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CAPÍTULO IV O DIREITO À EDUCAÇÃO INTEGRAL NOS PLANOS DE

4.1 A normatização jurídica dos PMEs

4.1.2 Acompanhamento e avaliação do PME

Segundo Souza e Menezes (2016, p. 321), ao término da fase de elaboração de um plano de educação, é aconselhável que se proceda à “avaliação do seu potencial em vir a dar respostas satisfatórias às suas prioridades e em produzir os efeitos esperados, assim como constatar-se a sua exequibilidade, ou seja, a sua viabilidade de execução”. Esta avaliação a priori do documento deve ocorrer antes do mesmo ser encaminhado para aprovação pela Câmara dos Vereadores, conforme adverte Bonamino et al. (2006).

Todavia, constatou-se que nenhum dos planos da RMC mencionou a realização deste tipo de avaliação “que viesse a assegurar o seu potencial e exequibilidade, o que, por si só, os torna frágeis quanto à possibilidade de virem a se constituir efetivos em relação ao atendimento das demandas educacionais locais” (SOUZA; MENEZES, 2016, p. 321). Por outro lado, metas e/ou estratégias de acompanhamento e avaliação do plano foram recorrentes entre os PMEs, conforme discussão empreendida na sequência.

Em relação à periodicidade da avaliação da execução do plano municipal, os municípios de Americana (Art. 5º), Hortolândia (Art. 6º), Indaiatuba (Art. 5º), Nova Odessa (Art. 5º) e Sumaré (Art. 5º) previram periodicidade similar à indicada pelo PNE 2014-2024, qual seja, quadrienal. Previram, ainda, a realização de Conferências Municipais para viabilizar tal intento, ou seja, avaliar a execução do PME. Já Campinas (Art. 6º) determinou periodicidade trienal, enquanto Artur Nogueira (Art. 3º) e Itatiba (Art. 6º) optaram por avaliação bianual.

Cosmópolis (Art. 3º), Monte Mor (Art. 5º), Paulínia (Art. 3º), Santa Bárbara d’Oeste (Art. 3º) e Santo Antônio de Posse (Art. 4º) não definiram o prazo para que essas avaliações ocorressem, limitando-se a estabelecer que a execução do PME e o cumprimento de suas metas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações periódicas.

Os PMEs de Engenheiro Coelho e Valinhos silenciaram-se em relação ao assunto, não prevendo a avaliação da execução do plano no corpo da legislação. A

referida omissão apresenta-se como uma fragilidade desses documentos, posto que a avaliação da execução do Plano possibilita gerar informações necessárias para a “continuidade, correção ou suspensão das atividades em curso, identificar e explicar sucessos e/ou desvios das metas e/ou estratégias previstas e, se necessário, dar suporte à reorientação das atividades” (BONAMINO et al., 2006, p. 154).

No que diz respeito aos espaços institucionais destinados ao acompanhamento da execução dos planos, observou-se uma diversidade nos órgãos citados nos PMEs, conforme dados do Quadro 10.

Quadro 10 - Instâncias de avaliação da execução do PME (2015-2025) nos municípios da RMC Municípios Secretaria Municipal de Educação Conselho Municipal de Educação Conselho do FUNDEB Câmara dos Vereadores Fórum Municipal de Educação Órgãos públicos de fiscalização Americana X X Artur Nogueira X Campinas X X X Cosmópolis X X X X Engenheiro Coelho X X X Hortolândia X X X Indaiatuba X X X X Itatiba X X X X Monte Mor X X Nova Odessa X X X X Paulínia X X X X

Santa Bárbara d’Oeste X X X X

Santo Antônio de Posse X X

Sumaré X X X X

Valinhos X X X

De acordo com os dados do Quadro 10, parece haver consenso entre os municípios da RMC, à exceção de Artur Nogueira, de que o Conselho Municipal de Educação (CME), órgão colegiado com representação do poder público e da sociedade civil, constitui em importante espaço para o acompanhamento da execução dos planos municipais, garantindo não apenas a qualidade técnica do PME mas também sua qualidade social, conforme advertem Souza e Alcântara (2017).

Quer em função da regularidade de realização das suas reuniões, quer em decorrência do conjunto amplo de competências/funções que institucionalmente abarcam, a começar pela fiscalizadora, os CMEs levam a crer que técnica e politicamente podem contribuir sobremaneira para a consolidação de um planejamento local da educação de matriz democrática e descentralizada – mesmo considerando a interdependência destas duas dimensões –, de forma coesa com as políticas de Estado, como no caso dos PMEs, reconhecimento que, decerto, depende do grau da correlação de forças sociais do município, ou seja, de sua maturação político-democrática (SOUZA; ALCÂNTARA, 2017, p. 774).

A participação da Secretaria Municipal de Educação (SME), órgão administrativo da educação municipal, no acompanhamento e avaliação do PME, foi prevista em treze documentos, exceto nas leis de Artur Nogueira e Engenheiro Coelho. Importante ressaltar que, em nenhum dos treze casos observados, a SME constituiu-se como o único órgão avaliativo do plano, perspectiva esta que pode favorecer a “superação do centralismo na condução da política educacional” (BONAMINO et al., 2016, p. 155), instada historicamente nos sistemas de educação no Brasil.

O poder legislativo foi apontado como responsável pela avaliação do PME em sete municípios da região, sendo que, em Artur Nogueira, constituiu-se em única instância de avaliação da execução do PME, reiterando a competência da Câmara dos Vereadores para a aprovação de ajustes nas metas e/ou estratégias previstas, com base no resultado das avaliações realizadas.

Nove municípios instalaram o Fórum Municipal de Educação (FME), órgão de consulta, mobilização e articulação com a sociedade civil, enquanto instância para avaliação da execução do plano. Esta medida pode representar um avanço em direção à consolidação da gestão democrática da educação pública desde que o referido Fórum se constitua como espaço democrático de controle social e de

tomada de decisão, favorecendo o diálogo e a busca de consensos entre os diversos interesses e visões presentes nas localidades (BRASIL, 2018).

Ao ter indicado o Conselho do FUNDEB como um dos órgãos responsáveis pela avaliação da execução do PME, o documento de Itatiba diferencia-se dos demais analisados. A iniciativa parece oportuna, uma vez que o respectivo colegiado, instituído pela Lei Federal n. 11.494/2007, é o responsável pelo acompanhamento e controle social acerca da distribuição, transferência, planejamento e aplicação dos recursos do Fundo, em âmbito municipal.

Engenheiro Coelho (Art. 3º) previu a participação de outros conselhos, na área da educação, que venham a ser criados durante a vigência do plano, como instâncias de acompanhamento da execução do PME. Da mesma maneira, Valinhos (Art. 6º) ensejou a participação de diferentes instâncias municipais no planejamento da educação municipal, ainda que estas não sejam da área da educação, assim: “Compete ao Sistema Municipal de Ensino, Conselho Municipal de Educação e órgãos públicos de fiscalização realizar o acompanhamento e a avaliação da execução do PME de Valinhos” (VALINHOS, 2015).

Em linhas gerais, o acompanhamento da execução dos planos de educação dos municípios da RMC previu a participação de diferentes instâncias e órgãos de fiscalização, no entanto, para que o PME não se torne letra morta, faz-se necessário que, além do acompanhamento, sejam previstas metas e/ou estratégias no sentido de que as metas sejam, efetivamente, cumpridas.