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Com este último Conselho, sentimos certo desafogo, saindo das fogueiras dos capítulos 6 e 7 e parte do capitulo S. Mesmo que seja assunto trivial, o que aí se discute, o fato de tantos dos nossos jovens encontrarem ali a sua perdição, basta para nos constranger, ao termos de apreciar tais assuntos. Agora, passamos a outro tópico, mais nobre, mais elevado, mais sublime. Em lugar das sutilezas da mulher estranha, dos tortuosos caminhos por ela seguidos, temos agora a própria Sabedoria em pessoa; levando-nos aos lugares mais públicos e mais freqüentados, como a querer dizer que tudo quanto se faz às escuras é pecado. É com profunda reverência e até com senso de indignidade humana, que este escritor se atira a comentar o capítulo 8. O ensinamento que eleva, que dignifica, que enobrece, que nos transporta aos páramos da eternidade e nos faz debruçar sobre a criação maravilhosa da Sabedoria, para contemplarmos a Sua obra admirável e, por todos os títulos, grandiosa. Chegamos a não entender como tais coisas podem acontecer a esta pobre e desviada humanidade, em que, apesar dos seus desvios e pecados, vem a Sabedoria em pessoa e lhe ensina os caminhos da vida (8:4). Ela declara os tesouros da recompensa aos que a seguem, tesouros incomparáveis a tudo que se possa imaginar (8:4-21).

Este capítulo, com a personificação da Sabedoria, sempre, desde os primeiros séculos da era cristã, foi interpretado cristologicamente, isto é, a Sabedoria que fala aqui é Cristo pré- encarnado, como já fizemos notar no princípio deste Estudo. Quando este autor teve de defender a sua tese de doutorado, tomou este capítulo como base da revelação de Cristo no Velho Testamento, 1 e teve por mestres muitos dos patrísticos, que assim pensaram também. Paulo, o grande intérprete de Cristo e outros, assim entenderam como nos informam em Col. 1:15-18; Heb. 1:1-13; Apoc. 3:14. Para citarmos todos os textos novotestamentários que se referem à Sabedoria, teríamos de dar o Novo Testamento todo, o que não é possível. "Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus", Cristo é tudo antes e depois, visto que "sem ele nada do que foi feito se fez". (João 1:3). "Ele estava desde o princípio com Deus, todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez" (João 1:3). Temos então que a Sabedoria apresentada neste capítulo é a mesma que criou este universo, com todas as suas glórias e belezas. Ele é o Criador de todas as coisas. Quando o primeiro verso de Gênesis nos fala de Elohim no princípio, fala-nos de Cristo, Criador da matéria informe e depois seu organizador. Coisa admirável é tudo isso, para mais tarde O encontrarmos andando pelas ruas da Galiléia, acompanhado de um pequeno grupo de pescadores ignorantes, alegando que "as aves dos céus têm ninho e as raposas têm covis, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mat. 8:20). João já se queixava de que Cristo tinha vindo "para o que era seu (o rilundo), mas os seus não o receberam" (João 1:11). A sua humilhação foi ao ponto de nascer em uma manjedoura, na pobre cidade de Belém. Neste nosso Estudo não podemos aprofundar a doutrina cristológica; apenas apresentar umas tantas citações, a fim de as conjugarmos com a Sabedoria que nos aparece no capítulo 8.

Desde os primeiros alvores do cristianismo, como dissemos, os teólogos não tiveram dúvidas: a sabedoria que nos fala aqui é o próprio Cristo pré-encarnado. Teófilo, de Antioquia, o primeiro a usar o termo "Trindade", discute a doutrina da deidade ou divindade, em que as três pessoas são: a Palavra, Sua Sabedoria e Deus. Tanto quanto outros dos séculos seguintes, até o Concílio de Calcedônia, as distinções entre Deus, a Palavra e o Espírito Santo não eram claras, e isso se nos afigura perfeitamente natural, porque não era fácil entender o problema em que três Pessoas podiam existir e coexistir em uma divindade. Foram necessários quatro séculos para que esta doutrina amadurecesse na mente dos teólogos. Hoje podemos ler um livro como A Pessoa de Cristo', e compreendermos bem o grande problema. De um modo geral, podemos ver, na doutrina dos Patrísticos, a da Sabedoria personificada, como um prognóstico da Revelação do Novo Testamento. O problema ainda não foi resolvido e jamais o será. No entanto, quando os mesmos doutores criaram a doutrina das três Hipostasis em um único Deus, lançaram as bases para uma interpretação mais inteligente da doutrina da Trindade Santíssima, em que Aquele que é a Sabedoria de Deus, o Unigênito do Pai, o Filho de Deus, é a mesma pessoa, como Jesus mesmo nos ensina em Lucas 11:49. A Sabedoria de Deus personificada é a Sabedoria que falou pela boca dos profetas antigos, todos a una vox, proclamando a Sabedoria de Deus. Profetas, apóstolos, todos a seu modo, apresentaram o que nos ensina o capítulo 8 de Provérbios, que vamos humildemente tentar explicar aos poucos leitores deste Estudo.

