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O SENHOR VIGIA A VIDA (16:1-33)

Este é um capítulo da vigilância divina sobre a vida humana. Há alguns versos que apresentam uma doutrina diferente, porém no todo, o que o sábio quer ensinar, é que só Deus pode dirigir e guardar a vida, e tolo é o homem que despreza esta ajuda. Entretanto, quantos aceitam essa verdade, porém não se deixam levar por ela! O que o homem incrédulo entende é que ele sabe o que faz e o que quer, e não reconhece Aquele que tudo vê, tudo domina. Não há sorte nem azar. Tudo está dentro do círculo divino, e tudo acontece dentro de um plano, que nós não entendemos bem. Aceitemo-lo.

4.7.1 Os planos humanos o a direção divina (vv. 1-9)

O primeiro verso deste capítulo poderia ser tomado como o verso-chave, áureo, pois ensina que a última palavra da vida pertence a Deus, o Senhor, afirmando: O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta corta dos lábios vem do Senhor (v. 1). Planejar é tarefa humana, e devemos fazer e ter planos; todavia, os devemos entregar à direção de Deus. A inteligência recebida é para planejar, para discernir e é nosso dever usar estes poderes para a realização da vida; entretanto, não há pianos válidos sem a condicionante divina. Não há azares, nem "tinha de ser", como as pessoas costumam dizer. As coisas que sucedem e que muita vez nos causam tristeza e desgosto estão dentro do plano divino, que sempre dá o melhor. Este autor foi chamado a uma cerimônia fúnebre, quando o filho primogênito de um casal tinha morrido atropelado. O autor conhecia a amargura dos pais. Então citou-lhes Rom. 8:28, dizendo que aquilo que nos parece uma tragédia é apenas o meio que Deus usa para evitar de fato tragédias. Quem poderia saber o que esse rapaz ia fazer? Criado na igreja, nunca lhe foi fiei. Que futuro este rapaz teria? Assim, feito o enterro, enxugadas as lágrimas, passado o luto, tudo terminou quanto ao rapaz. Se vivesse, que seria? Isso tudo está conforme o verso 2, que diz: Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor posa o espírito (v. 2). A nossa visão é curta e o futuro nos está oculto. No entanto, se confiamos os caminhos ao Senhor, ele tudo fará (Sal. 37:5). Deus é o juiz final do nosso caminho (1 Cor. 4:4). Deus fez tudo para o bem do homem, e cumprirá o seu propósito, até no homem perverso, que o despreza. Até o perverso foi feito para o seu dia. Por isso o homem Incrédulo é abominável ao Senhor. porque o seu coração é arrogante; todavia, por isso não ficará impune (v. 5). Por que há pessoas arrogantes? Que viram, que souberam e qual o seu conhecimento das coisas de Deus? O mundo é um mistério, e podemos dizer que tudo que nos rodeia é mistério; nada sabemos. Por que arrogância? A ruptura de um pequeno vaso cerebral, o entupimento de pequena artéria, e eis o arrogante imobilizado, paralítico ou morto, por que arrogância? Não seria melhor humildade, submissão a Deus e entrega a ele de tudo que nos interessa? Misericórdia e verdade, isto é, amor ao Concerto de Deus, são os meios empregados para

purgar o pecado ou expiar a culpa. Todos somos pecadores e é bom reconhecermos esse fato, pois o pecado é que traz a ruína (v. 6). Para o judeu, a fidelidade ao Pacto era condição essencial da vida; para nós, a fidelidade a Deus e à moral, se não expia o pecado, porque há UM que expiou, é um meio de agradar e servir a Deus (veja Miq. 6:6-8; Heb. 2:4).1 O verso 7 afirma o que tentamos dizer: Sendo o caminho do homem agradável ao Senhor, este reconcilia com ele os seus inimigos. Andar no caminho do Senhor é uma maneira de ser-lhe agradável, e os perigos, como de inimigos e outros, Deus os removerá.

O verso 8 introduz um ensino aparentemente diverso do ministrado, mas está dentro da lógica do mesmo ensino, pois o pouco com o Senhor ou com a justiça é melhor que grandes rendimentos com injustiça (v. 8). É um conselho aos gananciosos, aos que querem enriquecer, mesmo que seja à custa do pobre. Para os tais não há mesmo remédio. Deus não está nesse caminho. Talvez por isso mesmo o verso 9 diz: O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos. Que entendemos? Que Deus é quem deve dirigir os passos do homem nos caminhos por ele traçados. Como andamos erra dos tantas vezes!

