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Livro do 4º ano – Máquinas simples O que diz o Relatório de Reprovação:

No documento Com a palavra, o autor (páginas 167-177)

1. Veiculação de informação incorreta, imprecisa, inadequada e desa­ tualizada

Livro do 4o ano

1.6. Página 164: é afirmado de forma imprecisa: “... Na realidade, só existem dois tipos fundamentais de máquinas: as alavancas e os planos

inclinados.” Há outros tipos de máquinas simples.40

Não há consenso na literatura acadêmica a respeito da classificação de máquinas sim- ples. Diferentes classificações consideram a existência de duas a seis máquinas simples fundamentais. Além disso, o livro do 4º  ano da Coleção Ponto de Partida Ciências, condenado pelos avaliadores, não afirma a existência de apenas duas máquinas simples como sugere o Relatório de Reprovação. Tal alegação revela imperícia na análise do nosso material, caracterizando -se como um ERRO TIPO 1 (inexistência do fato alegado). O

39   Avaliações internacionais como as provas promovidas pelo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos)  permitem a comparação das aprendizagens de alunos de diferentes partes do mundo. Essa avaliação em particular  envolve alunos com cerca de 15 anos de idade e foca três diferentes campos: leitura, matemática e ciências. Em 2006, o  foco foi a área de Ciências e a posição do Brasil no ranking mundial variou entre a 50ª e 54ª posição. Lembrando que par- ticipam das provas do PISA os 30 países da OCDE e mais 27 nações voluntárias, é fácil concluir que o ensino de Ciências  no Brasil vai mal, muito mal. Acreditamos que uma das funções da avaliação do PNLD é a de garantir a oferta de livros  com qualidade, função que de uma forma geral vem sendo realizada com sucesso. Entretanto, os episódios ocorridos  no PNLD 2010 clamam por uma revisão urgente. Não dá para silenciar, por exemplo, diante das exigências esdrúxulas  dos avaliadores do PNLD 2010, como a mencionada nesta passagem do livro. Assim como o FNDE deve recusar livros  desatualizados, avaliadores que demonstram não ter formação mínima também deveriam ser revistos! Fonte: PINHO, Ângela; GÓIS, Antônio. Pisa: Brasil é reprovado, de novo, em matemática e leitura. In: Jornal da Ciência.  Órgão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 5 dez. 2007. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia. org.br/Detalhe.jsp?id=52820> (acesso: jun/2010).

40   UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação PNLD

texto original afirma apenas que existem dois tipos fundamentais de máquinas, adotando a classificação mais simples disponível na literatura41 e, na nossa opinião, a mais ade-

quada para os alunos dos anos iniciais da escolaridade. Como o Edital do PNLD 2010 não determina qual bibliografia deve necessariamente ser seguida pelas obras didáticas, a nossa opção teórica não apenas é correta, mas também legítima. Divergir das opções dos autores sem respaldo nos termos do edital caracteriza exorbitância do poder discricioná- rio, um clássico ERRO TIPO 5.

É difícil acreditar que os avaliadores do PNLD 2010 não saibam que na classifica- ção que propõe apenas duas máquinas simples fundamentais, as outras máquinas sim- ples (também consideradas fundamentais por outras classificações) são consideradas como combinações e variações dos dois tipos fundamentais. Os avaliadores do PNLD 2007, acertadamente, entenderam a nossa opção e não a avaliaram como “erro conceitual” ou imaginaram que ela seria “indutora de erros”. Os avaliadores do PNLD 2010 não justifi- caram a divergência com a equipe anterior (ERRO TIPO 4). Nem poderiam, pois o livro condenado não apresenta erro algum.

A opção didática também não é invenção dos autores. É incentivada pelo National Teacher Training Institute (Instituto Nacional de Treinamento de Professores), dos Estados Unidos e adotada por diversos sistemas públicos de ensino (como, por exemplo, o Depar- tamento de Educação da Carolina do Sul, EUA). É possível conferir estas informações nos endereços eletrônicos:

‹

‹ <http://www.scetv.org/education/ntti/index.cfm> (acesso: maio/2009). ‹

‹ <http://www.scetv.org/education/ntti/lessons/2001_lessons/simplemachines.cfm>

(acesso: maio/2009).

