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Ondas sonoras

No documento Com a palavra, o autor (páginas 153-160)

O que diz o Relatório de Reprovação:

1. Veiculação de informação incorreta, imprecisa, inadequada e desa­ tualizada

Livro do 3o ano

1.4. Página 121: há uma afirmação inadequada no primeiro parágrafo: “0 som se propaga pelo ar de modo parecido com o das ondas que se espalham na superfície da água. Por esse motivo se diz que o som se propaga em ‘ondas sonoras’”. A propagação das ondas sonoras no ar não tem o mesmo

caráter de propagação de ondas na superfície da água.15

Uma premissa básica de qualquer análise de texto é que as partes devem ser conside- radas no seu contexto e que a análise do contexto deve levar em consideração o todo da obra. Os avaliadores do PNLD 2010 analisaram o trecho da página 121 do livro do 3º ano da Coleção Ponto de Partida Ciências (composta por 4 volumes do aluno e 4 volumes do professor) desconsiderando completamente o seu contexto e o todo do qual ela faz parte. O trecho citado refere -se a uma analogia cujo objetivo é explicar o que é uma fonte sonora e apresentar o termo “propagação”, como pode ser constatado no texto e nas legendas das fotografias do original (ver Figura 4.2).

A verdade é que em nenhuma passagem desse e de todos os demais textos do livro do 3° ano da Coleção Ponto de Partida é afirmado ou sugerido que “a propagação das on­ das sonoras no ar [...] tem o mesmo caráter de propagação de ondas na su­

perfície da água”, como acusam os avaliadores do PNLD 2010 (ERRO TIPO 1). Pelo

contrário, o cuidado dos autores para evitar a construção de apreensões equivocadas para o conceito de “onda sonora” fica evidente nas páginas 37 e 39 do Manual do Professor, nas quais são fornecidas instruções de encaminhamento e definições mais formais dos concei- tos trabalhados. Essa foi a compreensão dos avaliadores do PNLD 2007 que aprovaram a obra e não apontaram este trecho como indutor de erro conceitual. Também nesse caso, os avaliadores do PNLD 2010 não justificaram sua divergência com a equipe avaliadora precedente (ERRO TIPO 4).

Confrontados com essas evidências contrárias ao seu parecer, os avaliadores do PNLD 2010 afirmaram que:

[...] O som é uma onda longitudinal, ou seja, enquanto ela se propaga, as partículas do meio se movem ao longo das direções de propagação. Nas ondas na superfície da água, as partículas na superfície da água se movem em círculos (e/ou elipses), de forma que a analogia utilizada

é imprecisa e inadequada [...].16

15   UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Relatório de Reprovação PNLD

2010 – Coleção Ponto de Partida Ciências. Brasília: Ministério da Educação, maio/2009, p. 2.

16   BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Ofício nº 1.028/2009. Brasília: Ministé-

Os avaliadores do PNLD 2010 procuraram corroborar esse novo e extemporâneo ar- gumento reproduzindo um trecho do artigo de ESHACH e FRIED (2005) que descreve pesquisa na qual constatou que “as pessoas associam erradamente ondas sonoras com ondas da superfície da água”17, conforme tradução dos próprios avaliadores do PNLD 2010.

Caro leitor, o comentário e o trecho do artigo citado não comprovam os argumentos do Relatório de Reprovação em prol da exclusão da Coleção Ponto de Partida. Como de- monstraremos a seguir, os avaliadores do PNLD 2010 insistem em considerar um trecho isolado e descontextualizado para forçar uma conclusão falsa! Pior: eles também descon- textualizaram a frase de ESHACH e FRIED com o mesmo intuito. Infelizmente, a de- monstração do artifício utilizado pelos avaliadores do PNLD 2010 exigirá uma explanação longa, mas necessária para colocar o assunto no seu devido contexto.

Em que contexto a frase dos especialistas citados pelos avaliadores do PNLD 2010 foi escrita? O artigo de ESHACH e FRIED é uma longa reflexão sobre o ensino de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental, intitulada “Should Science be Taught in Early Childhood?”18. Esses especialistas são francamente favoráveis ao ensino de Ciências no iní-

cio da infância e citam seis razões, dentre as quais:

3. Early exposure to scientific phenomena leads to better understanding of the scientific concepts studied later in a formal way.

