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Deus que chama e promete: Gênesis 11.1—25

Se Gênesis 1— 11 realça a criação da terra e da humanidade, então num sentido bem real Gênesis 12— 50 ressalta a criação divina de um clã ou nação especial. Esse grupo de pessoas escolhidas desempenha vários papéis estratégicos. Primeiro, a eleição delas é a chave para solucionar o problema do pecado, descrito de modo tão infatigável em Gênesis 3— 11. Segundo, elas são para o mundo o símbolo visível da graça divina perdoadora para seres humanos pecadores. Terceiro, demonstram a necessidade de dedica­ ção total e fidelidade ao único Deus Criador. Quarto, ilustram a necessi­ dade de exercer fé no relacionamento com o Senhor.

Estes capítulos assinalam o início de textos canônicos que pode-se da­ tar com alguma precisão histórica e esclarecer com dados provenientes de fontes extrabíblicas. A maioria dos estudiosos concorda que, grosso m odo, os patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó) viveram em aproximadamente 2100- 1700 a.C. Alguns especialistas defendem datas posteriores,31 mas, dada a preponderância de evidência contrária,32 tais idéias são improváveis. Essa capacidade de vincular texto e história não apenas amplia o conhecimento

3IObservem-se os argumentos apresentados por John Van Seters em In search o fh is -

tory: historiography in the ancient world and the origins of Biblical history (New Haven,

Conn.: Yale University Press, 1983) e também em P rologue to history: the Yahwist as historian in Genesis (New Haven, Conn.: Yale University Press, 1992).

dos intérpretes sobre o pano de fundo bíblico, mas também mostra como a teologia se forjou tanto na vida cotidiana quanto em acontecimentos de enorme impacto. A teologia deixou suas marcas na vida das pessoas daque­ la época tanto quanto deixa nas de hoje.

Pode-se dividir Gênesis 12— 50 de acordo com a aparição de suas prin­ cipais personagens. Abraão domina a cena desde a primeira menção de seu nome em Gênesis 11.26 até sua morte em 25.11. Viajante, guerreiro, pensador e um batalhador da fé total e demasiadamente humano, esse pai do povo israelita dá início a uma só nação e à salvação para todas as pesso­ as. Embora Isaque, filho de Abraão, também seja uma personagem vital, é o filho de Isaque Jacó que determina o enredo de Gênesis 25.19—36.43. Esse homem enigmático gera doze filhos, que se tornam as doze tribos ou clãs de Israel. Um desses filhos, José, age como figura central de Gênesis 37.1— 50.26, embora o tenaz Jacó permaneça sendo visto até 50.14! Cada um desses indivíduos, mais suas esposas, filhos, amigos e inimigos propor­ cionam uma visão panorâmica, ainda que pessoal, de como fé, trabalho, comédia e tragédia interagem na história e teologia.

Quando se chega ao final do relato da torre de Babel, o âmbito e a profundeza do pecado humano devem preocupar mesmo o leitor mais desinteressado. Afinal, o pecado é realmente universal e corrompe até os avanços tecnológicos da raça humana. Parece lógico o aparecimento de outra solução universal, como o dilúvio, mas Deus opta por uma aborda­ gem diferente. Deus trabalha por meio da linhagem de Sem até o apareci­ mento de Abrão, então elege-o para levar consigo a esperança de que os seres humanos precisam para ter alívio de sua culpa. Essa abordagem te­ lescópica diante de um problema tornará a aparecer vez após vez nas Escri­ turas, à medida que o cânon se desenvolve.