1- Conta-se que foi o verso 4 de Habacuque que mudou o rumo da vida de Lutero. Indo certa vez a Roma, ao subir as escadarias do Vaticano, veio-lhe à mente este verso: "O justo viverá da fé". Voltou dali mesmo e não chegou a ver o Papa.

4.7.2 A Justiça que Deus requer (vv. 10 e 11)

O julgamento dos casos em Israel, na ausência de tribunais civis, competia ao rei, que era soberano incontrastável. Não se tratava de uma monarquia constitucional, à moda na Idade Média e ainda existente em nossos dias; o rei era obrigado a não transgredir o direito com favoritismos verbais. Nos lábios do rei se acham decisões autoritárias (v. 10). E, com esta sentença, vem outra, de não menor importância, qual seja: Pesos e balanças justas pertencem ao Senhor (v. 11). A fraude nos pesos e nas balanças e medidas é muito antiga, e por isso as nações modernas têm o Instituto de Pesos e Medidas, obrigando os comerciantes a aferirem anualmente os seus apetrechos de comércio, pois a colocação de contrapesos no prato que recebe os pesos ditos legais é muito comum. Pelo visto, neste verso a fraude é costume muito antigo, e o que rouba no peso ou na medida transgride contra o freguês e contra o Senhor, a quem pertencem os pesos e as medidas. Peso e balança justos pertencem ao Senhor. Deus é

Deus Justo e pede que nós o sejamos também para com os nossos semelhantes; isso, no entanto, é letra morta, até em muitos círculos evangélicos (sic).

4.7.3 Cuidado com a impiedade (vv. 12-15)

O rei em Israel era messiânico, isto é, representava o Messias, em cujo trono se assentava (I Crôn. 29:23). O trono era do Messias, mas o rei o ocupava permissivamente. Logo, as suas sentenças deveriam ser as do Messias mesmo. A impiedade é abominação para os reis, porque com justiça se estabelece o trono (v. 12). A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos (14:34). Essa doutrina tão sublime era praticada pela metade entre o povo, restando aos profetas mostrar o alto grau de obrigatoriedade divina para a prática da justiça (veja Amós 5:21-6:5). Com a justiça no negócio, vem a justiça dos lábios, isto é, contra o mentiroso, outra maneira de frustrar, fraudar a verdade. É com a justiça que o trono se estabelece (v. 12), e não com fraudes e mentiras. Os lábios justos são o contentamento do rei (v. 13). Por certo um rei messiânico não poderá ter prazer em lábios mentirosos. Com essas práticas, o rei ficava alegre e contente, sabendo que o seu povo era um povo justo e fiei. O furor do rei são una mensageiros de morte, mas o homem sábio o apazigua (v. 14). Todo o restante desta seção versa sobre a justiça, que dá alegria e conforta tanto o rei como o povo.

