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FORMAÇÃO HUMANA

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CAPÍTULO III ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.4 ANÁLISE CONJUNTA DOS PROFESSORES

3.4.1 FORMAÇÃO HUMANA

Pensando no que seja a formação humana, os professores Um, Quatro, Cinco e Sete apontam numa mesma direção, embora com diferentes discursos. Esses

professores concordam que a universidade não deva ter um caráter utilitarista, mas trabalhar na formação integral do sujeito e estar voltada para algum tipo de transformação e para a prática social. A relação entre teoria e prática, no entender desses professores, deve caminhar no sentido da crítica e da autonomia.

A professora Um utiliza a expressão “formação integral do sujeito” para referir- se à formação humana. Ela acredita que a formação universitária não é só profissional, mas também deve desenvolver pessoas para a conquista de sua autonomia.

O professor Quatro fala em “duas dimensões” de formação, que seriam a “dimensão teórica e a dimensão prática”. A dimensão teórica está ligada ao desenvolvimento de uma formação crítica. Ele afirma:

Crítica no sentido do aluno ser capaz, competente de estabelecer os limites da realidade. E de enunciar propostas a partir da concepção teórica, a partir da visão teórica, de transformações dessa mesma realidade.

A questão da prática para ele, está voltada não para a prática utilitarista, no sentido de ensinar o aluno a fazer algo, mas na perspectiva da aplicação da teoria na prática no sentido da transformação social.

Para o professor Cinco, a formação humana visa o ser que se coloca como sujeito, com alguma postura de interferência e de emissão de valores. Ele afirma:

Numa ação bem humanista, não os valores serem reconhecidos naquela visão marxista clássica de luta, naquele sentido clássico de luta. O sujeito tem que brigar por seus direitos, mas na forma mais de diálogo, de compreensão.

Na mesma direção, a professora Sete refere-se à práxis, onde “não há uma divisão mecânica entre teoria e prática”. Ela afirma:

Eu trabalho em uma perspectiva da práxis, onde não há uma divisão mecânica entre teoria e prática, apesar de a pedagogia ser um curso de fundamentação teórica muito importante, e eu não acreditar muito que a gente possa trazer aulas práticas, ensinar o aluno de forma prática dentro da universidade. O essencial aqui é fazer uma relação entre teoria e prática o tempo todo e por isso eu também trabalho com educação de

crianças. Eu acho que é fundamental para o professor universitário não perder o chão da realidade.

Uma outra linha de convergência de opiniões sobre a formação humana foi observada na fala das professoras Dois, Três, Seis e Nove. Estas professoras sinalizam para uma formação universitária voltada a fornecer elementos teóricos para a prática docente cotidiana. Com exceção da professora Nove, essas professoras também se preocupam em compreender as condições de vida dos alunos, suas facilidades e dificuldades.

A professora Dois ressalta sua preocupação com o tipo de formador que está formando. Ela diz:

Vinculando isso com os cursos profissionalizantes, a pedagogia, por exemplo, então é focar o meu profissional ou para o ensino fundamental ou para o ensino da educação infantil, para a gestão. O que ele vai ser? Que tipo de formador eu estou formando? É nessa preocupação.

Para a professora Três, a questão é como a universidade pode preparar o aluno para sua realidade na escola. Ela coloca:

Aqui na faculdade tem uma determinada disciplina que apresentou n autores falando que a indisciplina é assim, que o professor tem que se comportar assim que o aluno é assim. Mas você não vê nenhum professor falando do que realmente acontece lá e como é que esse professor vai lidar com a realidade. O aluno olha para você e fala assim: está bom, eu sei tudo isso. E quando eu estiver lá, o que eu faço com tudo isso?

Para a professora Seis, a formação humana está ligada à teoria e a prática, e ao respeito e compreensão do aluno enquanto ser humano. Ela relata:

Eu acho que formação humana ela está ligada à teoria e prática. Eu acho que é proporcionar ao aluno um momento de reflexão, entender esse aluno enquanto ser humano, perceber quais são as dificuldades, quais são as facilidades, e colocar isso em sala de aula para debate, e respeitar, acho que é a palavra principal.

A professora Nove relaciona a formação humana à teoria, quando ela se refere ao cotidiano. Ela também faz uma ligação entre formação humana e condição social do país, do Estado, das pessoas, conforme seu relato:

Eu acho que a formação humana ela até pode estar ligada à teoria, quando o professor vai abordar temas do cotidiano. Ele pode estar dando a teoria, mas relacionando com o dia-a-dia das pessoas, com a atual condição social do Brasil, dos Estados, das pessoas.

A concepção de formação humana na universidade para o professor Oito, está vinculada a um “contrato pedagógico baseado em valores de base humanista”, partindo da interação entre professor e aluno. Este professor diz:

Esse contrato pedagógico é baseado em valores de base humanista, por que eu acredito muito que a aprendizagem cresce e se desenvolve a partir da interação professor-aluno. Ao estabelecer este contrato pedagógico, levando em consideração os diferentes princípios da abordagem humanista, eu tenho tido muito mais ganho sob o ponto de vista daquilo que é o retorno dos alunos, e até da maneira que eu ajo.

A professora Dez relaciona a formação humana a uma leitura de mundo, a uma maneira de ser e de fazer as coisas, ao reconhecimento do outro no trabalho, como ela diz:

Para mim formação humana envolve algo que está relacionado a uma leitura de mundo, e à, eu não diria competência técnica, a mais uma habilidade humana, a uma maneira de ser e de fazer as coisas, a uma maneira de se relacionar com as pessoas sobretudo. A formação humana para mim envolve o outro, a relação com o outro. E quando pensamos em formação humana para o trabalho eu pensei em uma formação, pensei isso agora, voltada para o reconhecimento do outro no meu trabalho.

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