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CATARATA, RUGAS E COSTAS ENCURVADAS: O TRIGO E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

No documento Barriga de trigo - William Davis.pdf (páginas 100-102)

O segredo para manter-se jovem consiste em viver com honestidade, comer devagar e mentir a idade.

Lucille Ball

O VINHO E O QUEIJO PODEM SE BENEFICIAR com o envelhecimento. Mas no caso

os seres humanos o passar dos anos pode levar a tudo, desde mentirinhas insignificantes até o desejo por uma cirurgia plástica radical.

O que significa envelhecer?

Embora muitos se esforcem para descrever as características específicas do envelhecimento, é provável que todos concordem que, como acontece com a pornografia, reconhecemos o envelhecimento quando estamos diante dele.

O ritmo do envelhecimento varia de um indivíduo para outro. Todos nós conhecemos um homem ou uma mulher que, digamos, aos 65 anos, ainda poderiam passar por 45 – mantendo a flexibilidade da juventude e a destreza mental, menos rugas, coluna mais reta, cabelos mais densos. A maior parte de nós também já conheceu pessoas que exibem disposição contrária, aparentando ser mais velhas do que são na realidade. A idade biológica nem sempre corresponde à idade cronológica.

Mesmo assim, o envelhecimento é inevitável. Todos nós envelhecemos. Ninguém escapa – embora cada um avance segundo um ritmo um pouco diferente. E, apesar de a determinação da idade cronológica ser uma simples questão de verificar a data de nascimento, identificar a idade biológica exata é muito diferente. Como se pode avaliar até que ponto o corpo manteve a juventude ou, ao contrário, se sujeitou ao declínio da idade?

Digamos que você tenha acabado de conhecer uma mulher. Quando lhe pergunta sua idade, ela responde que tem 25 anos. Você dá mais uma boa olhada, porque ela tem rugas profundas em torno dos olhos, manchas senis no dorso das mãos e um leve tremor ao movê-las. Suas costas estão encurvadas para a frente (característica que recebe o desagradável nome de “corcunda”), o cabelo é grisalho e ralo. Ela parece pronta para ir para o asilo, não alguém no viço da juventude. Contudo, ela insiste. Não está com sua certidão de nascimento, nem com outra prova oficial de sua idade, mas repete que tem 25 anos – e até mostra as iniciais de seu

novo namorado tatuadas no pulso.

Você pode provar que ela está errada?

Não é muito fácil. Se ela fosse uma rena, você poderia medir a largura da galhada. Se fosse uma árvore, seria possível cortá-la e contar os anéis anuais de crescimento.

Seres humanos, é claro, não têm anéis de crescimento nem galhadas que nos forneçam um marcador biológico da idade com precisão e objetividade, o que provaria que essa mulher, de fato, está com seus setenta e poucos anos, não vinte e poucos, com ou sem tatuagem.

Até agora ninguém identificou um marcador visível de idade que lhe permitisse saber exatamente quantos anos sua nova amiga tem. E não foi por falta de tentativa. Pesquisadores do envelhecimento há muito tempo buscam esse tipo de marcador biológico, medidas que possam ser rastreadas, que avancem um ano para cada ano cronológico de vida. Foram identificados alguns parâmetros rudimentares para avaliação da idade que envolvem medidas como: a máxima absorção de oxigênio, quantidade de oxigênio consumido durante um exercício a níveis próximos da exaustão; a pulsação cardíaca máxima durante exercícios controlados; a velocidade de pulso de onda arterial, o tempo necessário para um pulso de pressão ser transmitido ao longo de uma artéria, fenômeno que reflete a flexibilidade arterial. Todas essas medidas sofrem um declínio com o passar dos anos, mas nenhuma delas apresenta uma correlação perfeita com a idade.

Não seria ainda mais interessante se os pesquisadores do envelhecimento identificassem um medidor de idade biológica de uso individual? Você poderia ficar sabendo, por exemplo, que, aos 55 anos de idade, graças a exercícios e alimentação saudável, está com 45 anos em termos biológicos. Ou que vinte anos de cigarros, bebida e batatas fritas o deixaram com 67 anos e que já está na hora de retomar seus hábitos saudáveis. Embora existam elaborados esquemas de exames que afirmam fornecer um índice de envelhecimento desse tipo, não existe um único exame simples, que cada um possa fazer por conta própria, que lhe diga com segurança qual a real correspondência entre sua idade biológica e sua idade cronológica.

Os pesquisadores do envelhecimento buscam diligentemente um marcador prático para a idade porque, para poderem manipular o processo de envelhecimento, eles precisam ter um parâmetro mensurável como base. Pesquisas sobre a desaceleração do processo do envelhecimento não podem depender simplesmente de aparências. É preciso que haja algum marcador biológico objetivo, que possa ser rastreado ao longo do tempo.

Sem dúvida, há uma série de teorias divergentes – alguns diriam complementares – a respeito do envelhecimento, bem como diferentes opiniões sobre o marcador biológico que proporcionaria a melhor medição para o envelhecimento biológico. Alguns pesquisadores acreditam que as lesões oxidativas são o principal processo subjacente ao envelhecimento e que um marcador de idade biológica deveria incorporar uma medida do dano oxidativo acumulado. Outros propuseram que o acúmulo de resíduos celulares de leituras genéticas erradas leva ao envelhecimento; seria necessária, portanto, uma medição dos resíduos celulares para a revelação da idade biológica. Para outros, ainda, o envelhecimento é geneticamente pré-programado e inevitável, determinado por uma sequência programada de diminuição de hormônios e outros fenômenos fisiológicos.

A maioria dos pesquisadores dessa área não acredita que uma teoria única explique todas as variadas experiências do envelhecimento, da agilidade, do vigor e da sensação de onisciência da adolescência à rigidez, ao cansaço e à sensação de esquecimento da oitava

década de vida. Tampouco acredita que a idade biológica possa ser determinada com precisão por um parâmetro único. Eles sugerem que as manifestações do envelhecimento humano só podem ser explicadas pela evolução de mais de um processo.

Poderíamos ter uma melhor compreensão do processo do envelhecimento se tivéssemos condições para observar os efeitos do envelhecimento acelerado. Não precisamos recorrer a nenhum modelo experimental com camundongos para observar esse tipo de envelhecimento rápido; basta olharmos para seres humanos com diabetes. O diabetes proporciona um verdadeiro campo de provas para o envelhecimento acelerado, com todos os fenômenos do envelhecimento chegando mais rápido e ocorrendo mais cedo na vida – doenças cardíacas, derrames, hipertensão, doenças renais, osteoporose, artrite, câncer. Para ser mais específico: a pesquisa sobre o diabetes associou o alto nível de glicose no sangue, do tipo que ocorre após o consumo de carboidratos, a uma tendência de aceleração de sua ida para a cadeira de rodas de uma casa de repouso.

No documento Barriga de trigo - William Davis.pdf (páginas 100-102)