4. The use of scientifically informed language at early age influences the eventual deve- lopment of scientific concepts.

5. Children can understand scientific concepts and reason scientifically.19

[3. A exposição precoce a fenômenos científicos conduz à melhor compreensão dos conceitos científicos estudados mais tarde de um modo formal.

4. O uso de uma linguagem científica mais formal20 em idade precoce influencia o

eventual desenvolvimento de conceitos científicos.

5. Crianças podem entender conceitos científicos e pensar cientificamente.]

A frase destacada pelos avaliadores do PNLD 2010 foi retirada da seção do texto que discute a razão 4 dada por ESHACH e FRIED, isto é, aquela na qual argumentam a favor do uso de uma linguagem científica mais formal (“informed”) em idade precoce. Esses autores dis correm sobre pesquisas que demonstram que muitas das construções linguís- ticas cotidianas estão em desacordo com o conhecimento científico atual e citam uma

17   ESHACH, H.; FRIED, M. N. Should Science Be Taught in Early Childhood?, Journal of Science and Technology, 14:  314 -336, 2005. [referência apresentada pelos avaliadores].

18   O artigo tem 22 páginas e o seu título poderia ser traduzido como “Deve -se ensinar ciência no início da infância?”.

19   ESHACH, H.; FRIED, M. N. Should Science Be Taught in Early Childhood?. Journal of Science Education and Tech-

nology, v. 14, n. 3, p. 319, set. 2005. [referência e tradução nossas].

20   A locução “informed language” aceita várias traduções desde que a linguagem seja adjetivada com o sentido de  “formal”, “versada”, “educada”, “culta”, “sofisticada” etc.

pesquisa feita por ESHACH e SCHWARTZ que mostra que a linguagem cotidiana afeta a compreensão da noção de som. Segundo esses pesquisadores:

All the students in the authors’ research used the phrase ‘sound wave’ when explaining sound. The authors argued that it is apparent that most students’ mental image of sound is similar to that of water waves. […]

The apparently correct expression ‘sound waves’ used in day -to -day language is interpre- ted literally, rather than conceptually. As result, people mistakenly associate sound waves with water waves.

The authors argued that it is apparent that most students’ mental image of sound is similar to that of water waves. They believe that sound is a type of mater that travels through water in a sine -wave -like patter moving up and down. Thus, during the in- terview most students used up, down, and forward hand movements to describe how sound travels.21

[Todos os estudantes na pesquisa dos autores usaram a frase ‘onda de som’ quando explicavam o som. Os autores argumentaram que é aparente que a imagem mental do som da maioria dos estudantes é semelhante à de ondas de água. […]

A expressão aparentemente correta ‘ondas sonoras’ usada na linguagem do dia a dia é interpretada literalmente, no lugar de conceitualmente. Como resultado, as pesso- as associam erroneamente ondas sonoras com onda de água.

Os autores argumentaram que é aparente que a imagem mental do som da maioria dos estudantes é semelhante à de ondas de água. Eles acreditam que o som é um tipo de matéria que viaja pela água em um padrão semelhante ao de onda senoidal movendo -se para cima e para baixo. Portanto, durante a entrevista a maioria dos es- tudantes, ao descrever como o som se propaga, usavam movimentos das mãos para cima, para baixo e para frente.]

Ora, caro leitor, repare que o contexto faz toda a diferença. O artigo é claro ao dizer que o erro conceitual é resultado da influência da linguagem cotidiana e a transposição da representação mental da onda é mais familiar às pessoas, em seu dia a dia, para a represen- tação da onda sonora. Eles vão mais além ao afirmar que faz parte da educação do cientista superar esses conflitos e argumentam que isto também deveria fazer parte da educação científica promovida pelas escolas. Segundo ESHACH e FRIED:

These examples not only make clear the potency of language to shape experience but also how conflicts can occur between everyday language and scientific language. It is part of scientists’ education to get over these conflicts, but should it be part of children’s education as well? […] Our view is that to avoid tension existing between everyday language and scientific language and, by that, to avoid possible misunderstandings and misconceptions is to misunderstand how that tension is essential in the learning of scientific concepts.22

21   ESHACH, H.; FRIED, M. N. Should Science Be Taught in Early Childhood?. Journal of Science Education and Tech-

nology, v. 14, n. 3, p. 323, set. 2005. [tradução nossa].

