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Abordagem considera apenas os alunos de meio urbano O que diz o Relatório de Reprovação:

No documento Com a palavra, o autor (páginas 118-143)

5. Manual do professor / proposta pedagógica / linguagem

5.10. A abordagem basicamente considera que se trata de um aluno de um meio urbano, de família organizada, de classe média, em fase com a

série, saudável e sem deficiência física ou mental.76

Os avaliadores do PNLD 2010 mais uma vez faltam com a verdade (ERRO TIPO 1). Uma análise das fotografias dos livros da Coleção Caminhos da Ciência revela:

‹

‹ 71 páginas (15,4%) possuem elementos predominantemente urbanos; ‹

‹ 150 páginas (32,5%) possuem elementos que não fazem parte do contexto urbano

(podendo ser ambiente rural ou natural);

‹

‹ 186 páginas (40,3%) possuem elementos que podem ser encontrados nos meios urba-

nos ou não urbanos;

‹

‹ 12 páginas (2,6%) mostram elementos urbanos e não urbanos, sem predominância; e ‹

‹ 42 páginas (9,1%) mostram fotografias de temas astronômicos.

A Coleção trata da questão de pessoas com necessidades especiais em diversos momen- tos e promove de maneira adequada a defesa de seus direitos e a sua integração produtiva na sociedade. Por exemplo: livro do 2º ano, páginas 24 e 25 (necessidades especiais visuais: alfabeto Braille) e páginas 32 e 33 (necessidades especiais auditivas: leitura labial e lingua- gem de sinais); e livro do 5º ano, páginas 211 e 212 (necessidades especiais locomotoras)77.

Não se justifica um erro tão grosseiro dos avaliadores do PNLD 2010. Aparentemente eles se referiram a outra coleção (a essa altura de nossa análise do Relatório de Reprovação, essa conclusão parece ser a mais razoável diante dos enormes e excessivos absurdos profe- ridos por eles).

Também neste quesito, a opinião dos avaliadores do PNLD 2010 divergiram frontal- mente dos fatos e do parecer das equipes de avaliação precedentes (ERRO TIPO 4).

Conclusão

Caro leitor, a lista de erros dos avaliadores do PNLD 2010 que apresentamos ao longo deste capítulo é apenas uma amostra dos erros que eles cometeram ao analisar a Coleção Caminhos da Ciência. O documento completo da nossa refutação é por demais extenso

76   UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação PNLD

2010 – Coleção Caminhos da Ciência. Brasília: Ministério da Educação, maio/2009, p. 8.

77   O conteúdo das páginas mencionadas e também de toda a Coleção Caminhos da Ciência pode ser verifi cado, em  arquivo PDF, no site da Editora Sarandi.

e técnico para constar integralmente neste livro. A sabedoria popular diz que “para bom entendedor, meia palavra basta”. Parodiando o dito popular, acreditamos que para o nosso leitor, uma amostra da nossa refutação do Relatório de Reprovação basta para desmascarar o festival de equívocos do qual nossa obra foi vítima.

O Relatório de Reprovação da Coleção Caminhos da Ciência no PNLD 2010 aponta erros conceituais e inadequações indutoras a erros que não existem, como já comprova- mos anteriormente. Pior, o mesmo relatório faz sugestões de correção que são, estas sim, incorretas. Criou -se, portanto, uma situação kafkiana: na reinscrição da obra nós seremos obrigados a comprovar que realizamos as correções dos erros apontados no Relatório de Reprovação sob pena de exclusão sumária. Ora, como corrigir o que está correto? Pior ainda, como justificar ética e moralmente a troca de um conteúdo/abordagem correto por conteúdo/abordagem errada?

A verdade é que a Coleção Caminhos da Ciência não se enquadra em nenhum critério de reprovação definido pelo Edital do PNLD 2010. Em todo o Relatório de Reprovação foram apontados corretamente apenas três pequenos erros gráficos, todos menos graves do que aqueles presentes em coleções que constam do Guia de Livros Didáticos PNLD 2010: Ciências, conforme é possível nas páginas 37, 49, 55 e 60 do mesmo Guia.

A Coleção Caminhos propõe uma quantidade adequada de experimentos e observações e discute adequadamente os métodos da ciência.

