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O QUE É POSSÍVEL REALIZAR NO CURSO

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CAPÍTULO III ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.4 ANÁLISE CONJUNTA DOS PROFESSORES

3.4.8 O QUE É POSSÍVEL REALIZAR NO CURSO

Nesta questão os professores puderam expressar o que ainda consideram que seja possível realizar no curso em que atuam. As respostas foram diversificadas e apontaram para várias direções, o que tornou difícil o agrupamento das idéias apresentadas.

Os professores Cinco e Oito concordam que é possível melhorar a formação dos professores que atuam no ensino superior.

O professor Cinco coloca:

Os professores das faculdades, das universidades precisam ter uma melhor qualificação. Ou fazendo mestrado, ou doutorado, aqui nós somos minoria, mas é por que a lei diz isso: só trinta por cento de mestres ou doutores, acaba ficando só os trinta por cento de mestres e doutores e os outros só com a graduação, e às vezes sem ter essa formação ligada a pesquisa, a leituras, estudos. Isso eu acho que prejudica a formação dos alunos, por que a formação será deficiente quando o próprio professor não está envolvido com pesquisa, estudo, leitura. Para melhorar eu acho que eu mexeria aí, invertendo a porcentagem, setenta por cento de mestres e doutores.

O professor Oito afirma: “Eu acredito o seguinte: nós deveríamos investir mais na formação dos professores do ensino superior”.

As professoras Um e Seis acreditam que é possível direcionar os alunos para atividades de cultura e lazer. Para a professora Um isto pode se realizar através de parcerias das universidades com espaços de cultura e lazer, e para a professora Seis através do direcionamento dos alunos para boas leituras e atividades culturais.

A professora Um relata:

Melhorar bastante o espaço da biblioteca, fazer da biblioteca um espaço de sala de aula também. Trabalhar com aluno mais em contato com o livro, com a leitura, com a pesquisa. Centrar o curso bastante na produção do aluno acho que é importante isso e é possível fazer. Que o aluno exercite bastante essa capacidade de leitura e de escrita, realizando resenhas, resumos, seminários e várias outras participações eu acho importante. Fazer parcerias também da faculdade com outras instituições, com outros espaços, fazer um intercâmbio faculdade e comércio, outras instituições de cultura e de lazer. Isso eu acho bastante importante e possível de ser feito.

Para a professora Seis é possível:

Você direcionar esse aluno para boas leituras, fazer com que o professor consiga dar uma aula o mais dinâmica possível para que as pessoas se interessem e aprendam. Posso sugerir bons filmes, atividades culturais, se o professor orientar já ajuda bastante.

As opiniões das professoras Dois e Sete convergem na perspectiva de formação do aluno para o compromisso com a mudança na educação, como a professora Dois diz:

Acho que é pelo seguinte: nós estamos precisando de pessoas que pensem... Lutar contra aquela massificação. Eu quero que vocês tentem, tem que tentar. Eu acredito na mudança, claro que não imediata, não para o ano que vem, mas acredito na mudança.

A professora Sete relata:

Eu acho que ainda é possível formar um professor que seja capaz de compreender a realidade, de forma minimamente clara... Mas eu acho que é possível sim formarmos pessoas que compreendam com maior clareza os processos sociais, os processos individuais. E, para mim, a pessoa que compreende bem pode transitar de forma muito interessante dentro do espaço educacional. E comprometido, de fato, com a educação, eu acho que dá ainda. Não sei até quando, mas...

As professoras Nove e Dez acreditam que é possível propiciar atividades que coloquem os alunos em contato com a prática do cotidiano escolar. Para a professora Dez, isto pode se realizar sem que se perca de vista a dimensão humana.

A professora Nove fala na criação de laboratórios didáticos:

Possível? Tudo é possível, desde que as pessoas se impliquem nos processos, que as pessoas participem. Um curso de pedagogia pode propiciar atividades práticas que coloquem o aluno mais próximo da realidade escolar. Acho muito interessante a proposta de laboratórios didáticos que

simulem situações concretas em todas as áreas de conhecimento.

A Professora Dez relata:

Eu acho que o que é possível e necessário nos cursos de pedagogia é que a gente traga o aspecto técnico sim. Não podemos assumir um discurso extremista “vou formar só os aspectos humanos”, chamados aspectos humanos. Eles mesmos também não se sustentam sem aquilo que é condição da relação pedagógica... Mas, além disso, eu preciso trazer habilidades humanas que se volte para essa relação com a matemática. Eu acho que uma dimensão não anula a outra, não aniquila a outra. Eu penso que é possível ainda, dentro de todas essas condições (cursos noturno, pouco tempo de formação, tensão entre gestores e formadores), considerando tudo isso, é possível e necessário que não percamos de vista que a formação deve se voltar para a relação pedagógica, que envolve o domínio do aspecto da dimensão técnica e do caráter humano.

Para o professor Quatro, o que é possível fazer, é tentar articular os professores do curso para a interdisciplinaridade, como ele pontua:

Eu acho que o possível é tentar, olhando da minha perspectiva, você tentar se articular com o maior número de professores possível, que você consiga, para discutir mesmo que informalmente, mesmo que sem compromisso nenhum de que isso se torne numa prática docente, mas minimamente conversar sobre as questões críticas, de como está organizado o curso, de quais são as possibilidades, discutir um pouco o texto.

A professora Três não vê possibilidade nem perspectiva de se realizar algo na educação sem o investimento do Estado, como ela afirma:

Você quer que eu seja sincera? Tudo bem que eu estou no primeiro ano de docência no ensino superior. Não que eu seja desanimada, mas eu não vejo perspectiva no momento. Se não houver investimento no sentido do Estado proporcionar uma formação digna para o profissional da educação... Se houvesse um plano em que as faculdades de educação recebessem atenção especial... Em todas as áreas da educação: pedagogia, matemática, língua portuguesa, inglês, história, geografia, educação artística, educação física, química, física, biologia, sociologia, filosofia. E essas áreas recebessem

entre na sala fosse como médico. Médico não tem que ser período integral? Não tem que ter um tempo de residência? Isso deveria acontecer conosco também e não acontece. Eu, pensando nesse um ano em que eu estou aqui, pensando em como eu fui formada, como estou formando, eu não vejo. Eu tenho medo que a tendência seja piorar.

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