22   ESHACH, H.; FRIED, M. N. Should Science Be Taught in Early Childhood?. Journal of Science Education and Tech-

[Esses exemplos não só deixam clara a força da linguagem para dar forma à expe- riência, mas também como conflitos podem ocorrer entre a linguagem cotidiana e a linguagem científica. É parte da educação do cientista superar esses conflitos, mas isso deve ser parte da educação da criança também? […] Nossa visão é que evitar a tensão existente entre a linguagem cotidiana e a linguagem científica e, desse modo, evitar possíveis equívocos e erros conceituais é compreender mal como a tensão é essencial na aprendizagem de conceitos científicos.]

Foi por concordarmos com as opiniões de ESHACH e FRIED (em particular com os motivos 3, 4 e 5) que decidimos realizar um longo trabalho com o tema “som” no livro do 3º ano da Coleção Ponto de Partida. Os avaliadores do PNLD 2010 omitiram do Rela- tório de Reprovação a informação de que esse livro apresenta um trabalho exaustivo (nas 18 páginas precedentes à página do trecho condenado) acerca da relação entre vibrações e sons, muito antes de utilizar as ondas de superfície para explicar a “propagação” do som a partir de uma fonte sonora, como demonstram os trechos reproduzidos a seguir.

[Página 104]

Para produzir sons é necessário fazer algo vibrar. [Página 105]

Quando se faz vibrar um elástico esticado produz -se um som. Se você esticar mais o elástico, ou deixá -lo mais frouxo, e o fizer vibrar novamente, o som muda. [o texto é ilustrado por três fotografias de um elástico, pouco a muito distendido, vibrando] [Página 109]

Atividade – Cidadania e convívio: vamos refletir [título] Aprendendo a falar sem a audição

Há mais de 100 anos foi inventado um método para ensinar essas pessoas a falar usando os sentidos do tato e da visão.

A pessoa sente as vibrações no pescoço de outra enquanto a outra fala. Também observa os movimentos da boca e da língua da outra pessoa. Em seguida ela tenta reproduzir esses movimentos e vibrações. O resultado é que ela acaba produzindo um som parecido. Com o tempo a pessoa aprende a falar e também a “ler” os lábios das outras pessoas. [o texto é ilustrado por fotografia de uma criança com necessidades especiais auditivas e sua terapeuta realizando o trabalho de aprendizagem da fala e da leitura labial]

[Página 109 – caixa de texto lateral]

“Se você encostar os dedos na corda de um violão enquanto ela está soando, poderá sentir as vibrações que ela produz, assim como você sentiu as vibrações do seu pescoço enquanto falava. Você não escuta com o tato, mas é capaz de perceber vibrações sonoras por meio desse sentido.”

A verdade, caro leitor, é que entre as páginas 103 e 120 do livro do 3º ano da Coleção Ponto de Partida são apresentadas pelo menos oito fotografias de objetos vibrando, além de diversas experiências e observações que relacionam objetos em vibração e sons23.

Ainda antes da analogia condenada, o livro também estabelece, em mais de um momen- to, a correta natureza da onda sonora, como demonstram os trechos destacados a seguir.

[Página 104]

Os instrumentos musicais têm partes que vibram e fazem o ar ao seu redor vibrar tam- bém. O som que ouvimos é a vibração do ar que chega até as nossas orelhas.

[Página 120]

O lugar ou o objeto de onde se origina um som é chamado fonte sonora. A vibração da fonte sonora faz o ar ao seu redor vibrar também e o resultado é que o som se espalha rapidamente pelo ambiente.