O Edital do PNLD 2010 garante aos autores e às editoras ampla liberdade de opção didática e não impõe uma classificação de máquinas simples sobre às outras. Logo, como já apontamos, a reprovação da Coleção Ponto de Partida Ciências com base nas opções teóri- cas e didáticas de seus autores caracteriza uma clara exorbitância dos avaliadores do PNLD 2010. Na contrapartida, vale destacar que nessa passagem do Relatório de Reprovação os avaliadores do PNLD 2010 não informaram:

‹

‹ a classificação de máquinas simples que consideram mais precisa, adequada e que ne- cessariamente precisa ser adotada pelos livros aprovados;

‹

‹ qual a fundamentação científica e/ou pedagógica para a sua opção de classificação;

‹

‹ qual a “informação incorreta, imprecisa, inadequada e desatualizada” que foi veiculada pela Coleção; e

‹

‹ quais os motivos de sua divergência com os avaliadores do PNLD 2007, que conside-

raram o texto correto.

É evidente que os avaliadores do PNLD 2010 se equivocaram ao afirmar que o trecho em questão é impreciso ou que induz ao erro. Pior ainda são os termos vagos e inespecí-

ficos que usaram para censurar nosso livro (ERRO TIPO 7). O Decreto n° 7.084/2010 exige que as obras reprovadas só podem ser reinscritas em programas futuros se compro- varem a correção dos supostos erros apontados no Relatório de Reprovação. Como po- deremos fazer isso, se os avaliadores não informam quais são efetivamente esses erros? Na prática, argumentos vagos e inespecíficos revelam -se um estratagema dos avaliadores do PNLD 2010 para inviabilizar a continuidade da participação da Coleção Ponto de Parti- da Ciências no PNLD. Se optarmos por outra classificação, como saber se a nova classi- ficação será a que eles desejam? Existem pelo menos mais três classificações. E quem nos garante que, mesmo adotando outra classificação, eles não exigirão, no próximo PNLD, uma terceira, quarta ou quinta referência distinta daquela por nós adotada? Quem con- trola esse mecanismo perverso? Até quando ele persistirá na avaliação do PNLD?

Erros dos avaliadores do PNLD 2010 presentes no Relatório de

Reprovação

Maçante, enfadonha, cansativa… Talvez o leitor já esteja entediado de acompanhar a nossa contestação aos argumentos dos relatórios de reprovação das nossas obras excluídas do PNLD 2010. Esses argumentos não apenas se assemelham como provocam impressão de circularidade oriunda das repetições, redundâncias, pleonasmos, tautologias, retóricas utilizadas pelos avaliadores do PNLD 2010 em seus argumentos. Mas temos de ir em frente e encorajamos o leitor a prosseguir conosco. Suas conclusões poderão ser importan- tes. Esperamos que se contagie com o nosso entusiasmo pelo livro didático, pelo PNLD e também pela própria avaliação. Nem tudo é perfeito. Revisões, reformas, reestruturações e até mesmo as crises são sempre motivos de crescimento. Então vamos lá…

O primeiro argumento apresentado pelos avaliadores do PNLD 2010 para reprovar e excluir a Coleção Ponto de Partida Ciências, relacionado à veiculação de informações erradas ou desatualizadas, nós tivemos que contestar na íntegra. Afinal, não foram poucos os desvarios conceituais, e a necessidade moral de torná -los públicos tornou -se pungente. Nessa segunda parte da análise do Relatório de Reprovação dessa Coleção, porém, nós faremos um levantamento mais geral, destacando argumentos relacionados ao critério fun- damental “indução a erro”.

O temor de que um texto informativo, a definição de um conceito, uma atividade ou até mesmo uma imagem possa “induzir a erro” ou “induzir a construção de uma noção equivocada” é legítimo. Nós mesmos já analisamos muitos livros didáticos e identifi- camos diversos elementos que poderiam fomentar entre os leitores uma ideia contrária às intenções de seus autores. Temos um exemplo canônico: em um livro de Geografia de autor engajado nos movimentos pró -reforma agrária, quando se chega ao estudo das relações entre o campo e a cidade, verifica -se que as imagens que representam o trabalhador rural sempre trazem pessoas sem sapato. Isso mesmo, sem sapato. Como as imagens são todas ilustrações, foi fácil perceber que na representação do ilustrador o trabalhador rural anda descalço. Não se tratava de uma visão do autor. Pelo contrário.

Mas, como ficam as representações dos alunos? Na edição de um livro, todo cuidado é pouco. Pena que, no nosso exemplo canônico, apesar das aberrações das imagens, o livro foi aprovado no PNLD.