A proposta pedagógica é apresentada de maneira clara e objetiva no Manual do Profes- sor e é consolidada coerentemente ao longo dos livros da Coleção.

O Manual do Professor é informativo, traz farta bibliografia e indicações de atividades adicionais que o professor poderá utilizar, a seu critério. Além disso, o Manual é muito prático, sendo claramente diagramado, com informações capítulo a capítulo.

Os grupos étnico -culturais e a diversidade ambiental brasileiros estão amplamente re- presentados, de modo equilibrado e adequado.

A Coleção Caminhos da Ciência não exprime preconceitos, nem induz a isso. Pelo con- trário, dá ênfase à formação do aluno como cidadão participativo, ciente dos seus direitos e dos seus deveres também.

Os conteúdos tratados na Coleção atendem plenamente às exigências do Edital do PNLD 2010 e as indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Os avaliadores do PNLD 2010 não apresentaram fatos nem fundamentação para justi- ficar sua divergência com as equipes de avaliação dos PNLD 2001, 2004 e 2007 que apro- varam a Coleção Caminhos da Ciência e lhe atribuíram a melhor classificação possível nas duas oportunidades nas quais as coleções aprovadas recebiam classificação. Na realidade, as conclusões dos avaliadores do PNLD 2010 são de tal modo incompatíveis e opostas às três avaliações anteriores que a divergência permite especular se a exclusão da nossa obra foi motivada por imperícia ou má -fé.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação

PNLD 2010 – Coleção Caminhos da Ciência. Brasília: Ministério da Educação, maio/2009.

F I G U R A 3 . 1 0 Reprodução da página 111 do livro do 5o ano [tamanho original

F I G U R A 3 . 1 1 Reprodução da ilustração da página 111 do livro do 5o ano [tamanho

original sem redução]. A linha pontilhada sobreposta à figura original corresponde a um círculo perfeito. Ou seja, a alegação dos avaliadores do PNLD 2010 é falsa e prova que eles não mediram a imagem ou, caso tenham medido, o fizeram com displicência.

O diâmetro “equatorial” mede cerca de 12,7 cm

A linha pontilhada vermelha mostra um círculo perfeito com diâmetro

igual ao do eixo maior da elipse O diâmetro “polar” mede aproximadamente 12,5 cm

F I G U R A 3 . 1 2 Com um lápis e uma tira de papel, apenas, é possível verificar o achatamento da elipse representado na ilustração da página 111 do livro do 5o ano. Isto é bem evidente até mesmo nas imagens abaixo, que

CAPÍTULO

4

O caso da Coleção Ponto de Partida

Ciências

O

sucesso da Coleção Caminhos da Ciência trouxe enorme satisfação para nós, autores, mas não foi su- ficiente para diminuir a necessidade de encontrar ou- tras soluções para o livro didático de Ciências. Como professo- res, sabemos que não existe uma única “fórmula” para ensinar e que podem ser muitos e variados os percursos da aprendizagem. Os livros da Coleção Caminhos da Ciência foram elaborados com o objetivo de transpor, para um material estruturado, um determinado conjunto de orientações didáticas decorrentes das concepções construtivistas da aprendizagem. Suas atividades, consequentemente, são mais abertas e dialógicas. A interação en- tre o professor e os alunos é uma condição para o seu desenvolvi- mento. O trabalho com os livros da Coleção Caminhos depende de um planejamento mais flexível, pois o professor poderá se deparar com situações instigantes propostas pelos alunos e não previstas inicialmente. Como autores, logo surgiu o desejo de fa- zer algo diferente. E se escrevêssemos uma outra coleção de livros didáticos com uma proposta de ensino distinta daquela presente nos livros da Coleção Caminhos? Uma coleção que valorizasse a informação e, ao mesmo tempo, preservasse uma visão cons- trutivista do ensino de Ciências; uma coleção que valorizasse o trabalho com textos informativos; uma coleção mais fácil de ser

incorporada pelo professor em seu planejamento. Mas que, mesmo assim, se mantivesse fiel aos princípios construtivistas da aprendizagem (que desafio avançar sem retroceder no tempo e voltar aos antigos livros “pergunta -reposta”!).