Tantas imagens e tantas informações têm um propósito claro: permitir aos alunos for- mar uma representação do som como “uma perturbação, provocada pela vibração de um objeto, que se propaga pelo ar”, ou seja, uma representação mais próxima do conceito científico do que as representações espontâneas decorrentes da linguagem (e dos desenhos animados transmitidos pela televisão) de que as ondas sonoras são iguais às “ondas da superfície da água”. Ora, leitor, não é justamente isso o que recomendam ESHACH e FRIED? Em qual das fotografias que mostram objetos vibrando do livro do 3º ano da Co- leção Ponto de Partida Ciências há qualquer sugestão de que o som tem a forma de ondas na superfície da água? Em nenhuma delas e tampouco em nenhuma fotografia de toda a Coleção Ponto de Partida Ciências. Qual a semelhança entre a vibração dos objetos e as ondas na superfície da água? Nenhuma.

A correção conceitual e a adequação didática da abordagem da Coleção Ponto de Par- tida são corroboradas por NUSSENZVEIG (2004):

O fato de que corpos em vibração produzem sons é familiar na experiência quotidiana […] podemos obter uma idéia intuitiva do mecanismo de propagação de uma onda sonora considerando o que acontece quando se golpeia um gongo (Fig. 6.1(a)). Quando o gongo está na posição A, ele comprime as porções adjacentes da atmosfera, e a compres- são vai se transmitindo sucessivamente de cada camada às camadas adjacentes (onda de compressão). Quando o gongo retorna para trás, passando à posição B, cria -se uma zona de rarefação, e o ar da região contígua se desloca para preenchê -la, e assim sucessi- vamente, produzindo uma onda de expansão. A onda sonora resulta da propagação das camadas de condensação e rarefação alternadas.24

[A Fig. 6.1(a), de NUSSENZVEIG, foi reproduzida neste livro como Figura 4.3]

23   Caso o leitor tenha interesse em conhecer na íntegra os livros da Coleção Ponto de Partida Ciências, poderá  consultá -los eletronicamente no site da Editora Sarandi: <www.editorasarandi.com.br> (acesso: jul/2010).

24   NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 2. Fluídos/Oscilações e Ondas/Calor. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher,  2004, pp. 122 -123.

Mais ainda, as explicações presentes no livro reprovado, tais como “os instrumentos musicais têm partes que vibram e fazem o ar ao seu redor vibrar também. O som que ouvi- mos é a vibração do ar que chega até as nossas orelhas”, deixam claro que o texto informa que a propagação do som corresponde à propagação de uma perturbação do meio (“vi- bração do ar”).

Ou seja, a estratégia do livro excluído de descrever a natureza do som e a sua propa- gação é corroborada tanto por NUSSENZVEIG (2004) como por ESHACH e FRIED (2005)! Mais ainda, o livro aborda a propagação da onda sonora com um exemplo equiva- lente e uma explicação idêntica à de NUSSENZVEIG (2005), físico e educador da mais alta conceituação. Explicação essa que dá ao leitor “uma idéia intuitiva do mecanismo de propagação de uma onda sonora”. O descabimento do parecer dos avaliadores do PNLD 2010, portanto, é evidente.

No livro excluído do PNLD 2010, nós descrevemos a onda sonora como vibrações (i. e., perturbações) que se propagam por um meio. Portanto, a abordagem é correta e não induz à concepção de que a onda sonora é igual às ondas na superfície da água. Esta in- formação é reforçada em dezenas de situações (texto, imagens, experiências e observações) anteriores ao trecho que faz a analogia condenada.

A analogia condenada pelos avaliadores do PNLD 2010 foi usada apenas para explicar, por meio de uma informação visual cotidiana, a relação entre a origem de uma perturba- ção em um meio (pedra que cai na água como analogia para a fonte sonora) e a frente de propagação da perturbação. A analogia é adequada porque o som se propaga em frentes de propagação concêntricas (com a fonte no centro) em meios isotrópicos como o ar e é o modo corriqueiro de se ilustrar a propagação dessas ondas (NUSSENZVEIG, 2004, pp. 139 -140, ilustrações 6.16 e 6.17 – reproduzidas neste livro como Figuras 4.4 e 4.5). Comprova -se, portanto, o acerto da nossa abordagem e o acerto da equipe de avaliação sob responsabilidade da USP ao aprovar a Coleção Ponto de Partida Ciências no PNLD 2007 e, consequentemente, o erro dos avaliadores do PNLD 2010.

