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DEUS E A SOCIEDADE HUMANA (29:1-27)

Os provérbios antitéticos continuam neste capítulo, e é com prazer que gastaremos alguns minutos na sua apreciação.

6.5.1 O homem justo é o alvo desta seção (vv. 1-10)

Há um homem que não deseja ser justo e, por mais que seja repreendido em suas loucuras, nunca aprende. Quando endurece a sua cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura (v. 1). Devido, talvez, a essa dureza de coração, tal pessoa não alcança a láurea de justo, pois a correção ou a repreensão tem o fim de corrigir de modo a fazer da pessoa alguém direito ou justo. Então, que acontece? Quando se multiplicam os justos o povo se alegra, MAS quando domina o perverso... (v. 2). O alvo da vida é fazer de cada indivíduo um ser humano justo para consigo e para com os demais; e este ideal só se consegue pela admoestação contínua, como se faz nas igrejas, e ainda muito fica por fazer. Maus governos administradores são os elementos visados neste verso. Todavia, há alguns que amam a sabedoria e alegram o seu pai; MAS o companheiro de prostitutas desperdiça os bens (v. 3). Compare com Lucas 15:11-30, especialmente 30. Esta praga social tem sido a ruína de muitos jovens, embora pareça não haver jeito. Recordamos quando um chefe de polícia, certa vez no Rio, determinou extirpar da cidade essa gente e como tantos se levantaram contra ele. Logo caiu, também por causa do jogo do cavalo. Certos pecados sociais parecem invencíveis, e o meretrício e o jogo são dois deles. Só seria possível se reformássemos a sociedade. Como? O evangelho é o único remédio.

A justiça da terra depende de reis justos (v. 4), porém, se eles são amigos de impostos, ou, segundo uma outra tradução, "homens cobiçosos", então não há possibilidade de justiça. Todo mau governante estrangula os seus súditos ou compatriotas, escorchando-os com impostos, maneira fácil de arranjar dinheiro. Isso é contra a Bíblia. Os tradutores lutam com a versão de muitas palavras do hebraico, termos idiomáticos, com sentido aforístico, de modo que nem sempre é possível saber bem o que o autor sagrado queria dizer.

O homem que lisonjeia o seu próximo, arma-lhe uma rede nos passos (v. 5). Já vimos noutros provérbios o perigo da lisonja, da laudação, e multas vezes com fins duvidosos. Aqui o que lisonjeia arma uma rede aos seus passos; quer dizer, vai enredar-se nas malhas da rede. Talvez o verso 6 queira completar o sentido, quando diz: Na transgressão do homem meu há laço a só o justo será capaz de cantar vitória. O justo cante o se regozija. É o louvor do justo tantas vezes elogiado. O justo, sempre o justo, pois ele se informa da causa dos pobres; MAS o

perverso de nada disso quer saber (v. 7). O perverso não tem coração temente a Deus, logo, pouco se importa com os que sofrem. O homem perverso é como os escarnecedores; alvoroçam a cidade, MAS os sábios desviam a ira (v. 8). No alvoroço de uma cidade só mesmo os sábios podem controlar a situação; pois um povo amotinado é um povo inconsciente. Tanto este verso como o seguinte tratam do sábio, que discute com o tolo e, quer se encolerize, quer ria (v. 9), não haverá fim. Para que discutir com um tolo? Ele tanto pode rir como zangar-se. É o mesmo para ele. Quem discute com tal gente perde o seu tempo. Os sanguinários aborrecem o íntegro. O resto do verso 10 deve ser assim traduzido: "mas quanto aos retos, eles, os sanguinários, procuram tirar-lhes a vida." O reto é um estorvo no caminho dos maus (v. 10).