3.13.1 A Sabedoria fala entro os homens (8:1-21).

A Sabedoria faz ouvir a sua voz por todo o mundo, nas alturas da terra e nos vales, nos caminhos e nas encruzilhadas, onde passa o homem descuidado e negligente (vv. 1 e 2). Nas ruas, nas portas das cidades, onde os juizes se encontram para dirimir questões do povo, ali onde a sabedoria popular encontra o seu mais sublime lugar, lá ela está (v. 3). Era nas portas das cidades que se reuniam os juizes, para ouvir as queixas do povo. Foi nas portas de Sodoma que os anjos encontraram Ló (Gên. 19:1). Pois nas portas das cidades os juizes julgavam as causas do povo; ali está a Sabedoria gritando aos homens, para que sejam mais sábios e entendidos. Ali os juizes, os simples e até os loucos têm oportunidade de ouvir. A palavra simples, que ocorre tantas vezes nos caps. 6 e 7, é aqui empregada no sentido pleno do seu

significado comum, isto é, se referindo a pessoas sem grande maldade, despojadas das tricas criadas pela sociedade dos espertos e vilões. Os loucos, termo também usado muitas vezes (1:22 - néscios - 3:35 e segs.), aqui significa os destituídos daquela agudeza de espírito muito própria dos que são mais traquejados. Não tem o sentido pejorativo de muitos outros lugares. A todos, os simples, os loucos, os normais ou comuns das gentes, a Sabedoria clama em altas vozes para que ouçam. Ninguém fica de fora dos conselhos do grande saber, daquele que tem as chaves dos abismos, o suprassumo da eloqüência. Quando Jesus veio à terra, clamou a todos, na linguagem de Isaías: "Vinde comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (is. 55:1). Pois, antes que ele viesse anunciar essa abundância de saber e de juízo, já fazia a sua pregação por meio do livro de Provérbios. É o mesmo pregador que falou à mulher de Samária, que, quem bebesse da água que ele tinha, se "faria nele uma fonte que saltaria para a vida eterna" (João 4:14). Em Provérbios O vemos através da penumbra da história; mas depois ele é visto à plena luz do dia, na sua humildade de pregoeiro às gentes dos caminhos, das encruzilhadas, das praças e do templo mesmo. É o mesmo pregador dos tempos antigos. Ouvi: Pois falarei coisas excelentes; os meus lábios proferirão coisas retas (v. 6). Jamais alguém encontrou dubiedade nas palavras de Jesus. Os seus ensinos, dados há dois mil anos, são atualmente tão verazes como eram então. Os que se desviam destes ensinos breve descobrem que foram logrados, visto como fora do ensino de Jesus não há rumo para a vida, nem solução para os problemas do viver diuturno. A mocidade dos nossos dias, que se vai desviando das normas do evangelho, logo descobre que está roubada, e volta. É o que está acontecendo com milhares na Califórnia e noutros lugares. Moços desorientados, que deram para viver um estilo anacrônico de vida, com o cognome de "Hippie", voltam aos milhares e confessam que só Jesus é a solução. Os que, levados por ensinos deletérios de seus professores ou de literatura dita marrom, logo descobrem que estavam enganados, e o retorno é a sua felicidade. Na verdade, não há solução para a vida fora de Jesus. Os teólogos mesmo, que se desviam em especulações a respeito dos ensinos de Jesus, ou logo verificam que estão equivocados, ou os seus discípulos descobrem o logro. Karl Barth, meio conservador e meio radicalista, pretendendo combater Rudolf Buitmann, ambos exerceram grande influência neste fim de século. Todavia, quer um quer o outro, com o seu existencialismo, estão fora de combate. Outros, mais conformes com a verdade dos Evangelhos, se levantam para lhes apontar as falhas, e foi uma vez o buitmannismo e o barthianismo. O hegelianismo, que tantos estragos fez na doutrina, é hoje um sistema mal alinhavado por economistas primários fora do mundo comunista. Assim são os sistemas e os homens que pretendem substituir os ensinos diretos de Jesus por suas filosofias. Dentro de pouco, ficam os seus livros entulhando prateleiras, com as suas doutrinas desacreditadas. A Sabedoria fala coisa excelente e seus lábios só falam as coisas retas. Aprendamos isso de uma vez para sempre. Não há meios ou modos de substituir Jesus. Ele enche a história, e sem ele forma-se o vazio. Recordamos o nosso tempo de moço, quando as doutrinas de Voltaire, Russeau e tantos outros da Enciclopédia afirmavam que num século ninguém mais falaria em Bíblia ou em Jesus. A casa onde morou e morreu Voltaire é atualmente um depósito de Bíblias, em Paris. Onde estão os enciclopedistas e suas doutrinas? Tudo jaz na poeira e seus nomes constam nos livros que já não falam a ninguém. Os seus alunos todos morreram e se apagaram, como a vela que ardeu até chegar ao toco. Jesus não pode ser trocado ou substituído por ninguém. A história

