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A bipolaridade e o caso de AL

No documento Agenda magica : linguagem e memoria (páginas 110-120)

Em que medida a formulação da estruturação bipolar da linguagem pode contribuir para o estudo clínico do caso de AL? Não se pode dizer que ele apresenta um funcionamento unipolar, tal

como os afásicos. No entanto, em certas situações dialógicas, observa-se uma preferência por um ou outro eixo, talvez em função das condições de produção de discurso e da complexidade (às vezes, psico-afetiva) que o tema lhe impõe. É o que se nota, por exemplo, a propósito de seu relato oral a respeito das mudanças que ocorreram em sua vida após o acidente [Dado 1 – capítulo 2]. A escuta/leitura do relato sugerem uma organização pautada no eixo sintagmático: é mais metonímico talvez pela dificuldade de precisar por meio das escolhas lexicais que faz o que pensa/sente sobre o assunto107.

Mas o que me parece ainda mais interessante é a possibilidade de analisar - com base nesse conceito - as características da escrita de AL. Retomem-se as notas que AL faz em sua agenda pessoal sobre a conversa que teve com uma amiga, apresentadas no capítulo anterior108.

Dado 6 – nota na agenda [27/05/2003] lida e comentada na sessão do dia seguinte.

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Só um comentário. Este relato de fato parece “mais” metonímico tanto quando se ouve a gravação em vídeo, quanto quando se lê sua transcrição. No entanto, é preciso considerar que a leitura pode sugerir com mais freqüência uma predileção pelo eixo metonímico, devido à espacialização, própria da escrita. No diálogo oral muito do que seria dito não é dito pela ação do interlocutor que completa, muitas vezes, o enunciado do locutor.

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O dado-achado a que me refiro é o Dado 2 do capítulo 2. Ao longo do estudo optei por manter uma ordem crescente de numeração dos dados, mesmo quando retomo algum deles, para que a numeração não fique salteada.

DIA NÃO FIs NADA .

HÁ NOITE LIGUEI PARA UMA AMIGA QUE FASIA TEMPO QUE NÃO FALAVA COM ELA, E ELA ME DIÇE ALGUMAS COISAS QUE FALEI PARA ELA HÁ UM

TEMPO ATRAIS, QUE EU FIQUEI ASSUSTADO. COISA MUITO INTIM .

COM DISLEPSIA , MENTIRA , QUERER SER SUPERIOR AOS AMIGOS, PORISSO ME ENVOLVIA COM A POLICIA

SALA DE AULA FICAVA CONSTRANGIDO QUERER SABER TUDO SOBRE SEXO QUANDO A PROFESSORA MANDAVA LER E ESCREVER NA LOUSA ...

O que se observa? Antes de tudo que AL se queixa de problemas de memória e que as anotações que faz mostram um movimento em direção à recordação. AL registra pela escrita a tal conversa, cujo conteúdo ele considera “íntimo” e, por isso, se surpreende com suas revelações. É importante notar como o sujeito reconhece (e afirma) sua condição de “disléxico”, ainda que sua escrita não possa ser assim caracterizada. Mais, AL mostra o efeito que esse diagnóstico produziu sobre ele: o constrangimento vivido em sala de aula, quando convocado a ler e a escrever. Assume assim, a condição de disléxico que lhe foi atribuída no passado que, curiosamente, se sobrepõe à condição atual - a de lesionado cerebral - fato recém-ocorrido em sua história.

Nem de longe seu texto pode ser confundido com o de um disléxico. Trata-se de um texto de um escrevente que apresenta dúvidas em relação à ortografia de certas palavras – FIS, FASIA DIÇE (uma hiper-correção, já que havia escrito antes DISSE), DISLEPESIA, EMVOLVIA, CONTRANGIMENTO - e de certas categorias gramaticais – verbo “haver” e preposição “a” (como em HÁ NOITE E A UM TEMPO ATRAIS que foi reescrito - e corrigido - como HÁ UM TEMPO ATRAIS); que às vezes não termina de escrever as palavras (INTIM para “íntimo” e COM para “como”); que apresenta marcas do trânsito que há entre a enunciação oral e a enunciação escrita, o que o leva a adicionar letras (como em ATRAIS) ou a não reconhecer como unidades distintas certas expressões (como em PORISSO). Todos indícios que podem ser creditados a sua pouca convivência com a leitura e a escrita, bem como sua história pessoal com ambas.

