• Nenhum resultado encontrado

66O incentivo ao lazer, além de ser trabalhado nos momentos das prá-

ticas corporais, é algo que os trabalhadores sentem a necessidade de se promover em mais espaços de descontração e interação como forma de acolher o trabalhador, tais como: café da manhã em datas comemorativas, aniversariantes do mês. O Trabalhador de saúde 09 afirma:

É um café da manhã, é o aniversariante do mês, isso tudo é acolhimento pra gente (Trabalhador de saúde 09).

Discutiu-se a questão de trabalhadores que faltam muito, e que o setor de Recursos Humanos verifica como está a frequência deles e que não se sabe o motivo dessas faltas. Então, surge como proposta o apoio psicológico voltado para o trabalhador do CSE, a fim de ouvi-lo e entender os proble- mas que os levam a faltar. O trabalhador de saúde 10 enfatiza como solução para esse problema a criação do Programa de Saúde do Trabalhador, pois é uma maneira de oferecer não só o apoio psicológico, como outros serviços de saúde, como amparo nos casos de acidente de trabalho e atualização da situação vacinal dos trabalhadores do CSE:

Porque na verdade se a gente tivesse na unidade o Programa de saúde do Trabalhador, isso já ia ser resolvido, porque inclu- sive ia ter o controle da saúde que o trabalhador tem, apesar de serem profissionais, muitos não têm vacina, pra onde en- caminhar em caso de acidente de trabalho (Trabalhador de saúde 10).

A Educação Permanente em Saúde (EPS) utiliza ferramentas que bus- cam a reflexão crítica sobre as práticas de serviço, sendo por si só uma prática aplicada ao trabalho que possibilita transformações nas relações, nos processos de trabalhos, nas condutas, nas atitudes, nos profissionais e até

mesmo na equipe19. Essa necessidade tem sido contemplada com a proposta

do Curso de Formação em Educação Permanente Módulo Institucional a ser desenvolvida junto à coordenação Estadual de Humanização.

Ensino e Serviço

As práticas do ensino e o serviço são espaços privilegiados para a transformação e consolidação dos modelos de atenção à saúde, pautados pelos valores do SUS. Mas é neles onde também se explicitam conflitos, dificuldades, estratégias e táticas desencadeadas para a ocupação de espaços na rede de cuidados que vai sendo configurada20. Os participantes relataram as dificulda-

des que o CSE enfrenta para garantir a integração ensino e serviço, isto pode ser configurado a partir das falas dos Trabalhadores de saúde 07, 03, 09 e 02:

66

O incentivo ao lazer, além de ser trabalhado nos momentos das prá-

ticas corporais, é algo que os trabalhadores sentem a necessidade de se promover em mais espaços de descontração e interação como forma de acolher o trabalhador, tais como: café da manhã em datas comemorativas, aniversariantes do mês. O Trabalhador de saúde 09 afirma:

É um café da manhã, é o aniversariante do mês, isso tudo é acolhimento pra gente (Trabalhador de saúde 09).

Discutiu-se a questão de trabalhadores que faltam muito, e que o setor de Recursos Humanos verifica como está a frequência deles e que não se sabe o motivo dessas faltas. Então, surge como proposta o apoio psicológico voltado para o trabalhador do CSE, a fim de ouvi-lo e entender os proble- mas que os levam a faltar. O trabalhador de saúde 10 enfatiza como solução para esse problema a criação do Programa de Saúde do Trabalhador, pois é uma maneira de oferecer não só o apoio psicológico, como outros serviços de saúde, como amparo nos casos de acidente de trabalho e atualização da situação vacinal dos trabalhadores do CSE:

Porque na verdade se a gente tivesse na unidade o Programa de saúde do Trabalhador, isso já ia ser resolvido, porque inclu- sive ia ter o controle da saúde que o trabalhador tem, apesar de serem profissionais, muitos não têm vacina, pra onde en- caminhar em caso de acidente de trabalho (Trabalhador de saúde 10).

A Educação Permanente em Saúde (EPS) utiliza ferramentas que bus- cam a reflexão crítica sobre as práticas de serviço, sendo por si só uma prática aplicada ao trabalho que possibilita transformações nas relações, nos processos de trabalhos, nas condutas, nas atitudes, nos profissionais e até

mesmo na equipe19. Essa necessidade tem sido contemplada com a proposta

do Curso de Formação em Educação Permanente Módulo Institucional a ser desenvolvida junto à coordenação Estadual de Humanização.