é uma grande mestra e os que lêem nas suas linhas e entrelinhas já descobriram que não vale a pena procurar substitutos para Jesus. Ele é insubstituível. Desde os tempos antigos fala alto e correto.

Porque a minha boca proclama a verdade, o os meus lábios abominam a impiedade (v. 7). Verdade, o que és? Já Pilatos perguntava: "Que é a verdade?" (João 15:38). Sim, a verdade é uma senhora vetusta, bem trajada, que anda sempre por lugares limpos e só pára onde se encontram homens retos de coração e limpos de mente. Verdade, que tão maltratada tens sido, mas continuas a mesma, e os teus anos jamais se acabarão. Jesus declarou que era o caminho, a verdade e a vida; e a verdade religiosa só pode ser encontrada nele. No auge da sua discussão com os seus compatriotas, Jesus afirmou certa vez: "Quem dentre vós me convence de pecado?" (João 8:46). Ele foi e é o homem que falou e ninguém o podia acusar de qualquer falta. Quem, neste nosso planeta, pode dizer isso? Rios de tinta têm corrido pelas páginas de livros sem-número a respeito de Jesus. Porém jamais alguém foi capaz de escrever que Jesus mentiu, enganou. Tem-se dito e escrito muita bobagem, mas esta jamais alguém escreveu ou proferiu. A verdade, e só ela, foi o ensino do Jesus dos Evangelhos, e é a verdade dos Provérbios. Diz-se que não há mais de 10% de todos os livros que se escrevem no mundo que não se refiram ou se apliquem a Jesus. As grandes bibliotecas do mundo, as do Vaticano, as do Congresso dos EE.UU., as da Câmara dos Comuns na Inglaterra, todas as grandes e as pequenas têm uma ou outra palavra a respeito de Jesus, ou para combatê-lo ou para louvá-lo. Em nenhum desses milhões de livros, já declarou alguém: "Jesus mentiu." Qual o outro vulto na história de quem se pode afirmar tal verdade? Ainda não nasceu o primeiro. A mentira, a dubiedade, a impiedade, são termos que Jesus abomina e que jamais andaram em seus santos lábios. São justas todas as palavras da minha boca, não há nelas nenhuma coisa torta ou perversa (v. 8). As palavras da Sabedoria são justas, diretas e sinceras. Tudo quanto Jesus ensinou neste verso e na sua vida terrena é justo; e as suas palavras são retas e sinceras. Ele foi acusado de comer com pecadores, de andar e comer com publicamos, mas nunca o acusaram de dubiedade, de dar um ensino aqui e outro ali. É isso mesmo que ele afirma aqui: as suas "Palavras são justas e não há nelas nenhuma coisa torta ou errada". Você, possível leitor, poderá não andar com Jesus, poderá não o servir, não o adorar, mas fique certo, outro vulto qualquer que já tenha passado por este planeta jamais foi tão sincero e veraz como Jesus. Todas as suas palavras são retas para quem as entende o justas para os que acham o conhecimento (v. 9). Comparemos este verso com Mat. 13:16, quando diz: "Bem-aventurados os vossos olhos que vêem e os vossos ouvidos que ouvem." Sim, felizes os que vêem e ouvem o que Jesus diz, e disse, ensina ou ensinou, porque fato melhor não existe. Os que têm entendimento e discernimento para entenderem são felizes; mas aos que faltam estas qualidades, ficam como cegos, apalpando no escuro. O problema não está com Jesus e os seus ensinos, e, sim, com os que ouvem e não entendem ou não querem entender. Os que acham o conhecimento são venturosos. Nós que lemos o Velho Testamento e escrevemos sobre ele, sabemos que Jesus fala em todas as linhas dos velhos livros. Ele diretamente ou o seu Espírito por ele, como em ls. 61:1, em que o Espírito do Senhor falava pelo profeta, e Jesus citou esta Escritura em seu sermão na sinagoga em Cafarnaum (Luc. 4:18). A Sabedoria oferece mui rica recompensa, maior do que aquela que os homens buscam com tanta ansiedade. É isso que os versos seguintes nos explicam.

