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CAPÍTULO IV O DIREITO À EDUCAÇÃO INTEGRAL NOS PLANOS DE

4.2 Os Planos Municipais de Educação (2015-2025) e o direito à educação

4.2.2 Acessibilidade

4.2.3.3 Direitos e objetivos de aprendizagem

Esta temática reuniu 26 (vinte e seis) metas e/ou estratégias tendo sido referenciada em 11 (onze) dos PMEs analisados, à exceção de Hortolândia, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse e Valinhos. Em linhas gerais, de forma unânime, os documentos municipais recuperam o conteúdo do texto da estratégia 7.2 do PNE (2014-2024), onde se lê:

7.2) assegurar que:

a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;

b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável; (BRASIL, 2014).

Importante destacar que, embora a maior parte dos PMEs (2015-2025) tenha tomado a legislação nacional como referência para a previsão de metas e/ou estratégias relativas à temática “direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento”, os textos municipais apresentaram propostas que se diferenciaram daquelas previstas no Plano Nacional, conforme discussão empreendida na sequência.

A primeira diferenciação observada no texto dos Planos Municipais refere- se ao nível de abrangência proposto por estes documentos. Enquanto a Lei do PNE (2014-2025) abrangeu os estudantes do ensino fundamental e do ensino médio, 08 (oito) dos documentos analisados fixaram metas e/ou estratégias somente para o ensino fundamental, ou seja, restringiram-se ao conteúdo diretamente relacionado à esfera municipal. O ensino médio não foi foco de preocupação dos documentos ainda que os Planos de Campinas, Itatiba e Sumaré tenham feito alusão aos alunos desta última etapa da educação básica.

Um segundo ponto refere-se aos índices de aprendizagem previstos nos Planos. Assim, enquanto os PMEs de Americana, Artur Nogueira, Campinas, Engenheiro Coelho, Indaiatuba, Monte Mor e Sumaré seguiram as referências estabelecidas no Plano Nacional, os demais documentos apresentaram índices variados, conforme observado em seus textos.

Cosmópolis (2017) estabeleceu índices variados em relação aos alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental, conforme texto da estratégia reproduzida na sequência:

5.3 - Assegurar que:

a) no quinto ano de vigência deste PME, no mínimo de 80% (oitenta por cento) e 70% (setenta por cento) dos alunos do ensino fundamental, respectivamente anos iniciais e finais, tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e

desenvolvimento de seu ano de estudo, e 60% (sessenta por cento) e 50% (cinquenta por cento) o nível desejável’.

b) no último ano de vigência deste PME, todos os estudantes do ensino fundamental, anos finais, tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento) o nível desejável (COSMÓPOLIS, 2017).

O legislador de Itatiba (2015), embora tenha considerado níveis distintos de aprendizado para o ensino fundamental e o ensino médio, não se atentou para o fato de que o referido plano se referiu ao âmbito municipal e reproduziu o texto federal, assim:

2.24. Assegurar, por meio de monitoramento e avaliação, que:

a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos alunos do ensino fundamental e 50% do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável;

b) no último ano de vigência deste PNE, todos os estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável (ITATIBA, 2015, grifos nossos).

Paulínia (2015) diferencia-se dos demais planos ao prever um índice de aprendizado superior ao previsto nacionalmente, embora a estratégia prevista no referido PME tenha se restringido aos anos iniciais do ensino fundamental. Segundo o documento:

8.3.- Assegurar que:

a) no quinto ano de vigência deste PME, pelo menos 80% (oitenta por

cento) dos alunos do ensino fundamental, anos iniciais, tenham alcançado

nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 60% (sessenta

por cento), pelo menos, o nível desejável;

b) no último ano de vigência deste PME, todos os estudantes do ensino fundamental, anos iniciais, tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável; (PAULÍNIA, 2015, grifos nossos).

Nova Odessa adotou perspectiva diferenciada em relação ao PNE (2014- 2024) e também aos demais Planos analisados e não previu índices percentuais de alunos nas duas estratégias que fizeram referência à temática dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento,conforme explicitado a seguir:

2.1. Assegurar, em colaboração com a União, o Estado e o Município, a implantação dos direitos e objetivos da aprendizagem através do desenvolvimento efetivo em todas as classes e unidades escolares da Base Nacional Comum com a formação continuada de todos os profissionais da rede para sua eficiente aplicação;

(...)

4.11. Garantir a efetividade do desenvolvimento curricular contemplando as determinações provenientes da Base Nacional Comum, com a preservação dos direitos e objetivos de aprendizagem dos alunos para cada ano do ensino fundamental, respeitando o acervo e diversidade cultural e histórica local (NOVA ODESSA, 2015).

Importante ressaltar que o PME (2015-2025) de Monte Mor, embora siga os percentuais estabelecidos no PNE (2014-2024), antecipou, para o quarto ano de vigência do Plano, o alcance da estratégia relativa aos níveis de aprendizagem e desenvolvimento previstos, o que pode exigir um maior esforço do ente subnacional para a consecução do previsto.

Conforme observado, a formulação “direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento” predominou nos textos dos PMEs (2015-2025) analisados, assim como no Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014, apesar de não ter sido conceituada em nenhuma das normas analisadas.

Dourado e Oliveira (2018, p. 40) afirmam que, por terem sido vinculados à avaliação e ao fluxo escolar (meta 7 do PNE), os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento “foram reduzidos a uma visão pedagógica centrada na aprendizagem, cuja materialização se expressa por meio de uma relação que subjuga o currículo à lógica da avaliação por desempenho”. Trata-se, pois, de uma perspectiva que se distancia do desenvolvimento integral do educando limitando a aprendizagem e, por conseguinte, o direito à educação integral.

De outro modo, é preciso considerar como núcleo estrutural de uma proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento a garantia dos princípios do ensino previstos constitucionalmente, os quais se articulam com a democratização da oferta, do acesso e da permanência do aluno nas instituições escolares, com condições de aprender e se desenvolver integralmente (AGUIAR, 2018).