Inicialmente Abrão parece ser alguém comum como qualquer outra pessoa com o nome figurandonuma tábua genealógica (11.10-32). Em Gênesis 12.1-9. entretanto, ele se torna o ponto de convergência da lida divina com a raça humana. Mediante um ato de revelação direta e pessoal, o Senhor ordena a Abrão que saia de sua terra natal e da casa de seu pai (v. Gn 2.24) e se dirija a um local indeterminado que ser-lhe-á mostrado (12.1). Como resposta ao ato de fé de Abrão, Deus promete certas bên­ çãos: Abrão tornar-se-á uma grande nação (12.2), uma promessa significa­ tiva feita a um homem cuja mulher já fora identificada como estéril (v. 11.30); Abrão será abençoado com uma grande reputação (12.2), prote­ ção (12.3); ele abençoará todas as nações (12.3). A bênção de uma pátria, implícita em 12.1, torna-se explícita em 12.7, onde Deus conta a Abrão que Canaã pertencerá à sua semente ou “descendência”. Clines sintetiza

essas bênçãos como herdeiro/ nação, aliança/ relacionamento e terra.33 Cada uma dessas bênçãos merece uma rápida análise.

Primeiro, Abrão receberá a substituição da pátria que está a deixar em resposta ao chamado divino. E óbvio que ele deve agir com fé para ganhar essa bênção específica. Dessa feita tanto a promessa divina quanto a obedi­ ência humana fazem a bênção acontecer. Visto que todas as bênçãos subse­ qüentes dependem desta reação inicial de fé, nenhuma das promessas é incondicional no sentido de que Abrão não precisa fazer nada para herdá- las. Embora, conforme se verá adiante, a concretização dessa promessa leve alguns séculos, a partir deste momento Abrão e sua descendência acredi­ tam que a terra lhes pertence por direito divino. Enfatizar a terra aqui indica que a terra finalmente poderá ser habitada por pessoas desejosas de obedecer a Gênesis 1.26-31.

Segundo, a promessa de uma grande nação significa que Deus pode começar a redimir a humanidade caída ao chamar um único indivíduo, mas seu verdadeiro objetivo é o crescimento desse número. Desse modo, não apenas um casal sem filhos e estéril dará origem a uma nação, mas também o mundo moralmente estéril tornará a florescer. Como acontece com a terra da promessa, Abrão tem de esperar durante o que lhe parecerá um tempo interminavelmente longo. Talvez Abrão, mais do que com qual­ quer outra promessa em particular, esforce-se quer por acreditar que essa bênção algum dia materializar-se-á quer por deixar que Deus cumpra de um modo oportuno.

Terceiro, a referência ao grande nome ou reputação acentua a influência de Abrão disseminando-se pelo mundo que precisa imitar a fidelidade do patriarca. O nome de Deus será honrado à medida que o de Abrão for, de sorte que as bênçãos de sua fama também melhorarão a reputação divina.

Quarto, a proteção divina assegura o futuro da nova nação. O próprio Abrão não precisa temer quem lhe deseja mal, pois Deus protegerá o ho­ mem escolhido e sua família. Como guardião, o Senhor garante que so­ mente os que puderem sobrepujar o Criador poderão vencer Abrão. De modo mais imediato, enquanto Abrão viaja rumo à terra que Deus lhe mostrará, ele tem passagem segura. Exatamente como em Gênesis 1.26— 2.17 e 3.21-24, o Senhor empenha sua palavra de sustentar suas criaturas, às quais chamou e a quem fez promessas.

Quinto, a noção de todas as nações serem abençoadas por Abrão sela o plano divino para a renovação dos seres humanos em todo o mundo. Todas

as pessoas estão infectadas e afetadas pelo pecado. Os resultados disso têm sido catastróficos. Agora Deus escolhe um indivíduo por meio de quem ele pode revelar seu plano. A fé de Abrão pode substituir as dúvidas de Adão e Eva acerca dos mandamentos de Deus, pode oferecer uma compreensão mais aprofundada de como a cabeça do maligno será esmagada (v. Gn 9.26) e pode reverter o orgulho e caos internacionais que cercam o episódio de Babel. O que resta ser visto é como essa promessa se concretiza, o que a coloca na mesma condição das outras quatro promessas.