O texto mostra ainda sua tentativa – indicada pelo desenho de uma seta – para ajeitar a parte final da anotação, conferindo a ela uma melhor organização textual109, uma estratégia que

serve a uma operação de contigüidade. Pode-se apreciar ainda o cuidado com que AL re-traça algumas letras em partes do texto (AMIGA, COISA, AULA. SABER, MANDAVA). Observa-se certa indecisão quanto gênero de discurso que pode/deve usar: começa com DIA NÃO FIZ NADA e na linha seguinte inicia um novo parágrafo com HÁ NOITE LIGUEI PARA (...). Sendo ambos possíveis, AL não se decide nem por um, nem por outro, e justapõe os dois110.

Notam-se algumas rasuras, sinal de que escreve e lê o quê escreve. Duas questões parecem merecer a atenção especial de AL: o traçado da letra - refeito algumas vezes de forma cuidadosa - e a ortografia das palavras que usa. Parece razoável que AL preste atenção nesses pontos: tanto a caligrafia quanto a ortografia são critérios comumente adotados pela escola para atestar ou não a competência do aluno em relação à aquisição e uso da escrita111. É de se supor, portanto, que da relação de AL com a escrita e com a escola, resta a supervalorização desse tipo de erro.

Após a leitura conjunta do texto durante a sessão fonoaudiológica pedi a ele que reescrevesse o texto em casa [Dado 7]:

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É provável que AL tenha decidido esclarecer a razão do “constrangimento em sala de aula” – QUANDO A PROFESSORA MANDAVA LER E ESCREVER NA LOUSA... - só depois de já ter escrito o enunciado seguinte QUERER SABER TUDO SOBRE SEXO o que o levou a desenhar a seta.

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AL poderia ter escrito algo do tipo: Dia: não fiz nada.

Noite: liguei para uma amiga (...)

Ou, o que parece mais pertinente considerando a íntegra do escrito: De dia não fiz nada (ou, Durante o dia).

À noite, liguei para uma amiga (...)

111

Dado 7 – reescrita da nota de 27/05/2003.

DURANTE O DIA, NÃO FIZ NADA À NOITE, LIGUEI PARA UMA AMIGA, QUE FAZIA TEMPO QUE NÃO FALAVA COM ELA.

ELA ME DIÇE ALGUMAS COISAS, QUE FALEI PARA ELA, A UM TEMPO ATRAS.

EU FIQUEI ASSUSTADO; COISA MUITO ÍNTIMA .

COISA COMO DISLPSIA , MENTIRA , QUERER SER SUPERIOR AOS AMIGOS.

POR ISSO ME EMVOLVIA COM A POLICIA. NA SALA DE AULA, FICAVA CONSTRANGIDO,

QUANDO A PROFESSORA MANDAVA LER ALGUMA COISA, OU ESCREVER NA LOUZA.

QUERIA PERGUNTAR TUDO SOBRE SEXO...

Na reescrita AL se ocupa não só das questões ortográficas, mas também da organização geral do texto que ganha uma outra condição. Chama a atenção do leitor o modo como AL escreve “dislexia” nos dois textos, palavra que caracteriza a sua relação com a leitura e a escrita. Na primeira versão escreve DISLEPESIA e faz um risco sobre a letra “e”, da sílaba “pe”, que tanto pode significar a substituição do “e” por um “i”, quanto o apagamento do “e”, deixando o “p” mudo. Na reescrita grafa DISLPSIA, deixando duas sílabas sem vogal, “le” e “pi”, o que pode caracterizar uma hiper-correção. AL, possivelmente, só conhece o nome do quadro de “ouvido” e, provavelmente o associou a outro, bem mais conhecido, a “epilepsia”, razão pela qual escreve como escreve. AL não sabe ao certo o nome do que supõe ter, mas seja lá qual for, deve ser tão complicado quanto o é a sua grafia. Sem ao menos saber o nome da “doença” que presume ter, AL vive a condição que ela lhe imputa.