6.5.2 Os efeitos de um mau governo (vv. 11-17)

Se um governo dá atenção a palavras mentirosas, como sói acontecer tantas vezes, então virão a ser perversos todos os seus servos (v. 12). Isso significa apenas que, se um governo der ouvidos a perversos, todos os demais se perverterão. Será então o reino da anarquia... O verso 13 trata outra vez do pobre e seu opressor, os quais o rei deve julgar eqüitativamente, para poder firmar-se no trono (v. 14). Um governo sem justiça é condenado por si mesmo. Tal ensino se encontra em 22:2 e Sal. 13:3. Repetimos o cuidado que Deus tem para com o pobre e o castigo que promete a quem o maltrata ou não o defende. O trono que despreza os pobres não dura para sempre. Note-se que há pobres e pobres; os que realmente o são, e os que exploram a caridade humana a troco de um lugar favorável na eternidade. Neste mundo perdido até as boas coisas da vida são pervertidas. Jesus, em Mat. 5:45, estabelece uma doutrina da equanimidade para todos, bons e maus. De modo geral, o que ele ensina é que todos somos da mesma família, sendo alguns transviados.

A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar sua mãe (v. 15). A lição deveria aplicar-se a Absalão e a Roboão mesmo. Absalão era um rapaz mimado, que seu pai jamais contrariou e fez o que fez (I Reis 1:6). Muitos filhos são bem disciplinados e se perdem, mas a verdade é que a muitos faltou a vara. Quantas escrituras nos falam dessa verdade! Seria bom os pais aprenderem na sua Bíblia como criar os filhos com amor e vara. O verso 16 está conforme o nosso dia e a nossa história. Quando os perversos se multiplicam, multiplicam-se as transgressões (v. 16). A anarquia do mundo deve a sua situação à multiplicação dos perversos, subversivos e criminosos comuns ou políticos. Uma verdadeira

amostra de que os tempos estão chegando ao fim da nossa era. Não há paz nem harmonia. A diplomacia falhou, o entendimento entre os povos já se tornou quimera. O verso 17 deve ser estudado conjuntamente com o 1 5, dando-nos a medida das preocupações dos redatores de Provérbios, quanto à educação dos filhos. Corrige o teu filho, o te dará descanso... (v. 17). É uma admirável promessa, que mesmo Salomão e seu pai Davi não souberam praticar. Um cavalo não se amansa sem trabalho; um menino não se educa sem esforço.

6.5.3 Guardar a lei é certeza de felicidade (vv. 18-27)

A palavra profecia no hebraico é hazon, e a que significa revelação corresponde ao que dizem ls. 1:1 e Jer. 14:14. Com a profecia vem sempre a guarda da lei, que era a nota tocante em todos os apelos proféticos. Sem essa guarda não há segurança para o crente. Vejamos a história triste dos hebreus que, por causa das suas transgressões da lei, têm sofrido os horrores da sua desobediência até hoje, perseguidos em toda parte, e até agora na sua própria terra, com os árabes ao seu derredor. O lembrete não havendo profecia, o povo se corrompe é a lição desse pobre mundo, que nunca teve o privilégio de alguém lhe falar: ASSIM DIZ JEOVÁ. Então veio a derrota das nações que não tiveram profecia e não receberam a Bíblia. No verso 19 há uma lição a respeito da escravatura, comum nos tempos de Salomão, afirmando: O escravo (servo) não se emendará com palavras; mesmo que entenda, não obedece (v. 19). É a lição triste da história, pois o escravo é por natureza um revoltado e sua única ambição a liberdade, a grande conquista do homem moderno. Os povos da América têm muita experiência desse fato. Mais adiante diz: Se alguém amima o escravo desde a infância, por fim quererá ser filho (v. 21). É natural; se foi tratado como filho, quererá ser filho mesmo. Não sei que lição poderemos tirar dessa escritura, senão a da igualdade de todos.

O iracundo, o soberbo, são tratados nos versos 22 e 23 como elementos de discórdia, em que só o humilde de espírito obterá honra (v. 23). Este ensino deve também relacionar-se com elementos perturbadores em Israel, que os havia também lá, pois em toda parte se encontra essa casta desavinda. Com o verso 22 confirmamos 15:18, onde o ensino é o mesmo; em Mat.

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