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ESCRAVIZAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DA MÁQUINA

Lucas dos Santos Oliveira¹; Carlos André Cortez da Silva²; Charles Alves de Morais³ ¹Curso de TADS, IFRN - Campus Pau dos Ferros, BR-405, S/N, Pau dos Ferros – RN, 59900-000, santos.lucas1@escolar.ifrn.edu.br

²Curso de TADS, IFRN - Campus Pau dos Ferros, BR-405, S/N, Pau dos Ferros – RN, 59900-000, santos.lucas1@escolar.ifrn.edu.br

³Curso de TADS, IFRN - Campus Pau dos Ferros, BR-405, S/N, Pau dos Ferros – RN, 59900-000, santos.lucas1@escolar.ifrn.edu.br

E-mail do autor correspondente: santos.lucas1@escolar.ifrn.edu.br

RESUMO: Este trabalho resultou dos estudos sobre os gêneros textuais resumo e resenha,

desenvolvidos na Disciplina Língua Portuguesa do 2.º Período do Curso de TADS do IFRN – Campus Pau dos Ferros. Primeiramente, foi-nos proposto resenhar um filme que expusesse conflitos resultantes da interferência da tecnologia na vida das pessoas. Assim, escolhemos o filme “O homem bicentenário” (baseado no livro homônimo de Isaac Asimov), a partir do qual buscamos analisar a perspectiva de humanização da máquina, que serve de tema principal nessa obra do diretor Chris Columbus. Por meio de leituras quer de materiais impressos quer de obras virtuais (tanto sobre o filme em questão quanto sobre as temáticas nele apresentadas), este trabalho busca refletir, primeiro, sobre a possibilidade da substituição do ser humano pelos robôs; por conseguinte, buscamos também observar como o crescente uso da robótica em atividades antes desenvolvidas pelos homens se sustenta em uma suposta superioridade das máquinas, por sua vez posta em xeque, no filme em questão, justamente pela impossibilidade de que as máquinas partilhem conosco daquilo que nos distingue delas enquanto seres humanos: os sentimentos.

Palavras–chave: Humanização; Máquinas; Substituição.

INTRODUÇÃO

No âmbito da evolução das tecnologias, a robótica vem cada vez mais ganhando espaço no cotidiano das pessoas, com o principal objetivo de desempenhar funções que possam ajuda- las na solução de problemas presentes em várias árias, da medicina ao entretenimento, da segurança pública à comunicação etc.

Esse é o principal tema do filme “O homem bicentenário” (1999), uma comédia dramática de ficção científica e fantasia norte-americana baseada no livro homônimo de Isaac Asimov, por sua vez estrelada por Robin Williams. No filme, o diretor Chris Columbus nos apresenta o robô Andrew, que aos poucos vai ganhando “vida” conforme adquire características humanas, dentre as quais, a capacidade de experimentar sentimentos como afeto, medo, paixão, esperança, desprezo... Enquanto acompanhamos o desenvolvimento e o desfecho da história,

vemos que o filme problematiza a possibilidade da humanização das máquinas e, ao mesmo tempo, questiona a própria humanidade das pessoas, traduzindo, assim, para a ficção cinematográfica uma dependência cada vez mais presente na realidade das sociedades contemporâneas: a crescente dependência das soluções tecnológicas.

Na perspectiva da “humanização” do robô Andrew, buscamos analisar os possíveis benefícios e malefícios dessa mão-dupla, que é a humanização das máquinas acompanhada pela desumanização das pessoas; por conseguinte, buscamos mostrar também como a relação do protagonista com a personagem Grace, que o despreza, termina por desmentir os valores humanos que o fascinam e que ele próprio tenta imitar no convívio com sua família humana.

