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185Na última variável, do total de 30 fichas analisadas, somente dois pro-

fissionais tinham realizado contato com a LIBRAS no período de um ano. Tendo em vista que esse contato com a linguagem ajuda na atualização e aperfeiçoamento da comunicação com os pacientes, fato esse que, em se tratando da atual situação das unidades no que diz respeito à comunicação com a pessoa surda, mostra um dado preocupante quanto à garantia do aten- dimento individualizado. Os profissionais que atuam nas unidades de saúde necessitam interagir com seus pacientes, o que se faz com a valorização da sua singularidade e suas particularidades comunicativas 6,8,33.

Essa educação continuada se faz importante, pois, através dela, o pro- fissional se especializa continuamente, auxiliando na qualificação e gestão em saúde das unidades onde atua, tornando o trabalhador da unidade um ser ativo que promove a evolução, melhoramento e desenvolvimento das ativi- dades do setor em que trabalha18.

No que tange as questões da Bioética e do Direito, acerca do tema que envolvem autonomia e capacidade da pessoa com deficiência auditiva, tem aumentado cada vez mais as discussões sobre o processo de inclusão social, pois os deficientes auditivos têm constantemente seu direito desrespeitado quanto se trata de privacidade, já que na maioria dos atendimentos há uma escassez do uso da LIBRAS na comunicação pelos profissionais de saúde, o que gera no deficiente auditivo sentimentos negativos, falha na comunicação e limitação de sua autonomia uma vez que se faz necessária a presença do

acompanhamento de familiares32,33

.

Desse modo, ao correlacionar à bioética e os direitos da pessoa com deficiência auditiva em relação ao serviço de saúde oferecido pelo SUS, per- cebe que os surdos perdem sua autonomia e privacidade quando são julga- dos, pela sua deficiência auditiva, incapazes e não autônomos pela maioria da população. Portanto o problema de acesso a informação por parte do deficiente auditivo em virtude do não uso da LIBRAs por profissionais de saúde deve ser analisado à luz dos princípios morais e valores fundamentais, de modo a permitir uma melhor reflexões sobre autonomia e a capacidade do surdo em participar do seu tratamento34.

Portanto, a falta de conhecimento da LIBRAS por parte dos funcionários da instituição de saúde faz com que o paciente deficiente auditivo se sinta ex- cluído e, em alguns casos, seja privado de exercer seu direito pelo fato de não

se comunicar oralmente32. Isso demostra a importância de o profissional de

saúde buscar compreender as pessoas com deficiência e suas circunstâncias para, desta forma, contribuir para maior conscientização e redução das bar- reiras incapacitantes que afetam a garantia da autonomia do paciente surdo34.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo, pôde-se observar que os profissionais de ambas as unidades ainda possuem um grande déficit no uso da linguagem brasileira de sinais como ferramenta de humanização ao atendimento da pessoa surda, sendo esse um problema atenuante.

Dessa forma, no que concerne aos pacientes surdos, que frequentam as instituições a fim de atendimento, encontram-se muitos empecilhos, principal- mente por não terem como repassar as informações necessárias para que assim os profissionais consigam realizar um atendimento de qualidade e, em se tra- tando de setor de Urgência e Emergência, devido a esse déficit, pode colocar o paciente em risco de saúde ou de vida, pela falta de comunicação adequada.

Esse distanciamento, devido à falta de linguagem e comunicação eficaz por falta dos profissionais, cria barreiras e causa limitação na autonomia e privacidade a pessoa surda, o que seria evitado se os funcionários estivessem devidamente capacitados em vista dessas situações, que diariamente se fazem presentes nas instituições de saúde e exigem do profissional de estar munido dessa forma de comunicação.

Esse fato não só influencia de forma negativa no atendimento do pa- ciente surdo, mas na prestação de serviço dos profissionais da unidade que, diante dessas situações, encontram-se os verdadeiros dilemas éticos em ga- rantir ou não a autonomia da pessoa com deficiência auditiva frente a uma comunicação ineficaz por falta do uso de LIBRAS por profissionais da área de saúde, acarretando em frustração e estresse para trabalhadores e unidade.

