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AO USO DA LIBRAS E SUA REPERCUSSÃO NA AUTONOMIA DO PACIENTE SURDO

Benedito do Carmo Gomes Cantão1,Eunice Lara dos Santos Cunha2, Gabriel Costa Vieira3, José Antonio Cordero da Silva4

RESUMO

O estudo trata de uma pesquisa documental sobre o atendimento de urgência e emergência em duas unidades do munícipio de Tucuruí-PA quanto ao uso da Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) e sua repercussão na autonomia do paciente surdo. O objetivo consiste em caracterizar o perfil dos profissionais de saúde e sua reflexão acerca do atendimento ao deficiente auditivo quanto à garantia da autonomia e da privacidade. A pesquisa contou com 30 fichas cur-

riculares de médicos e enfermeiros que se encontravam na base de dados do

setor de recursos humanos das respectivas unidades. O instrumento de coleta

de dados foi um formulário de observação dividido em duas etapas: identifi- cação e dados específicos, essa última constituindo a análise da utilização da LIBRAS como ferramenta de humanização com o paciente surdo. No trabalho é possível concluir que existe um déficit nessa comunicação, onde, nas variá- veis específicas, somente quatro profissionais enfermeiros relataram ter tido a matéria de LIBRAS na graduação e apenas um médico realizou um curso após sua formação, demonstrando que os profissionais ainda se encontram, em sua maioria, despreparados, impedindo o fornecimento de um serviço abrangente para todos os públicos, dentre eles, o paciente com surdez com repercussão negativa na garantia quanto à autonomia e privacidade.

Palavras-chave: LIBRAS; Atendimento; Paciente Surdo; Humanização.

1 Enfermeiro, Mestrando em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) e Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará - Campus XIII

2 Biomédica e Mestranda em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE)

3 Acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – Campus XIII

4 Médico, Doutor em Bioética e Ética em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Docente do Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE)

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PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DOS

SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA qUANTO

AO USO DA LIBRAS E SUA REPERCUSSÃO NA

AUTONOMIA DO PACIENTE SURDO

Benedito do Carmo Gomes Cantão1,Eunice Lara dos Santos Cunha2, Gabriel Costa Vieira3, José Antonio Cordero da Silva4

RESUMO

O estudo trata de uma pesquisa documental sobre o atendimento de urgência e emergência em duas unidades do munícipio de Tucuruí-PA quanto ao uso da Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) e sua repercussão na autonomia do paciente surdo. O objetivo consiste em caracterizar o perfil dos profissionais de saúde e sua reflexão acerca do atendimento ao deficiente auditivo quanto à garantia da autonomia e da privacidade. A pesquisa contou com 30 fichas cur-

riculares de médicos e enfermeiros que se encontravam na base de dados do

setor de recursos humanos das respectivas unidades. O instrumento de coleta

de dados foi um formulário de observação dividido em duas etapas: identifi- cação e dados específicos, essa última constituindo a análise da utilização da LIBRAS como ferramenta de humanização com o paciente surdo. No trabalho é possível concluir que existe um déficit nessa comunicação, onde, nas variá- veis específicas, somente quatro profissionais enfermeiros relataram ter tido a matéria de LIBRAS na graduação e apenas um médico realizou um curso após sua formação, demonstrando que os profissionais ainda se encontram, em sua maioria, despreparados, impedindo o fornecimento de um serviço abrangente para todos os públicos, dentre eles, o paciente com surdez com repercussão negativa na garantia quanto à autonomia e privacidade.

Palavras-chave: LIBRAS; Atendimento; Paciente Surdo; Humanização.

1 Enfermeiro, Mestrando em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) e Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará - Campus XIII

2 Biomédica e Mestranda em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE)

3 Acadêmico do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – Campus XIII

4 Médico, Doutor em Bioética e Ética em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Docente do Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE)

DOI: 10.31792/isbn.978-85-8458-045-3.176-190

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PROFILE OF HEALTH PROFESSIONALS OF THE EMERGENCY SERVICES OF A HOSPITAL AND EMERGENCY CARE UNIT IN

REGARDING THE USE OF THE LIBRAS ABSTRACT

The study deals with a documentary research on the urgency and emergency care in two units of the municipality of Tucuruí-PA regarding the use of the Brazilian Sign Language (LIBRAS) and its repercussion on the autonomy of the deaf patient. The objective is to characterize the profile of health pro- fessionals and their reflection on the care of the hearing impaired regarding the guarantee of autonomy and privacy. The survey counted on 30 curricula of doctors and nurses that were in the database of the sector of human resources of the respective units. The instrument of data collection was an observation form divided into two stages: identification and specific data, the latter constituting the analysis of the use of LIBRAS as a humanization tool with the deaf patient. In the paper, it is possible to conclude that there is a deficit in this communication, where, in the specific variables, only four nur- ses reported having had the subject of LIBRAS in the undergraduate program and only one doctor did a course after his training, demonstrating that the professionals still meet, in the majority, unprepared, preventing the provision of a comprehensive service for all publics, among them, the patient with dea- fness with negative repercussions on the guarantee of autonomy and privacy

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INTRODUÇÃO

Para que a sociedade se desenvolvesse através dos tempos, houve a ne- cessidade de estabelecer um entendimento comum entre os seus indivíduos, o que só foi possível através da linguagem. Com efeito, ela teve um papel importante na vida das pessoas e no desenvolvimento das populações, pois, por esse princípio, houve a transmissão de informações, ideias e sentimentos, existindo, então a comunicação16.