Aprender a escrita convencional112 do PB pressupõe compreender o funcionamento do sistema de escrita alfabética: (i) quais letras compõem o repertório da língua (o alfabeto) e em quais seqüências elas podem aparecer (q é sempre seguido de u, não se usa ç seguido de i ou e, etc.); (ii) quais letras se relacionam a um único som da língua (b é /b/, d é /d/, f é /f/, etc) e quais delas podem representar mais de um som (s pode ser /s/ e /z/, x pode ser /z/, /ʃ/, /s/ e /ks/, etc). (iii) que há uma variedade interna nas grafias usadas pelas pessoas (letra de imprensa, letra manuscrita, sem falar nas diferenças que existem de caligrafia entre os escreventes).

Implica também aprender a forma das letras, a direção (da esquerda para a direita) e a orientação (de cima para baixo) da escrita em papel. Cada letra impõe um certo limite ao traçado e a define: um risco em uma ou outra direção (b, d, q, p – em letra de imprensa), o tamanho de uma forma arredondada (a, e, l, i – em letra manuscrita), a curvatura de um traço (a, c – em letra manuscrita).

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Isto significa, entre outras coisas, estar em conformidade com a ortografia de língua. A ortografia é uma convenção social que se define historicamente – basta lembrar como no início do século 20 se escrevia farmácia (pharmácia), arqueologia (archeologia), comércio (commércio) e outras tantas mais – e que cristaliza na escrita aquilo que quando lido/dito pode mudar em função da variedade lingüística do falante. Para alguns casos existem regras que definem a escrita de certas palavras (como a escrita de substantivos e adjetivos que seguem certas regras morfológicas), enquanto outros não têm em si nenhuma obrigatoriedade e resultam de uma espécie de “acordo” firmado por especialistas [Morais, 2000].

Toda essa complexidade mostra a impossibilidade de se conceber a escrita como uma mera tradução em papel da fala. Um conjunto de conhecimentos é posto em ação de maneira coordenada, o que exige o trabalho a um só tempo de vários subsistemas cerebrais responsáveis pela atenção, percepção visual e espacial, gestos e linguagem113, processos que podem estar abalados no caso de AL em função da lesão frontal que apresenta. Quando a aquisição da escrita ocorre de maneira significativa, aos poucos, todos esses sub-processos se integram de tal forma, que a escrita e a leitura se transformam em um trabalho automático. Lê-se sem se dar conta de que se está lendo: uma percepção, diria Freud (1891), sugere instantaneamente uma associação (ou uma série delas). Outras vezes ficamos em dúvida se se deve usar essa ou aquela letra, mas quase sempre a mão sabe: o desenho da escrita da palavra (à vezes, até no ar) dá contexto ao traçado, de tal forma que se descobre qual é a letra que se deve escrever.

Tome-se uma vez mais a primeira versão do texto de AL e a grafia das palavras “fiz”, “fazia” (FIS, FASIA), “disse” (DIÇE), “envolvia” (EMVOLVIA). Para escrever as formas do verbo “fazer” duas letras são possíveis, já que ambas podem ser associadas ao som de /s/: “s” e “z”. Em “disse”, três letras e um dígrafo concorrem – “c”, “ç”, “s”, “ss” – pela mesma razão, todos podem se associar ao som /s/. A grafia convencional da palavra “envolvia” é assegurada por uma regra que diz que “antes de p e b só se usa m”e, por exclusão, antes de todas as outras letras, se usa “n”. AL desconhece a regra e para ele duas letras concorrem entre si para marcar a nasalização nesse caso, o “m” e o “n”. Nesses quatro casos, AL seleciona mal, embora o mesmo texto apresente um conjunto de outras ocorrências em que a seleção se dá em conformidade com a convenção ortográfica (ASSUSTADO, TEMPO, MENTIRA, POLÍCIA, SEXO, PROFESSORA, LOUSA). Resta notar que nas duas últimas ocorrências – “disse” e “envolvia” – AL não consegue excluir “ç” para a primeira e “m” para a segunda, exatamente porque se fia exclusivamente na relação som/letra, sem se ater ao contexto verbal da própria escrita porque o conhece mal. Não se observam, nesse nível, dificuldades relacionadas à contigüidade: a ordem das letras – mesmo quando mal selecionadas – é a ordem da escrita do PB.

