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Substância: falta de discussão do termo e defi nição mal explicada no glossário

No documento Com a palavra, o autor (páginas 145-149)

O que diz o Relatório de Reprovação:

1. Veiculação de informação incorreta, imprecisa, inadequada e desa­ tualizada

Livro do 2o ano

1.1. Página 27: [...] Além disso, a noção de substância não é discutida. Ela está indicada em negrito para ser consultada no glossário somente na página 39, mas a própria definição de substância no glossário (pá­

gina 140) poderia ser mais apropriada.6

Os avaliadores do PNLD 2010 criticaram o uso da palavra “substância” sem, no en-

tanto, apontar qual é a inadequação ou a qual erro conceitual o seu uso induz. O que os avaliadores do PNLD 2010 querem dizer com “a própria definição de substância

no glossário (página 140) poderia ser mais apropriada”? O que eles consideram

apropriado? Qual é a incorreção, imprecisão ou inadequação? Acusações vagas e insubs- tanciadas, nas quais não se apontam sequer os erros induzidos pela alegada inadequação, não podem ser levadas em consideração; isso sem contar o agravante de impedirem que a

6   UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação PNLD

Coleção Ponto de Partida Ciências seja inscrita no PNLD 2013. Em nossa classificação, esse estratagema dos avaliadores do PNLD 2010 é classificado como ERRO TIPO 7.

O caro leitor poderá indagar: mas se o erro é tão grave a ponto de justificar a exclusão da Coleção Ponto de Partida, por que os avaliadores do PNLD 2010 não apontaram a incorreção ou os conceitos errados a que o uso da palavra substância induz? Eles nada disseram porque não há erro ou inadequação, é evidente. A verdade é que a palavra “subs- tância” foi utilizada de maneira correta. Trata -se de um termo que faz parte do vocabulário cotidiano do aluno e que, portanto, não lhe é desconhecido. No livro do 2º ano, destinado a alunos com cerca de 7 -8 anos de idade, utilizamos o termo de forma adequada ao con- texto e não há necessidade alguma de apresentar uma discussão mais formal acerca do seu significado. Mesmo assim, nós tivemos o cuidado de colocar o termo no glossário ao final do livro, como admitem os próprios avaliadores do PNLD 2010.

Os avaliadores do PNLD 2010 também acusaram os nossos livros de não abordar (sic): “a noção de substância” que, segundo eles “não é discutida”. Esta alegação é

absoluta e indiscutivelmente falsa (ERRO TIPO 1). Os avaliadores do PNLD 2010 não leram toda a Coleção ou omitiram propositalmente que a noção de substância é objeto de um capítulo inteiro: o Capítulo 4 (denominado “Substâncias e Misturas”) do livro do 4º ano, etapa da escolaridade mais adequada para se abordar o termo mais formalmente do que no 2º ano.

Além disso, a opinião dos avaliadores do PNLD 2007 sobre o assunto é oposta ao pa- recer dos avaliadores de 2010. Na resenha da Coleção Ponto de Partida Ciências no Guia do Livro Didático PNLD 2007, afirma -se:

Na escolha, bem como na distribuição dos temas, foram tomados cuidados com a ade- quação do material à faixa etária a que se destinam, principalmente com o uso de uma linguagem direta e acessível na abordagem dos conteúdos. A participação dos alunos também é valorizada, tanto individual como coletivamente, ao longo dos diferentes vo- lumes da coleção e pode ser aproveitada pelo professor como forma de desenvolver as habilidades de trabalhar em grupo, problematizar (figura 1), ouvir, argumentar e com- partilhar idéias e resultados alcançados.7

É da mais absoluta relevância destacar que a figura 1 referida na resenha destaca jus- tamente o trabalho com o conceito de substância na Coleção Ponto de Partida! O leitor possa conferir por si mesmo as nossas afirmações consultando o próprio Guia do Lirvo Didático PNLD 2007 – Ciências na Internet.

Ainda no Guia do Livro Didático PNLD 2007, os avaliadores daquela edição do PNLD afirmam que os livros da Coleção Ponto de Partida:

[…] abordam conceitos corretos numa linguagem adequada ao nível dos alunos. A ter- minologia científica é apresentada gradualmente, sem excessos de novos termos. […]

7   BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Guia do Livro Didático 2007: ciências. Brasília: Ministério da Educa- ção, Secretaria da Educação Básica, 2006, p. 83. [grifos nossos]. 

Os conteúdos da 1ª e da 2ª séries [atuais 2º e 3º anos] caracterizam -se por uma abor- dagem mais geral e abrangente dos temas selecionados, sem a preocupação de um apro- fundamento excessivo deles. Tal opção é explicitada no Manual do Professor e pautada tanto na perspectiva de adequação à faixa etária dos alunos quanto na proposta de um tratamento em espiral ao longo da coleção, ou seja, com a retomada dos temas, nas séries seguintes, em grau de profundidade mais elevados.8