A escolha divina de Abrão também dá início à constante prática de Deus eleger. É possível que Deus também tenha elegido Noé, mas o texto pelo menos insinua que na era de Noé o Senhor não tinha mais ninguém para escolher. Aqui Deus escolhe Abrão em meio a pessoas iguais ao patri­ arca, embora seja possível que Abrão possuísse qualidades especiais para a tarefa que lhe foi dada. Assim mesmo o Senhor escolhe Abrão da mesma maneira como decide criar os céus e a terra, ou seja, a partir da liberdade absoluta resultante de ele ser o Deus único, todo-suficiente e independen­ te. O Senhor também escolhe o que é bom e benéfico para a criação. Aqui a eleição não exclui nem condena ninguém. Pelo contrário, ela opera ex­ clusivamente em benefício do mundo que não tem intenção alguma de fazer o que é certo. Neste caso a eleição demonstra a misericordiosa bonda­ de de Deus com o mundo e não apenas com Abrão.

Embora, em resposta às ordens divinas, Abrão saia de Harã, nem sem­ pre exercita a fé em cada situação que enfrenta. Por exemplo, quando se depara com a fome em Canaã, a terra que Deus lhe promete, Abrão conti­ nua viajando para o sul até chegar ao Egito. Uma vez ali esquece-se da promessa divina de proteção e procura proteger-se por conta própria, di­ zendo que Sarai é sua irmã. Por ter posto em risco a virtude de sua esposa e dos egípcios, ele recebe uma reprimenda verbal do faraó, que de qual­ quer forma manda-o embora com presentes que aumentam-lhe a riqueza (12.10-20). Semelhantes lapsos de fé acontecem quando tem um filho com Hagar e então permite que ela seja maltratada (16.1-16), quando dá o golpe da “irmã” pela segunda vez (20.1-18) e quando questiona se al­ gum dia chegará a ter um filho com a esposa (17.17,18). Ele pode ser a chave para a solução do problema do pecado, mas ele próprio está longe desse padrão.

Contudo, Abrão claramente demonstra fé em Deus em momentos cru­ ciais. Ele deixa que seu sobrinho Ló tenha prioridade na escolha ao repar­ tir a terra (13.1-18), salva Ló de seqüestradores e rejeita a recompensa oferecida pelo rei de Sodoma (14.1-24), adota a prática da circuncisão como sinal do compromisso total de sua família com o Senhor (17.1-27)

e ora para que o Senhor poupe Sodoma e Ló do juízo iminente (18.16- 33). Cada um desses episódios indica o potencial da confiança de Abrão permanentemente enraizada no Deus que o elegeu e chamou. Dois outros incidentes, no entanto, são prova definitiva de sua fibra moral e exemplo para futuras pessoas de fé. Um acontece mais ou menos no início da jorna­ da de Abrão e o segundo ocorre mais tarde na sua vida, quando ele já se tornara Abraão, o pai das nações.

Em Gênesis 15, os erros e vitórias iniciais de Abrão já são coisa do passado. Mais uma vez a revelação de Yahweh vem até Abrão, e este indaga se algum dia se cumprirá a promessa divina de um filho (15-1-3), a pró­ pria chave para a promessa da terra. Em resposta à angústia do escolhido, Deus reitera a promessa. Tendo por base apenas a garantia dada pelo Se­ nhor, Abrão crê em Deus, e este considera a fé como justiça da parte de Abrão (15-6). Certamente os atos anteriores de fé ajudam-no agora a crer,34 contudo desta vez a fé é ainda mais marcante porque acontece anos depois de Deus ter feito a promessa original e por permanecer baseada em ne­ nhuma outra evidência além da palavra e caráter divinos. De acordo com Walter Brueggemann, esta fé renovada “não se baseia na carne envelhecida de Sara nem nos ossos carcomidos de Abraão, mas na palavra reveladora de Deus”.35 Essa fé repousa na confiabilidade de Deus, a qual é inseparável da pessoa do Senhor. Aqui fé equivale à confiança que alguém tem nas promessas de um amigo.