Aceita! o meu ensino, e não a prata, o conhecimento entes que o ouro escolhido (v. 10). É fácil de ver que o ensino divino vale e dura mais do que prata e ouro, que se perdem, enquanto o saber fica com o indivíduo para sempre. Quantas grandes fortunas desapareceram? Quantos milionários morreram pobres? Durante a recessão americana, em 1928, com a queda dos títulos na Bolsa de Nova lorque, muitos foram arruinados. Lembramo-nos de um cavalheiro que tomou o Queen Elisabeth em Nova lorque, e quando desembarcou em Londres, estava totalmente pobre. Recentemente, no Rio, muitos venderam apartamentos e automóveis para comprar ações na Bolsa; depois velo a queda, por poucos esperada, e perderam tudo. Mesmo que a Bíblia diga, que o "amor do dinheiro é a raiz de toda sorte de males" (I Tim.. 6:10), continuamos a gostar dele e sem ele nada se move neste planeta. Todavia, não lhe damos o valor destinado ao saber, pois este não está sujeito às oscilações das Bolsas de Valores, nem à cotação dos mercados. Valores materiais, por muito bons que sejam, não se comparam aos do espírito. É isso que o sagrado texto ensina. O verso seguinte completa o sentido da doutrina: Porque melhor é a sabedoria do que as jóias o tudo que se deseja, nada se pode comparar com ela (v. 1 1). Em termos de comparação, o saber, ou seja, a Sabedoria, que é a possessão divina na vida, vale mais do que jóias, qualquer que seja o seu preço.

Eu, a Sabedoria, habito com a prudência, o disponho de conhecimentos e de conselhos (v. 12). Aqui está a Sabedoria falando. Ela é a pessoa que fala e dá conselhos, e só ela pode aconselhar em caráter final e completo, pois é o próprio Deus que fala ao coração dos homens. A Prudência e o conhecimento dos conselhos são a âncora onde se pode firmar qualquer vida. Os simples e prudentes são os seus filhos, e para os quais não há arrogância nem soberba, porque todos nos sentimos diminuídos ante o infinito saber de Deus. Só os tolos é que são soberbos na sua presunção, no seu enfatuado espírito. Já noutra página aludimos ao fato de não haver lugar para enfatuação ou presunção diante de Deus. O livro de Jó nos dá uma lição de mestre. Enquanto o velho sofredor se mirava na sua honestidade e correção, era um homem imbatível; depois que Deus falou e lhe mostrou o que realmente ele era, emudeceu ao dizer: Por isso me abomino o mo arrependo no pó o na cinza (Jó 42:6). Só os ignorantes são vaidosos do seu saber, porque nem sabem que nada sabem. Os verdadeiros sábios são humildes, pois reconhecem em sua cultura o quanto lhes falta ainda para conhecer, e, mesmo que vivessem séculos, não esgotariam os tesouros da Sabedoria, porque ela é Deus.

