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PRÁTICAS AVALIATIVAS

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CAPÍTULO III ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.4 ANÁLISE CONJUNTA DOS PROFESSORES

3.4.3 PRÁTICAS AVALIATIVAS

Referindo-se às práticas de avaliação em que os professores consideram a formação humana, as respostas dos professores Um, Sete, Oito e Dez, embora com diferentes atitudes, apontam para uma avaliação continuada e processual.

A professora Um faz uma avaliação contínua incluindo participação em debates e seminários e procura avaliar também a linguagem oral e escrita do aluno. Ela relata:

O aluno trabalha intensamente, tudo o que faz pra mim é avaliação, a participação dele numa dinâmica, num debate. O seminário. Eu gosto muito de situações que o aluno venha se expor, de preferência não ficar sentado na cadeira, interaja com a classe.

Para a professora Sete é importante deixar os alunos à vontade para a prova e fazer questões sobre as quais os alunos possam refletir, conforme ela afirma:

As minhas avaliações são, em geral, bem continuadas. Em geral, o que eu procuro fazer é que essa prova não seja: qual é a cor do cavalo branco de Napoleão? Ela é uma pergunta reflexiva, coloco todos bem tranqüilos antes da prova. A minha prova é com consulta.

O professor Oito utiliza o que chama de “avaliação formativa”. Ele diz:

Eu avalio o aluno ao longo do processo. Em observação, na medida em que o aluno faz perguntas, que ele participa, e não é aquela participação de que só por que está fazendo uma pergunta. Você tem que analisar as colocações que ele faz.

Segundo a professora Dez, ela tenta utilizar instrumentos que a possibilite enxergar “o processo de desenvolvimento pessoal do aluno formando na relação com a disciplina”. Ela relata:

Ao fazer isso, eu posso estar errada, mas eu entendo que estou dando a chance para esse aluno formando vivenciar um processo formativo em que ele está desenvolvendo mais do

que competências técnicas, está desenvolvendo habilidades que são humanas.

Os professores Quatro e Cinco consideram em suas avaliações, as reflexões e articulações dos alunos sobre os elementos das teorias e a capacidade de articulação entre elas e a realidade.

O professor Quatro relata:

Na medida em que você vai articulando isso, e o aluno é obrigado a fazer uma relação entre esses elementos e que ele consegue olhar nesses elementos e apontar quais são os limites, as possibilidades, o quê ele vai encontrar na realidade, eu entendo que aí sim ele está conseguindo desenvolver esse espírito crítico, essa visão humanista da realidade.

O professor Cinco caminha também nessa perspectiva em suas avaliações, como ele afirma:

Normalmente, eu peço para fazer alguma relação, para refletir sobre a concepção de infância, como vão ser pedagogos, trabalhar com crianças, discutir a concepção de infância, na infância na Idade Antiga, na Roma Antiga, na Idade Medieval, as questões dos direitos das crianças hoje, tem textos que eu discuto muito com eles. A questão filosófica vai discutir essa questão de infância. Por que na Antiguidade a criança não era, inserida nesse contexto de humanidade, não era um cidadão, não tinha participação, diferente de hoje. E essa visão sobre a infância que esses alunos terão, interfere também nessa avaliação que eu tento fazer.

Para tentar avaliar a formação humana, a professora Seis procura considerar a postura do aluno, o trabalho em equipe, a participação na aula. Ela diz:

Tem uma avaliação do semestre inteiro do professor em relação ao aluno e aí eu vejo muito a questão de postura, de comprometimento, de trabalho em equipe, de participação, e eu tenho dado muito assim, embora sejam muitos alunos, eu procuro fazer uma auto-avaliação, para que eles façam uma auto-avaliação. E também avaliá-los do ponto de vista do ser humano, que eles são acima de tudo educadores, mas acima de tudo seres humanos, que vão formar outros seres humanos.

A professora Nove acredita que avaliar a formação humana só é possível se houver um vínculo entre professor e aluno, conforme ela explica:

E a partir do momento que ele tem esse vínculo com o aluno, ele consegue fazer uma avaliação não tão específica de conteúdo, mas de formação do aluno mesmo. Quer dizer, como esse aluno entrou e como esse aluno está saindo em termos de desenvolvimento, da sua fala, não a fala específica, mas do seu conteúdo, o que ele agregou com esses estudos em termos de pessoa. E ele acaba avaliando por isso também.

A professora Dois procura avaliar no aluno a linguagem escrita, as idéias, mas considera que não é possível avaliar a formação humana integralmente. Ela argumenta:

Eu falo para eles, eu preciso de uma avaliação que seja única, preciso avaliar como você escreve, como você expõe as suas idéias enquanto pessoa. Tudo bem que tem os seus contras, que dá uma dor de barriga no dia, dor de cabeça, tem seus problemas, mas você precisa me mostrar como você... Eu acabo conhecendo como o aluno escreve, mas alguns. Na questão da avaliação, eu acho que você não consegue avaliar integralmente essa formação humana, mas no contexto geral dá para você ver até na formação do próprio curso que eles estão fazendo.

A professora Três procura ser complacente com os alunos na hora de avaliar, entendendo suas dificuldades. Para ela, este é o sentido da formação humana na avaliação. Ela diz:

Às vezes, eu acho que eu peco, às vezes eu acho que não. Eu peco no seguinte sentido: eu sou muito complacente com o aluno. Eu acho que vou responder a sua pergunta, mas pode ser que fuja e não sirva para os dados que você precisa. Eu fico pensando assim: tento lembrar que eu também fui aluno de um curso noturno. Eu pegava o meu horário de janta para estudar, mas nem todos fazem isso. Eu pegava meu horário de almoço para estudar, nem todos fazem isso. Por exemplo, marco um trabalho. O aluno não traz o trabalho nesse dia, então eu sento e converso: por que você não trouxe o trabalho? O que aconteceu? Tive um problema em casa, e o aluno conta a história dele. Eu parto do seguinte princípio, primeiro temos que saber o que aconteceu para depois emitir um julgamento. Para depois você falar assim, se o que ele te falou é plausível de você alterar o prazo, aceitar um trabalho atrasado ou não.

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