Devido à sua fé, Deus considera-o justo, ou corretamente relaciona­ do com Deus, desse modo seguro no Senhor/6 embora Abrão não tenha tecnicamente feito nada. A fé de Abrão não é uma obra, mas exige um desejo de pôr de lado claras evidências físicas (ausência de filhos) a favor da promessa clara e direta de Deus. Em outras palavras, a fé pode não ser trabalho físico, mas assim mesmo não é fácil. Deus percebe o valor e a natureza enérgica da fé e reconhece que ela é o primeiro passo rumo à ação de obediência. A fé leva Abrão a demonstrar sua justiça mediante o oferecimento de um sacrifício (15.7-21), a fé sustenta Abrão quando ele aprende que levará mais de quatrocentos anos até seus descendentes her­ darem a terra (15.13,14) e a fé fornece, portanto, a base para a aliança entre Deus e Abrão, implícita em Gênesis 12— 14 e explícita em Gêne­ sis 15. Sem fé não pode existir justiça. No entanto, onde a fé existe,

34Hamilton, The book o f Genesis, p. 423. 35Genesis, p. 145.

seguir-se-ão mais e mais ações justas, à medida que o relacionamento humano-divino se desenrola.37

Anos após a formalização dessa aliança baseada na fé, Abrão, agora cha­ mado Abraão (“pai de nações”), se depara com o “teste” (22.1) mais im­ portante de sua fé em Deus. Tendo adotado a circuncisão como sinal da aliança (17) e tendo recebido o herdeiro depois de 25 anos de espera (21.1-8), Abraão é provado quando Deus lhe ordena sacrificar Isaque, o filho da promessa (22.1-2). Sem hesitar, Abraão leva o menino para um lugar de sacrifício e então prepara-se para sacrificá-lo (22.3-10). Deus inter­ rompe-o, declarando que aquela ação prova que Abraão “teme” a Deus, ou­ tra maneira de dizer que ele baseia sua vida em Deus. Aqui “fé” e “temor” equivalem à mesma coisa: obediência. Uma vez mais a fé expressa-se em ações baseadas apenas na confiança em Deus. Abraão confia em Deus mes­ mo quando o Senhor ordena-lhe o impensável, ou seja, o que parece a remo­ ção irreparável da chave para as promessas de Gênesis 12.1-9. O Senhor honra essa fé, oferecendo renovadas garantias de bênção (22.15-19). Termi­ nado o teste e demonstrada a fé de Abraão, o servo escolhido de Deus e a chave para a solução do problema do pecado, ele conclui a vida, preparando o caminho para Isaque continuar a construir a nação (23.1—25.18).

A própria natureza da fé de Abraão é um convite à reflexão sobre o caráter do Deus em quem ele confia. Primeiro, fica claro que apenas uma divindade aparece no relato. Embora creia que o termo m onoteísm o só pode ser devidamente usado quando o texto prefere Yahweh em meio “à possí­ vel adoração de vários deuses”, Westermann escreve: “O fator decisivo é o seguinte. Em cada uma das narrativas patriarcais é sempre um único Deus que lida e fala com as pessoas”.38 Esse Deus é idêntico à divindade de Gêne­ sis 1— 11, de modo que o Senhor que cria, sustém, julga e renova também elege, chama, sustém, promete, testa e abençoa. A mesma divindade que se preocupa com o pecado da criação chama o escolhido e relaciona-se com ele, a fim de mediar a vitória final sobre o pecado.

Segundo, este Deus único relaciona-se pessoalmente com indivíduos, comunicando ordens, fazendo promessas e dando orientação contínua. Com tantos anos passados após as revelações é impossível saber exatamen­ te como elas aconteceram, mas é importante assinalar que esses encontros ocorrem por iniciativa divina e expressam dados reais e concretos sobre o passado, presente e futuro de Abraão. O Senhor nunca cessa de guiar seres humanos que o ouvem.