Dos versos seguintes deduzimos a identificação da Sabedoria com o temor do Senhor (v. 13) e o aborrecimento do mal na vida de cada um de nós. Entre outras possessões da Sabedoria estão o Conselho e a Fortaleza (v. 14), qualidades que se encontram no Rei Messias, conforme nos ensina Isaías 9:6, em que o Emanuel é Conselheiro Maravilhoso, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Esta Sabedoria abrange todos os campos da atividade humana e atinge os magistrados, os governadores e todos os que estão comissionados por Deus, para dar ao povo a segurança e a felicidade. Governo justo, eqüitativo, foi o que Salomão desejou, quando orou a Deus em Gibeão (I Reis 3:5-12). Todos os que ascendem ao poder deveriam ler esta cartilha salomônica, para aprenderem a governar com justiça e saber, procurando então o

Deus da Sabedoria para os ensinar. Isso, porém, é apenas muito desejável. Entretanto, a Sabedoria é encontrada quando procurada e desejada, conforme Luc. 11:9-13, sempre pronta a atender ao que lha suplica em oração. Por seu intermédio reinam os reis, a os príncipes decretam justiça; governam os nobres o todos os juízos da terra (vv. 15 e 16). A Bíblia ensina que não há potestade senão de Deus, e todos os governos são postos no mundo para o bem dos povos (Rom. 13:1-7). Em nosso Estudo no Livro de Eclesiastes abordamos este mesmo assunto de modo alentado, pelo que basta recordar o que a Sabedoria afirma aqui: é por seu intermédio que governam reis e príncipes e magistrados. Aqui o assunto é mais direto, pois é a Sabedoria mesma que nos informa da sua obra entre os governantes, aos quais dá o saber e discernimento para o bem público. Eu amo os que mo amam; os que me procuram mo acham (v. 17). A Sabedoria deve ser procurada e certamente será encontrada, pois Deus não recusa nenhum bem aos que o buscam. Os que procuram a Sabedoria encontram saber, riqueza e honras, bens duráveis o justiça (v. 18). Os homens de governo que buscam a Deus são distinguidos por seu povo e recebem deles honras e glórias. Quem pode esquecer, no Brasil, um Rodrigues Alves, um Oswaldo Cruz, os homens que tornaram o Rio de Janeiro habitável e digno de povos civilizados? Ninguém olvida os grandes vultos da humanidade. Deus mesmo se encarrega de honrar os que o buscam, dando-lhes tino, saber e discernimento para os grandes empreendimentos do governo. Se Getúlio Vargas não houvesse abdicado dos ensinos que recebeu na juventude, teria terminado o seu governo de modo bem diferente; mas as galas do poder ofuscam, e ele foi traído pelas mesmas e pelos cortesões aduladores e aproveitadores. Suicidou-se. Os bens que a Sabedoria confere são duráveis, sendo obtidos pela justiça; e os tais não serão roubados e nem esquecidos pelas gerações. O fruto da Sabedoria, na vida dos que governam, é o rendimento que produz em bens duráveis, na vida dos indivíduos e das nações. Este termo duráveis não se encontra em qualquer outra parte do Velho Testamento, até onde chegou a nossa pesquisa. O nosso Lêxico também dá sinônimos como antigas ou hereditárias. Seja qual for a tradução preferida, o sentido é o mesmo. Os bens doados pela Sabedoria são duráveis, não morrem com as gerações vindouras. Ficam na consciência dos povos que usufruíram esses bens. Melhor é o meu fruto do que ouro, do que ouro refinado, o meu rendimento melhor do que a prata escolhida (v. 19). É bom comparar. Ouro, prata, os melhores metais que a humanidade busca ansiosamente, não se comparam com a sabedoria que vem de Deus, pois esta serve para tudo, enquanto os metais se destinam a encher os tesouros, e tornar o indivíduo vaidoso e cobiçado pelos outros. Enquanto Salomão se adaptou à Sabedoria que Deus lhe deu, foi um homem desejado, mais do que as suas riquezas; quando abandonou a Sabedoria, tornou-se um potentado rejeitado e foi cair na idolatria, na miséria espiritual, até afundar-se e, com ele, o próprio reino. Houve, durante os milênios passados, homens muito poderosos, como um Carlos V, um Luís XIV; o seu poder, porém, não logrou deixar algo para a posteridade, o os reinos, caindo em mãos de aventureiros, esfacelaram-se. Fossem homens sábios, e teriam morrido, sim, porque esta é a lei da vida, todavia, teriam ficado a sua norma de sabedoria, pela qual ainda hoje nos

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