MATERIAL E MÉTODOS

As reflexões aqui presentes foram desenvolvidas, primeiramente, a partir da leitura de resenhas sobre o filme em questão. Por sua vez, recorremos também a referências que tratam das contradições entre as inovações tecnológicas e características humanas, como a ética e as relações entre as pessoas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do filme “O Homem Bicentenário” permitiu-nos constatar, primiramente, que quanto mais o ser humano cria, mais se torna dependente das suas criações. No caso de Andrew, reside nessa criação uma a utopia de que as máquinas possam imitar características humanas uma vez valoradas em detrimento das máquinas. É justamente nesse aspecto que o filme de Chris Columbus questiona a própria Humanidade: embora não sejamos de lata, por vezes guardamos uma desumana frieza de nos põe frente a frente com o vazio das máquinas (conforme vemos na figura 1).

Em algum momento, querendo ou não, as máquinas substituíram os humanos em tarefas cada vez mais difíceis e complexas (como já ocorre em muitas áreas). O ser humano deve estar, portanto, a adaptar-se a tais transformações, buscando tornar-se apto a exercer novas tarefas.

Figura 1 - Representação da humanização da máquina contextualizado por um humano e uma máquina frente a frente.

A constatação de que os robôs se fazem cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, em vários âmbitos do cotidiano, remete não só ao fato de que eles podem ser usados em múltiplas tarefas, mas também a uma causa que se soma à sua suposta necessidade: a robótica gera lucros. Assim, os dilemas éticos quanto ao seu uso e à possibilidade de que possam, algum dia, equiparar-se ao ser humano, na verdade atendem anteriormente a uma questão de mercado.

Figura 2 – Aumento das vendas de robôs entre 2006 e 2007

Na figura acima, apresenta-se a quantidade de vendas de robôs no mundo inteiro em um breve prazo. A história de Andrew, resultante dessa realidade de mercado, provoca, no entanto, muitos questionamentos não pelo simples uso dos robôs, mas de como – nessa mesma proporção crescente –, usá-los tem implicado em que as próprias pessoas se tornem “robotizadas”, como já satirizara Chaplin. E uma vez semelhantes a robôs, as pessoas se têm esvaziado cada vez mais de sua própria humanidade.

CONCLUSÕES 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 200620072008200920102011201220132014201520162017 111 114 113 60 121 166 159 178 221 254 294 381

Fonte: International Federation of Robotics (https://ifr.org/) Vendas anuais de robôs pelo mundo

Diante dessas considerações, mostra-se perceptível que “coisas” e “pessoas” serão cada vez mais inteligentes. No entanto, se por um lado as máquinas tendem a agir cada vez mais por conta própria, as pessoas tendem a agir cada vez mais no limite das próprias máquinas. Não muito distante da atual realidade, os robôs decidirão que estamos atrapalhando os algoritmos que nós mesmos pedimos que otimizassem, e talvez ocorra – ao menos é o que filmes semelhantes ao de Chris Columbus projetam – um suposto confronto entre humanos e máquinas.

O problema que ora se levanta não é se devemos ou não rejeitar a máquina, mas que devemos preservar o humano, pois, com o passar do tempo, as máquinas nos tornarão ainda mais dependentes de suas funções do que somos atualmente. Essa perspectiva, contudo, só se materializará se deixarmos de lado a nossa condição de humanos, impregnada de características até agora presentes somente em nossa constituição biológica, psicológica e social em comparação com os robôs. Dentre essas características, a personalidade individual das pessoas – inimitável, ao que parece, pelas máquinas – talvez seja a estrutura mais complexa e, por conseguinte, difícil de ser imitada pela robótica: podemos considerar esses elementos psicológicos como “virtudes”, sobretudo quando são capazes de moldar o ser humano conforme nenhuma inteligência artificial possa fazer.

REFERÊNCIAS

ASIMOV, I., The Bicentennial Man, Estados Unidos: Basllantine Books, 1976.

CASAS, ximena, Inteligencia artificial: la baja participación de ingenieras provocará desigualdad, 2018, disponível em:<https://www.cronista.com/negocios/Inteligencia-artificial- la-baja-participacion-de-ingenieras-provocara-desigualdad-20180308-0030.html>. Acesso em: 28 nov. 2018.

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