• Nenhum resultado encontrado

O PERIGO DO ADULTÉRIO (7:1-27)

Este é o penúltimo conselho que a Sabedoria dá aos homens e às mulheres desviadas do bom caminho. Estes provérbios deveriam ser publicados em folhetos e distribuídos nas igrejas, se bem que pareça jamais alguém ter pensado nisso. As igrejas, de modo geral, não cuidam muito desses problemas sociais, a não ser em estudos específicos, como Institutos Bíblicos. Os moços vão crescendo sob as influências de fora, nas escolas, onde até professores inculcam a necessidade de relações sexuais por motivos de saúde, e as conversas de companheiros vão solapando as boas normas, insistidas nos púlpitos e em casa. O resultado é que atualmente muitos moços entendem que contatos sexuais, de qualquer forma, não são pecado, como se a Bíblia tivesse de ser reformulada nos seus ensinos. O que a Bíblia ensinou há 4.000 anos vale hoje como então. O Mandamento que diz: NÃO ADULTERARAS (Êx. 20:14) é tão urgente hoje como era então, pois as exigências sociais daquele tempo eram bem mais frouxas. A não ser em algumas sociedades desenvolvidas, como o Egito e a Babilônia, o pecado sexual era comum em todas as religiões.

Estudaremos, pois, o capítulo 7, com as suas imposições, ainda que pareçam repetições desnecessárias.

3.12. O PERIGO DO ADULTÉRIO (7:1-27)

3.12.1 Filho meu, guarda as minhas palavras (7:1-9)

A Sabedoria funciona nessas lições como o pai de família, e nalguns casos é mesmo o pai quem aconselha. O aluno é convidado a observar o ensino recebido em casa, a ponto de conservar dentro de si os mandamentos paternos (v. 1). Quer seja a Sabedoria que aconselha, quer seja o pai, o fim é o mesmo. Guardar os mandamentos é viver; o quardá-los como a menina dos olhos é um dever (v. 2). Ata-os aos dedos, escreve-os na tábua do teu coração (v. 3). É a primeira vez que encontramos esta recomendação de atar os mandamentos aos dedos. Seria para que, a todo movimento das mãos, os mandamentos estivessem presentes? Imaginemos esta figura poética: Um aluno ata o Mandamento de Êx. 20:14. Faz dez papelzinhos, amarra-os um em cada dedo, ou cola-os com fita, e então vai trabalhar. A cada momento olha para os dedos, o lã está o mandamento. Parece mais incisivo do que escrevê-los na tábua do coração (v. 3). Se era isso que o mestre queria, então a lição é muito objetiva. Pelo menos vale pela importância da lição, tão facilmente esquecida. Vemos outra vez que o pecado de adultério atinge pelo menos três pessoas: o pecador, a pecadora e os relacionados com ela afora as pessoas relacionadas com os dois pecadores. Recordamos certa viagem entre Recife e Belém, onde Ia um moço confessando que ia suicidar-se, pois os médicos tinham dito que tinha sífilis desde o terceiro grau até o primeiro, e não havia cura para ele. Naqueles tempos não existiam os recursos curativos atuais. Era um rapaz dos seus 25 a 30 anos, com vestígios claros da sífilis. Quantas crianças têm nascido aleijadas ou dementes? A doença ataca em muitos centros do organismo humano e é uma das mais transmissíveis. É uma doença que denota logo o pecado social. Foge de tais contatos, moço.

