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ANÁLISE ENTREVISTA PROFESSORA NOVE

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CAPÍTULO III ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.2 ANÁLISES INDIVIDUAIS DOS PROFESSORES

3.2.9 ANÁLISE ENTREVISTA PROFESSORA NOVE

A concepção de formação humana para esta professora está ligada à teoria, relacionando-a com o cotidiano da escola e com as condições sociais em que ela está inserida. Para ela, a formação humana se dá nas entrelinhas do processo educacional, dependendo da forma como o professor conduz a aula, pois segundo ela:

Dependendo da forma como o professor conduz sua aula, que tipo de trabalho que ele solicita, se ele sai um pouco do conteúdo, da tradição conteudista, que se preocupa com o aluno atrelar isso à prática, ele vai obtendo uma formação mais humana. Eu entendo também que a universidade é um forte veículo de transformação social, desde que ela esteja voltada para isso.

Uma outra dimensão da formação humana para esta professora seria a participação da universidade em projetos que contemplem comunidades carentes como crianças em situação de risco, portadores de HIV e terceira idade. Ela afirma:

Eu acho que a minha idéia de formação humana está ligada justamente quando o aluno tem oportunidade de saber como funciona, pelo menos, um projeto dessa forma, ou de participar. Eu acho que só do aluno saber que isso é possível, que isso é necessário, que isso estará incluindo as pessoas na sociedade, é uma forma de estarem desenvolvendo a formação humana.

Segundo a professora Nove, é muito pequena a prática da formação humana nos professores universitários, pois eles estão mais preocupados com a transmissão de conteúdos, embora ela acredite que isto seja possível, conforme relata:

Eu acho que ela é muito pequena na prática do professor. Eu acho que a maioria dos professores está preocupada em ir lá, dar seu conteúdo, de acordo com a sua disciplina, e não estão muito preocupados com a formação humana. Mas existem exceções, nas quais o professor coloca como principal objetivo o crescimento do aluno. Dentro desse crescimento, independente de um foco voltado para a questão humana, ele acaba obtendo esse resultado também. Eu acho que é possível, sim, existe, que acontece, mas em número bastante reduzido de professores.

Esta professora acredita que a formação humana pode acontecer de forma transversal no curso, mas, para ela, a disciplina que melhor propicia a formação é o Estágio Supervisionado. Em seu entender, é nesse momento que o aluno consegue “ter contato com a realidade social que o país vive, que o estado vive, que a escola que ele escolheu para fazer estágio vive”, e partindo dessa experiência, o aluno poderá utilizar os conteúdos aprendidos na universidade em sua prática docente.

Referindo-se ainda às disciplinas, para a professora nove, no currículo do curso de pedagogia, privilegia-se mais a profissionalização do que a formação, pois, segundo ela, os currículos são conteudistas e vislumbram a questão da instrumentalização do processo de ensinar. Ela afirma:

Ele tem as disciplinas necessárias, e vai defender nas entrelinhas que o professor desenvolva formação humana. Nos

currículos de formação de professores, ele já vislumbra mais a interdisciplinaridade, já se preocupa mais com a parte de instrumentalização do ensino, quer dizer, ele prepara melhor o aluno de como ele vai fazer na sala de aula, por que essa é a grande dificuldade dos cursos de licenciatura, entre eles o de pedagogia, os alunos têm a teoria, mas não tem um link com a prática.

Para ela, a maior profissionalização é um fator de melhora no currículo do curso, conforme relata ao ser indagada sobre a estruturação do currículo pensando, nesta profissionalização:

Eu acredito que sim. Hoje melhor que em anos atrás. Na minha época, por exemplo, se você tivesse que sair da sala de aula para dar aula, você saía bem cru. E hoje as universidades estão preocupadas com essa formação, de se ter uma idéia mais real do dia-a-dia.