Assim surgiu a Coleção Ponto de Partida Ciências, fruto da nossa necessidade autoral de oferecer outras opções de material didático para os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Quem consulta os livros da Coleção Ponto de Partida Ciências facilmente percebe a completa integração entre o projeto gráfico dos livros e a sua proposta didática. Trata -se de uma estrutura que se repete ao longo de toda a obra com o objetivo de ensinar o aluno a usar o livro mais facilmente e, assim, aprender a estudar com autonomia. Todos os ca- pítulos são iniciados por momentos de problematização/conversação, valorizando as des- cobertas e os saberes dos alunos e incentivando a construção coletiva de conhecimentos. Esses momentos iniciais são seguidos de momentos de leitura, ou melhor, de estudo pro- priamente dito. Os textos informativos que integram essa segunda etapa da aprendizagem foram cuidadosamente elaborados considerando os diferentes níveis de leitura dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Algumas crianças estão em fase de alfabetização e, por isso mesmo, ainda precisam do apoio do professor para ler. As páginas que com- portam os textos informativos não contêm elementos que interrompem o fluxo natural da leitura, permitindo a total concentração do aluno em seu conteúdo. Os capítulos são encerrados com desafios e também atividades que valorizam a revisão e a memorização dos assuntos tratados. E como se trata de um “ponto de partida”, a seção “Aprofundamento” e o Manual do Professor trazem sugestões de atividades que permitem aprofundar ou am- pliar o trabalho proposto no Livro do Aluno.

A Coleção Ponto de Partida Ciências foi aprovada no PNLD 2007 e incluída no Guia do Livro Didático PNLD 2007 – Ciências. Sua resenha apresenta elogios à parte textual da obra, o que foi motivo de muito orgulho para nós. Os avaliadores do PNLD 2007, coorde- nados pelo Professor Doutor Antônio Carlos Pavão (Universidade Federal de Pernambuco) e pelo Professor Doutor Dietrich Schiel (Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo), elogiaram a redação dos nossos textos informativos, destacando a qualidade da linguagem por nós adotada. Consideraram os textos diretos, adequados à faixa etária e também corretos do ponto de vista da abordagem conceitual. Para nós, essa avaliação reiterou o acerto da decisão de produzir uma segunda coleção de didáticos para a área de Ciências na qual a parte textual fosse colocada em evidência. Em nossa experiência, como autores, professores e também pais, nós sempre tivemos dificuldade em encontrar textos de conteúdo científico adequados às crianças pequenas. Frequentemente nós nos depa- ramos com nossos filhos perturbados diante da dificuldade de ler e entender um texto enviado pela escola para o estudo da ciência. Logo, a satisfação com os elogios da resenha da Ponto de Partida não foi pequena…

Sucesso na avaliação, sucesso nas vendas. A Coleção Ponto de Partida Ciências foi di- vulgada pela Editora Sarandi conforme as regras estipuladas pela Portaria nº 2.963/2005 estabelecida pelo FNDE, ou seja, a propaganda dos livros foi feita única e exclusivamente por meio da remessa via correio de exemplares de divulgação. Logo, o fato de ter alcança-

do cerca de 6% das aquisições de livros feitas pelo FNDE para o componente curricular Ciências foi outro motivo de orgulho. Afinal, tratava -se de uma proposta inédita e não sabíamos como os professores reagiriam diante das novidades que a Coleção apresentava.

No entanto, nós queríamos mais com a Coleção Ponto de Partida Ciências. Para o PNLD 2010, nosso esforço autoral e editorial voltou -se para dois aspectos, principalmen- te. O primeiro deles foi o de trazer para o Livro do Aluno parte das orientações expressas somente no Manual do Professor. Isso porque, na primeira edição, o desejo de valorizar os textos informativos fez com que concentrássemos no Manual do Professor a maior parte das atividades complementares, as dicas de estudo e outros elementos que tornam o livro mais estimulante e dialógico. Quando esses elementos, que chamamos champig- non do livro didático, integram o Livro do Aluno, maiores são as chances dos professores colocarem -nos em prática. Então, partimos para um estudo profundo do projeto gráfico, de modo a continuar valorizando a parte textual, mas trazer para o aluno as indicações que já estavam no Manual do Professor.