Por outro lado, os eventos por nós vivenciados no PNLD 2010 fizeram -nos concluir que o argumento baseado em “possível indução” foi utilizado, na prática, como um poderoso instrumento de censura. Sob a acusação de “possível indução”, os avaliadores do PNLD 2010 reprovaram a esmo textos e imagens dos nossos livros. Esses ficaram sob suspeita: “induz a erro”, “induz a preconceito”, “induz construção de noção equivocada”. Entretanto, há que se destacar que nenhuma das acusações descreveu quais seriam os erros, os equívocos ou os preconceitos que necessariamente nossos textos e imagens induzem. Tampouco foram apresentadas pesquisas que comprovem que as abordagens didáticas, as construções de fra- ses, as ilustrações ou as fotografias reprovadas em nossos livros sob essa acusação realmente determinam erros, equívocos ou preconceitos na formação dos alunos. Essa comprovação teórica é particularmente importante quando se trata do ensino de Ciências. Afinal, como já amplamente pesquisado e divulgado por diversas instituições nacionais e internacionais (os próprios ESHACH e FRIED citados como referência pelos avaliadores do PNLD 2010 nos corroboram), o processo de aprendizagem de Ciências envolve convivências e tensões entre os saberes científicos e os demais saberes espontâneos dos alunos.

Como os avaliadores do PNLD 2010 não descrevem a quais induções nossos livros levam os alunos e tampouco apresentam as pesquisas que justificam suas acusações, esse poderoso instrumento de censura revela -se uma aleivosia, uma injúria. Apresentamos na sequência al- gumas das aleivosias presentes na segunda parte do Relatório de Reprovação da Coleção Pon- to de Partida Ciências. Não todas, pois temos o intuito de poupar nosso leitor. Entretanto, queremos demonstrar que a presença de aleivosias depõe contra a própria avaliação do PNLD e isso nós não vamos permitir. Há mecanismos simples de controle desse instrumento, que tratamos no Capítulo 7 deste livro. Por ora, vamos aos fatos. Ou melhor, às aleivosias.

Peristaltismo

O que diz o Relatório de Reprovação:

2. Conteúdo indutor de aprendizagem equivocada

Livro do 5o ano

2.4. Página 44: afirma ­se que “o esôfago conduz o alimento até no es­

tômago. Os músculos do esôfago atuam... Eles se contraem como ondas que empurram o alimento para o estômago”. A analogia com uma onda pode

induzir a noção equivocada de onda transportando matéria.42

Repare, caro leitor, o desconhecimento dos avaliadores do PNLD 2010 sobre a fisio- logia do esôfago e a terminologia tradicionalmente utilizada para descrever e explicar o

42   UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação PNLD

assunto. Eles alegam que o texto da página 44 do livro do 5º ano da Coleção Ponto de Partida Ciências apresenta uma analogia que levará os alunos a formar “a noção equivo­

cada de onda transportando matéria”, o que caracterizaria uso indevido de conceito

que induz a erro.

O primeiro fato a ser alertado é que o texto do nosso livro não faz analogia alguma. O uso da palavra “onda” não só é correto como usual nos tratados de fisiologia para descre- ver o peristaltismo do tubo digestório, como se verifica no texto de BERNE et al. (2004) apresentado a seguir, no qual é possível verificar o emprego do termo “onda” exatamente no mesmo contexto em que ele foi utilizado no nosso livro.

Esophageal Phase

The esophageal phase of swallowing is controlled mainly by the swallowing center. After the bolus of food passes the UES, a reflex action causes the sphincter to constrict. A peristaltic wave, which is called primary peristalsis, begins just bellow the UES. This wave travels at approximately 3 to 5 cm/sec, and transverses the entire esophagus in less than 10 seconds.43

[Fase esofágica

A fase esofágica da deglutição é controlada principalmente pelo centro da degluti- ção. Depois que o bolo alimentar passa o EES [esfíncter esofágico superior], uma ação reflexa causa a constrição do esfíncter. Uma onda peristáltica, que é denomina- da peristalse primária, começa logo abaixo do EES. Esta onda viaja a aproximada- mente 3 a 5 cm/s e atravessa o esôfago inteiro em menos de 10 segundos.]

Por acaso os avaliadores do PNLD 2010 sugerem que o tratado de BERNE et al., ado- tado em renomadas faculdades de medicina do Brasil, dos EUA e da Europa cometeria o erro primário de fazer uma analogia indevida?

