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ANÁLISE ENTREVISTA PROFESSOR CINCO

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CAPÍTULO III ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.2 ANÁLISES INDIVIDUAIS DOS PROFESSORES

3.2.5 ANÁLISE ENTREVISTA PROFESSOR CINCO

Este professor é formado em filosofia, trabalha na Faculdade Cinco e na Fatec zona Leste. Para ele, a concepção de formação humana está ligada à compreensão do homem enquanto sujeito numa postura de interferência, de ter seus valores de vida reconhecidos, mas sem brigar, com compreensão e diálogo:

A minha visão humana é do homem como alguém que se coloca como sujeito. Eu entendo que o ser humano é aquele que se coloca como sujeito, que tem alguma postura de

reconhecidos, ou que ele tenta fazer com que seus valores de vida sejam reconhecidos. Numa ação bem humanista, não os valores serem reconhecidos naquela visão marxista clássica de luta, naquele sentido clássico de luta. O sujeito tem que brigar por seus direitos, mas na forma mais de diálogo, de compreensão.

Em sua prática, ele procura “discutir a teoria da filosofia e aplicá-la à educação”, fazendo um recorte com a preocupação humana, com a “visão de homem”. Ele faz um recorte na teoria de autores como Platão, Aristóteles, Descartes Kant, na visão de homem que eles têm:

Isso implicaria até na postura de professor, independente da linha na compreensão de homem que se tem, isso interfere na visão de educação que vão ter. Mas incentivando também essa participação ou essa preocupação com um trabalho mais humano, não ser um teórico apenas, em sala de aula, mas estar preocupado com a pessoa.

Pensando no desenvolvimento do espírito científico, ele faz uma diferenciação entre os alunos da Faculdade Cinco e da Fatec. Ele afirma que os alunos da Faculdade Cinco chegam com muitas dificuldades em sua formação no ensino médio, então se deve dar um passo atrás para retomar muitas coisas. “Para inserir nesse campo de pesquisa é um caminho muito duro, é difícil, com os alunos que eu tenho aqui”.

Ele tenta incentivar a pesquisa através de resenhas e leituras de textos científicos. Uma outra maneira é a

Participação em semanas de educação que têm trabalhos científicos sendo apresentados. Esse semestre eu levei os alunos para a Semana de Educação da USP. Meus alunos aqui participaram lá, então tem essa experiência de ver os trabalhos sendo apresentados, para eles enriquecem muito, mais do que estar na sala de aula, a participação fora também é importante.

Ele compreende que a formação humana pode acontecer de maneira transversal e interdisciplinar no curso, mas tendo como base as disciplinas: história da educação, sociologia, psicologia, filosofia. Segundo ele, estas são as disciplinas

“que mais humanizam, que são sobre o homem e darão certa base da educação numa visão humana”.

Para ele, o curso no qual atua é mais profissionalizante do que de formação, pois prepara os alunos para a sala de aula. Ele incluiria a antropologia no currículo do curso:

Ela daria essa visão de diferenças culturais, da nossa realidade, do país, de São Paulo, dessas diferenças que fazem parte do Brasil, no qual a escola está inserida e aí, realidades culturais diferentes. Na minha avaliação, acho que faltaria isso. Uma disciplina mais antropológica aplicada à educação.

O tempo de duração do curso para ele não é suficiente, pois atualmente são três anos. Ele considera que quatro anos seria o ideal.

Na avaliação que ele faz de seus alunos, considera a formação humana quando pede aos alunos, reflexões pessoais sobre as teorias:

Nessas reflexões aparece um pouco da visão desses alunos. Ou nos seminários, em sala de aula, nos textos que nós discutimos. Nessa avaliação são textos em que eu provoco os alunos para refletir também nessa questão humana. Pegando alguns textos que discutem isso.

Segundo este professor, as universidades não se preocupam com a formação humana. O que existe são alguns grupos dentro de algumas universidades preocupados com isso.

De forma geral, é difícil falar. Eu acho que alguns grupos dentro de algumas universidades têm essa preocupação. Alguns grupos têm, de forma geral, as universidades não.

Ele acredita que o envolvimento de professores com movimentos sociais, faz com eles se preocupem mais com a formação das pessoas:

Mas talvez alguns grupos que até tenham influência, de grupos que além de estarem na universidade participam também de movimentos sociais, movimentos políticos, que têm essa preocupação, principalmente com ONGs, com movimentos

sociais. Eu conheço muitos professores que participam de movimentos sociais. Aí esse trabalho deles fora, com movimentos sociais, movimento sem moradia, sem-teto, crianças, movimento negro, de mulheres, esse trabalho externo, acabam sendo trazidos para as universidades.

Para ele, um curso ideal seria aquele que fosse capaz:

De formar bons educadores, excelentes educadores que possam contribuir para a melhoria da educação, e não formar educadores como se faz qualquer outra mercadoria em uma fábrica.

Também deveria ter “excelentes professores em termos teóricos, pessoas preocupadas com crianças e que gostem desse trabalho”.

O que seria possível realizar é uma melhor qualificação dos professores, com mestrado ou doutorado, pois isso prejudica a formação do aluno:

Ou fazendo mestrado, ou doutorado, aqui nós somos minoria, mas é por que a lei diz isso: só trinta por cento de mestres ou doutores, acaba ficando só os trinta por cento de mestres e doutores e os outros só com a graduação, e às vezes sem ter essa formação ligada à pesquisa, a leituras, estudos. Isso eu acho que prejudica a formação dos alunos, por que a formação será deficiente quando o próprio professor não está envolvido com pesquisa, estudo, leitura. Para melhorar eu acho que eu mexeria aí, invertendo a porcentagem, setenta por cento de mestres e doutores.

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