Dize à sabedoria: Tu ás minha Irmã, o no entendimento, chama teu parente (v. 4). Sabedoria e entendimento, para compreender o alcance desses pecados, deve ser uma prescrição médica a todos que se sentem tentados a praticar tal pecado. Tais ensinos guardam da mulher alheia (casada) a da estranha, que lisonjeia com palavras (v. 5). No estudo antecedente examinamos este mesmo ensino, com certa abundância de detalhes. A mulher é aqui representada como uma que da janela da sua casa, por suas grados, olhando, viu entro os simples (tolos), a descobriu, entra os jovens, um que era carecente de juízo (vv. 6 e 7). Aí está o drama de uma vida arruinada. Andando ele simplesmente na rua, sem rumo certo, a mulher o espreita pela grade da janela e verifica que é um tolo, pelo jeito de andar. Rapaz desocupado, porque a desocupação é um Ingrediente muito próprio ao pecado. Um jovem ocupado com seus estudos, e preocupado com o seu futuro não anda na rua à toa. A descrição viva continua: um jovem que não tinha juízo, o então Ia o vinha, por corto namorando a mulher de ]nula, e à tarde, no crepúsculo do dia, seguia, direto à sua casa (vv. 8 o 9). É assim que as coisas acontecem; é assim que uma vida jovem se arruína, andando despreocupadamente, acima e abaixo, como quem procura a morte sem o saber.

3.12.2 Um que cal na rede (7:10-23)

A descrição não podia ser mais direta e explícita. O simples, o que é falho de observação (7:1), sem Idéias formadas a respeito dos perigos que rodam a sua vida moral e física, vai, corno um passarinho, cair na rede da mulher tentadora. De simples, torna-se tolo, e de tolo, louco, porque vai em procura da morte, sua ou dos outros. Tem havido diversas tentativas de incluir no processo de habilitação de casamento a exigência de exame pré-nupcial, mas os sociólogos topam logo com o reverso da medalha: se proibirmos o casamento de pessoas de duvidosa condição física, elas se amancebarão, e fica pior a situação. Entretanto, a campanha tem valido, pois muitos moços e moças se submetem a tal exame voluntariamente, e então casam de consciência tranqüila.

A mulher da lição era sensual e atrevida. Notou que havia um jovem simples indo e vindo sem rumo; então disse consigo: "Aquele é meu." Desce depressa, ao escurecer do dia, e sai ao encontro do simples, vestida como prostituta, para disfarçar a sua condição, com esta linguagem: Sacrifícios pacíficos tinha ou de oferecer, paguei hoje os meus votos (v. 14). Aproxima-se do rapaz e beija-o. Estava preso no laço da perdição. A mulher era religiosa, porque foi ao templo e ofereceu o sacrifício pelos pecados da véspera, e, portanto, estava salva. Não obstante, era uma vagabunda, que não parava em casa, mas andava pelas ruas da cidade à cata de presas (vv. 11 e 12). Mulher sensual e vadia, sem trabalho, sem ocupação,

talvez sem filhos, uma víbora no sentido comum do termo. Unia a sua vadiagem à sua religião, e é assim que tantas e tantos fazem. Confessam-se, dizem ao padre o que querem e, achando- se desculpados dos pecados anteriores, vão adiante.