O erro, evidentemente, é dos avaliadores do PNLD 2010 e não do nosso livro (muito menos de BERNE). O fato dos nossos censores desconhecerem que a palavra “onda” é utilizada para descrever diversos processos naturais, inclusive a propagação de contrações musculares (peristalse) é um forte indicador de imperícia (ERRO TIPO  2). Como já demonstramos no Capítulo 3, faz parte da formação do aluno, em particular no estudo de Ciências, desenvolver a habilidade de distinguir os diferentes significados que um ter- mo pode assumir de acordo com o contexto em que é utilizado, inclusive em diferentes campos de conhecimento (por exemplo, o termo “vida” é usado na Biologia, na Física de Partículas e na Astronomia com significados distintos).

Na página  44 do livro do 5º  ano da Coleção Ponto de Partida, a palavra “onda” é utilizada de modo conceitualmente correto. O texto e, principalmente, as imagens e as legendas das páginas 44 e 45 ilustram e descrevem o peristaltismo (ver reprodução do original nas Figuras 4.7 e 4.8). Consequentemente, evitam qualquer analogia equivocada. Texto e imagens deixam claro que o movimento (transporte) do alimento ao longo do

esôfago é promovido por uma onda de contração muscular que se propaga pelo esôfago conduzindo o alimento para o estômago.

A correção do texto e das imagens é óbvia. Logo, o leitor não deverá se surpreender ao saber que exatamente os mesmos textos e as mesmas imagens foram aprovadas pelos ava- liadores do PNLD 2007. Os avaliadores do PNLD 2010 sequer se deram ao trabalho de explicar porque divergiram da equipe de avaliação precedente (ERRO TIPO 4).

É fundamental destacar a irrelevância e a impertinência dessa crítica dos avaliadores do PNLD 2010. Afinal, o assunto tratado naquele capítulo do livro do 5º ano da Coleção Ponto de Partida é o mecanismo de transporte do bolo alimentar pelo esôfago e não é o conceito físico de “onda”. Mesmo assim, gostaríamos de abusar um pouco mais da paciên- cia do nosso leitor para demonstrar que o comentário dos avaliadores não tem o menor cabimento.

O Dicionário Houaiss de Física define “onda” como:

Fenômeno que consiste numa perturbação periódica que se propaga por um meio ma- terial ou pelo espaço. Num meio material a perturbação provoca um deslocamento temporário do material de seus constituintes em torno de uma posição de equilíbrio sem que ocorra um deslocamento de todo o meio; esse deslocamento transporta apenas energia.44

Será que o nosso texto (e consequentemente, o de BERNE et al.) realmente faz uma analogia imprópria? Para isso repetimos e sublinhamos o verbete do dicionário e comple- mentamos com a informação pertinente entre colchetes. Assim sendo, a citação fica:

Num meio material [no caso, os músculos do esôfago] a perturbação [contração da musculatura do esôfago] provoca um deslocamento temporário do material de seus constituintes [estreitamento temporário da luz do esôfago provocada pela contração das fibras musculares] em torno de uma posição de equilíbrio [musculatura relaxada] sem que ocorra um deslocamento de todo o meio [sem que haja deslocamento da mus- culatura do esôfago]; esse deslocamento transporta apenas energia.

Como é possível constatar, a analogia do nosso texto e de todos os textos de fisiologia humana e animal comprova -se perfeita e adequada. Todavia, temos de considerar que os avaliadores do PNLD 2010 afirmam que essa analogia (sic) “pode induzir a noção

equivocada de onda transportando matéria”. De fato, o Dicionário Houaiss de Física

é claro ao afirmar que na propagação da onda num meio material, não ocorre “um deslo- camento de todo o meio; esse deslocamento transporta apenas energia”. Entretanto, caro leitor, os avaliadores do PNLD 2010 não consideraram, seja por ignorância (ERRO TIPO 2) ou por má -fé (ERRO TIPO 1, pois adultera os fatos), que ondas não transportam matéria do meio onde se propagam, mas podem transferir a energia que transportam para corpos adjacentes, provocando inclusive seu deslocamento. Por exemplo, o grande tsunami de 2004, provocado por um terremoto na Indonésia, atingiu com força localidades há milha-

res de quilômetros de distância, na Tailândia, na Índia, no Sri Lanka e na África. As ondas desse tsunami não transportaram a água da Indonésia até aqueles lugares atingidos, apenas energia. Todavia, ao atingir a costa, a energia foi transferida para os corpos adjacentes, causando grande destruição. O leitor se lembra desse episódio e da tragédia provocada pelas “ondas”, não é mesmo45?