Ensino e Serviço

As práticas do ensino e o serviço são espaços privilegiados para a transformação e consolidação dos modelos de atenção à saúde, pautados pelos valores do SUS. Mas é neles onde também se explicitam conflitos, dificuldades, estratégias e táticas desencadeadas para a ocupação de espaços na rede de cuidados que vai sendo configurada20. Os participantes relataram as dificulda-

des que o CSE enfrenta para garantir a integração ensino e serviço, isto pode ser configurado a partir das falas dos Trabalhadores de saúde 07, 03, 09 e 02:

67

[...] muito professor afirma que vem, mas falta [...] (Trabalha- dor de saúde 07).

[...] o professor às vezes põe um aluno em cada sala. Essa se- mana aconteceu de um professor atender somente duas grá- vidas porque foi embora e deixou os alunos atendendo, mas se você não tirar ficha para o professor o professor vai lá na coordenação e disse que estão boicotando a prática dele (Tra- balhador de saúde 09).

Uma coisa também que eu vejo muito em consulta de crian- ça que a mãe fala “poxa mas o professor só assinou quem fez tudo foi o aluno” então isso deixa o medo de ter feito a conduta certa, então ele tem que acertar o que é deixam de ansiedade naquele paciente (Trabalhador de saúde 03). [...] às vezes usuário não quer ser atendido pelos alunos, en- tão eu entendo que é um direito dele, mas tem docentes que acham que não [...] (Trabalhador de saúde 02).

Algumas implicações da integração ensino e serviço foram apontadas, o Trabalhador de saúde 07 coloca que alguns professores não avisam quan- do faltam e o Trabalhador de saúde 09 relata que às vezes o professor não atende à demanda da unidade, se restringindo a consultar poucos usuários. O Trabalhador de saúde 03 diz que, por vezes, os usuários reclamam do aten- dimento do professor, pois nestes casos, o docente pouco intervém durante as consultas com os alunos, gerando ansiedade no usuário e desconfiança quanto à eficácia das consultas prestadas. Consoante a isso, o Trabalhador de saúde 02 fala que alguns usuários não querem ser atendidos pelo professor e alunos, sendo um direito do usuário e alguns profissionais não compreen- dem isso. Esses conflitos gerados através deste cenário trazem impacto nos processos de trabalho da equipe técnica do CSE, pois os mesmos, nessas situações mencionadas, estão na ponta do serviço e, logo, são responsáveis em dar uma resposta aos usuários.

A dinâmica de integração que de alguma maneira deveria ser colocada em prática, seria uma caminhada mutua entre as partes. Porém no serviço público de saúde o processo de trabalho tende a ser rotineiro e de alguma maneira pode vir a não proporcionar essa aproximação entre o serviço e

o ensino21. As propostas dos participantes de mudança no ensino e serviço

podem ser evidenciadas através das falas a seguir:

Mudar a concepção dos nossos servidores dos usuários e dos professores, aqui é uma rotatividade imensa de professores nós temos um problema seríssimo (Trabalhador de saúde 09). O próprio docente precisa trabalhar com os usuários, conver-

68

sar com a coordenação de estágio (Trabalhador de saúde 02). “Nós somos uma unidade de saúde com a peculiaridade de ser um centro de saúde escola, mas ainda que ter cuidado para não cair na contramão do acolhimento porque quando o médico prioriza o estudante sendo que a prioridade é atender o usuá- rio, e o ensino vai ter que se reorganizar, e a minha proposta é chamar direção para reorganizar“(Trabalhador de saúde 11).

Através das falas dos Trabalhadores de saúde 09, 02 e 11, nota-se o sentimento de inquietação a respeito do ensino/serviço, pois relatam o pouco retorno que o ensino tem apresentado ao cotidiano do CSE. Os trabalhadores entendem que para transformação desta realidade, é pre- ciso que ocorra a mudança de concepção de todos os envolvidos nesta integração, buscando entender que o CSE é um espaço de formação de recursos humanos em saúde, tornando-se essencial para a qualidade da assistência a fim de oferecer uma atenção cada vez mais integral e huma- nizada. Sendo assim, o grupo propõe que reúna os envolvidos no proces- so para diálogo, a fim de traçar estratégias que visam ampliar a integração ensino e serviço com qualidade, tendo em vistas a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, com seguran- ça e resolutividade, tornando o CSE um ambiente que acolha usuários, docentes, alunos e trabalhadores.

Na avaliação dos encontros, os participantes avaliaram em uma palavra como produtivo, persistência e confiança. Entre as frases que avaliam o estu- do, destacamos alguns relatos dos participantes:

Um aprendizado, eu tenho aprendido bastante, porque tenho aprendido bastante que eu vou te ser sincero no começo eu não acreditava. Eu quero fazer parte disso, eu quero crescer (Trabalhador de saúde 05).

Elas estão trazendo esse diferencial daqui a pouco elas vão sair, mas elas colocaram a sementinha aqui na nossa unidade o tra- balho tem tudo pra que seja essa semente, só veio pra contribuir pro servidor (Trabalhador de saúde 06).

