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AGENDE SUA TRIGOTOMIA RADICAL

No documento Barriga de trigo - William Davis.pdf (páginas 146-148)

Felizmente, eliminar completamente o trigo de sua dieta não é tão ruim quanto preparar espelhos e bisturis para remover seu próprio apêndice sem anestesia. Para algumas pessoas, é uma simples questão de não entrar na padaria ou recusar os pães doces. Para outras, pode ser uma experiência decididamente desagradável, comparável a um tratamento de canal ou a morar com os sogros por um mês.

Segundo minha experiência, o método mais eficaz e, no final das contas, o mais fácil para eliminar o trigo da dieta é agir de modo súbito e total. A montanha-russa de glicose e insulina provocada pelo trigo, associada aos efeitos das exorfinas que causam dependência, torna difícil a redução gradual do trigo para algumas pessoas, de maneira que a parada repentina pode ser preferível. A eliminação repentina e total do trigo acionará, nos suscetíveis, os sintomas da síndrome de abstinência. Mas superar os sintomas de abstinência que acompanham a cessação repentina pode ser mais fácil que enfrentar o tormento das flutuações da avidez que costumam acompanhar a simples redução – mais ou menos o que sente um alcoólatra que está tentando parar de beber. Ainda assim, algumas pessoas ficam mais à vontade com a redução gradual que com a eliminação repentina. Seja como for, no final o resultado é o mesmo.

A esta altura, tenho certeza de que você está consciente do fato de que trigo não é apenas pão. O trigo é onipresente. Ele está em tudo.

Quando começam a tentar identificar os alimentos que contêm trigo, muitas pessoas o descobrem em praticamente todos os alimentos industrializados que vêm consumindo, até mesmo nos mais improváveis, como sopas enlatadas “cremosas” e refeições congeladas “saudáveis”. O trigo está ali por duas razões. A primeira, seu sabor é bom. A segunda, ele estimula o apetite. Esta segunda razão não resulta em nenhum benefício para você, é claro, mas sim para a indústria de alimentos. Para essa indústria, o trigo é como a nicotina nos cigarros: a principal garantia que eles têm de estímulo ao consumo contínuo. (Por sinal, outros ingredientes comuns em alimentos industrializados que também estimulam o aumento do consumo, ainda que o efeito deles não seja tão potente quanto o do trigo, são o xarope de milho rico em frutose, a sacarose, o amido de milho e o sal. Vale a pena evitar esses também.)

Não há dúvida de que remover o trigo da dieta exige alguma programação. Os alimentos feitos com trigo têm a vantagem inquestionável da conveniência. Os sanduíches e os wraps, por exemplo, são fáceis de transportar, guardar e comer, sem a necessidade de talheres. Evitar o trigo significa levar sua própria refeição para o trabalho e usar um garfo ou colher para comê-la. Pode envolver a necessidade de fazer compras com maior frequência e – Deus o livre – de cozinhar. Uma dependência maior de legumes, verduras e frutas frescas também pode significar umas duas idas por semana à mercearia, à feira ou à quitanda.

No entanto, o fator contratempo está longe de ser insuperável. Talvez signifique alguns minutos de preparação, como cortar e embalar um pedaço de queijo e guardá-lo num saquinho para levar para o trabalho, junto com alguns punhados de amêndoas cruas e sopa de legumes num pote. Talvez signifique reservar um pouco da salada de espinafre do jantar para comer no café da manhã do dia seguinte. (Isso mesmo: jantar no café da manhã, uma estratégia útil a ser examinada mais adiante.)

As pessoas habituadas a consumir trigo sentem irritabilidade, confusão mental e cansaço depois de umas duas horas apenas sem consumir algum produto com esse cereal; e muitas vezes começam a procurar desesperadamente um pedacinho ou migalha de pão para aliviar o sofrimento, fenômeno que observei com certa ironia da confortável e privilegiada posição de alguém livre do trigo. Uma vez que você tenha eliminado o trigo de sua dieta, porém, o apetite já não é determinado pela montanha-russa de saciedade e fome provocada pela variação de glicose e insulina; e você não vai precisar de sua “dose” seguinte de exorfinas que estimulam o cérebro. Depois de um café da manhã, às 7 horas, de dois ovos mexidos com legumes,

pimentões e azeite de oliva, por exemplo, é provável que você só sinta fome ao meio-dia ou à uma da tarde. Compare essa situação com o ciclo de 90 a 120 minutos de fome insaciável pelo qual a maioria das pessoas passa depois de uma tigela de cereais matinais com alto teor de fibra às 7 da manhã, que as força a fazer um lanchinho às 9 da manhã e mais outro às 11 horas, ou a antecipar o almoço. Dá para ver como é fácil cortar de 350 a 400 calorias por dia de seu consumo calórico total, o resultado natural e inconsciente da eliminação do trigo da dieta. Você também evitará aquela moleza que muita gente sente por volta das 2 ou 3 horas da tarde, a cabeça anuviada, sonolenta e preguiçosa que se segue a um almoço de sanduíche com pão integral, o colapso mental que ocorre por causa do pico de glicose seguido de sua queda. Um almoço composto de, por exemplo, atum (sem pão) temperado com maionese ou com um molho à base de azeite de oliva, acompanhado por fatias de abobrinha e um punhado (ou alguns punhados) de nozes de modo algum causará altos e baixos nos níveis de glicose e insulina; apenas manterá estáveis os níveis de açúcar no sangue, o que não produz nenhum efeito soporífero ou de obscurecimento mental.

A maioria das pessoas acha difícil acreditar que a eliminação do trigo possa, a longo prazo, tornar sua vida mais fácil, não mais difícil. Quem vive numa dieta sem trigo está livre da desesperada luta cíclica por alimentos de duas em duas horas, e consegue passar tranquilamente longos períodos sem alimento. Quando, por fim, se senta para comer, contenta- se com menos. A vida… fica mais simples.

Muitas pessoas são de fato escravizadas pelo trigo, com seus horários e hábitos determinados pela disponibilidade desse alimento. A trigotomia radical, portanto, significa mais que a simples remoção de um componente da dieta. Ela remove de sua vida um potente estimulante do apetite, que, com frequência e de modo implacável, comanda seu comportamento e seus impulsos. Remover o trigo da dieta será, para você, a liberdade.

A COMPULSÃO E A SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA RELACIONADAS AO

No documento Barriga de trigo - William Davis.pdf (páginas 146-148)