37Acerca da natureza relacional do elo fé/ retidão, v. Brevard S. Childs, O ld Testament

theology in a ca n on ica l context, p. 219-20. is Genesis, vol. 2, p. 109.

Terceiro, as promessas de herdeiro, terra, nação e bênção internacional exigem fé da parte de Abraão, o qual deve fundamentar sua segurança em Deus e não em circunstâncias flutuantes.39 Ele tem de crer que possuir um relacionamento com Deus é o mesmo que possuir o cumprimento das promessas do Senhor.40 Assim como Deus considera a fé de Abraão como justiça, de igual forma Abraão considera a promessa divina como justiça. Abraão acredita que o plano do Senhor para a história é real e, portanto, deve ocorrer.41 Uma fé menor possivelmente não o levaria a aceitar sinais exteriores, como a circuncisão, ou a aceitar ordens, como deixar sua terra natal ou, em particular, sacrificar seu filho.

Quarto, as promessas de Deus a Abraão fornecem um arcabouço para o restante do AT, de fato, para o restante da Bíblia. Sem dúvida existem muitos caminhos para a unidade das Escrituras, mas ninguém ousa negli­ genciar o papel de Abraão nessa unidade. Israel surge na condição de des­ cendente de Abraão. Davi é um israelita, e o messias procede de sua linha­ gem. Israel torna-se o povo de Deus chamado a glorificar o Senhor em toda a terra, papel que no NT a igreja, composta de israelitas e não-israe- litas, declara assumir. O desejo de conquistar, possuir e manter a Terra Prometida a Abraão ocupa muitas páginas do AT, embora essas preocupa­ ções percam importância no NT. De modo que, em poucas palavras, é difícil exagerar a importância desta seção na literatura bíblica e, conse­ qüentemente, na teologia bíblica.

Síntese canônica: Abraão e o Novo Testamento

Canonicamente falando, Gênesis 12.1-9; 15.6 e 22.1-19 recebem um tratamento significativo no NT. Paulo conclui que Jesus é o cumprimento da promessa de bênção internacional, pois ele é a descendência abraâmica que media salvação para todos (G1 3.16). Nas palavras de Edward John Carnell: “Abraão é uma bênção para todas as nações porque Jesus Cristo é o verdadeiro descendente de Abraão. Há uma aliança a unir as duas econo­ mias da Bíblia”.42 Ademais, Paulo alega que na vida de Abraão a fé produ­ ziu justiça que levou o patriarca a aceitar a circuncisão, o que significa que a salvação ocorre sem obras de justiça (Rm 4.1-15). Portanto, a única manei­

39Zimmerli, O ld Testament theology, p. 147.

40Walter C. Kaiser Jr., Toward a n d O ld Testament theology, p. 92.

41Gerhard von Rad, O ld Testament theology, vol. 1, p. 171 (publicada em português com o título Teologia do Antigo Testamento).

ra de as promessas de Deus tornarem-se realidade é o exercício da fé, não a prática de obras (Rm 4.16-25).

Ao analisar a vida de Abraão, Tiago declara que a fé mencionada em Gênesis 15.6 é demonstrada no desejo de sacrificar em Gênesis 22.1 (Tg 2.18-25). O ministério de Paulo exige um destaque para o fato de que obras sem fé são mortas, ao passo que o de Tiago requer o comentário enfático: “a fé sem obras é morta”. Tanto Paulo quanto Tiago deram priori­ dade à fé, pois sabiam qual texto aparece primeiro no cânon (v. Rm 4.10; Tg 2.23). Ambos reconheceram que a fé funciona como alicerce. Ambos perceberam ter brotado dessa fé uma obediência lógica, essencial, históri­ ca e prática. Sem fé, promessas não passam de palavras. Sem obediência, “fé” é um assentimento meramente mental, emocional ou verbal, desse modo não possuindo substância real alguma. A fé de Abraão possuía subs­ tância. Os escritores do NT procuraram garantir que ninguém que afir­ masse ser da linhagem de Abraão deixasse de ter a fé substantiva de seu antepassado.