4.7.4 Exortações para se adquirir a sabedoria (vv. 16-21)

A sabedoria aqui preconizada é mais de natureza moral do que intelectual; é a sabedoria para viver honestamente, pois esta é a verdadeira. Sabedoria que não ajuda a viver não é sabedoria. Esta sabedoria é melhor do que o ouro, o mais excelente que a prata (v. 16). Os dois metais mais valiosos na antigüidade não se comparavam com o saber viver, por isso é que o caminho dos retos é desviar-se do mal (v. 17). Esta é a sabedoria. Mas há gente tão soberba e cheia de si e da sua justiça própria, que não entende que o que guarda o seu caminho preserva a sua alma (v. 17). Alma aqui também tem o sentido de vida (nephesh). A morte prematura de muitos resulta do pecado, do desvio do caminho. Os antigos viviam muitos anos e até séculos. Por quê? Por motivos diversos, é certo, mas também porque o pecado não havia ainda tomado conta de tudo como atualmente. Por isso o que atente para o ensino acha o bem, a o que confia no Senhor esse é feliz (v. 20). Não se vive debalde; cada um colhe o que semeia. Se alguém segue o Senhor, esse será galardoado.; o contrário também é verdade. Por isso é que o sábio de coração é chamado prudente o a doçura no falar aumenta o saber (v. 211 Tudo nessa seção se relaciona com o bom viver, que constitui sabedoria e a melhor sabedoria da vida, ensino continuado na seção seguinte, versos 22-26. Se Salomão foi autor destes provérbios, como se crê, então o elemento que predominava em Israel era a alegria do saber viver. Depois, tudo mudou. Ele desprezou esta sabedoria e caiu no pecado da idolatria, arruinando a sua vida e a da sua nação, e até mesmo o reino do Messias, que entrou em colapso. Tudo quanto esse viver aqui preconiza é desfavoravelmente apresentado no verso 21, em que o insensato, o falho de saber viver, recebe isso como castigo. Nada justifica a insensatez de certos homens e mulheres, que querem viver o seu estilo de vida como se não houvesse Deus. É por isso que certos escritores se aventuram na filosofia de que -"Deus está morto". O fato é que o coração do sábio é mestre da sua boca, não fala inconveniências (v. 22). O verso-chave é o 25, que diz: Há caminhos que parecem direitos ao homem, mas afinal são caminhos de morte. Isto vale por afirmar ser o homem incapaz de saber conduzir-se na vida, para dela tirar o melhor. Os caminhos do homem não são os caminhos de Deus, e é por isso que o mundo e a vida vão mal. A ignorância da Bíblia é que resulta na história triste da vida humana, quando a verdade, e só a verdade, deveria ser o Vade-Mecum do homem e da mulher, mas não é. Não precisamos dizer mais. Basta.

4.7.5 As conseqüências da depravação (vv. 27-30)

O homem é naturalmente depravado, nos seus pecados, e na sua língua há como que fogo destruidor (v. 27). O fuxiqueiro,, o maldizente são elementos que trazem, para a família

humana, as infelicidades, que já eram tão evidentes há 3.000 anos passados. Parece até que a humanidade não tem piorado muito, talvez porque não haja mesmo como. O homem perverso espalha contendas a o difamador separa os melhores amigos (v. 28). Este verso ou provérbio completa o quadro-negro dos elementos espúrios da sociedade, em que não apenas a violência, mas também a difamação do nome, são os corolários da vida de elementos malsãos. As nossas leis são muito benignas para com esses maus elementos, que deveriam pagar por suas intrigas e contenda no meio onde vivem. Nada, porém, acontece a essa gente. Só são punidos os que roubam um pedaço de carne ou de bacalhau ou os que tiram sangue dos outros; fora disso, nada há para os que causam maiores danos do que os que roubam bobagens, muita vez por causa da fome. Todavia, a Bíblia não deixa essa gente sem recompensa, sem punição, Ao Senhor pertence toda decisão (v. 33). Esta seção termina expondo o homem violento, que alicia o seu companheiro para o mal e o guia por caminho que não é bom (v. 29). Temos a impressão de que se trata de grupos dissolventes, que agora são chamados "subversivos". Os atuais são contra o governo; os antigos seriam contra a sociedade. Uns e outros bem se parecem, e quando nós nos sentimos contrafeitos com a atual situação, seria bom uma recordação do passado, para vermos que sempre foi assim.

4.7.6 Há recompensa para os bons (vv. 31-33)

Nesta vida, estejamos certos, ninguém semeia em vão, porque no devido tempo o Deus da providência chegará, para dar a cada um conforme as suas obras (v. 33). As cãs, quando se acham no caminho da justiça, são coroa de honra; quer dizer, os velhos aconselhadores são os que não buscam o mal dos outros e evitam tudo quanto pode causar ruína. Os bons e os que tranqüilizam a sociedade são os que Deus galardoa. Não há tal coisa como sorte ou azar, "tinha de ser", porque há Governo no universo e todos estão sob o olhar divino. A sorte é lançada no regaço (Alea jacta est) de cada um, e, dia mais dia menos, virá a recompensa. "Então não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos." Voltamos a dizer que o Livro de Provérbios é um Novo Testamento antecipado, e isto porque o autor do Novo Testamento é o mesmo dos Provérbios - Cristo Jesus, o Senhor.

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