Sob o mesmo ponto de vista, o processo de comunicação entre as pes- soas surdas também se fez necessário. Segundo a Organização Mundial da Saú- de (OMS), em 2015, no mundo existiam cerca de 744 milhões de pessoas com

algum grau de surdez e, somente no Brasil, aproximadamente 28 milhões7.

Reconhecer a diferença entre pessoa com grau de surdez e a pessoa surda se faz necessário. A primeira consegue ouvir, mesmo que com dificulda- de ou com a ajuda de um aparelho auditivo; já a segunda, não consegue ouvir por fatores genéticos ou externos, que devido à lesão do nervo auditivo e/ou danos nos campos que transmitem os impulsos no encéfalo para codificação dos sons, não possuem o estímulo de audição15.

Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística - IBGE, no Brasil, há cerca de quase 10 milhões de pessoas surdas, sendo elas o eixo temático e central do presente estudo15.

Dessa forma, para que haja a interação desse público, a Língua Brasilei- ra de Sinais (LIBRAS) é o meio utilizado pela maioria das pessoas surdas, que através de códigos gestuais feitos com as mãos e face, são lidos e compreen- didos pela visão, possibilitando o diálogo16.

No entanto, apesar de ser uma língua considerada materna a esse pú- blico e possuir respaldos judiciários, como a Lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002, e o Decreto n°5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta essa mesma Lei, o entendimento entre as pessoas surdas e as ouvintes dia- riamente encontra dificuldades para a devida integração, impedindo, muitas vezes, os direitos sociais e o exercício da plena cidadania dos cidadãos sur- dos, inclusive na questão que envolve sua autonomia12.

O atendimento à pessoa com deficiência auditiva, no Brasil, é assegura- do pela Constituição de 1988, onde é dito que os estados, municípios e o país têm a responsabilidade pelo cuidado à saúde e assistência pública, proteção e garantia de pessoas que possuem alguma deficiência².

Apesar de intensos avanços na ampliação do acesso e cobertura dos serviços no Sistema Único de Saúde (SUS), ainda existe a distância entre as práticas e os princípios doutrinadores que consiste na integralidade, equi-

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INTRODUÇÃO

Para que a sociedade se desenvolvesse através dos tempos, houve a ne- cessidade de estabelecer um entendimento comum entre os seus indivíduos, o que só foi possível através da linguagem. Com efeito, ela teve um papel importante na vida das pessoas e no desenvolvimento das populações, pois, por esse princípio, houve a transmissão de informações, ideias e sentimentos, existindo, então a comunicação16.

Sob o mesmo ponto de vista, o processo de comunicação entre as pes- soas surdas também se fez necessário. Segundo a Organização Mundial da Saú- de (OMS), em 2015, no mundo existiam cerca de 744 milhões de pessoas com

algum grau de surdez e, somente no Brasil, aproximadamente 28 milhões7.

Reconhecer a diferença entre pessoa com grau de surdez e a pessoa surda se faz necessário. A primeira consegue ouvir, mesmo que com dificulda- de ou com a ajuda de um aparelho auditivo; já a segunda, não consegue ouvir por fatores genéticos ou externos, que devido à lesão do nervo auditivo e/ou danos nos campos que transmitem os impulsos no encéfalo para codificação

dos sons, não possuem o estímulo de audição15.

Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística - IBGE, no Brasil, há cerca de quase 10 milhões de pessoas surdas, sendo elas o eixo temático e central do presente estudo15.

Dessa forma, para que haja a interação desse público, a Língua Brasilei- ra de Sinais (LIBRAS) é o meio utilizado pela maioria das pessoas surdas, que através de códigos gestuais feitos com as mãos e face, são lidos e compreen- didos pela visão, possibilitando o diálogo16.

No entanto, apesar de ser uma língua considerada materna a esse pú- blico e possuir respaldos judiciários, como a Lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002, e o Decreto n°5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta essa mesma Lei, o entendimento entre as pessoas surdas e as ouvintes dia- riamente encontra dificuldades para a devida integração, impedindo, muitas vezes, os direitos sociais e o exercício da plena cidadania dos cidadãos sur- dos, inclusive na questão que envolve sua autonomia12.

O atendimento à pessoa com deficiência auditiva, no Brasil, é assegura- do pela Constituição de 1988, onde é dito que os estados, municípios e o país têm a responsabilidade pelo cuidado à saúde e assistência pública, proteção e garantia de pessoas que possuem alguma deficiência².

Apesar de intensos avanços na ampliação do acesso e cobertura dos serviços no Sistema Único de Saúde (SUS), ainda existe a distância entre as práticas e os princípios doutrinadores que consiste na integralidade, equi-

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