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CAUSAS E EFEITOS NA CONDUTA HUMANA (22:1-16)

Este é o último capítulo do primeiro grupo de Provérbios, pois o livro divide-se em diversos grupos ou seções. Como tem sido notado, por vezes, não é fácil concatenar os assuntos versados nos diversos provérbios ou versículos, pois é bem raro haver conexão entre o ensino de um e do outro que lhe segue. Todavia, usando de uma certa ginástica mental, procuramos dar o melhor que nos foi possível, num mundo de saber religioso, literário, filosófico, econômico e social. Do seu valor julgarão os poucos leitores do trabalho ora apresentado.

4.13.1 O valor de um bom nome (vv. 1-6)

"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Ex. 20:16). O falso testemunho é a ruína do nome de alguém Inocente e que talvez só tenha mesmo o seu nome. O nome vale mais do que as muitas riquezas (v. 1). A difamação, o falso testemunho, a mentira a respeito da pessoa são os grandes pecados cometidos contra o ser humano. Os antigos entendiam que o nome da pessoa estava na barriga. Se lhe tirassem o nome, tiravam-lhe a vida. Há muitos mitos antigos a respeito do nome e das palavras. O Livro de Provérbios é um manancial de respeito e de honra ao nome da pessoa, fato tão insignificante nos modos de vida dos brasileiros, em geral, pois se diz tudo a respeito de uma pessoa, sem qualquer pejo ou temor. A maledicência contra o nome destrói a estima, que é melhor que prata o ouro, ou as muitas riquezas (v. 1). No sentido do respeito ao nome não há rico nem pobre: todos são iguais, pois que a um o outro o Senhor os fez (v. 2). Ainda de acordo com esse princípio, o verso 3 nos informa que o prudente vê o mal e esconde-se; porém o simples (simplório) passa adiante e sofre a pena (v. 3). Todos somos iguais perante o Criador, e por isso o galardão da humildade o temor do Senhor são riquezas e honra o vida (v. 4). Já temos feito notar que não há lugar no viver humano para a vaidade ou orgulho, pois tudo que somos e temos vem do Senhor. A nossa vida, pobre ou rica, os nossos haveres, poucos ou muitos, tudo vem do Senhor, que dá a todos liberalmente (Tiago 1:5). O orgulho, a vaidade e outros pecados da natureza humana, pervertida por Satanás, são o nosso grande flagelo. Não obstante as muitas advertências, o perverso tem espinhos e laços no seu caminho; o que guarda a sua alma retira-se para longo deles (v. 5). É o recurso que tem o justo em se afastar do caminho dos perversos, dos que maquinam o mal, dos que torcem a verdade e a trocam pela mentira. Talvez como uma conseqüência deste verso, consta o seguinte, que diz: Ensina a criança no caminho em que deve andar, a ainda quando for velho não se afastará dele (v. 6). Este é um verso-chave nas atividades dos pastores nas igrejas, no seu cuidado para com as crianças, sabendo que uma criança, depois de crescida, pode seguir ou não os caminhos do Senhor. Todavia, o que

aprendeu na infância e na igreja a levará por toda a vida. São as chamadas "primeiras impressões", que se gravam na mente plástica da criança e vão com ela para sempre. É um prazer encontrar cada domingo 100 ou mais crianças na igreja, para receberem das suas professoras os ensinos, que as devem guiar por toda a vida. Na Igreja Batista de Ipanema, logo depois da abertura da Escola Bíblica Dominical, é dado um lanche às crianças e a seguir o ensino de acordo com as idades. Que maravilha! Depois vão para casa, onde talvez não haja conformidade com o que ouviram e ainda depois para a Escola Pública. Seja para onde for que a existência as leve, o que aprenderam na igreja irá com elas pela vida afora. Quantos adultos temos encontrado que receberam as primeiras noções de moral na igreja! Não seguiram o caminho de Cristo, mas conservam os ensinos recebidos.

