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CONFIANÇA E OBEDIÊNCIA (3:1-10)

As promessas de Deus são sempre SIM. Jamais se comprovou que ele falhasse, mesmo quando aqueles a quem ele prometeu ajudar falharam. Esta é a história do povo judaico, que olvidou o cumprimento dos seus deveres religiosos, de fidelidade ao concerto feito com eles, e por isso quebrou o mesmo concerto, quando rejeitou o Messias prometido. Todavia, Deus manteve a sua palavra porque não podia falhar (Rom. 11:1, 2). Deus não rejeitou o seu povo. Deus é fiei aos que lhe obedecem, e esta é a grande lição deste terceiro conselho.

3.3.1 A Sabedoria chama o filho à ordem (3:1-4)

Note-se que a Sabedoria começou chamando o filho a precaver-se contra as seduções dos pecadores (1:8), contra a recusa em aceitar as suas idéias (2:1), e agora a não esquecer os seus ensinos (3:1). Em todas estas admoestações, ela, a Sabedoria, mostra que é a melhor coisa da vida, e, por ser pura e sóbria, contrapondo-se a toda perversidade, dolo e mentira, adverte que o filho não esqueça os seus conselhos, insistindo que o coração do filho guarde os seus mandamentos, para ter vida longa e feliz. Parece que estamos ouvindo Moisés no deserto, aconselhando os filhos a ouvirem e obedecerem a seus pais, para terem longa vida na terra (Êx. 20:12), e Paulo, quando advertiu os jovens a respeitar e amar a seus pais, para terem vida longa (Ef. 6:1, 2). Afirmam os teólogos que os pais estão no lugar de Deus, para a propagação da espécie, e por isso merecem todo o respeito e acatamento, como se fossem deuses. Há muita verdade aí. É isso que a Sabedoria aconselha ao Filho querido, para aumentar os seus anos de vida na terra. Esse é o tema desse conselho: sabedoria que, por sua vez, envolve respeito aos pais e, por seu turno, a Deus. Além da obediência aos pais, recomenda a Sabedoria que não te desamparem a benignidade, e a fidelidade, ata-as ao teu Pescoço, escreva-as na tábua do teu coração (v. 3) Não é muito fácil interpretar este verso. Benignidade (hesedth) parece que representa "amor-de-concerto" . O concerto feito por Deus com o povo mostra toda a benignidade de Deus, a sua bondade e paciência, para com quem nada tinha feito para merecer essa bênção. Ao contrário. Em Deut. 6:5 e Lev. 19:18, se ensina que amar a Deus de todo o coração é a suprema lei, e esta recomendação deve ser atada ao coração, enquanto Levítico manda ser benigno para com o próximo. O Grande Mandamento é: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma... ; e ao teu próximo como a ti mesmo." Então a benignidade é para com o próximo faltoso, que necessita misericórdia, como Deus a havia demonstrado para com o povo de Israel. Escrever na tábua do coração este mandamento é o mesmo que repetir Deut. 6:5. Pelo visto, o autor de Provérbios estava em dia com a lei. Fidelidade (hebraico emeth), vale por firmeza, e dignidade

e estabilidade, tudo em referência à lei, com os seus reflexos na vida do hebreu. Os termos correspondentes também valem, tais como sinceridade, compreensão e paciência. É assim que o Senhor se apresenta em Apoc. 19:11: Fiei e Verdadeiro. Estas qualidades humanas reúnem as demandas da lei no que respeita a Deus e ao próximo, bem assim as duas tábuas da lei. Quem não ama o próximo (irmão) a quem vê, como poderá amar a Deus? (1 João 4:20). Nisto se cumpre a lei.. Provérbios tem a norma divina do evangelho - Amar o próximo como a si mesmo; e, se alguém não ama o próximo, o amor de Deus não está nele. O conselho para que estas qualidades sejam atadas ao coração é um apelo dos mais incisivos, quanto ao dever do bom judeu e, por sua vez, do bom cristão (ver Jer. 31:33). Estas grandes qualidades do hebreu preparam o terreno para o verso 4, onde se lê: E acharás graça e boa compreensão diante de Deus e dos homens. Lembrando-nos de que é Jesus quem fala nessa Sabedoria, podemos entender o alcance dessas recomendações e dessa promessa de encontrarmos graça e boa compreensão (entendimento) diante de Deus e dos homens. Estas palavras resumem o Evangelho como se encontra em muitos passos. Lendo Provérbios, tão pouco conhecido, estamos lendo antecipadamente o Evangelho de Jesus, muito precioso. É certo que nada se encontra nos Evangelhos que não esteja no resto da Bíblia, Velho Testamento. Todavia, a impressão que se tem é que Jesus trouxe tudo novo para a economia humana. Por muitos lados podemos ver que deu uma interpretação nova da lei, como se vê em Mat. 5:7, mas o cerne desta interpretação estava na lei, mesmo que em outras palavras. Benignidade, fidelidade e graça são termos correntes no Novo Testamento. Esta linguagem prepara o leitor para o verso 5: Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.