A analogia que os fisiologistas fazem ao usar o termo “onda” ao descrever o peristal- tismo é correta e adequada, assim como o nosso uso do termo ao descrever esse mesmo fenômeno no nosso livro didático. Em momento algum o texto do nosso livro dá margem para o aluno imaginar que a onda de contração peristáltica transporta o meio pelo qual ela se propaga (musculatura do esôfago), ele apenas afirma que a contração da musculatura do esôfago se propaga pelo órgão como uma onda que transporta o bolo alimentar, o que é absolutamente correto e adequado.

A verdade é que o nosso livro foi injustificadamente reprovado, pois adota terminologia científica consagrada e fornece elementos textuais e figurativos para a correta construção do conceito de peristaltismo e a sua importância para o trânsito de alimentos ao longo do trato digestório. A correção factual e conceitual da Coleção pode ser mais uma vez corro- borada pelas palavras de SANTOS:

Assim, a contração anelar da camada circular passa em forma de onda (de uns 4 a 8 centímetros de extensão) do esôfago proximal para o distal. Esta é precedida por outra onda de relaxamento. […] Ao gerar gradiente de pressão, a peristalse assegura o trânsito esofagiano (~10s). À medida que a onda peristáltica progride distalmente, ela se torna mais lenta e diminui a taxa de variação da pressão intraluminal. […] Logo após a deglutição, a pressão na junção esôfago -gástrica cai e assim se mantém enquanto a onda peristáltica atinge o esôfago distal, levando -o a esguichar o bolo alimentar no estômago.46

É fácil concluir que o texto do livro do 5º ano da Coleção Ponto de Partida Ciências é, neste assunto, adequado, conceitualmente perfeito, e não induz à aprendizagem equi- vocada, como afirmaram os avaliadores do PNLD 2010 no Relatório de Reprovação da Coleção.

Calor (de novo!)

O que diz o Relatório de Reprovação:

2. Conteúdo indutor de aprendizagem equivocada

Livro do 5o ano

2.5. Página 116, na seção “Para saber mais”, afirma ­se: “O calor da

terra move os continentes e faz o chão tremer”. Por sua vez, no iní­

45   As ondas do mar, muito menores que as ondas dos tsunamis, são responsáveis pelo transporte de quantidades  enormes de sedimento ao longo das costas. Os surfi stas aproveitam a energia liberada pelas ondas do mar quando elas  “quebram” perto da praia para se deslocar rapidamente sobre a água e fazerem suas manobras.

46   SANTOS, A. A. Motilidade gastrointestinal. In: CURI, R.; ARAUJO FILHO, J. P. (Org). Fisiologia Básica. 1. ed. Rio de  Janeiro: Guanabara Koogan, 2009, p. 617. [grifos nossos].

cio do segundo parágrafo, encontra ­se: “O calor do interior da terra é tão intenso...”. Essas frases atribuem calor ao corpo, reforçando

essa concepção de senso comum nos alunos.47

Caro leitor, mais uma vez os avaliadores do PNLD 2010 implicam com o uso do termo “calor” fora do contexto da Física. O termo “calor” tem mais de uma acepção nos textos científicos, como já demonstramos no Capítulo 3. Não há erro no uso do termo “calor” e os trechos destacados do livro reprovado pelos avaliadores do PNLD 2010 não induzem o aluno a erro. O texto da página 116 do livro do 4º ano da Coleção Ponto de Partida Ciências aborda assuntos da área de conhecimento da Geologia e é o mesmo da edição anterior da obra que foi aprovada no PNLD 2007. Os avaliadores do PNLD 2010 não explicaram o que mudou nos últimos três anos para justificar sua divergência com a equipe de avaliação precedente (ERRO TIPO 4). Mais uma vez, não o fizeram porque não há erro no livro; o erro é dos próprios avaliadores do PNLD 2010 que parecem desconhecer que os principais tratados de Geologia brasileiros usam o termo “calor” com a mesma acepção que usamos no livro do 4º ano da Coleção Ponto de Partida Ciências. PACCA e MCRE- ATH (2001), por exemplo, afirmam:

O calor interno da Terra e os processos de sua redistribuição são fatores importantes para entender os movimentos dentro de e entre as camadas da Terra. Esses movimentos são

No documento Com a palavra, o autor (páginas 167-177)

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