Logo, é possível constatar que os livros da Coleção Ponto de Partida Ciências foram aprovados em 2007 justamente pela qualidade da linguagem de seus textos, pela adequa- ção do tratamento dado aos termos e conceitos científicos, destacando -se que a proposta é clara nesse quesito, pois os autores a explicitam claramente no Manual do Professor! Ora, esses fatos foram desconsiderados pelos avaliadores do PNLD 2010, que chegaram a uma conclusão diametralmente oposta à avaliação do PNLD 2007. Como os livros não sofre- ram alterações nesses aspectos, o leitor poderia suspeitar que houve mudança nos critérios da avaliação. Mas não, não houve mudança alguma. Os termos do Edital do PNLD 2010 são praticamente os mesmos do Edital do PNLD 2007. Nada justifica a incoerência dos avaliadores do PNLD 2010 com a avaliação precedente! Mas a nossa denúncia não para por aqui…

A crítica dos avaliadores do PNLD 2010 ao glossário da Coleção Ponto de Partida, além de extremamente vaga e não corroborada por fatos concretos, também não se susten- ta. E não somos nós que apresentamos os contra -argumentos. Nas palavras dos avaliadores do PNLD 2007:

Na coleção toda, os termos científicos são apresentados sublinhados [na nova edição da coleção os termos são destacados em negrito], o que remete o leitor ao glossário, no final do livro, para melhor compreensão dos mesmos.9

Caro leitor, como explicar a crítica negativa dos avaliadores do PNLD 2010 à discus- são do conceito de substância presente nos textos informativos e no glossário dos livros da Coleção Ponto de Partida? Primeiro eles alegaram que “a noção de substância não

é discutida”, o que já demonstramos ser uma alegação inteiramente falsa. Em seguida,

eles criticaram, em termos vagos, a definição do termo no glossário, o que se configura como uma crítica vazia de conteúdo. Mais difícil ainda de explicar é a escandalosa diver- gência com a equipe da avaliação precedente que destacou: a) a adequação da linguagem à faixa etária e o modo progressivo como se desenvolvem os temas científicos ao longo da Coleção; b) a qualidade do glossário; e c) as qualidades da Coleção exemplificadas especi- ficamente com a menção do trabalho com o conceito de substância!!

Ou seja, as opiniões dos avaliadores do PNLD 2010 são completamente opostas e irre- conciliáveis com as opiniões da equipe de avaliação sob responsabilidade da USP e, volta- mos a reiterar, com os fatos concretos da obra! Em nossa opinião, o parecer dos avaliadores do PNLD 2010 indica que eles foram, no mínimo, negligentes ao ler os livros da Coleção

8   Ibidem, p. 84. [grifos nossos].

Ponto de Partida. Também indica imperícia, por não perceberem o tratamento progres- sivo dos conceitos e da terminologia científica tão bem identificados pelos avaliadores do PNLD 2007.

A verdade é que o trabalho com o conceito de substância ao longo da Coleção Ponto de Partida é correto e adequado. Não há erro conceitual nem indução a erro conceitual. O parecer dos avaliadores do PNLD 2010 não tem sustentação.

Vale destacar que o termo “substância” é usado sem restrições nos artigos da Revista Ciência Hoje das Crianças explicitamente recomendados pelo Professor Doutor Antônio Carlos Pavão em texto elaborado para a série televisiva de entrevistas “Programa Salto para o Futuro”, exibido em rede nacional pela TV Escola/MEC. Nesse programa, destinado à formação e atualização do professorado, o texto do Professor Pavão orienta os professores de todo o país:

Não deixe de usar a revista Ciência Hoje das Crianças. Esta é uma coleção preciosa. Qualquer volume é muito bom. O MEC distribui esta coleção para as escolas.10

Além disso, em todas as coleções de Ciências aprovadas no PNLD 2010, mesmo em seus livros do 2º ano, o termo “substância” é empregado sem restrições. Algumas dessas coleções sequer definem o termo no glossário e, quando o fazem, a definição que oferecem é semelhante à da Coleção Ponto de Partida, condenada pelos avaliadores. Esta última constatação é, portanto, mais um flagrante de afronta ao princípio da isonomia (ERRO TIPO 6).

Não podemos deixar de expressar novamente nossa surpresa com a assinatura do Pro- fessor Pavão ao final do Relatório de Reprovação da Coleção Ponto de Partida Ciências. Afinal, o assunto “substância” é do domínio da Química e o Professor Pavão é doutor em Química. Consequentemente, espera -se que ele tenha bom domínio conceitual da área do conhecimento de sua formação e especialização. Na condição de representante da Comissão Técnica da avaliação do PNLD, o Professor Pavão foi corresponsável pela aprovação da nossa obra e pela resenha da Coleção Ponto de Partida apresentada no Guia do Livro Didático PNLD 2007 – Ciências. Logo, é possível afirmar que ele afiançou os elogios à correção conceitual dos nossos livros e o destaque ao trabalho com o conceito de “substância” apresentado na resenha. Ora, por acaso o conceito de “substância” (perdoe- -nos pelo trocadilho) mudou “substancialmente” de 2007 para 2010? Como pode o aval do Professor Pavão constar de dois documentos oficiais que afirmam exatamente o oposto um do outro em assunto de sua área do conhecimento? Não há conciliação possível. Ou o Professor Pavão errou grosseiramente em 2007 ou ele errou grosseiramente em 2010. Qual a sua opinião, prezado leitor?

10   PAVÃO, Antônio Carlos. O livro didático de Ciências – Ensinar ciências fazendo ciências. Programa Salto para o  Futuro. TV Escola/TVE Brasil, maio/2006. [grifos nossos]. 

Uso inadequado das palavras “sabor” e “gosto”

No documento Com a palavra, o autor (páginas 145-149)

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