E referindo-se à aplicação dos conteúdos na prática, ela acredita na criação e um “laboratório de didática”:

O laboratório tem o cantinho das letras, da matemática, das ciências e ele vai aprendendo trabalhar com tudo isso, inclusive com as tecnologias, que também fazem parte desse laboratório de didática. Tem um data-show, então como é que ele vai usar um data show, como ele vai usar o rádio, como ele pode usar a televisão, enfim, ele terá ali uma noção de como pode usar o palco, o teatrinho de fantoches, como pode usar o livro. Ele vai aprender efetivamente o dia-a-dia, como é que ele vai desenvolver o conteúdo. Eu acho que isso é uma coisa bastante significativa para os cursos de pedagogia e de formação de um modo geral.

Segundo ela, o tempo ideal de duração do curso de pedagogia seriam quatro anos, pois existiria tempo para desenvolver bem as matérias de fundamentos e também aprofundar nos laboratórios didáticos e no estágio.

Pensando no desenvolvimento do espírito científico, a professora Nove acredita que a pesquisa assumiu um importante papel nos cursos de graduação nos últimos anos:

Em minha época de formação na graduação, não se falava em pesquisa. Falava-se em trabalho, mas não em pesquisa. E

hoje, já se fala em pesquisa desde o primeiro ano no curso de formação de professores, ou no de pedagogia. Foi instituída a iniciação científica, e a iniciação científica está começando já na graduação. Então, hoje, o aluno de graduação já é incentivado a ter uma produção, já é orientado a participar de congressos, das semanas acadêmicas, e tem também o trabalho de conclusão de curso, que é muito importante para a iniciação científica.

Este contato com a pesquisa é possível tanto na elaboração do TCC como nas “Semanas Acadêmicas”.

Na questão da avaliação que o professor faz do aluno, esta professora acha difícil considerar a formação humana, pois o professor que tenta desenvolver a formação humana em sua aula, já considera esta questão na hora de avaliar:

Ele já valoriza essas questões. Então, ele terá um contato mais específico com os alunos, ele vai entender melhor isso. E a partir do momento que ele tem esse vínculo com o aluno, ele consegue fazer uma avaliação não tão específica de conteúdo, mas de formação do aluno mesmo. Quer dizer, como esse aluno entrou e como esse aluno está saindo em termos de desenvolvimento, da sua fala, não a fala específica, mas do seu conteúdo, o que ele agregou com esses estudos em termos de pessoa. E ele acaba avaliando por isso também.

Para ela, os alunos percebem a formação humana na universidade quando eles têm a oportunidade de envolver-se em projetos direcionados à comunidade, embora ela considere que nem todos estão atentos a isto:

Mas tem aluno que passa batido, é igual professor, tem professor que se envolve e tem professor que passa batido também. Essa formação humana está muito mais na mão individual tanto do professor, do aluno, como no individual da pessoa que administra todo o processo.

Segundo esta professora, as universidades não estão preocupadas com a formação humana. Elas até incorporam projetos de iniciativa de professores, mas no momento não estão preocupadas com isso. Para ela, as universidades deveriam voltar-se para os excluídos e de alguma forma incluí-los. Esta seria uma maneira de tornar a sociedade mais justa, igualitária e até mais segura conforme ela relata:

Pois, a partir do momento que esses excluídos tiverem outras oportunidades, o índice de criminalidade vai abaixar e a sociedade se tornará melhor. Mas do jeito que está não acho que eles estejam preocupados com isso ainda não.

Um curso de pedagogia ideal para esta professora, seria aquele que contemplasse os princípios básicos da administração, pois os alunos saem com habilitação para administração escolar, mas a teoria da universidade está muito distante da prática. A professora afirma:

Na administração escolar o aluno sai sabendo menos ainda, eu acho que a teoria está muito distante da prática e administração você aprende administrando. Eu acho que o aluno sai pouco preparado no aspecto de teoria administrativa mesmo. O curso de pedagogia não contempla isso. Eu acho que deveria contemplar não uma administração pura, mas os princípios básicos da administração, de um modo geral, deveriam fazer parte do curso de pedagogia.

Pensando no que seria possível realizar, para esta professora a idéia de laboratórios didáticos simulando situações concretas em todas as áreas do conhecimento seria muito interessante. Um outro aspecto possível seria a propiciação de atividades práticas que coloquem os alunos próximos da realidade escolar. Ela também ressalta a importância do Estágio Supervisionado funcionando como um aporte educacional.

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