A manutenção de uma certa ordem da língua – que pode variar dentro de certos limites - é mais difícil para AL em relação à disposição dos enunciados que compõem o texto como unidade de sentido como se pode notar especialmente na parte final da primeira versão [Dado 6]:

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CONSTRANGIDO

(...)

COISA MUITO INTIM .

COM DISLEPISIA , MENTIRA , QUERER SER SUPERIOR AOS AMIGOS, PORISSO ME ENVOLVIA COM A POLICIA

SALA DE AULA FICAVA CONTRANGIDO QUERER SABER TUDO SOBRE SEXO QUANDO A PROFESSORA MANDAVA LER E ESCREVER NA LOUSA ...

Como o texto foi escrito em casa nada se pode dizer sobre sua planificação, isto é, se as palavras foram escritas de uma só vez, ou se AL foi escrevendo pouco a pouco, relendo o texto. Pelo traçado, pelo assunto, pela inclusão da seta, suponho que AL – semelhante ao que lhe ocorre, segundo relata, quando participa de uma interlocução: como se um turbilhão de idéias me viesse à mente de uma só vez – provavelmente escreve todo o texto de uma só vez. Escrever de novo deu oportunidade a AL de rever o texto de outra forma, cuidando, especialmente da paragrafação e da pontuação: ainda que as seleções lexicais tenham se mantido as mesmas, as alterações que faz garantem melhor distribuição e, portanto, melhor compreensão dos enunciados:

1ª versão- Dado 6 2ª versão- Dado 7

HÁ NOITE LIGUEI PARA UMA AMIGA QUE FASIA TEMPO QUE NÃO FALAVA COM ELA, E ELA ME DIÇE ALGUMAS COISAS QUE FALEI PARA ELA HÁ UM

TEMPO ATRAIS, QUE EU FIQUEI ASSUSTADO. COISA MUITO INTIM.

À NOITE, LIGUEI PARA UM AMIGA, QUE FAZIA TEMPO QUE NÃO FALAVA COM ELA.

ELA ME DISSE ALGUMAS COISAS, QUE FALEI PARA ELA, A114 UM TEMPO

ATRAS.

EU FIQUEI ASSUSTADO; COISA MUITO ÍNTIMA.

Em relação à bipolaridade da organização do sistema de escrita alfabética, pode-se dizer que AL apresenta dificuldades relacionadas ao eixo da seleção para grafar as palavras e também dificuldades que se referem ao trânsito entre os dois eixos para organizar unidades de sentido, seja para escrever, seja para ler. Freud afirma que a linguagem oral é uma “aquisição primária” e a

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Na reescrita, agora em outro lugar do texto, AL apresenta a mesma dúvida que apresentara na primeira versão relacionada à grafia do verbo haver.