Na pesquisa, foi analisado que os problemas, em sua maioria, no que diz respeito a essa lacuna na LIBRAS vêm desde a graduação dos profissionais, que se formaram anteriormente ao sancionamento do decreto que a dispôs como obri- gatória nas instituições de ensino ou por essas mesmas não a disponibilizarem na grade curricular. Vale ressaltar que por mais que seja uma nova perspectiva desde o seu sancionamento, ainda existem muitas faculdades, públicas e privadas, dos cursos de saúde, que não fornecem aos seus alunos essa disciplina e quando dispõe ela é tida apenas como optativa, não sendo dada a devida importância e dificultando a atuação profissional dos discentes frente a essas situações quando estiverem em campo de trabalho, acentuando mais ainda o problema.

A sugestão para os profissionais que já trabalham, seria a realização de capacitações pelas unidades, para que consigam dispor, pelo menos, do básico de LIBRAS para que houvesse o repasse da mensagem entre a linha profissio- nal-paciente, estabelecendo esse vínculo e integrando o paciente surdo, hu- manizando o atendimento e dispondo de uma atmosfera de integração, res- peito e dignidade, de modo que todos os anseios do paciente surdo possam ser atendidos e que sua liberdade de escolha e privacidade sejam respeitados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo, pôde-se observar que os profissionais de ambas as unidades ainda possuem um grande déficit no uso da linguagem brasileira de sinais como ferramenta de humanização ao atendimento da pessoa surda, sendo esse um problema atenuante.

Dessa forma, no que concerne aos pacientes surdos, que frequentam as instituições a fim de atendimento, encontram-se muitos empecilhos, principal- mente por não terem como repassar as informações necessárias para que assim os profissionais consigam realizar um atendimento de qualidade e, em se tra- tando de setor de Urgência e Emergência, devido a esse déficit, pode colocar o paciente em risco de saúde ou de vida, pela falta de comunicação adequada.

Esse distanciamento, devido à falta de linguagem e comunicação eficaz por falta dos profissionais, cria barreiras e causa limitação na autonomia e privacidade a pessoa surda, o que seria evitado se os funcionários estivessem devidamente capacitados em vista dessas situações, que diariamente se fazem presentes nas instituições de saúde e exigem do profissional de estar munido dessa forma de comunicação.

Esse fato não só influencia de forma negativa no atendimento do pa- ciente surdo, mas na prestação de serviço dos profissionais da unidade que, diante dessas situações, encontram-se os verdadeiros dilemas éticos em ga- rantir ou não a autonomia da pessoa com deficiência auditiva frente a uma comunicação ineficaz por falta do uso de LIBRAS por profissionais da área de saúde, acarretando em frustração e estresse para trabalhadores e unidade.

Na pesquisa, foi analisado que os problemas, em sua maioria, no que diz respeito a essa lacuna na LIBRAS vêm desde a graduação dos profissionais, que se formaram anteriormente ao sancionamento do decreto que a dispôs como obri- gatória nas instituições de ensino ou por essas mesmas não a disponibilizarem na grade curricular. Vale ressaltar que por mais que seja uma nova perspectiva desde o seu sancionamento, ainda existem muitas faculdades, públicas e privadas, dos cursos de saúde, que não fornecem aos seus alunos essa disciplina e quando dispõe ela é tida apenas como optativa, não sendo dada a devida importância e dificultando a atuação profissional dos discentes frente a essas situações quando estiverem em campo de trabalho, acentuando mais ainda o problema.

A sugestão para os profissionais que já trabalham, seria a realização de capacitações pelas unidades, para que consigam dispor, pelo menos, do básico de LIBRAS para que houvesse o repasse da mensagem entre a linha profissio- nal-paciente, estabelecendo esse vínculo e integrando o paciente surdo, hu- manizando o atendimento e dispondo de uma atmosfera de integração, res- peito e dignidade, de modo que todos os anseios do paciente surdo possam ser atendidos e que sua liberdade de escolha e privacidade sejam respeitados.

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REFERÊNCIAS

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