3.3.2 Confiança no Senhor (3:5-10)

Confiança de todo o coração é um postulado do evangelho. Reconhecer a. Deus em todos os departamentos da vida é o mesmo que amar a Deus de todo o coração. Os que se estribam em seu próprio raciocínio e se deixam levar por suas próprias conclusões estão errados. Quando a Escritura manda dar a Deus o que é de Deus, inclui aquilo que lhe devemos, e mais o dizimo das nossas rendas, costume que bem poucos praticam. O que prevalece em nossas relações com Deus é o nosso entendimento, o modo como entendemos as coisas do evangelho. Por isso o escritor inspirado recomenda que não nos estribemos em nosso próprio entendimento, porque podemos estar certos em nosso raciocínio, mas errados em relação a Deus. É como dizem os filósofos: Podemos raciocinar certo, porém com premissas falsas; então

o resultado tem de ser falso. Isso é o que acontece com a maioria dos cristãos. Essa condição de confiar no Senhor leva-nos ao verso 6, que diz: Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. O texto sagrado admite veredas erradas, e há mesmo. Tornemos ao caminho reto, caminho feito por Deus, não nos estribando em nossos entendimentos, em nossos raciocínios, pois podemos estar errados mesmo sendo sinceros. A advertência "endireitar o caminho" é usada em ls. 40:3, em relação com a obra de Jesus, que, segundo a pregação de João, o Batista (Luc. 3:4-6), veio endireitar os caminhos tortuosos. corrigir as suas veredas. Vemos, por essa amostra, como as Escrituras se entrelaçam num mesmo sentido doutrinário, quer no Velho, quer em o Novo Testamento. Os que viajam pelo interior de qualquer país, especialmente pelo Oriente, sabem o que é endireitar caminhos e veredas, cheios de pedras e cabeços. Arredar as pedras e cortar os cabeços ou montículos é obra que os antigos não conheciam. Quando encontravam um montículo rodeavam-no, aumentando o mesmo caminho. O que o texto nos indica é que o Senhor endireita o nosso caminho e faz planas as nossas veredas.

Não sejas sábio aos teus próprios olhos... (v. 7). Não pretendas substituir a Deus em teus caminhos, não presumas, não de enfatues, não te ensoberbeças, dizem outros passos. É muito fácil uma pessoa julgar-se sábia aos seus próprios olhos, e entender que a sua maneira de nortear a vida é que vale. A recomendação é ser humilde, não se supor entendido nas coisas de Deus. Os grandes sábios foram e são, em regra, homens humildes e tementes a Deus. Conta-se que quando Benjamim Franklin entrava no seu gabinete, seu primeiro ato era abrir a sua Bíblia e orar, pedindo luz. A verdadeira sabedoria leva o homem a apartar-se do mal, pois Isto será saúde para o teu corpo o refrigério para os teus ossos. A Antiga Versão de Almeida diz: Isto será remédio para o teu umbigo o medula para os teus ossos. Preferimos esta versão. O umbigo é o começo da vida e, quando não é tratado logo ao nascimento, pode pôr em risco a vida do recém-nascido. A Septuaginta também traduz como a Versão Revista da SBB, porém a antiga versão neste ponto parece melhor.

Assim, em lugar de refrigério, medula, em lugar de saúde, remédio, e, em lugar de ossos, umbigo. Ossos sem medula não funcionam; é a sua base de existência. O temor ao Senhor determina todos esses favores divinos.

Tais ensinos nos levam aos versos 9 e 10, onde lemos: Honra ao Senhor com os teus bens (tua fazenda), e com as primícias de toda a tua renda. A reverência devida a Deus leva ao reconhecimento de que é o Senhor de tudo, e então somos atraídos a honrá-lo com os nossos bens e com a nossa renda. Esta doutrina está em conformidade com Mal. 3:10 e 1I Cor. 9, bem assim com a parábola dos talentos e a das minas. A doutrina do dizimo e das primícias era preceito muito sério entre os hebreus. Podiam estar errados muitas vezes, mas nos pagamentos devidos ao Senhor eram pontuais, inclusive na remissão de todos os primogênitos de animais ditos impuros. Os primeiros frutos da terra eram trazidos ao templo para os sacerdotes, assim como os dízimos do azeite, do vinho, do trigo e de tudo quanto colhiam, sendo entregues ao mordomo para sustento dos mesmos. Quando os hebreus negligenciavam essa doutrina, os sacerdotes tinham de ir para as suas chácaras, cultivar a terra para comerem.

A verdade é que os crentes devem temer ao Senhor em primeiro lugar, para então entregar- lhe os dízimos e as ofertas. Se, porém, não temem ao Senhor, não lhe pagam nada. É isso que acontece com 70% dos crentes; não temem a Deus e nada levam à sua casa. Será que isso ficará assim mesmo? Não, não ficará. O verso seguinte diz: E se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares. É fartura sempre ausente nas casas dos faltosos. Não há crente que prospere roubando a Deus, como não há crente empobrecido quando dizima a sua renda Agora todo brasileiro é obrigado a pagar 15% e até muito mais, conforme a sua renda, para o governo. Não pague, para ver uma coisa. Mas em roubar a Deus nada acontece; Deus não vem cobrar, como pensam os tais, e então podem ficar devendo. Este autor acha que Deus não perdoa. Mais dia menos dia, ele vem buscar o seu, de um modo ou de outro; e, não fora assim, de nada valeria a promessa. Uma virada ao Antigo Testamento ajudaria muito os crentes desobedientes e incrédulos nessa doutrina (ver Deut. 26:1-15 e referências). O Senhor, que ordenou a doutrina d o dizimo e das primícias, é o mesmo que exige em Provérbios, honra a Deus com os teus bens e com toda a tua renda,

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