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OS EFEITOS DA SABEDORIA (3:21-35)

A Sabedoria não se extingue com uma série de observações para a vida. Vai mais longe e descobre os segredos mais profundos da vida mesma (v. 26). Somos, então, de parecer que um estudo tão exaustivo quanto possível desta Sabedoria só nos pode fazer bem.

3.5.1 A sabedoria e a segurança da vida (3:20-29)

A primeira bênção da Sabedoria e do bom siso é a vida da alma (v. 22). Alma (no hebraico nephesh, ou nefás, como se grafa agora) é o fôlego de vida, que Deus implantou no homem depois de lhe soprar nas narinas (Gên. 1:24 e 2:27). Em nosso Estudo no Livro de Ecleslastes, capítulo 3, examinamos um tanto exaustivamente a diferença entre o nephesh dos seres viventes e o nephesh do homem que foi tornado ser vivente depois de Deus lhe soprar nas narinas, transmitindo-lhe o fôlego da vida especial. Acreditam alguns comentadores que nephesh originalmente significava garganta, e daí passou a significar ser vivo. Ignoramos tal evolução do termo, pois em Gênesis é mesmo ser vivente. Pondo de lado especulações, que pouco adiantam, verifiquemos que a obediência à Sabedoria é saúde para a alma o adorno para o pescoço (v. 22). A saúde ou a vida da alma dependem da obediência ao Criador. O homem foi feito à imagem e semelhança de seu Criador, e só pode encontrar felicidade em comunhão com Ele. Fora disso, é especular sobre os caminhos da vida.

A segunda bênção é a segurança. Então andarás seguro no teu caminho e o teu pé não tropeçará (estropeará). Está assim seguro o que obedece à Sabedoria, e, até quando se deita, dorme em paz. Quando te deitares não temerás... a o teu sono será suave (v. 24). Nada como uma boa consciência, e um sentimento de dever cumprido. Isso dá um sono suave e descanso deleitável. É a promessa dos que obedecem à Sabedoria - Jesus Cristo. O pavor repentino ou a arremetida dos perversos, quando vier, não assustará o tal, porque o Senhor será a sua segurança, e guardará os seus pés de serem presos (vv. 26 e 27). Há, assim, uma multidão de promessas para os que seguem o Senhor. Esta foi uma grande parte da tarefa dos profetas: encorajar o povo a depender do seu Deus e a não temer os inimigos. Muito lucraríamos se dependêssemos mais de Deus e não tivéssemos medo dos perseguidores, que não nos poupam em suas arremetidas. Todavia, eles perdem seu tempo se estivermos seguros na mão de Deus. É isto o que a Sabedoria promete (vv. 23-26). O Senhor será a tua segurança o guardará os teus pés de serem presos (v. 26). Não há grilhões que nos prendam, estando nós seguros em Deus. Em verdade, não há segurança quando Deus está ausente. Foi isso que o salmista entendeu quando disse: Aquele que te guarda não dormitará (Sal. 121:3-5). Jesus mandou que o seu povo tivesse confiança nele, nos dias maus que haviam de vir ao mundo (Luc. 21:28 e segs.). O povo de Deus, de modo geral, é um povo confiante, que luta e trabalha, mas está seguro no Senhor. Nesse particular não carecemos de gastar muito tempo, pois só os desviados é que são medrosos.

Os versos 27-29 têm uma outra doutrina, a de ajudar os outros. Não te furtes de fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo (v. 27). O verso seguinte ainda ilustra este requerimento: Não digas ao teu próximo: volta amanhã... (v. 28). Tiago é incisivo nesta doutrina de fazer o bem. É certo que muitas vezes somos explorados por pessoas que não merecem ajuda, pessoas preguiçosas, mas isso pode ser levado à conta de exceção. O pedido é não encolher a mão, quando alguém nos pede e se está em nosso poder ajudar. Cremos não se tratar, nesta escritura, de mendicância, tão comum em nossos dias, muitas vezes por exploradores e preguiçosos. Trata-se aí de ajudar o irmão pobre e necessitado. Este escritor tem sido muito explorado por irmãos, que pedem emprestado e não pagam. Se é ajuda que pedem é outra coisa.