4.13.2 Conselhos úteis na vida (vv. 7-12)

O rico domina sobra o pobre o que toma emprestado é servo do que empreste (v. 7), mas quem pode fugir a essas condições? Sempre os ricos dominam sobre os pobres e quem toma emprestado fica na dependência do que empresta. As mutações da vida moderna têm modificado muito estes conceitos. No entanto, no interior dos Estados, onde a civilização ainda não chegou, estas condições ainda prevalecem. Um fazendeiro domina sobre um pobre meeiro, e lhe toma o suor e a vida, bem assim da sua família. As estórias que correm são simplesmente tétricas. Todavia, o que semeia a injustiça segará maios (V. 8). A justiça é muito vagarosa e custa a chegar, mas chega um dia; e a vara do que semeia a injustiça falhará (,v. 8). isso também é certo em nosso convívio moderno, onde muitos injustos recebem em troca o devido pago. Com o pensamento neste verso 8, vejamos o que diz Gálatas 6:7 e o comparemos com isaías 10:5. A vara da sua indignação falhará, e quando faltar, o tal receberá em dobro. Deus é o defensor dos oprimidos e dos Pobres; e &i dos que ofendem essa gente indefesa. Contra os tais surge o generoso, que dá o seu pão ao pobre o será abençoado (v. 9). O socorro que se dá ao pobre não é perdido, porque há um que sabe galardoar. irá a contenda, Lança fora o escarnecador, o com elo se cessarão as demandas o a Ignomínia (v. 10). Este tipo de gente é a que zomba da justiça e da pureza; para tais não há justo nem sério nem virtude nem opróbrio, para eles tudo é Igual o que presta algum bem o faz por interesse, dizem. São mesmo uma ignomínia na sociedade. Uns crápulas, uma escória social. Mas o que ama a pureza do coragem, o é grácil no falar, terá por amigo o rei a terá o apoio dos homens de bem (v. 11). Ainda há gente boa no mundo e cremos até que em maior número que os maus e zombadores. O verso 12 termina esta série de conceitos importantes, afirmando: Os olhos do Senhor conservam o que tem conhecimento, mas os iníquos, aia os despreza. Assim, se não há louvor dos homens para os justos, há, e com certeza, ou louvores do Senhor.

4.13.3 Coitado do preguiçoso (vv. 13-16)

Um leão está lá fora; serei morto no meio da rua, diz ele (v. 13). Esse é um pobre a quem se deve apenas misericórdia e paciência. Não vai à rua, com medo de ser morto pelo leão; e não vai à cidade, com medo de ser assassinado. Então fica em casa dormindo. Parece ser igual ao nosso Jeca-Tatu de Monteiro Lobato. Quanto a mulheres estranhas (v. 14), ver as anotações de 5:7 e 7:1-27. É praga social muito antiga e que jamais encontrou solução. O Senhor é contra esta situação, mas até em Israel desde tempos imemoriais, havia essas mulheres. Um provérbio, cuja doutrina nos surpreende: A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela (v. 15). Interpretemos "estultícia" por "inocência" ou "simplicidade" mesmo. Todavia, o ensino do mestre é que a disciplina levará a criança a fugir das conseqüências da sua inocência ou estultícia. De qualquer modo, vale o ensino porque tem sido referido diversas vezes. Está de acordo com o verso 6, que manda ensinar à criança o caminho em que deve andar. Cabe aos pais e preceptores esta tarefa. Depois vem um provérbio muito rico de ensinamentos: O que oprimo ao pobre para enriquecer a si, ou o que dá ao rico, certamente vai empobrecer (v. 16). Tirar do pobre para dar ao rico é uma iniqüidade, mas acontece e era já coisa conhecida de Salomão e do seu tempo. É fato estranho e que exige imaginação.

5 - O LIVRO DOS SÁBIOS (22:17-24:22)

Esta seção do Livro de Provérbios, já referida na Introdução, é muito diferente da primeira. Nesta, os provérbios são agrupados conforme a doutrina, sendo, portanto, o ensino muito mais prático. Os comentadores reconhecem haver grande relação entre esta parte e o livro egípcio conhecido pelo nome de Amem-en-ope, em que a sabedoria egípcia é catalogada. Onde o colecionador do livro de Provérbios foi buscar essa doutrina e encaixá-Ia num livro inspirado, não sabemos. Como fizemos notar na Introdução, os nossos provérbios têm paralelos com os de outras nações, e que foram usados em Israel como doutrina boa. Como a Sabedoria não tem pátria, e seu autor é o Senhor do mundo e dos sábios, não há o que estranhar pelo fato de encontrarmos paralelismos entre os provérbios egípcios e os do livro inspirado. A doutrina é que vale, e não a sua nacionalidade.

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