Então eu espero que a gente continue, que o grupo continue, que outras pessoas venham a participar, a acrescentar, que aumente esse grupo, acho que a gente vai ter bons resultados (Trabalhador de saúde 02).

Os Trabalhadores de saúde 05, 06 e 02 enfatizam o aprendizado, o estí- mulo e a contribuição que o estudo proporcionou, no qual o grupo demons- tra a vontade de dar continuidade a esses espaços de discussão.

69

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das discussões que os encontros proporcionaram, os objetivos desse estudo foram atendidos com êxito. O grupo elaborou propostas para a implantação do acolhimento no CSE, as estratégias são: Articulação com a Coordenação Estadual de Humanização, gestão participativa/ cogestão, va- lorização do trabalhador de saúde, postura acolhedora e escuta qualificada, melhorar a ambiência do CSE e fortalecimento do ensino e serviço. Tais pro- postas visam reorganizar processos de trabalho, tornar o CSE um ambiente acolhedor e humanizado a todos os usuários. Estes encontros consolidaram um grupo para dar continuidade no processo de implementação do acolhi- mento na unidade, através das propostas reais elaboradas por eles mesmos, que contemplam não só o Acolhimento, mas a criação de espaços de cons- trução coletiva, despertando ações que sejam capazes de gerar transforma- ções esperadas e desejadas, tornando-os protagonistas deste cenário.

AGRADECIMENTOS

Ao Centro de Saúde Escola do Marco e seus trabalhadores de saúde pela importante colaboração para este estudo.

REFERÊNCIAS

Souza RS, Bastos MAR. Acolhimento com classificação de risco: o processo vivenciado por profissional enfermeiro. Rev Min Enferm 2008; 12 (4): 581-586. Coelho MO, Jorge MSB. Tecnologia das relações como dispositivo do atendi- mento humanizado na atenção básica à saúde na perspectiva do acesso, do acolhimento e do vínculo. Rev Ciência & Saúde Coletiva [internet]; out 2009 [acessado 2014 jul 18]; 14 (supl. 1): 1523-1531. Disponível em: http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413=81232009000800026-&lng- en. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000800026.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Planificação

da Atenção Primária à Saúde nos Estados. Brasília: CONASS; 2011a: 27-77.

MINAYO MCS. Ciência, Técnica e Arte: o desafio da pesquisa social. In: Deslandes SF, Cruz N, Gomes R, organizadores. Pesquisa Social: teoria, méto- do e criatividade. 22. ed.. Petrópolis: Editora Vozes; 2003. p. 9-15.

THIOLLENT M. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez; 2011. BARDIN L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. p. 280.

69

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das discussões que os encontros proporcionaram, os objetivos desse estudo foram atendidos com êxito. O grupo elaborou propostas para a implantação do acolhimento no CSE, as estratégias são: Articulação com a Coordenação Estadual de Humanização, gestão participativa/ cogestão, va- lorização do trabalhador de saúde, postura acolhedora e escuta qualificada, melhorar a ambiência do CSE e fortalecimento do ensino e serviço. Tais pro- postas visam reorganizar processos de trabalho, tornar o CSE um ambiente acolhedor e humanizado a todos os usuários. Estes encontros consolidaram um grupo para dar continuidade no processo de implementação do acolhi- mento na unidade, através das propostas reais elaboradas por eles mesmos, que contemplam não só o Acolhimento, mas a criação de espaços de cons- trução coletiva, despertando ações que sejam capazes de gerar transforma- ções esperadas e desejadas, tornando-os protagonistas deste cenário.

AGRADECIMENTOS

Ao Centro de Saúde Escola do Marco e seus trabalhadores de saúde pela importante colaboração para este estudo.

REFERÊNCIAS

Souza RS, Bastos MAR. Acolhimento com classificação de risco: o processo vivenciado por profissional enfermeiro. Rev Min Enferm 2008; 12 (4): 581-586. Coelho MO, Jorge MSB. Tecnologia das relações como dispositivo do atendi- mento humanizado na atenção básica à saúde na perspectiva do acesso, do acolhimento e do vínculo. Rev Ciência & Saúde Coletiva [internet]; out 2009 [acessado 2014 jul 18]; 14 (supl. 1): 1523-1531. Disponível em: http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413=81232009000800026-&lng- en. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000800026.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Planificação

da Atenção Primária à Saúde nos Estados. Brasília: CONASS; 2011a: 27-77.

MINAYO MCS. Ciência, Técnica e Arte: o desafio da pesquisa social. In: Deslandes SF, Cruz N, Gomes R, organizadores. Pesquisa Social: teoria, méto- do e criatividade. 22. ed.. Petrópolis: Editora Vozes; 2003. p. 9-15.

THIOLLENT M. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez; 2011. BARDIN L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. p. 280.

70

Outline

Documentos relacionados