hê-Vo-Hé representava o Eterno-

Feminino, Eva, Ísis, a Natureza, sob todas as formas visíveis e invisíveis,

fecundada por ele.

A mais alta iniciação, a das ciências teogônicas e das artes teúrgicas, correspondia à sílaba Jod. Uma outra ordem de ciências correspondia a cada uma das letras de Eva.

Como Moisés, Orfeu reservou as ciências que correspondem à sílaba

Jod (Iove, Zeus, Júpiter) e a idéia da unidade de Deus para os iniciados do

primeiro grau, buscando mesmo com isso interessar o povo pela poesia, pelas artes e seus símbolos vivos. Por isto o grito Evoé era abertamente proclamado nas festas de Dionísio, onde se admitiam, além dos iniciados, os simples aspirantes aos mistérios.

Nisso consistia toda a diferença entre a obra de Moisés e a de Orfeu. Todos os dois partem da iniciação egípcia e possuem a mesma verdade, mas aplicam-se em sentido oposto. Moisés, asperamente, ciumentamente, glorifica o Pai, o Deus masculino. Confia sua guarda a um sacerdócio fechado e submete o povo a uma disciplina implacável, sem revelação. Orfeu, divinamente apaixonado pelo Eterno-Feminino, pela Natureza, glorifica-a em nome de Deus, que a penetra e que ele quer fazer brotar na humanidade divina. Eis por que o grito Evoé tornou-se o grito sagrado por excelência em todos os mistérios da Grécia.

IV EVOCAÇÃO

A festa findara como um sonho: anoitecera. As danças, os cantos e as preces tinham desaparecido numa bruma rósea. Orfeu e seu discípulo desceram por uma galeria subterrânea para a cripta sagrada, que se prolongava no coração da montanha e à qual somente o hierofante tinha acesso. Lá o inspirado dos Deuses se entregava a suas meditações solitárias ou prosseguia, com seus adeptos, as elevadas obras da magia e da teurgia.

Ao seu redor, estendia-se um espaço imenso e cavernoso. Dois archotes fixados no chão vagamente iluminavam as muralhas fendidas e as profundezas tenebrosas. A alguns passos, uma fenda negra se escancarava no solo; um vapor quente saía dali, e este abismo parecia descer às entranhas da terra. Um pequeno altar onde queimava um fogo de loureiro seco e uma esfinge de pórfíro vigiavam suas bordas. Mais distante, a uma altura incomensurável, a caverna recebia a claridade do céu estrelado por uma fenda oblíqua. Esse pálido raio de luz azulada parecia o olho do firmamento mergulhando naquele abismo.

Então, Orfeu disse ao discípulo:

– “Tu bebeste nas fontes da luz santa. Entraste como o coração puro no seio dos mistérios. Chegou a hora solene de fazer-te penetrar nas fontes da vida e da luz. Aqueles que não ergueram o véu espesso que encobre aos olhos dos homens as maravilhas invisíveis, não se tornam filhos dos Deuses.

“Escuta, pois, as verdades que é preciso calar à multidão e que fazem a força dos santuários:

“Deus é uno e sempre semelhante a Ele mesmo. Ele reina em toda

a parte. Mas os Deuses são inúmeros e diversos, porque a divindade é eterna e infinita. Os maiores são as almas dos astros. Sóis, Estrelas, Terras e Luas, cada astro tem o seu, e todos são resultantes do fogo celeste de Zeus e da luz primitiva. Semiconscientes, inacessíveis, imutáveis, eles regem o grande conjunto de seus movimentos regulares.

Ora, cada astro que gira arrasta, em sua esfera etérea, falanges de semideuses ou almas resplandecentes, que outrora foram homens, e que, após terem descido a escala dos reinos, gloriosamente tornaram a subir os ciclos, para saírem, finalmente, do círculo das gerações. É por meio desses divinos espíritos que Deus respira, age, aparece. Que digo eu? Eles são o sopro de sua alma viva, os raios de sua consciência eterna. Comandam os exércitos dos espíritos inferiores que atuam nos elementos. Dirigem os mundos. De longe, de perto, eles nos cercam e, embora de essência imortal, revestem-se de formas sempre variáveis, conforme os povos, os tempos e as regiões. O ímpio que os nega, teme- os. O homem piedoso adora-os sem conhecê-los. O iniciado os conhece, atrai e vê. Se lutei para encontrá-los, se desafiei a morte, se, como se diz, desci aos infernos, foi para dominar os demônios do abismo, para chamar os Deuses do alto sobre a minha Grécia amada, para que o Céu profundo se case com a Terra e que a Terra encantada escute as vozes divinas. A beleza celeste se encarnará no corpo das mulheres, o fogo de Zeus circulará no sangue dos heróis. E muito antes de subirem aos astros, os filhos dos Deuses resplandecerão como os Imortais.

“Sabes o que é a Lira de Orfeu? O som dos templos inspirados. Tem os Deuses como cordas. À sua música, a Grécia se afinará como uma lira e o próprio mármore cantará em cadências brilhantes, em celestes harmonias.

“Agora evocarei meus Deuses, para que eles te apareçam vivos e te mostrem, numa visão profética, o místico himeneu que preparo para o mundo e que os iniciados verão.

“Deita-te ao abrigo desta rocha. Nada temas. Um sono mágico fechará tuas pálpebras. Tremerás no início e verás coisas terríveis. Mas, em seguida, uma luz deliciosa, uma felicidade desconhecida inundará teus sentidos e todo o teu ser”.

O discípulo já se encolhera no nicho cavado em forma de leito na rocha. Orfeu pôs algumas gotas de perfume no fogo do altar. Depois, tomou seu cetro de ébano, cuja cabeça era de cristal flamejante, colocou-se junto da esfinge e, clamando com uma voz profunda, começou a invocação:

No documento OS GRANDES INICIADOS (páginas 192-200)