Cientes da debilidade do seu Relatório de Reprovação, os avaliadores do PNLD 2010 procuram reforçá -lo, incluindo uma nova acusação. Acusações novas são completamente irrelevantes, uma vez que os argumentos do Relatório de Reprovação emitido pela SEB deve ser suficiente para sustentar a exclusão de uma coleção do PNLD. Mesmo assim, decidimos comentá -la. Os avaliadores do PNLD 2010 escreveram:

A propósito: apesar de não constar no Parecer de Exclusão, na legen­

da da segunda figura da mesma página [p. 121] encontra ­se que a seta

tracejada indica a direção de propagação das ondas. Ocorre que a seta mostra apenas uma direção. Sabemos que as ondas na superfície da água se propagam em todas as direções, como pode ser visualizado na própria figura.25

25   BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Ofício nº 1.028/2009. Brasília: Ministé- rio da Educação, 15/jun/2009, p. 17. [grifos nossos].

Essa nova acusação à Coleção Ponto de Partida Ciências, realizada e divulgada após encerramento do próprio PNLD 2010 também contém erros primários e, mais ainda, pro- va exatamente o contrário do que pretendiam os avaliadores do PNLD 2010. Um desses erros primários está na afirmação: “sabemos que as ondas na superfície da água se propagam em todas as direções, como pode ser visualizado na própria figu­ ra”. Ora, a onda na superfície da água se propaga apenas na superfície, portanto, em duas

dimensões. Consequentemente, a onda na superfície da água NÃO se propaga em todas as direções já que ela NÃO se propaga em nenhuma direção para fora da água e também NÃO se propaga em nenhuma direção para o fundo do corpo de água. Logo, NÃO “sa­

bemos que as ondas na superfície da água se propagam em todas as direções”

e isto NÃO “pode ser visualizado na própria figura”. Todo esse imbróglio dos

avaliadores pode ser classificado como mais um ERRO TIPO 2.

Outro erro da nova acusação está na exigência de setas para indicar todas as direções de propagação da onda! A onda representada propaga -se centrifugamente, numa frente de propagação circular cujo centro é o ponto de origem da perturbação (local onde caiu a pedra). Os avaliadores do PNLD 2010 sabem (ou deveriam saber) que não é possível indicar todas as direções de uma frente de propagação como essa. O número de direções é infinito! Portanto não tem o menor cabimento a exigência de setas para indicar todas as direções (ERRO TIPO 2, de novo).

A verdade é que a figura da página 121 do livro do 3º ano (Figura 4.2) é correta e adequada. Uma seta é suficiente para indicar a direção de propagação da onda na foto- grafia do livro porque a seta indica que a propagação da onda é centrífuga em relação ao ponto de origem da perturbação. O que os avaliadores do PNLD 2010 não sabem (ou omitem) é que, tal como a direção indicada pela seta, todas as demais direções são igual- mente centrífugas! Portanto, não há problema algum em indicar a direção com apenas uma seta para representar a frente de propagação de uma onda. Esta é a maneira usual e correta de representação, como é possível verificar em NUSSENZVEIG (2004, p. 139, figura 6.16 – reproduzida neste livro como Figura 4.4). A nova acusação também não tem fundamento.

O leitor agora tem elementos para desvendar o ardil montado pelos avaliadores do PNLD 2010 para reprovar e excluir injustamente a Coleção Ponto de Partida Ciências: descontextualizar o texto do nosso livro e descontextualizar o texto de autores renomados no desespero de fundamentar seus insustentáveis argumentos. Essa artimanha é também um exemplo de ERRO TIPO  1 e configura -se como uma falcatrua que consiste em construir uma grande mentira com base em pequenas verdades isoladas. Os avaliadores do PNLD 2010 são professores universitários e deveriam saber que esse tipo de recurso retórico não tem valor argumentativo e é um forte indício de desonestidade intelectu- al. Ou por acaso os avaliadores do PNLD 2010 achavam que nós não conhecíamos as

publicações relevantes ao ensino de Ciências e que aceitaríamos em silêncio a citação imprópria26?

A classifi cação de Haeckel (1834) é a mais atualizada?!

No documento Com a palavra, o autor (páginas 153-160)

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