Parece a alguns comentadores que, ao oferecer o seu sacrifício pacífico, a mulher podia comer dele junto com o sacerdote (Lev. 7:11 e segs.); mas precisava de alguém para ajudá-la a comer. Vejamos como Elcana e suas mulheres ofereciam sacrifícios e comiam dos mesmos (1 Sam. 1:2-8). Do sacrifício pelo pecado não havia participação do pecador, mas do sacrifício de holocausto havia. Ela convida então o moço a participar da sua festa religiosa. Possivelmente esta interpretação pode ser aceita. Durante a festa, antes ou depois, ela pinta com as mais vivas cores a situação do pecado praticado (vv. 16-18). A linguagem do texto, parece, foi tomada de empréstimo de tais situações, entrando em detalhes silenciosos, como só! acontecer em tais encontros. Qual seria o rapaz simples, sem ocupação, sem responsabilidade, que fugiria desta rede? Ela o cerca de todo carinho, avivando na sua mente as delícias do prazer sexual, com adornos da cama do pecado e alegando que o marido estava fora de casa, tinha ido para longe e levado um saquitei de dinheiro para as despesas de viagem, indicando assim que ia demorar (vv. 19 e 20). O texto hebraico não o chama de marido, mas o homem. Uma ironia, e talvez nem fosse marido. Não sabemos. O rapaz parece ter sido surpreendido e ficou espantado com o convite, pois diz: Seduziu-o com multas palavras, com multas lisonjas, o elo num instante a seque (vv. 21 e 22). Seguiu-a para onde? Para o templo, para comer do sacrifício, ou para casa? Não se pode afirmar, mas tanto uma interpretação como a outra servem ao texto. De qualquer maneira, o rapaz foi como boi para o matadouro, e como cervo que corro parca a rede (v. 22). Depois vêm as consequências, de que o texto nada omite. Até que a flecha lho atravesse o coração, como a ave se apressa para o laço, sem saber que Isto lho custará a vida (v. 23). As conseqüências do pecado algumas vezes demoram, porém, como a semente lançada à terra brota no tempo devido, assim o pecado aparece na época própria. O rapaz da ilustração é um caso típico de tantos que caem nos laços das passarinheiras vadias, sensuais, com ' os maridos fora de casa e os vizinhos vendo tudo e contando aos outros. Lembra-nos aquela história narrada por Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brez Cubas. É isso mesmo. 0 marido de Virgília chegou a saber de tudo, porque as sombras também falam, e depois, todo um mundo desaba em cima da cabeça dos transgressores. Está em jogo, conforme este texto, a saúde do moço simples ou tolo, a sua paz e segurança. Esta é uma lição dramática, que serve para todos e o autor inspirado não poupou tintas para descrever o pecado sexual com a mulher do outro com todas as cores imagináveis. Além da inspiração, o autor era um homem vivido e sabido dos particulares de multas alcovas adúlteras, do mesmo modo que nós sabemos, porque os jornais não poupam espaço para descrever estas cenas. Há dois jornais no Rio, três, aliás, que não cuidam muito de outra coisa, senão de crimes e desgraças domésticas e sociais. É um caldo de cultura para muitos jovens desavisados.

3.12.3 Agora, filho meu, aprende a lição (7:24-27)

Depois de uma descrição dramática dos caminhos do pecado e das suas conseqüências, o Mestre volta a se dirigir ao filho, mostrando os desastres sofridos por tantos incautos que, por inadvertência, caíram no laço como o voado ou foram levados ao matadouro como o boi. A rigor, não é possível carregar mais nas tintas. O pecado sexual, especialmente com a mulher de outro, traz sempre resultados desastrosos e funestos para os pobres que caem nesse abismo. Então, filho meu, dá-me ouvidos... (v. 24). É um apelo tocante que cada pai faz ao seu filho incauto e descuidado, talvez sem emprego, sem escola e vadiando pelas ruas. Os perigos da vadiagem do moço são claros aqui. Se estivesse ocupado no seu emprego ou nos seus livros, não andaria acima e abaixo (v. 8), espreitando a mulher alheia. O pai encerra o aviso, dizendo que a muitos feriu o derribou, o são muitos os que por ela foram mortos (v. 26). O aviso é trágico.

Parece que há uma sombra de morte na mente do pai quanto ao futuro do filho, pois diz: A sua casa é o caminho para a sepultura o doam para as câmaras de morte (v. 27). Quando nos recordamos que foram as mulheres estranhas que arruinaram a vida e o futuro de Salomão, que mais podemos dizer? Já não é apenas o simples que cai nas malhas dessas mulheres, também o mais sábio dentre os homens. Logo, o que se pode dizer é: as lições dos outros devem valer para nós. Vale o conselho apostólico quando diz: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, não cala."

Ao terminarmos o estudo deste dramático capítulo, voltamos as nossas vistas para os moços das igrejas, aqueles por quem batem os nossos corações, para que se livrem da mulher estranha e da mulher de outro, que foi de viagem, e bem pode voltar antes do tempo esperado. Quantos maridos enganados fazem de conta que vão para longe e, a pretexto de qualquer coisa, voltam logo e encontram a adúltera no pecado? Que acontece em tais situações? Justamente o que diz o verso 26: A muitos feriu a derribou, o são muitos os que por ela (e por causa dela) foram mortos. Há um cemitério com sepulturas abertas, esperando o primeiro incauto, o primeiro simples, que se deixa levar pela lábia dessas mulheres sem vergonha e sem honra e que pouco se lhes dá das desgraças que causam a outros.

Documentos relacionados