leitura/escrita são “associações sobrepostas” ou uma “superassociação” [Freud, 1891/1973, p. 100]. Pode-se dizer que AL não fez as associações entre imagem de leitura e imagem de escrita por um lado, e imagem sonora e imagem de movimento, por outro no que se refere ao conceito de palavra [Freud, 1871/1973]. Em outros termos, AL não superassociou a leitura e a escrita a contento o que acarreta uma vinculação enfraquecida entre processos perceptivos e associativos, o que explica as seleções ortográficas não convencionais que faz, embora sejam possíveis do ponto de vista fonético-fonológico e mostrem um processo em curso. As seleções e combinações que caracterizam a escrita e a leitura se referem, por sua vez, a seleções e combinações da oralidade e todas elas devem ser, em alguma medida, pareadas. Isto não significa que elas possam ser correlacionadas de forma biunívoca (uma letra pode representar mais de um som), tampouco que as seleções/combinações da oralidade precedem, necessariamente, as da leitura e da escrita. O que se deve considerar é que, entre todas elas, há relações que se estabelecem em função do tipo de prática que se faz com a linguagem, seja na enunciação oral, seja na enunciação escrita. Esse intrincado jogo associativo que a escrita e a leitura pressupõe pode bem ser resumido pelo que diz Freud: “(...) o processo de aprender a escrever é certamente muito complicado e exige uma troca freqüente da direção das associações” [Freud, 1891/1973, p. 88], incluídas aí, além das impressões acústicas e visuais obviamente subentendidas, também as impressões cinestésicas e motoras.

A leitura – especialmente em voz alta – pode ser considerada como um lugar privilegiado desse pareamento por pressupor um rápido revezamento entre seleções/combinações de letras e seleções/combinações de sons emparelhados entre si. Por outro lado é comum na leitura silenciosa lermos sem, de fato, correlacionar as letras aos sons que correspondem. Isso é mais facilmente observado quando se trata de uma leitura de interesse, quando se passa por alto por certos detalhes, e pode

“(...) acontecer de não reter os nomes dos personagens que figuram no livro, exceto algum detalhe sem importância, ou talvez a lembrança de que eram longos ou curtos, e que continham uma letra pouco comum como um x ou um z” [Freud, op. cit., p. 89].

Qual a saída encontrada por AL para lidar com a instabilidade de seleção de letras – que o leva a não cumprir a norma - em contextos verbais que podem ser preenchidos por mais de uma delas? Pelo traçado de sua letra. Já disse que o aprendizado da escrita supõe o aprendizado de traços espacialmente relacionados entre si que identificam/diferenciam as letras do sistema

alfabético. Os escritos de AL, muitas vezes, apresentam desenhos indeterminados de letras que, possivelmente, têm a função de permitir ao leitor dar acabamento à imprecisão de seu traçado. Um “Z”, de relance, pode passar por um “S”, um “M” por um “N”, um “U” por um “L”. Veja-se, por exemplo, como AL escreve a palavra “RODANDO”, em uma de suas anotações na agenda:

Dado 8 – Escrita da palavra “rodando” extraída de anotação da agenda datada de 08/05/2003.

O leitor recorre ao contexto verbal e as dúvidas ortográficas de AL passam desapercebidas. AL, provavelmente, desenvolveu uma maneira peculiar de escrever à mão, que acaba “disfarçando” o que não sabe. Talvez essa seja a razão de sua resistência para usar a letra cursiva. Isso é interessante porque a caligrafia é um importante indicador de identidade e, portanto, da relação do sujeito com a sua escrita.

As dificuldades de AL para ler e para escrever, portanto, podem ser creditadas a dois fatores: a sua história escolar e ao episódio neurológico. O diagnóstico de dislexia não tem fundamento, como mostra a análise dos Dados 6 e 7; seu aprendizado de leitura e escrita não chegou a ser estabelecido - nem na escola, nem fora dela - e por isso pode ser visto como um processo “em aquisição” que sofre as influências de seu passado escolar. O episódio neurológico, por sua vez, de natureza traumática, determina um abalo geral, não uniforme, em todo funcionamento cerebral e, em especial, em estruturas importantes para as atividades de leitura e escrita: os lobos frontais (bilateralmente) e o lobo parietal à direita, como será visto a seguir. Tais alterações, certamente, interferem no modo como ocorrem as seleções/combinações nos diferentes níveis de organização da língua.

No documento Agenda magica : linguagem e memoria (páginas 110-120)