O segundo aspecto importante da reformulação da Coleção Ponto de Partida Ciên- cias para o PNLD 2010 concentrou -se nas atividades de experimentação. No ensino de Ciências, os limites entre o que é uma situação de experimentação e uma situação de demonstração são muito tênues. Em nossa opinião, depende muito da condução do pro- fessor. Mas a resenha do Guia do PNLD 2007 apontava a necessidade da obra apresentar encaminhamentos mais abertos para as situações experimentais – o que, do ponto de vista editorial, demanda um número maior de páginas. Foi o que fizemos: reestruturamos as páginas dedicadas às situações de experimentação de modo a trazer para os livros do aluno os encaminhamentos que já estavam nos manuais, que garantiam um trabalho pautado na observação, na descoberta e no teste de hipóteses. Ampliamos o número de situações e, além disso, agregamos a todos os livros uma seção especial, chamada Guia de Experiências e Observações. Nessa seção, desenvolvemos um trabalho mais sistemático com os métodos científicos, valorizando a construção de procedimentos relacionados ao teste de hipóteses. Há anos já refletíamos sobre as possibilidades da Filosofia das Ciências estar presente em nossos livros desde as séries iniciais e essa nova seção da Coleção Ponto de Partida repre- sentou uma excelente oportunidade para transpormos essa reflexão para a prática.

Não temos nenhuma dúvida: para o PNLD 2010, os livros da Coleção Ponto de Par- tida Ciências ficaram ainda mais bonitos e muito melhores e mais interessantes do ponto de vista didático. Tanto que sua estrutura foi estendida a outras áreas, como Letramento e Alfabetização Linguística (ver Capítulo 6). A Coleção foi inscrita no PNLD 2010 com muita satisfação da nossa parte. E, infelizmente, foi reprovada. Mas como?! Impossível! Caro leitor, desculpe -nos a falta de modéstia, mas a Coleção ficou excelente. O que, então, teria motivado os avaliadores do PNLD 2010 a excluí -la desse programa?

A leitura das próximas páginas provavelmente irá provocar a sensação de episódios de déjà -vu. A sensação que tivemos ao ler o Relatório de Reprovação da Coleção Ponto de Partida foi exatamente essa: eu acho que já vi isso em algum lugar… Logo, ao escrever- mos esse capítulo, procuramos provocar no leitor esse mesmo sentimento. Apesar de não sermos escritores literários e de não dominarmos a arte de provocar sensações, dramas ou

tensões (lembre -se amigo leitor, somos meros “autores de livros didáticos”, como fazem questão de nos recordar os “especialistas” da academia), a tarefa, para sermos bem francos, não foi difícil, pois os próprios avaliadores do PNLD 2010 nos forneceram todo o instru- mental necessário.

De fato, nem o leitor e tampouco nós sofremos de paramnésia. São os avaliadores do PNLD 2010 que repetem os mesmos erros cometidos ao reprovarem a Coleção Caminhos da Ciência, claramente identificáveis no Relatório de Reprovação (ver Capítulo 3). Muitas vezes o erro é exatamente o mesmo. E isso é estranho, pois a semelhança nos erros con- ceituais e no modus operandi é enorme. Os avaliadores do PNLD 2010, no Relatório de Reprovação da Coleção Ponto de Partida:

‹

‹ recorrem insistentemente à análise descontextualizada de pequenos trechos dos livros;

‹

‹ insistem em impingir a terminologia de um campo do conhecimento sobre outros

(com a balança pendendo sempre para a Física);

‹

‹ revelam sérias deficiências conceituais em assuntos da Biologia, da Geologia e da As-

tronomia;

‹

‹ dão sinais claros de não terem lido os livros por completo, em particular o Manual do

Professor;

‹

‹ fazem análises açodadas e desleixadas de ilustrações e figuras dos livros, sem seguir os

procedimentos descritos nos livros e manuais do professor; e

‹

‹ descrevem supostos erros utilizando termos vagos, imprecisos e genéricos para montar

uma retórica vazia.

Tanta semelhança nos faz desconfiar que os avaliadores da Coleção Ponto de Partida Ciências foram os mesmos que avaliaram a Coleção Caminhos da Ciência. É claro que não temos elementos suficientes para confirmar essa suspeita, pois a identidade dos avalia- dores de cada Coleção é mantida sob sigilo pela SEB, mesmo após o término da avaliação.

No documento Com a palavra, o autor (páginas 118-143)

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