A última recomendação deste tópico é: Não maquines o mal contra o teu próximo, pois habita junto de ti (v. 29). r= uma recomendação salutar, pois não poucos se deitam maquinando o mal contra alguém. A perversidade é algo que está fora dos que habitam na Sabedoria divina. Essa gente é pacífica, ordeira e não faz mal a ninguém. Os versículos 27-35 de Provérbios constam de uma série de preceitos comuns entre o povo, conforme as seções 111, IV, V e VI. Não demoraremos, pois, apreciando um dever social muito banal de ajudar, se podemos, e de não maquinar o mal contra ninguém.

3.5.2 Algumas normas ditadas pela Sabedoria (3:30-35)

Os sete versos restantes deste capítulo consistem de provérbios breves, como dissemos acima, nos quais há diversas doutrinas práticas para a vida do crente. A primeira delas é muito interessante, como vemos: Jamais pleiteies com alguém sem razão, se te não houver feito mal (v. 30). Pleitear com alguém sem motivo é uma indignidade, mas não poucas querelas nascem apenas de invejas e mal-entendidos. Nosso Senhor nos ensina a nos entendermos com o adversário antes de irmos ao juiz (Mat. 5:25). Diz-se que é melhor um acordo fora do tribunal, do que uma causa ganha na justiça. Isto, entretanto, se as duas partes se podem entender. Há gente pirracenta, que só deseja questionar, e para tais só mesmo a justiça. Todavia, como nos ensina a sabedoria divina, se não há razão, se ninguém nos causou mal, por que brigar? De um modo geral, até em nossas igrejas há questionadores, gente que se compraz em arengas domésticas, que só causam prejuízos. Fica então a doutrina: não questiones, se não foste prejudicado ou roubado. Por motivos justos, não estamos proibidos de ir à justiça. A outra lição é interessante. Não tenhas Inveja do homem violento. .. (v. 31). Há indivíduos irrascíveis, arengueiros, que, por nada, armam um barulho e briga. Fujamos deles. Essas coisas não edificam, e, além disso, o Senhor abomina os perversos, mas os retos trata com intimidado (v. 32). Tanto o questionador como o homem violento, todos estão catalogados entre os que não temem ao Senhor. Esse verso, que diz o Senhor tratar com Intimidade os retos, é apreciado por um grande comentador como uma "atitude fraterna e confidencial" por parte de Deus. Deut. 11:26-28 trata das bênçãos de Deus aos que cumprem os seus deveres, aos humildes e amorosos. Os arrogantes, porém, ele despreza. Parece que Tiago 4:6 e I Ped. 5:5 têm muito a dizer sobre este povo, sobre a graça que Deus dá aos humildes, e o desprezo, aos arrogantes. Do ponto de vista social, nada justifica a arrogância, pois todos temos as nossas faltas e as nossas virtudes. Não se confunda arrogância com altivez, dignidade ofendida. Ela merece uma reprimenda, pois o arrogante é insultuoso, enquanto a altivez é uma defesa de princípios ofendidos. Cremos que o ditado sagrado refere-se a essa gente avalentoada, insolente, arrogante e presunçosa, que só enxerga a sua pessoa e os seus interesses. Esta é a opinião de um grande comentador de Provérbios, Oesterley.

A última lição deste tópico encontra-se nos versículos 33-35, quando o Senhor amaldiçoa a casa do perverso e a do arrogante, mas abençoa a casa do justo. Uma casa que pode contar com a bênção do Senhor é feliz e pacífica, onde não se trama contra o irmão ou o próximo, onde se cultivam a fraternidade e o amor. Lá está a bênção do Senhor (v. 33). Elo escarnece do escarnecedor, mas dá graça aos humildes (v. 34; ver ainda I Ped.3:10-12; 5:5). Finalmente, ele dá graça aos humildes, que é o oposto do arrogante.

O último verso tem mensagem especial para os que seguem esta Sabedoria divina: Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomem sobro si a ignomínia (v. 35). Os que seguem a

Sabedoria apresentada em Provérbios são os sábios, que receberão honras dadas pela mesma Sabedoria, enquanto os que a desprezam, os loucos, sofrem ignomínia e desprezo. Deus sempre honra os que o honram e despreza os que o desprezam. Se a lição desse grupo de provérbios aproveitar aos poucos leitores destas notas, muito bem.

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